Dois agentes são interrogados após a alegação de que a vítima, embora desarmada, tinha uma pistolaA mãe de Iyad Hallak mostra neste sábado uma imagem de seu filho no celular.AHMAD GHARABLI / AFP
Jerusalém - 30 MAY 2020 - 18:05 BRT
A Porta dos Leões da Cidade Velha voltou a ser palco de um trágico episódio de violência em Jerusalém. Agentes da Polícia de Fronteira (corpo militarizado de Israel) mataram a tiros na manhã deste sábado um palestino com autismo que estava indo para uma unidade de educação especial do centro histórico, onde trabalhava e recebia atendimento. Iyad Hallak, de 32 anos, era reconhecido como uma pessoa com deficiência permanente, segundo sua família ―com a qual vivia em Wadi Joz, bairro popular próximo do setor amuralhado de Jerusalém Oriental, sob ocupação israelense desde 1967. Ele estava desarmado.
“Era incapaz de fazer mal a alguém”, declarou ao jornal Haaretz um de seus familiares. O advogado que representa os Hallak disse que vai insistir em uma investigação judicial por “assassinato” contra os policiais envolvidos na morte. Os primeiros testemunhos recolhidos, segundo o advogado, indicam que foram disparados entre sete e dez tiros contra o palestino e que ele caiu sem vida atrás de um contêiner de lixo. O corpo de Hallak foi enviado para o instituto médico legal de Tel Aviv.
Um porta-voz policial afirmou que o homem teve de ser “neutralizado” por ter fugido quando os policiais tentaram pará-lo sob suspeita de que portava um objeto “que parecia uma pistola”, e os agentes abriram fogo contra ele durante a perseguição. O departamento de assuntos internos da polícia abriu uma investigação do caso, sobre a qual as autoridades impuseram um embargo de informações, informa a agência Reuters. Dois agentes da Polícia de Fronteira foram interrogados.
Ayman Oded, líder parlamentar da Lista Conjunta, aliança de partidos árabes israelenses que representa a minoria de origem palestina, afirmou que seu grupo vai trabalhar para que os fatos “não sejam encobertos e os agentes responsáveis sejam presos”. O secretário-geral da Organização para a Liberação da Palestina, Saeb Erekat, alertou no Twitter que o “crime [contra uma pessoa com deficiência] pode ficar impune a não ser que o mundo pare de tratar a Israel como um Estado que está acima da lei e o Tribunal Penal Internacional cumpra sua função”.
Depois do anúncio de que o novo Governo de Benjamim Netanyahu pretende anexar a Israel, a partir de julho, os assentamentos judaicos e o Vale do Jordão da Cisjordânia, sob ocupação militar há quase 53 anos, ocorreram incidentes violentos na última semana.
Investigation source says policeman may have continued shooting despite commander telling him to stop, because he saw Eyad al-Halaq was still moving | Live updates https://www.haaretz.com/israel-news/.premium-border-police-shoot-dead-a-man-suspected-of-carrying-a-gun-in-jerusalem-s-old-city-1.8882656 …
Um palestino foi morto a tiros na sexta-feira por soldados israelenses contra os quais tinha tentado investir com seu carro perto de Ramallah, na Cisjordânia. Na segunda-feira, outro palestino foi gravemente ferido à bala em Jerusalém Oriental após tentar esfaquear um policial.
O Exército israelense planeja reforçar sua presença na Cisjordânia e colocou em alerta suas unidades diante da ameaça de uma explosão de violência. A Autoridade Palestina anunciou na semana passada a suspensão da coordenação entre suas forças de segurança e as tropas israelenses.Agentes da Polícia de Fronteira patrulham a área onde o palestino foi morto.AHMAD GHARABLI / AFP
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