...é árduo. Aumenta a ansiedade e desencadeia a avalancha da desesperação. Fala consigo mesmo até a beira da loucura, porque o seu coração reclama comunicar-se, confiar ideias, descarregar sentimentos" - MARCO AGUINIS - A saga do Marrano/Um retrato da Inquisição na América Latina - Edit. Palíndromo Ltda/2005, p. 432.
A citação diz respeito ao repúdio de muitos, principalmente jovens, ao isolamento social compulsório, por força da necessidade de evitar-se o contágio pelo Covid-19.
Se, podendo ver TV, usar o celular com Internet, falar com familiares e amigos, inclusive pelo celular, com ou sem imagem, muitos se rebelam e vão pra rua, para encontros furtivos em casas noturnas ou buscam comunicar-se com estranhos, das mais variadas maneiras, o que pensar sobre um preso que é isolado em uma masmorra infecta, sem luz, vaso sanitário decente, água limpa e fresca, ou qualquer outra espécie de conforto?
Obviamente não faço estas considerações para estimular a desconsideração aos conselhos médicos e o desrespeito à ordem pública, eis que o interesse coletivo, em situações de pandemia, deve suplantar, em importância, os estreitos limites do interesse particular.
Mas que o isolamento social, para o ser humano, essencialmente político, grupal, constitui um desafio, não há como refutar.
Muitos sentem-se como um macaco enjaulado, ou amarado pela cintura a um poste, que tem uma visão do mundo apenas de cima da casinha colocada no topo.
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