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quinta-feira, 26 de setembro de 2019

GRAXAIM - Por que a maioria das pessoas não conhece um, embora tenha sido abundante na Ilha?




O texto abaixo explica a saga da espécie e as razões do seu desaparecimento:


- ENEDINO BATISTA RIBEIRO – Gavião-de-penacho – IHGSC + ALESC/Fpolis-SC/1990, vol. 1, p. 195: 
Era pau-para-toda-obra: recolhia as vacas leiteiras, tratava dos animais de estrebaria, dos porcos no chiqueiro; pastoreava o rebanho de ovelhas, para impedir que os graxains e os caranchos (*) comessem as crias recém-nascidas.

No combate à primeira dessas pragas, pedi a meu pai que mandasse construir uma arataca de caixão, que eu armava todos os dias, sobre a noite, três ou quatro quilômetros distante da casa. a isca por mim empregada era pele de porco sapecada na labareda do fogo.

No dia seguinte, quase sempre, lá estava preso um graxaim, que eu retirava da arataca, virando a boca do mundéu para cima e laçando-o pelo pescoço com uma corda de barbante grosso. Era um divertimento gostoso que fazíamos com as manas mais moças do que eu e moleques da fazenda. Só nos invernos de 1911 e 1912, matei mais de oitenta graxains e uma meia dúzia de gambás.

O graxaim (variação de guaraxaim) é um animal inteligente e muito esperto: uma vez laçado, bates-e e pula muito; depois de um certo cansaço, deita-se de todo o comprimento e fica ali quieto, mal respira, “faz-se de morto”, como se diz no linguajar das fazendas. Se a gente “vai na conversa”, tirando-lhe a corda do pescoço, o malandro levanta-se de pronto e sai como um raio, correndo o que dão as pernas, e o caçador fica “cheirando na tampa”, como se costuma dizer.

O graxaim é um mamífero da família dos canídeos, que passa o dia pelas tocas, fojos e solapas. Sai à noite e às vezes de dia, se tem muita fome, à procura de alimento.

Nos dias chuvosos, de luminosidade escassa, à boquinha da noite, a gente ouve seus gritos: guô-a guô-a. Não sei porque o grito desse animal causa, a quem o escuta, um certo mal estar. Há gente que até se recolhe para dentro de casa, persignando-se. Deve ser o forte sentimento de superstição que impera entre os sitiantes do Brasil.

É guloso perseguidor de cordeirinhos e até mesmo de bezerros recém-nascidos. Sem-vergonha como só ele, visita a casa do homem e vai aos galinheiros, onde, se não houve segurança, penetra, mata e carrega para o mato as “penosas”.

Como resultado dessas “virtudes”, o graxaim é muito caçado, daí a razão por que está desaparecendo do nosso interior. 
-=-==-
(*) os caranchos, são uma espécie de falconídeos, da família dos gaviões.

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