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Vestígios de medicamentos, produtos de beleza e plásticos na natureza têm o potencial de provocar mudanças em animais, incluindo os humanos
Um grupo de cerca de 30 cientistas avaliou o impacto que os químicos poluentes têm na vida terrestre e marinha, chegando à conclusão de que algumas destas substâncias conseguem alterar o comportamento de pessoas e animais. A análise foi publicada na Environmental Science and Technology.
Alex Ford, um dos investigadores, dá o exemplo dos antidepressivos e dos ansiolíticos, “que mostraram alterar o comportamento de peixes e invertebrados durante os ensaios laboratoriais”. “Esses medicamentos, como muitos medicamentos prescritos, entram no ambiente através de águas residuais.” Os cientistas alertam também para o perigo de químicos prejudiciais existentes em plásticos, detergentes, tecidos e produtos de higiene pessoal, que têm chegado cada vez mais à natureza, sobretudo aos cursos de água.
A noção de que os químicos poluentes são capazes de modificar comportamentos não é de todo nova. No documento do estudo recordam-se os registos no campo de toxicologia comportamental com mais de seis décadas. Entre os exemplos citados estão as alterações de comportamento provocadas pelo chumbo e pelo mercúrio, ainda no século XIX.
Regulamentação à vista?
É unânime que alguns destes químicos existentes na natureza influenciam a vida dos seres vivos, nomeadamente a sua reprodução, mortalidade e crescimento, mas a avaliação dos efeitos no comportamento ainda está muito incipiente. Segundo os investigadores, isto deve-se principalmente à falta de métodos-padrão para realizar estudos.
Recentemente, no entanto, os avanços tecnológicos permitem detetar e quantificar mudanças subtis no comportamento, lê-se no estudo, que pretende ser a base para um conjunto de recomendações, com vista a melhorar a regulamentação de alguns produtos.
“A regulamentação de produtos químicos está em constante evolução, à medida que a base científica melhora. Um trabalho como este, onde investigadores e reguladores se encontram, pode ser o ponto de partida para uma mudança na forma como os estudos comportamentais são vistos na esfera regulatória”, disse Marlene Agerstrand, especialista em avaliação de risco de produtos químicos da Universidade de Estocolmo, à Phys.org
Fonte: https://visao.sapo.pt/visao_verde/ambiente/2021-04-19-substancias-poluentes-podem-estar-a-alterar-o-comportamento-das-pessoas-e-dos-animais-avisam-cientistas/
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