Sexo oral entre morcegos e vida corporativa são estrelas do IgNobel
Premiação chama atenção para 'descobertas que fazem as pessoas primeiro rir, depois pensar'
Carlos Orsi, do estadão.com.br
"Felação
entre morcegos frugívoros prolonga a duração da cópula" é o título do
artigo científico que levou uma equipe de cientistas chineses e
britânicos a receber o Prêmio IgNobel de Biologia de 2010. Gareth
Jones, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, deve comparecer ao
ao Teatro Sanders, da Universidade Harvard, nos EUA, para receber a
honraria na vigésima cerimônia da premiação, que, segundo seus
idealizadores, busca chamar atenção para "descobertas que fazem as
pessoas primeiro rir, depois pensar".
Reprodução
Honraria chega à 20ª edição e ocorre no Teatro Sanders
Outro destaque da premiação é um artigo de pesquisadores italianos
que buscaram uma forma de escapar do chamado Princípio de Peter.
Proposto pelo psicólogo canadense Laurence Peter, o princípio costuma
ser resumido na afirmação de que, em toda hierarquia, os indivíduos
tendem a ser promovidos até atingir "seu nível máximo de
incompetência".
"Embora pareça pouco razoável", escrevem os agraciados no artigo "O
Princípio de Peter Revisitado: Um Estudo Computacional", "o princípio
funcionaria realisticamente em qualquer organização onde o mecanismo de
promoção premia os melhore membros" e onde as tarefas do nível superior
são muito diferentes das do nível inferior.
O resultado é uma perda de eficiência da organização, que deixa de
contar com um ótimo funcionário no nível abaixo e passa a contar com um
funcionário medíocre ou ruim no nível acima. "Dentro de uma abordagem
de teoria dos jogos", prosseguem Alessandro Pluchino, Andrea Rapisarda
e Cesare Garofalo, da Universidade de Catânia, na Itália, "descobrimos
contraintuitivamente que, para evitar tal efeito, as melhores formas de
melhorar a eficiência de uma dada organização é ou promover a cada
oportunidade um agente ao acaso ou promover aleatoriamente o melhor e o
pior membro, em termos de competência".
Um grupo de pesquisadores japoneses volta para receber seu segundo
IgNobel. Depois de serem agraciados em 2008 com o prêmio de ciência
cognitiva pela descoberta de que o limo é capaz de resolver labirintos,
Toshiyuki Nakagaki e Atsushi Tero recebem agora a honraria na categoria
de Planejamento de Transportes, como membros da equipe que demonstrou o
uso do limo na determinação de rotas para linhas ferroviárias.
Por sua vez, o Prêmio IgNobel da Paz vai para três britânicos que
confirmaram a crença popular de que gritar palavrões ajuda a diminuir a
dor.
O lado francamente satírico do prêmio aparece no de Química,
concedido pela descoberta de que "óleo e água se misturam". Ele será
concedido a dois cientistas americanos - que realmente trabalharam num
estudo a respeito -, mas também à BP, empresa responsável pelo
gigantesco vazamento de petróleo no Golfo do México.
Já o IgNobel de Economia vai para os administradores das empresas
Goldman Sachs, AIG, Lehman Brothers, Bear Stearns, Merrill Lynch e
Magnetar, "por criar e promover novas formas de investir dinheiro - que
maximizam o ganho financeiro e minimizam o risco para a economia
mundial, ou para uma porção dela". Essas empresas tiveram um papel
central na crise econômica que ainda atinge os EUA e a Europa.
Outros prêmios deste ano vão para uma equipe de cientistas
britânicos e mexicanos que inventou um helicóptero teleguiado para
coletar amostras de secreção nasal de baleias; para dois cientistas
holandeses que provaram um passeio de montanha-russa alivia os sintomas
da asma; para duas pesquisadoras neozelandesas que demonstraram que
usar as meias para fora do sapato reduz o risco de escorregar e cair na
neve; e para três americanos que provaram, por meio de experimentos,
que micróbios se agarram a cientistas barbados.
A cerimônia do IgNobel tem transmissão ao vivo pelo YouTube, e
ficará disponível online em http://www.youtube.com/improbableresearch.
O prêmio é uma promoção da revista Annals of Improbable Research
(AIR), que se define como um periódico de "humor científico". Como já é
tradição, a cerimônia tem um tema, que será refletido em duas
apresentações musicais. O deste ano é "bactéria".
Os ganhadores que forem a Harvard receber o prêmio - segundo a AIR,
autores de oito dos dez trabalhos ganhadores confirmaram presença -
terão a honraria concedida por vencedores do Nobel. Farão a entrega do
IgNobel Sheldon Glashow (ganhador do Nobel de Física em 1979); Roy
Glauber (Física, 2005), Frank Wilczek (Física, 2004), James Muller
(Paz, 1985) e William Lipscomb (Química, 1976).
Fonte: Estado de SP
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