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Diretor confirma que Prevent mudava código de diagnóstico da Covid; senadores falam em crime
Durante depoimento de Pedro Benedito Batista, relator decidiu incluir o executivo na lista de investigados pela comissão.
Por Marcela Mattos e Sara Resende, g1 e TV Globo — Brasília
22/09/2021 14h07 Atualizado há 9 horas
Diretor confirma na CPI que Prevent mudava ficha de pacientes para retirar registro de Covid
O diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Junior, confirmou que a operadora orientou médicos a modificarem, após algumas semanas de internação, o código de diagnóstico (CID) dos pacientes que deram entrada com Covid-19.
A mensagem que determinava a mudança e repassada aos coordenadores da unidade, revelada pela GloboNews, foi exibida nesta quarta-feira (22) durante depoimento de Batista Júnior à CPI da Covid.
Durante o depoimento, o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), decidiu converter o executivo da condição de testemunha para a de investigado pela comissão – essa condição indica que a comissão vê indícios de cometimento de crimes.
O texto dizia que era necessário “padronizar” o código para todos os pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19.
“Após 14 dias do início dos sintomas (pacientes de enfermaria/apto) ou 21 dias (pacientes com passagem em UTI/Leito híbrido), o CID deve ser modificado para qualquer outro exceto o B34.2 (código da Covid-19) para que possamos identificar os pacientes que já não têm mais necessidade de isolamento. Início imediato”, informava mensagem encaminhada por um diretor.
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Aos senadores, Batista Júnior afirmou que “todos os pacientes com suspeita ou confirmados com Covid, na necessidade de isolamento, quando entravam no hospital, precisavam receber o B34.2, que é o CID de Covid”.
“E, após 14 dias — ou 21 dias para quem estava em UTI —, se esses pacientes já tinham passado dessa data, o CID já poderia ser modificado porque eles não representavam mais risco à população do hospital”, acrescentou.
Após a declaração do executivo, a assessoria de imprensa da Prevent Senior enviou nota ao g1 na qual informa que a mudança do código “se dava num sistema informatizado de gestão interna de leitos”. “As notificações oficiais de casos e mortes de Covid não eram nem são afetadas por estes procedimentos administrativos”, diz a assessoria.
Subnotificação
A CPI recebeu indícios de que a operadora subnotificou e ocultou mortes por Covid ocorridas em suas unidades. A modificação do CID, de acordo com uma ex-funcionária da Prevent Senior, faz com que o diagnóstico de Covid desapareça de um eventual registro de óbito.
Senadores criticaram a alteração do CID. “O senhor, como médico, é inacreditável. Não tem condição de ser médico com a desonestidade com o que fez agora. Sinceramente, modificar o código de uma doença é um crime. Infelizmente, o Conselho Federal de Medicina não pune”, afirmou Otto Alencar (PSD-BA), que é ortopedista.
“Eles consideram que depois de 14 dias esse paciente não tem mais Covid, ou que depois de 21 dias não tem mais Covid. Essas pessoas que morreram, morreram de complicações de quê? De Covid. Então é Covid. É lógico que isso é uma fraude”, afirmou Humberto Costa (PT-PE), que também é médico.
“Depois dessas informações estarrecedoras que nós soubemos nos últimos dias e vimos hoje aqui, lamentavelmente nós constatamos que essa Prevent Senior não é um plano de saúde, é um plano macabro de mortes, que tinha a ousadia, a pretensão de mudar a medicina do mundo com um estudo que foi vazado pelo Eduardo Bolsonaro”, afirmou o relator.
Remédios ineficazes
A comissão recebeu um dossiê com uma série de denúncias de irregularidades, elaborado por médicos e ex-médicos da Prevent. O documento informa que a disseminação da cloroquina e outras medicações ineficazes contra a Covid foi resultado de um acordo entre o governo Jair Bolsonaro e a Prevent.
A reportagem da GloboNews teve acesso à planilha com os nomes e as informações de saúde de todos os participantes do estudo. Nove deles morreram durante a pesquisa, mas os autores só mencionaram duas mortes.
O estudo foi divulgado e enaltecido por Bolsonaro, como exemplo de sucesso do uso da hidroxicloroquina.
No depoimento, Batista negou a ocultação de óbitos. O diretor afirmou ainda que dois ex-funcionários “manipularam dados de uma planilha interna" para "tentar comprometer a operadora”.
Fonte: G1
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