Quem dormiu no chão deve lembrar-se disto, impor-se disciplina, sentar-se em cadeiras duras, escrever em tábuas estreitas. Escreverá talvez asperezas, mas é delas que a vida é feita: inútil negá-las, contorná-las, envolvê-las em gaze. Contudo é indispensável um mínimo de tranquilidade, é necessário afastar as miseriazinhas que nos envenenam. - Excerto de "Memórias do Cárcere".
Não raramente, vejo-me ante o dilema de publicar, ou não, certos textos que brotam "ao correr da pena" e são contundentes, até ofensivos.
E o que me socorre é exatamente a constatação de que a vida, principalmente para as classes desfavorecidas pela sorte, é "pedreira", dureza, ou, como prefere o festejado escritor nordestino, cheia de asperezas, não sendo do meu gosto dourar a pílula. Aqueles que eventualmente ofendo - e não o faço por gostar de ser grosso -, muitas vezes, merecem mesmo ser atingidos, magoados, para ver se tomam tento.
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