4 de outubro de 2022, 8h46
Depois de empresário, a segunda ocupação mais comum entre os candidatos nas eleições deste ano foi a de advogado. O número de causídicos inscritos no pleito foi 2.049, o que representou 7,22% do total — há quatro anos, foram 6,27% (1.823 candidatos). E eles tiveram altos e baixos.
Mais de dois mil operadores do Direito se candidataram nas eleições deste ano
TSE
Na disputa da Presidência da República, os operadores do Direito não se deram bem. Ciro Gomes (PDT), José Maria Eymael (Democracia Cristã), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil) são advogados de formação e ficaram pelo caminho.
Melhor sorte tiveram Cláudio Castro (PL), reeleito governador do Rio de Janeiro em primeiro turno, e Ibaneis Rocha (MDB), ex-presidente da seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, que também foi reeleito no DF.
Em São Paulo, Fernando Haddad (PT) vai disputar o segundo turno da eleição para governador, assim como os bacharéis em Direito Eduardo Leite (PSDB), no Rio Grande do Sul, Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB), ambas em Pernambuco.
No Congresso
Centro do poder político brasileiro, o Congresso Nacional é a fábrica das leis que moldam o cotidiano dos cidadãos. Nesta eleição, a revista eletrônica Consultor Jurídico publicou a série de entrevistas Candidatos Legais, em que sabatinou profissionais do Direito que se candidataram a senador ou deputado federal. O objetivo era mostrar ao leitor como esses representantes da comunidade jurídica avaliam a produção legislativa brasileira e conhecer suas propostas.
Foram entrevistados os candidatos a deputado federal Fernando Capez (União Brasil-SP), promotor e ex-diretor do Procon paulista; Ricardo Lodi (PT-RJ), tributarista e ex-reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; e Augusto de Arruda Botelho (PSB-SP), criminalista, que não foram eleitos.
Paulo Teixeira (PT-SP), advogado e integrante da Câmara desde 2007, teve melhor sorte e foi reeleito. Já Ricardo Salles (PL-SP), advogado e ex-ministro do Meio Ambiente, foi o quarto candidato a deputado mais votado do estado, com 640 mil votos.
Miro Teixeira (PDT-RJ), advogado e jornalista que buscava seu 12º mandato na Câmara, não foi eleito, assim como Orlando Zaccone (PDT-RJ), delegado de Polícia Civil; Sérgio Santos Rodrigues (Podemos-MG), advogado e presidente do Cruzeiro Esporte Clube; e Marcos da Costa (Avante-SP), ex-presidente da seccional paulista da OAB. A candidata a senadora Janaina Paschoal (PRTB-SP), professora de Direito Penal da Universidade de São Paulo, também não teve sucesso.
Por outro lado, o ex-juiz federal Flávio Dino, que já governou o Maranhão, foi eleito para o Senado pelo PSB. Integrantes do mesmo partido, o professor de Direito Alessandro Molon e o advogado Márcio França buscaram ser senadores por Rio e São Paulo, respectivamente, mas não se elegeram.
Outro ex-magistrado que postulou uma vaga no Senado foi Odilon de Oliveira (PSD-MS), cuja trajetória inspirou o filme "Em nome da lei". Apesar do apelo cinematográfico, porém, ele não foi eleito.
Em São Paulo, o ex-presidente do Tribunal de Justiça Ivan Sartori (Avante) tentou uma cadeira na Câmara dos Deputados, mas não obteve sucesso. A ex-promotora Gabriela Manssur (MDB) também ficou pelo caminho. O promotor licenciado Carlos Sampaio (PSDB), por sua vez, foi eleito.
Advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef (PL-SP) foi candidato a deputado federal pela primeira vez e não se elegeu. O ex-presidente da seccional fluminense da OAB, Wadih Damous (PT-RJ), desejava voltar à Câmara dos Deputados, onde foi crítico ferrenho do lavajatismo, mas também não conseguiu.
Lavajatistas
Por falar em "lava jato", ex-integrantes da autodenominada força-tarefa tiveram sucesso nas urnas. O ex-juiz e ex-ministro da Justiça do governo de Bolsonaro Sergio Moro (União Brasil-PR) foi eleito senador pelo Paraná. E ele conseguiu impulsionar a candidatura de sua mulher, Rosângela Moro, que foi eleita deputada federal por São Paulo.
Um dos personagens mais histriônicos do lavajatismo, o ex-produrador Deltan Dallagnol, foi o deputado federal mais votado pelo Paraná. Embevecido pelo triunfo eleitoral, Deltan bradou que a "lava jato" tinha "ressurgido das cinzas" em vídeo compartilhado com seus seguidores.
Rafa Santos é repórter da revista Consultor Jurídico.
Revista Consultor Jurídico, 4 de outubro de 2022, 8h46
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