JULIANNA GRANJEIA
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
O ministro Gilson Dipp, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), deferiu
liminar determinando a suspensão de todos os processos que tratam do
crime de falsa identidade em trâmite nos juizados especiais criminais
em todo país. Os processos ficarão suspensos até o julgamento da
reclamação feita por um homem condenado a seis anos de detenção pelo
crime. A decisão é do dia 30 de setembro e foi divulgada na terça-feira
(5) pelo Ministério Público de São Paulo.
O homem entrou com recurso contra decisão da 2ª Turma Recursal dos
Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Distrito Federal --que
confirmou a sentença de condenação-- entendendo que o acusado, detido e
conduzido à delegacia, tem o direito constitucional de permanecer
calado. No entanto, para a Turma, não é "razoável mentir sobre a sua
própria identidade".
No STJ, o acusado alegou que a decisão da Turma Recursal é contraria
ao entendimento do Superior, que se manifesta no sentido de que não
comete crime quem, "diante da autoridade policial, se atribui falsa
identidade, em atitude de autodefesa, porque amparado pela garantia
constitucional de permanecer calado".
O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo,
Luiz Flávio Borges D'Urso, afirma que, caso o STJ confirme no mérito a
decisão, todos os processos de falsa identidade semelhantes ao do
acusado serão extintos. "Se a atribuição do silêncio ou da falsa
identidade quando abordado pela polícia foi no sentido de se proteger,
para que a pessoa não seja obrigada a produzir prova contra si mesmo,
nesse caso específico, essa conduta estaria em sintonia com a
constituição", disse.
Além da liminar, o ministro estendeu --com base na resolução nº 12
do STJ-- os efeitos da decisão para todos os processos que estão nos
juizados especiais criminais nos quais haja divergência entre o acórdão
da Turma Recursal e a jurisprudência do STJ.
D'Urso afirmou que não é possível saber quantos processos de falsa
identidade tramitam nos juizados especiais. "Na prática essa decisão
tem efeitos gigantescos. Não sabemos quantos processos existem, mas
sabemos que são milhares. Se a decisão for confirmada no mérito, todos
os processos serão extintos. Se não confirmar, continuam todos de onde
pararam. É uma posição pioneira com esta abrangência", afirmou D'Urso.
Fonte: FOLHA DE SP
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