Publicado por Fernando Miller
- Atualizado em 16 de outubro de 2022 às 11:19
Bolsonaro, quando jovem parlamentar
Jair Bolsonaro (PL), cuja campanha tem no aborto uma dos principais pontos de ataque contra o ex-presidente Lula (PT), já foi defensor da pauta, como demonstra um antigo discurso seu feito na Câmara dos Deputados, em 1992.
Conforme publicado no G1 por Andreia Sadi e Octávio Guedes, então parlamentar do PDC discursava sobre a necessidade do controle de natalidade e defendeu que as pessoas abandonassem suas convicções religiosas para tratar do assunto com “pés no chão”.
O hoje candidato à reeleição citou o exemplo da China, que passaria a distribuir a pílula do aborto para fins de controle populacional..
“É preciso, portanto, que todos tenhamos os pés no chão e passemos a tratar desse tema (controle da natalidade) sem demagogia sem interesse partidário ou eleitoreiro, porque de nada adiantam nossas convicções religiosas, políticas ou filosóficas, quando se está em jogo, sem dúvida, uma questão bem mais grave e que, de fato, interessa à segurança nacional. Temos de viabilizar este país e apontar o caminho certo do desenvolvimento social e econômico”.
O ex-capitão elevou o aborto a terma de segurança nacional ao relacionar o fato de que a maioria da população masculina chegava à idade de alistamento militar inapta para servir às Forças Armadas:
“Não adianta uma multidão de brasileiros subnutridos, sem condições de servir ao seu País”, concluiu o então deputado.
Em posição que hoje o presidente Bolsonaro chamaria de “comunista”, o então deputado disse que “com vista a que o casal possa obter autodomínio físico e psíquico sobre a prole que pode e que deseja ter. Em razão disso, vamos mais longe, pois até mesmo a palavra “planejamento” familiar consideramos inadequada, porque a vemos como expressão de um conceito que não atende à necessidade de que o Brasil tenha um programa oficial voltado ao controle dos índices de natalidade”.
O discurso era uma crítica ao então presidente Fernando Collor, que naquela época divulgava a construção dos Ciacs, escolas federais que tinham nos Cieps brizolistas o seu modelo: “Escola não é creche, não é restaurante, não é jardim de infância”, afirmou o então deputado.
O discurso, cuja imagem reproduz-se abaixo, pode ser encontrado na página 81 do documento aqui linkado.
Reprodução do Diário do Congresso Nacional com discurso de Bolsonaro
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