A boa-fé ou, de outro vértice, o dolo, é o elemento subjetivo que caracteriza um comportamento louvável ou reprovável.
Ele revela a intenção de quem age, ou omite-se, de modo que se possa aplaudir e aceitar, ou, de outra banda, repelir.
Eleitores e políticos por eles escolhidos - salvo exceções guiadas unicamente por interesses pessoais - firmam uma espécie de contrato social bilateral, que deveria ser respeitado por aqueles que irão representar o povo .
O mesmo raciocínio serve para os crentes em relação aos pregadores. O crente firma um contrato tácito com o padre, o pastor, o bispo, no sentido de que - comportando-se decentemente e principalmente pagando o dízimo - terá garantido seu lugar à mão direita de Deus pai, todo poderoso, criador do céu e da terra.
Os contratos, de modo geral, devem pautar-se por certos princípios, dentre eles os da probidade e da boa-fé.
Mas grande parte dos políticos e pregadores apenas faz de conta que se guiará por tais princípios, enganando pessoas ingênuas, que neles confiam, pois, como disse JOSÉ DO PATROCÍNIO (A campanha abolicionista), são indivíduos suficientemente pouco escrupulosos - pessoas descaradas, sem moral alguma, fingidamente religiosas - para aproveitarem-se da boa fé dos aliados.
Nisso reside a grande dificuldade para se votar, confiando em sujeitos que apresentam um passado e/ou presente nebuloso, temerário, cheio de segredos inconfessáveis, fatos que se impede de virem ao conhecimento público, por força de sigilo imposto por até 100 anos.
Quem usa de sua inteligência - mesmo que não tenha muita - para articular mentiras mirabolantes e que resultam em danos ao povo, notadamente às pessoas simples, ingênuas por falta de malícia, é um indivíduo que nunca se emendará. É de índole ruim e ninguém conseguirá demovê-lo do perpétuo intento de levar vantagem, em detrimento dos outros.
O pior é a malícia, sim, a malícia da inteligência. A fraude da inteligência” - TOLSTOI - Anna Karenina. Para arrematar, vale lembrar lição do gaúcho MANOELITO DE ORNELLAS - Máscaras e murais de minha terra/ Of. Gráf. da Liv. do Globo S.A./P. Alegre/1968, p. 85 -, que escreveu, com extraordinária precisão: o assalto à boa-fé chama-se hoje de golpe e à simulação descarada dá-se o nome de tapeação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário