Em vídeo de 2019, Nelson Teich diz que não desperdiçaria recurso com idoso
O novo ministro da Saúde disse em um evento de Oncologia que é preciso saber fazer escolhas e usaria o recurso que gastaria com idoso para salvar um adolescente
Foto: Reprodução
Por Renato Rovai
“Você vai ter que fazer escolhas. Então você vai ver no que você vai investir. Então se eu tenho uma pessoa que é mais idosa, com idade mais avançada e para ela melhorar eu vou gastar o mesmo dinheiro que com um adolescente que vai ter a vida inteira pela frente e a outra é uma pessoa idosa, qual vai ser a escolha?”
Esta é a cabeça do novo ministro da Saúde de Bolsonaro, Nelson Teich. Ele não disse isso hoje, mas num encontro de Oncologia em maio de 2019, há um ano. Ou seja, ele não pensa isso a partir de agora, numa grande crise na área de saúde, mas pensa isso como algo de sua formação humana. Ou inumana, como preferirem.
É esse ponto de vista que está a frente do ministério da Saúde a partir de hoje. O nome disso é eugenia. Quando se prioriza o ser “perfeito”: o forte, o jovem, o que não prolemas de saúde etc.
Se você tem um pobre e um rico precisando de um respirador, qual você vai priorizar…
4 comentários:
A tal "escolha de Sofia" é usada pelos médicos desde sempre, principalmente em hospitais abarrotados e com ênfase para os CTIs ou UTIs. Isso não é "prerrogativa" somente dele. Sobre isso não é somente ele que pensa assim e se preciso se vale dessa, diríamos, quase que "obrigação ética", de profissionais da medicina. É um dilema que assombra a alma dessa gente, com maior impacto na atividade dos intensivistas. Eu não queria estar na pele deles nem por um segundo, tendo que decidir sobre quem salvar e quem deixar morrer. Coloquemo-nos no lugar de um deles, por exemplo, em uma UTI com 10 leitos, lotada, e num dos leitos um cidadão com mais de 90 anos, tendo outro paciente jovem com chances de sobrevida por no mínimo mais uns 30 ou 40 anos e precisando, ao mesmo tempo, de tratamento intensivo. Por qual deles optaríamos? Qual seria a decisão mais ética, mais humanitária a ser tomada?
Tuas ponderações, mano, são todas procedentes e muito equilibradas. Mas a nação vive um momento delicadíssimo e uma declaração como a que deu (fruto da frieza adquirida com o enfrentamento diário da morte, o que torna o profissional quase insensível) é bastante inoportuna e o expôs a críticas que poderia ter evitado.
Quis ser simpático ao presidente e aos bolsonaristas e conseguiu.
Mas atraiu a repulsa de muitos outros e agora precisa encarar as manifestações de desapreço.
Faço-te uma pergunta: o que os médicos e paramédicos deverão considerar velhos, imprestáveis e descartáveis, para privilegiar crianças e adolescentes, em eventual escolha forçada: os acima de 60, de 70, de 80?
A polêmica irá render muito, provocar reflexões, até algumas ofensas, mas isto faz parte do salutar contraditório.
Quem bate forte, como eu, tem que estar preparado para receber porradas de volta. Mas considero que vale a pena provocar o debate, no interesse coletivo, já que nenhum lucro pessoal tiro deste blog.
Ele falou em "investir", em "dinheiro", parecendo mais um economista, ou capitalista do que médico. Acentuou a dicotomia vidas x economia.
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