Perfil

Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

Mensagem aos leitores

Benvindo ao universo dos leitores do Izidoro.
Você está convidado a tecer comentários sobre as matérias postadas, os quais serão publicados automaticamente e mantidos neste blog, mesmo que contenham opinião contrária à emitida pelo mantenedor, salvo opiniões extremamente ofensivas, que serão expurgadas, ao critério exclusivo do blogueiro.
Não serão aceitas mensagens destinadas a propaganda comercial ou de serviços, sem que previamente consultado o responsável pelo blog.



sexta-feira, 10 de julho de 2020

“Minha vida parou”, diz mulher agredida por PM em Mafra após conclusão de inquérito



Inquérito Policial Militar foi concluído e remetido à Justiça no dia 22 de junho; Ministério Público tem até o dia 20 de julho para se manifestar
ADRIELI EVARINI, JOINVILLE09/07/2020 ÀS 18H40 - Atualizado Há 15 horas

Demorou pouco mais de quatro meses para que o Inquérito Policial Militar instaurado para apurar a conduta de policiais militares durante uma ocorrência em Mafra, no Planalto Norte, fosse concluído.
Silvana de Souza foi agredida no dia 19 de fevereiro e caso veio à tona um mês depois – Foto: Arquivo Pessoal

Depois de mais de 120 dias, a costureira Silvana de Souza, de 39 anos, recebeu a notícia de que a Polícia Militar concluiu “não haver indícios da prática de crime militar na conduta dos policiais militares, bem como pela inexistência de indícios de transgressão disciplinar”.


Ela teve perna quebrada durante uma abordagem no dia 19 de fevereiro. As imagens que mostram o momento em que Silvana recebe uma rasteira do policial e quebra a perna viralizaram um mês depois.

Nas imagens, é possível ver o momento em que ela é derrubada mesmo sem oferecer resistência. Como resultado, ela precisou passar por cirurgia para colocação de 13 pinos para corrigir fraturas na tíbia e na fíbula.

“A sensação é de injustiça porque a vida deles não mudou em nada, eles continuam trabalhando normalmente, o trabalho deles não teve interferência com nada. A vida deles continua normal e a minha parou. É constrangedor”, lamenta Silvana.

O inquérito policial militar foi instaurado para apurar a conduta de todos os policiais que participaram da ação no bairro Novo Horizonte. Os soldados Diogo Cisczweski, Fabio Renato Marques, Ary de Freitas Neto, Marcos Furtado, Guilherme Adolfo Machado e Jorge Walter Neto foram considerados inocentes de qualquer acusação de crime militar.

O coronel Zelindro Ismael Farias pediu o arquivamento dos autos no dia 22 de junho. O policial que aparece nas imagens derrubando Silvana é o soldado Jorge Walter Neto.

A reportagem do nd+ procurou o tenente-coronel Marcelo Pereira, responsável pela Guarnição Especial de Mafra, mas ele afirmou que “neste momento, não gostaria de me manifestar sobre o assunto”. Os policiais continuam trabalhando nas ruas e não foram afastados nem durante a apuração do inquérito.

O processo foi remetido à Vara de Direito Militar que encaminhou o caso à 5ª Promotoria de Justiça no dia 2 de julho. De acordo com o Ministério Público, o prazo para manifestação termina no dia 20 de julho. O promotor pode acatar o pedido de arquivamento, solicitar novas investigações ou ir no caminho contrário e optar por denunciar os policiais envolvidos na ação.

IPM concluiu que não houve crime militar ou transgressão disciplinar na ação – Foto: Reprodução/NDIPM concluiu que não houve crime militar ou transgressão disciplinar na ação – Foto: Reprodução/ND
O delegado Nelson Vidal, que atendeu o caso no dia da ocorrência e realizou o auto de prisão em flagrante de Silvana por desacato, diz que, no momento, não teve acesso às imagens que viralizaram um mês depois e explica que a testemunha optou por não ceder o vídeo.
“Ela tem o direito de não produzir provas contra si mesmo e não mostrou as imagens após orientação do advogado”, afirma.
“Eu assumo meu erro porque xinguei, falei coisas que não deveria ter falado, mas ele não poderia ter agido daquele jeito”
A costureira admite que “errou” ao xingar os policiais durante a ocorrência, mas ressalta que, em momento algum ofereceu risco à integridade ou teve qualquer outra atitude que justificasse a violência.

“Eu assumo meu erro porque xinguei, falei coisas que não deveria ter falado, mas ele não poderia ter agido daquele jeito. Eles estão aqui para proteger, fazem as coisas erradas e a Justiça acha que agiram certo. Eles deveriam pagar porque foi errado. Eu esperava que a justiça fosse feita. Que tristeza”, fala.

A costureira continua sem conseguir trabalhar e há a possibilidade de passar por novo procedimento cirúrgico. Ela conta que tem nova consulta no dia 5 de agosto e, caso o médico constate que o osso não esteja respondendo e cicatrizando de maneira adequada, uma nova cirurgia pode ser marcada.

A Polícia Militar de Santa Catarina se manifestou por meio de nota afirmando que não pode prestar informações a respeito do inquérito e que o procedimento é classificado como sigiloso. A corporação ressalta, ainda, que “o inquérito foi enviado no dia 22 de junho de 2020. Desta forma, qualquer informação sobre a tramitação do mesmo deverá ser obtida junto ao órgão judiciário”

Nenhum comentário: