Cerca de 60 mil judeus viviam no gueto quando Hitler ordenou um extermínio; moradores do gueto resistiram a ataques nazistas durante 28 dias
19 de abr de 2021 às 13:00
Os 60 mil judeus que ainda sobreviviam à ocupação nazista no gueto de Varsóvia, na Polônia, se levantam em 19 de abril de 1943 contra as tropas SS que haviam recebido ordens de Hitler para exterminá-los. O combate, desesperado e desproporcional, duraria até 16 de maio. Sete mil judeus morreram com as armas em punho. Os demais foram conduzidos a campos de extermínio.
As forças nazistas tentavam eliminar o gueto judaico da cidade quando se depararam com o fogo de resistentes judeus, liderados por Mordechai Anielewicz, Iosef Levartowski, Andrej Schmit e Michal Klepisz, de diferentes orientações políticas, que se uniram para enfrentar o inimigo. “Estamos limitados, mas não caídos. Dos nossos esconderijos, ataquemos o inimigo. Se for para morrer, morramos como heróis, para permanecermos vivos à posteridade”, dizia o manifesto que dava vida ao Levante do Gueto de Varsóvia.
Pouco depois da invasão da Polônia pela Wehrmacht em setembro de 1939, perto de 500 mil judeus poloneses foram confinados em deploráveis condições em uma área de cinco quilômetros quadrados, onde normalmente poderiam viver 200 mil. O gueto foi cercado por um muro de três metros de altura e arame farpado e permanecia vigiado por soldados das SS. Quem quer que fosse apanhado tentando fugir era fuzilado no ato. Os nazistas controlavam também a quantidade de alimentos recebida pelo gueto, obrigando os judeus a viveram basicamente de um prato de sopa por dia. Doenças e inanição mataram milhares todos os dias.
A partir de julho de 1942, cerca de seis mil judeus eram transferidos a cada dia para o campo de concentração de Treblinka. Diziam os nazistas que eles estavam sendo transferidos para campos de trabalho, mas logo se soube que na verdade ser enviado para o campo de trabalho significava a morte.
Ante este quadro, uma resistência subterrânea se formou: a OJC (Organização Judaica de Combate). Armas de porte reduzido eram adquiridas a alto custo de organizações polonesas antinazistas. A resistência, armada com armas ligeiras, foi capaz de resistir à continuidade da deportação, atacando os nazistas do alto dos telhados, dos sótãos e dos desvãos. Um severo inverno e a falta de trens também contribuíram para a redução das deportações.
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Gueto de Varsóvia foi separado do resto da cidade por um muro
Como foi a resistência judaica
Quando chegou a primavera, em 19 de abril, o líder nazista Heinrich Himmler anunciou que o gueto deveria ser esvaziado à força em homenagem ao aniversário de Hitler, que seria no dia seguinte. Cerca de dois mil soldados SS atravessaram as barreiras com tanques, obuses, lança-chamas e metralhadoras, contrapondo-se aos cerca de mil judeus que portavam pistolas, fuzis, granadas caseiras e coquetéis Molotov.
A resistência judaica mostrou-se capaz de rechaçar os ataques durante 28 dias. Milhares foram massacrados à medida em que as tropas alemãs avançavam, explodindo os edifícios um a um. Os combatentes da OJC foram aos esgotos para continuar a luta. Em 8 de maio o bunker de comando caiu diante dos nazistas não antes de alguns dos resistentes terem tirado sua própria vida.
Finalmente, em 16 de maio, o general SS Jurgen Stroop assumiu o controle total do gueto. Teve então início uma maciça deportação para Treblinka. Durante o levante, cerca de 300 soldados alemães foram mortos e cerca de mil foram feridos. Mais de 56 mil judeus foram massacrados. Virtualmente todos os sobreviventes do levante levados a Treblinka foram exterminados até o fim da guerra.
Fonte: https://operamundi.uol.com.br/hoje-na-historia/3720/hoje-na-historia-1943-tropas-nazistas-sufocam-o-levante-do-gueto-de-varsovia
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