Greve contra o amianto fechou escola com 900 alunos em Amarante
25.11.2019 às 10h36
Uma greve convocada pelo Sindicato de Todos os Professores (STOP) para a Escola EB 2,3 de Amarante, em protesto pela existência de coberturas com amianto, levou ao encerramento do estabelecimento esta segunda-feira
Na
manhã desta segunda-feira, dezenas de professores concentraram-se junto
à entrada principal das instalações, acompanhados por auxiliares de
ação educativa, exibindo cartazes com mensagens alusivas à existência de
amianto nas coberturas de vários pavilhões.
No gradeamento
exterior do estabelecimento, construído há cerca de 40 anos, os
grevistas colocaram uma tarja com a frase: "Stop - Tirem-nos o amianto".
André
Pestana, coordenador do STOP, disse à Lusa que a greve na escola de
Amarante enquadra-se nas ações de protesto, de âmbito nacional, que já
provocou, nas últimas semanas, o encerramento dezenas de
estabelecimentos em vários pontos do país.
"São cerca de 30
escolas que começaram a encerrar desde o início desta greve, que, no
início, era essencialmente contra o amianto, mas depois, rapidamente,
alastrou para outros problemas gravíssimos para quem trabalha e estuda
na escola pública, como a falta de funcionários e professores", referiu,
criticando ainda a "violência e impunidade que tem ocorrido nas
escolas".
Sobre a questão do amianto na EB 2,3 de Amarante, onde
estudam cerca de 900 alunos, do 5.º ao 9.º ano de escolaridade, o
dirigente comentou à Lusa: "Há muito dinheiro neste país. Só que está
muito mal distribuído. Há dois pesos e duas medidas. Para os 'boys'
partidários escolhidos por este Governo e pelos anteriores há sempre
luxos, há sempre milhões. Os banqueiros são um exemplo paradigmático. Se
isto fosse um banco, já tínhamos dinheiro para tirar o amianto, que é
comprovadamente cancerígeno e que está a sujeitar milhares de pessoas".
O
sindicalista recorda que o primeiro-ministro, António Costa, "prometeu
erradicar o amianto dos edifícios públicos até final de 2018", mas no
final de 2019 "nem 10% disso foi cumprido".
"Isso é gravíssimo", acentuou.
A
insuficiência de funcionários nas escolas foi outra nota deixada por
André Pestana, referindo que, no caso da EB 2,3 de Amarante, não é
cumprido o rácio indicado pelo Governo, havendo 42 alunos por cada
auxiliar, o dobro das recomendações da tutela.
Anabela Magalhães,
docente naquela escola, confirmou à Lusa a insuficiência de assistentes
operacionais, também cada vez mais envelhecidos, o que motivou a adesão
à greve por parte daqueles profissionais.
Sobre a questão do
amianto, lamentou que cerca de 900 alunos, além de professores e
funcionários, tenham de conviver diariamente com "um problema de saúde
pública".
"É justo que, passados 40 anos, nos retirem o amianto
integralmente da escola", disse, explicando que as placas com amianto só
foram retiradas num dos edifícios, mantendo-se nos restantes.
"Isto
é típico do país, é o varrer da sujidade para debaixo do tapete. Os
alunos têm aulas com as placas visíveis, algumas das quais fissuradas,
com todos os problemas que daí advêm para a saúde pública", criticou a
docente.
Anabela Magalhães disse também não ser aceitável a
existência, lado a lado, de duas escolas com condições tão diferentes. A
docente referia-se à escola secundária da cidade, contígua à EB2,3, que
foi remodelada recentemente.
Fonte: https://expresso.pt/sociedade/2019-11-25-Greve-contra-o-amianto-fechou-escola-com-900-alunos-em-Amarante
Nenhum comentário:
Postar um comentário