“Sabeis”, dizia Napoleão a Fontanes, “o que mais admiro no mundo? É a incapacidade da força para fundar alguma coisa. Existem apenas duas potências no mundo: a espada e o espírito. A longo prazo, a espada sempre é vencida pelo espírito”.
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E o que desejamos é justamente nunca mais sermos obrigados a nos inclinar perante a espada, nunca mais dar razão a força alguma que não se coloque a serviço do espírito.
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É bem verdade que vivemos uma época trágica. Contudo, muita gente confunde o trágico com o desespero. “O trágico”, dizia Lawrence, “deveria ser uma espécie de grande pontapé dado na infelicidade”. Eis um pensamento saudável e de aplicação imediata. Hoje em dia, há muitas coisas que merecem esse pontapé.
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O mundo está envenenado de infelicidades, parecendo comprazer-se nisso. Está todo ele entregue àquele mal que Nietzsche denominava de espírito lerdo. Não devemos dar nenhum apoio a tal sentimento. É inútil lamentar-se sobre o espírito, basta trabalhar para ele.
Excertos da obra Núpcias, o verão/As amendoeiras, de autoria de ALBERT CAMUS - 1940
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