Marcelo Navajas foi condenado a três meses de detenção na prisão de San Pedro, em La Paz; juiz de instrução que acompanhava o caso chegou a ser detido no meio da investigação
24 de mai de 2020 às 18:00
O ex-ministro da Saúde da Bolívia Marcelo Navajas e mais três pessoas foram presas preventivamente neste domingo (24/05) por estarem envolvidas na compra irregular de respiradores que seriam utilizados no tratamento de pacientes com o novo coronavírus.
Na última quarta-feira (20/05), Navajas já havia sido afastado e estava preso aguardando julgamento. A compra de 170 respiradores de uma empresa espanhola foi denunciada por suposto superfaturamento no preço dos aparelhos.
A Agência Boliviana de Informação disse que o promotor Ruddy Terrazas afirmou que o juiz do caso considerou diversos elementos e condenou Navajas a três meses de detenção na prisão de San Pedro, em La Paz, e seis meses para os outros envolvidos no caso.
"O juiz, após avaliação, revisão e justificativa, e depois de quase 12 horas de audiência, determinou a prisão preventiva de Marcelo Navajas, Geovanni Pacheco, Fernando Valenzuela e Luis Fernando Humerez na prisão de San Pedro, por um período de seis meses para os três homens e três meses para Marcelo Navajas", declarou.
Segundo a imprensa boliviana, cada respirador tem um preço de fábrica por volta de U$S 7.194, mas o governo da autoproclamada presidente do país, Jeanine Áñez, pagou a intermediários mais de U$S 4,7 milhões pelas máquinas, ou seja, cada respirador custou U$S 28.000.
Ainda não foi detalhado como foi realizado o pagamento para tais empresas intermediárias, porém, de acordo com o jornal boliviano La Razon, o governo interino congelou os 50% restante do pagamento. O jornal também apontou que Navajas ficou no cargo por pouco mais de um mês, após ser nomeado por Áñez, sendo o segundo ministro a ocupar a pasta após o golpe contra Evo Morales.
ABI
Ex-ministro da Saúde é acusado de suposto superfaturamento em compra de respiradores
Juiz de instrução que acompanhava o caso chegou a ser preso
Na sexta-feira (22/05), o juiz de instrução Hugo Huacani, magistrado que acompanhava o caso de Navajas, foi detido momentos antes de interrogar os réus do contrato irregular das máquinas. Huacani foi denunciado por supostamente prevaricar em um outro caso, no entanto ele alega que não tinha ciência sobre qualquer tipo de processo contra ele ou que havia alguma convocação.
Segundo o La Razon, a detenção de Huacani não foi solicitada pela Ministério Público do país e nem pelo Ministério da Justiça. Ao jornal, o juiz de instrução disse que um tenente-coronel foi quem o levou preso.
"Quando entrei na sala do tribunal para levar os casos do Ministério da Saúde, eles me prenderam", disse.
O magistrado foi preso na sexta e solto no sábado (23/05), após um juiz de El Alto determinar que havia sido uma detenção ilegal. A Promotoria de La Paz emitiu um comunicado afirmando que não deu "nenhuma ordem de apreensão" contra Huacani.
Pelo Twitter, o ex-presidente Morales condenou a detenção do juiz e afirmou que o governo de Áñez detém "aqueles que o incomodam".
"A Promotoria de La Paz mostrou que o governo interino detém aqueles que o incomodam. A apreensão ilegal, nada menos que de um juiz, Hugo Huacani, designado ao caso dos respiradores, não pode permanecer na impunidade, é um crime grave que deixa o povo indefeso", disse.
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