Perfil

Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

Mensagem aos leitores

Benvindo ao universo dos leitores do Izidoro.
Você está convidado a tecer comentários sobre as matérias postadas, os quais serão publicados automaticamente e mantidos neste blog, mesmo que contenham opinião contrária à emitida pelo mantenedor, salvo opiniões extremamente ofensivas, que serão expurgadas, ao critério exclusivo do blogueiro.
Não serão aceitas mensagens destinadas a propaganda comercial ou de serviços, sem que previamente consultado o responsável pelo blog.



segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Católico ou evangélico?



Publicado por Kiko Nogueira

- 11 de novembro de 2019





Luis Fernando “Macho” Camacho é cidadão de bem, temente a Deus


A cena do líder golpista Luis Fernando “Macho” Camacho ajoelhado diante de uma Bíblia no Palácio Quemado dá a dimensão da força dos evangélicos na Bolívia.

Camacho está sempre brandindo o livro e segurando um terço em seus discursos. Vive citando versículos.

Declara-se católico, mas o apoio organizado vem das igrejas evangélicas.

Qualquer coincidência com Jair Bolsonaro é mera semelhança. O modus operandi é o mesmo.

Camacho diz que quer “devolver o país a Deus”.

Em vídeos, militares aparecem orando após a derrubada de Evo. Um coronel foi a um culto consagrar as Forças Armadas a Jesus Cristo.

São empresas milionárias, articuladas com a extrema direita e dispostas a tudo, inclusive a abraçar corruptos, milicianos, assassinos — o diabo.

O escritor colombiano Santiago Gamboa falou dessa influência nefasta no continente em seu último livro, “Será Larga la Noche” (“Será Longa a Noite”, não lançado no Brasil).



Camacho (centro) diante de uma Bíblia e da bandeira da Bolívia, no Palácio Quemado, sede do governo


“As igrejas evangélicas são um problema de segurança nacional na América Latina”, afirmou para a BBC. “Estão pondo a democracia sob seu controle, estão trabalhando ativamente pela corrupção”.

“Acabamos de ver nas eleições de prefeitos e governadores como igrejas evangélicas em muitas regiões vendiam diretamente os votos de seus fieis a chefes políticos locais”, afirmou.

De acordo com Gamboa, em Bogotá, mais de cem igrejas apoiaram o candidato da direita — que não venceu — nas últimas eleições.

Os pastores o apresentaram como um “bom homem”, juraram que Cristo estava em seu coração e deram a ordem de votar nele.

“Isso é usar a democracia para chegar ao poder e então se tornar antidemocrático”, diz Gamboa.

Não é diferente, essencialmente, do Estado Islâmico ou dos talibãs. Todo fundamentalista considera seu messias melhor que o dos outros.


Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/igrejas-evangelicas-sao-problema-de-seguranca-nacional-na-america-latina-diz-escritor-colombiano-na-mosca/


-=-=-=-

Camacho, o líder dos protestos na Bolívia que quer “devolver a Deus o Palácio do Governo”
Católico fervoroso, este líder oposicionista costuma pronunciar seus discursos com um terço na mão. Faz parte da elite boliviana e antes nunca havia participado da política


Fernando Molina


La Paz 11 Nov 2019 - 19:32 BRT


Luis Fernando Camacho durante um protesto contra Evo Morales este domingo.


O líder do movimento cívico que derrubou Evo Morales, Luis Fernando Camacho, não para de pedir. Ao longo da crise boliviana, suas demandas aumentaram rapidamente: primeiro, segundo turno das eleições; depois, novas eleições; depois, a renúncia do presidente e, agora, a de todos os parlamentares governistas e dos membros tribunais de Justiça. Nesta segunda-feira ele tentou moderar sua posição fazendo um chamado a uma transição constitucional.

Camacho não acredita no sistema político tradicional, mas apenas no "povo" que ele liderou durante o protesto que terminou com a renúncia de Morales e que agora o adora. Pela primeira vez em muitas décadas, um líder de Santa Cruz tem enorme popularidade e influência em todo o país, inclusive no oeste, geralmente mais inclinado à esquerda e enciumado do poder econômico e político da terra de Camacho.

Até onde esse personagem chegará? Ninguém sabe ao certo. Ele e seu principal companheiro, o líder cívico de Potosí, Marco Pumari, são recém-chegados ao cenário político boliviano. Lideraram o movimento por causa de sua condição de presidentes de comitês civis, associações empresariais e organizações de bairro das nove regiões, na Bolívia conhecidas como departamentos. Normalmente, esses comitês se ocupam de reivindicações regionais e são comandados pelas elites locais. Camacho, filho do empresário do ramo de seguros e ex-presidente do mesmo comitê que ele agora lidera, José Luis Camacho, é membro da elite de Santa Cruz. Tem 40 anos e nunca participou de política antes. Ele se projeta como a renovação da política e não esconde suas críticas e antagonismos com os líderes tradicionais da oposição: Carlos Mesa e Samuel Doria Medina.

Católico fervoroso, nos últimos dias quis levar uma carta de renúncia já escrita para Morales, para que este a assinasse, e fez isso "armado somente com a Bíblia". Além disso, geralmente pronuncia seus discursos com um terço na mão e se ajoelha para rezar em público. Uma de suas metas é "devolver a Deus o Palácio do Governo", dada a secularidade do Estado promulgada na Constituição de 2006. Seu catolicismo se estendeu a todo o movimento, que realizou greves, bloqueios nas vias de comunicação, vigílias, missas e orações públicas, entre outras atividades. Luis Fernando Camacho, de joelhos, em um protesto.


Camacho e o grupo de líderes de Santa Cruz que ele lidera foram relacionados a Branco Marincovich, um dos oponentes de Morales que, acusado de "separatismo e terrorismo", vive no exílio. São regionalistas, liberais em questões econômicas, direitistas em política e radicalmente opostos ao ex-presidente Morales.


Na política interna, eles antagonizam com o partido do atual governador de Santa Cruz, Rubén Costas, um oposicionista moderado, e é por isso que apoiaram Carlos Mesa nas últimas eleições, em vez de se juntar ao que era supostamente o candidato regional, Oscar Ortiz, que era a cartada de Costas. Esse apoio permitiu a Mesa vencer em Santa Cruz e isso, por sua vez, impediu que Morales saísse claramente eleito.

"Macho Camacho", como é chamado, desperta a admiração e simpatia da população que saiu às ruas. Agradecem-no por "libertar o país do ditador". Elogiam sua virilidade e presença física. Nas redes sociais é tão popular, ou até mais, que astros da música. Camacho tem um sorriso e um abraço para todos. Ele transita sem problema entre "collas" [a população da zona indígena da Bolívia] e "cambas" [o povo do leste do país, majoritariamente opositor de Morales], entre "índios" e "qharas" [maneira depreciativa de chamar a população branca]. E quando lê seus discursos, sempre envia agradecimentos a sua família e sua região. Com seu aspecto de garoto justiceiro e implacável, seu radicalismo, que não ficou na retórica, constitui a antítese dos dirigentes governistas e opositores do ciclo político anterior. E é por isso que ele é o homem do momento.


 Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/11/11/internacional/1573488689_493218.html

Nenhum comentário: