Pensando até em suicídio, que está na moda?
Ou pensando em encher a tua parceira de porrada e chumbo, só porque teus sonhos de consumo não se realizam?
Ou pensando em desaforar teus empregados, porque tua empresa vai mal?
Vai te catar, mimadinho !!! Lê o relato abaixo e vê "se te flagras", né ôôô, bicho fraco.
-=-=-=-
Um pedaço de tronco humano, encostado à parede, atraiu-nos a atenção. Chapéu de palha sobre uma esteira, com o ar de quem descansava em macia poltrona, aquele saldo de gente exibia o que lhe restava da liquidação feita pelo destino. Uma perna amputada pela coxa, outra até o joelho. Ficara-lhe apenas o braço esquerdo. Constou-nos a sua tragédia. Era “broqueiro” numa pedreira da estrada de ferro. Tivera, pela falta de ajudantes, de colocar a grossa dinamite no buraco feito no extenso paredão rochoso. E, ou porque o estopim fosse curto, ou por outra circunstância, a mina explodira, antes que se afastasse. Fora - acentuou - retirado feito pirão, envolvido num cobertor, sem saberem se conduzi-lo à cova ou ao hospital. E agora, ali estava, em perfeita-saúde, esperando viver compridos anos. Falava pelos cotovelos: rindo, no contentamento de quem triunfou da morte. Dei-lhe um cigarro aceso: cegara de um olho, o outro já a enxergar nevoeiro. Puxou uma larga tragada, deliciado, com estalos de língua. E o caco humano, numa lição de otimismo magnífico, exclamou, com um sorriso amplo: “A vida é uma coisa boa e bonita”.
Extraído de TITO CARVALHO - Gente do meu caminho - Edit. da UFSC/Fpolis/1997, p. 119.
Extraído de TITO CARVALHO - Gente do meu caminho - Edit. da UFSC/Fpolis/1997, p. 119.
Nenhum comentário:
Postar um comentário