ONU alerta para violência sexual contra mulheres em conflitos armados
A violência sexual é frequentemente usada como instrumento de
guerra em conflitos armados, constatou o relatório anual das Nações
Unidas sobre a população mundial. "As mulheres raramente fazem guerra,
mas costumam sofrer suas piores consequências", constata o estudo do
Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), em colaboração com a
Fundação Alemã para a População Mundial (DSW) e o Ministério da
Cooperação Econômica em Berlim. A violência contra a mulher é uma "arma
hedionda cada vez mais corrente" que causa sofrimento não só às vítimas,
mas a todo o seu entorno.
O relatório da ONU analisa "como os traumas decorrentes de estupros
continuam tendo efeito depois do fim das guerras e podem desestabilizar
gerações inteiras", declarou Bettina Maas, representante da UNFPA. A fim
de que as vítimas possam retornar à "normalidade", elas precisam da
ajuda de organizações não governamentais e de assistentes sociais
especializados. Mulheres e meninas estariam menos expostas ao risco de
estupro se seus direitos de igualdade fossem reconhecidos, acrescentou
Maas.
Visadas como alvo de violência durante distúrbios da ordem social
"A tarefa mais urgente é romper o círculo vicioso da impunidade",
declarou a enviada especial das Nações Unidas para regiões em conflito,
Margot Wallström, por ocasião da divulgação do relatório de 116 páginas,
nesta quarta-feira (20/10). Wallström também advertiu que nenhum Estado
poderia usar "costumes populares" como pretexto para negligenciar o
cumprimento dos direitos humanos e fundamentais.
As mulheres também costumam correr risco de violência sexual após
catástrofes naturais, como terremotos e enchentes, ou seja, sempre que
haja distúrbios temporários da ordem social. O estudo analisou países
que se encontram em fase de estabilização após conflitos armados ou
catástrofes, entre os quais a Bósnia e Herzegovina, os territórios
palestinos, o Haiti e diversos países africanos.
O relatório das Nações Unidas sobre a população mundial se dedicou
este ano ao tema da violência contra a mulher por ocasião dos 10 anos da
resolução 1.325 da ONU. Com essa resolução que passou a vigorar em
2000, o Conselho de Segurança das Nações Unidas conclamou todas as
partes envolvidas em guerras a proteger mulheres e meninas da violência
sexual e observar seus direitos em acordos de paz.
Mortalidade materna
Além disso, o relatório aponta a falta de acesso a anticoncepcionais e
a falta de cuidados médicos durante a gravidez e o parto, sobretudo em
regiões em crise ou abaladas por catástrofes. As principais vítimas são
mulheres das camadas mais pobres da sociedade, com baixo nível
educacional, nos países em desenvolvimento.
O acesso a anticoncepcionais poderia reduzir um terço da mortalidade de mães durante o parto. A cada dia, mil mulheres morrem em decorrência de problemas relacionados à gravidez ou ao parto; ao todo, são 350 mil mortes anuais, das quais 99% ocorridas nos países em desenvolvimento.
A maioria dessas mortes poderia ser evitada por meio de cuidados
médicos, confirmou a diretora da DSW, Renate Bähr, acrescentando que
apenas dois terços dos partos são acompanhados por profissionais.
Cerca de 215 milhões de pessoas interessadas em usar métodos
anticoncepcionais não têm acesso a preservativos ou pílulas, informou
Bähr. Nos países em desenvolvimento, 80 milhões de mulheres engravidam
involuntariamente a cada ano, por não terem acesso a anticoncepcionais.
Gudrun Kopp, vice-ministra no Ministério alemão do Desenvolvimento,
anunciou uma iniciativa de planejamento familiar para marcar a alta
prioridade desse problema nos países em desenvolvimento. O ministério
liberou um orçamento anual de 80 milhões de euros para o projeto, a ser
desenvolvido em cooperação com governos locais por meio de campanhas de
esclarecimento e cursos de planejamento familiar.
População mundial daqui a quatro décadas
Segundo os prognósticos das Nações Unidas, a população mundial deverá
aumentar dos atuais 6,8 bilhões de pessoas para 9,15 bilhões em 2050.
Segundo comunicou o UNFPA em Genebra, a Europa será o único
continente onde o número de habitantes deverá cair nas próximas quatro
décadas. Hoje, 732 milhões de pessoas vivem entre o Cabo Norte e o
Estreito de Gibraltar; em 2050, serão apenas 691 milhões, apontam as
estimativas da ONU. A baixa taxa de natalidade de países como a
Alemanha, por exemplo, contribuirá para essa tendência.
A Ásia continuará sendo o continente mais populoso em 2050, com
aproximadamente 5,2 bilhões de pessoas. Hoje se calcula que haja 4,1
bilhões de asiáticos. Quanto à África, o número de habitantes deverá
duplicar para 2 bilhões dentro de 40 anos.
SL/afp/dapd/epd
Revisão: Carlos Albuquerque
Revisão: Carlos Albuquerque
Fonte: DEUTSCH WELLE
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