Há uma demanda feroz, alucinante mesmo, por perseguição de gente que erra. De modo hipócrita, cada um se julga um santo, clamando, de maneira contundente, por delações, ações policiais, inquéritos, inquisições, processos-crimes, perseguições, justiçamentos.
Há uma ansiedade generalizada de apontar os "pecados" alheios, como se os que vindicam a exacerbação da vindita social fossem seres imaculados, perfeitos, inatacáveis, plenos de virtudes, incapazes de cometer qualquer deslize.
Crentes espavoridos e espevitados, escondem sob sotainas, ou saias e cabelos longos, ou ainda debaixo de paletós de cores sóbrias, as próprias mazelas e imperfeições.
Essa busca moralista pela perfeição tem estimulado o surgimento de verdadeiras hordas de pregadores, aventureiros, despreparados, gananciosos, aproveitadores da ingenuidade de grande parte do povo, passando-se tais "pastores" por pessoas ilibadas, quando, no fundo, boa cópia delas não passa de gente sem o menor escrúpulo.
A par desses "religiosos" e puritanos, vemos pessoas que adoram apontar o dedo para os defeitos alheios, escamoteando os próprios, fazendo pose de seres especiais, livres de qualquer mácula, ou suspeita.
Brandem cruzes, vestem fardas, ou simpatizam com bandeiras tradicionais, endeusando meros símbolos, que no fundo pouco significam, pensando que enganam a todos, tomando-nos por idiotas, incapazes de enxergarmos o cinismo subjacente, escondido nas suas aparências de gente impoluta.
O já citado e vetusto APOLINÁRIO PORTO-ALEGRE, na obra acima aludida, compôs um autêntico libelo a respeito de gente santarrona: Em nossas cidades, estábulos em que se embotam as santas crenças e os ternos sentimentos, o lábio balbucia geralmente o que não sente o coração. Dois fiéis que enchem o recinto de uma igreja, poucos rezam com unção, os mais satisfazem as conveniências sociais, cumprindo automaticamente as fórmulas de etiqueta. O culto das cidades, nos tempos que vão, é uma mentira, uma profanação, consequentemente. Também o senhor não se mostra nos focos de egoísmo e hipocrisia; não tendo levitas, nem adoradores, deixa os rebanhos contaminados pela febre do ouro, pelo vírus de interesses reprovados, e deixa-os para não ver os escravos de si, dos vícios e dos crimes.
O já citado e vetusto APOLINÁRIO PORTO-ALEGRE, na obra acima aludida, compôs um autêntico libelo a respeito de gente santarrona: Em nossas cidades, estábulos em que se embotam as santas crenças e os ternos sentimentos, o lábio balbucia geralmente o que não sente o coração. Dois fiéis que enchem o recinto de uma igreja, poucos rezam com unção, os mais satisfazem as conveniências sociais, cumprindo automaticamente as fórmulas de etiqueta. O culto das cidades, nos tempos que vão, é uma mentira, uma profanação, consequentemente. Também o senhor não se mostra nos focos de egoísmo e hipocrisia; não tendo levitas, nem adoradores, deixa os rebanhos contaminados pela febre do ouro, pelo vírus de interesses reprovados, e deixa-os para não ver os escravos de si, dos vícios e dos crimes.
Voltando à sede de vingança social: tenho visto até governador - com declaradas pretensões de concorrer à presidência da República - elevando-se aos céus e, de cima de helicópteros policiais, disparando tiros de fuzil sobre comunidades indefesas, - irresponsavelmente encaradas, na sua totalidade, como covil de bandoleiros -, no afã de angariar simpatias de fanáticos por vingança social contra aqueles que não conseguem sair da miséria e da ignorância, por falta de políticas públicas eficientes, galgar degraus onde a repressão não se faz tão ostensiva.
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