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sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Nova York perde a guerra contra os ratos


Autoridades da Big Apple se veem impotentes para controlar a praga de roedores, que ganha força com a mudança climática


Vários ratos procuram comida na estação de metrô de Herald Square, em Nova York Gary Hershorn Getty Images


Sandro Pozzi


Nova York 4 JUN 2019 - 13:44 BRT

Luis Aguilar fica alerta quando chega a primavera. Há dias vigia pacientemente um buraco que apareceu em um vaso em frente ao edifício do qual é zelador. “Há pelo menos oito filhotes”, calcula. Mas antes de pegar a pá e começar a destroçar o vaso com a mãe dentro, tira um rolo de fita de embalagem para fechar o espaço da calça na altura dos tornozelos. “Os ratos sempre procuram um local para se esconder quando estão encurralados”, alerta.

A operação de extermínio dura alguns segundos. “Verá como não voltarão aqui por uns anos”, diz convencido após acabar completamente com a família de roedores, “procurarão um lugar mais seguro”. O veneno e as armadilhas, diz, não funcionam. Comenta que o abastado bairro de Upper West Side de Nova York está infestado. “Os nova-iorquinos estão acostumados a conviver com eles”, diz, mas alerta que nos últimos anos o problema aumentou e sabe que sua batida na verdade não irá adiantar muito.

Enquanto os altos preços obrigam mais moradores a abandonar a cidade, a população de ratos cresce. É só prestar atenção nos últimos dados do serviço de assistência telefônica de Nova York. As queixas dos moradores ao número 311 cresceram quase 40% em um ano, até superar as 17.350 ligações. E isso apesar do prefeito Bill de Blasio declarar há dois anos a guerra aos ratos, destinando 32 milhões de dólares (125 milhões de reais) do orçamento municipal a um programa de combate e erradicação dos roedores.

A frequência de recolhimento das latas de lixo aumentou e foram instaladas novas lixeiras de aço nos parques que compactam os restos. A cidade de Nova York possui até mesmo uma equipe especial dedicada a exterminar os ratos. Sua nova arma de ataque é colocar gelo seco nas tocas quando os animais estão dentro e fechar os buracos para que não possam escapar.

Mas ao que parece, a cidade dos arranha-céus está perdendo a batalha. Não há um bairro que esteja livre dessa peste, apesar do esforço realizado. É um problema comum em outras grandes cidades, como Filadélfia, Washington, Chicago, Los Angeles e Seattle. Os biólogos, entretanto, deixam claro que os ratos nunca poderão ser completamente erradicados em Nova York.
Gentrificação

Para começar, o bairro de Manhattan está em uma ilha e a água também banha o Bronx, Queens e o Brooklyn. A extensa rede de metrô lhes dá proteção e uma via para se movimentar. E como principal fator que contribuiu para o aumento da população de roedores está o sistema de coleta de lixo, que fica empilhado de noite na frente de bares e restaurantes em um bufê infinito até que o caminhão passe horas depois.

Existem mais dois fatores, que de acordo com os especialistas alimentaram seu crescimento nos últimos anos. Por um lado, está o boom da construção. “É como pisar em um formigueiro”, diz Aguilar enquanto mostra a obra sendo feita na mesma calçada, “fazem com que saiam de seus esconderijos”. Há outra construção que acaba de começar virando a esquina. “Saíram centenas quando derrubaram o edifício”. As novas edificações mais altas enriquecem o bufê desses animais.

Outro fator, mais preocupante, que contribuiu à praga é o efeito da mudança climática. Os invernos mais suaves elevam a sobrevivência do mamífero e aceleram seu processo de reprodução. Os ratos, paralelamente, ficaram maiores e mais pesados. “Até os gatos têm medo deles”, diz o zelador. Não está errado. Um estudo do biólogo Michael Parsons da Universidade de Fordham revela que o felino já não serve para caçar roedores.
 
Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/05/30/internacional/1559213672_466168.html

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