A obra de Virgílio Várzea, intitulada Santa Catarina a Ilha (publicada pela IOESC, em 1984, item 23), jogou luzes sobre o assunto:
O arraial expande-se ao longo da estrada real, pela falda-sul do morro da Várzea Pequena ou Várzea de Baixo e uma e outra margem do rio, cujas nascentes demoram à espalda setentrional do Moquém, monte de 390m de altura, que separa esta baixada dos planos do Saco Grande e que, descendo sempre para oeste, vai ramificar-se em Santo Antônio em pequenas colinas e morros. Pelo Moquém sobe um atalho, empinado e de difícil acesso em tempo chuvoso que encurta consideravelmente a distância entre o Ratones e a cidade, poupando seguramente três quartos de hora da volta por Santo Antônio. Esse atalho atravessa um dos pontos mais altos do monte, entre imensa floresta secular, e corre em parte à beira de perigoso desfiladeiro, assinalado por um ou outro desastre, nos trajetos noturnos, em sítios onde a mata é mais cerrada e sombria.
É célebre e quase lendário aí o caso do negociante Cabral, transeunte frequente desse caminho, o qual, uma noite de tormenta, na mais densa escuridão das ramagens, justamente na descida que margeia o abismo — lugar de um metro apenas de largo, tendo de uma banda um topo a pino de rocha e da outra a fauce do grotão pedregoso, coberta de traidoras ervagens — sentiu o cavalo escorregar e perder-se, rolando em estouros e baques para o fundo do desfiladeiro, enquanto ele, num desespero febril de salvar-se, agarrava-se convulsamente aos arbustos e cipós entrançados, que o detiveram milagrosamente na queda...
Fonte: https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/_documents/santacatarina-virgilio-1.htm#Ratones
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