Maquinistas de trem realizam greve na Alemanha. Foto: Carsten Koall
Entre o final do mês de agosto até o mês de setembro trabalhadores alemães, entre enfermeiros e maquinistas de trem, protagonizaram greves exigindo o aumento de seus salários e redução da jornada de trabalho durante a pandemia. Além disso, os operários de uma fábrica de turbina a gás em Berlim protestaram contundentemente contra o fechamento da fábrica e o seu deslocamento para os países de terceiro mundo, onde ali os trabalhadores receberão ainda menos para desempenhar o mesmo trabalho.
ENFERMEIROS DECLARAM GREVE CONTRA SUPEREXPLORAÇÃO DO MONOPÓLIO DA SAÚDE
No final de agosto até o início de setembro os enfermeiros que trabalham para os dois grupos monopolistas de administração hospitalares Charité e Vivantes estiveram em greve.
A principal reivindicação dos enfermeiros é o aumento salarial. Com os salários estagnados, o trabalho dobrado e a falta de trabalhadores na área da enfermagem, exacerbado durante a pandemia, justamente porque na profissão ganham pouco, além dos seguidos cortes na verba estatal destinada à saúde, deixando as condições de trabalho cada vez mais precárias.
Mesmo antes da pandemia do coronavírus, a Alemanha tinha uma carência de cerca de 120 mil enfermeiros. Na pandemia, a superexploração aumentou.
De acordo com pesquisas, cerca de um terço dos enfermeiros do setor de tratamento intensivo estão pensando em deixar a profissão ou, pelo menos, reduzir sua jornada de trabalho. A razão dada por 72% deles é o excesso de trabalho. 96% se sentem abandonados pelos políticos do Estado imperialista alemão.
TRABALHADORES DAS EMPRESAS TERCEIRIZADAS TÊM SEU DIREITO À GREVE PROIBIDO
A “pedido” do monopólio Vivantes, o Tribunal do Trabalho de Berlim proibiu uma greve dos trabalhadores terceirizados da empresa, que fornecem a comida aos hospitais e o serviço de lavanderia. O tribunal justificou seu ataque ao direito de greve alegando que não havia uma especificação de quais seriam serviços de emergência que continuariam a funcionar apesar da greve.
Diante disso, os enfermeiros que agora se encontram em greve exigem que os salários dos 2.500 trabalhadores terceirizados seja equiparado com os seus, já que os terceirizados muitas vezes recebem centenas de euros para realizar o mesmo tipo de trabalho.
A EMPRESA, O ESTADO E O SINDICATO
Os dois monopólios hospitalares – que são de propriedade integral do Estado, mas administrados de acordo com os princípios de extração de mais-valia – foram criados pelo Senado para transformar a Saúde em uma fonte de lucro, reduzindo sistematicamente os salários e as condições de trabalho.
O grupo Vivantes, fundado em 2001, agora supervisiona cerca de um terço dos pacientes do hospital de Berlim. Ela emprega quase 18 mil pessoas, incluindo 13 mil em tempo integral, e tem receitas anuais de 1,5 bilhão de euros (cerca de 9,5 bilhões de reais).
As medidas de superexploração da Vivantes são apoiadas pelo sindicato dos trabalhadores dos dois grupos hospitalares, o Verdi, que trabalha em estreita colaboração com o Senado alemão.
Isso se dá visto que o senado é composto por uma coalizão dos Social-democratas, Partido de Esquerda e Verde. A maioria dos funcionários do Verdi são membros de um desses três partidos e frequentemente mudam de posições sindicais para cargos políticos e vice-versa.
A luta dos funcionários de limpeza e cozinha por salários dignos também foi sabotada por Verdi durante anos. Exemplo disso foi com a empresa de serviços CFM (Charité-Facility-Management) do grupo hospitalar Charité.
O CFM foi desmembrado há 15 anos para introduzir salários baixos, houve inúmeras greves e protestos. Todos foram vendidos pela Verdi sem nenhuma melhoria para os trabalhadores. Depois que os protestos se aprofundaram, Verdi e o Senado de Berlim iniciaram a recompra do CFM em 2019 e concordaram em um acordo coletivo para os trabalhadores do CFM no ano passado que não contém qualquer melhoria mínima.
MAQUINISTAS EM GREVE!
Entre o final de agosto e início do mês de setembro, maquinistas dos trens da operadora ferroviária nacional Deutsche Bahn realizaram mais de uma greve exigindo salários dignos e melhores condições de trabalho, que pioraram drasticamente durante a pandemia da Covid-19. Em diferentes dias, cerca
MILHARES DE OPERÁRIOS PROTESTAM CONTRA CORTES DE POSTOS DE TRABALHO
No dia 23 de agosto, cerca de mil operaŕios da Siemens Energy manifestaram-se junto a ativistas e operários de outras empresas contra a pretensão da Siemens de cortar 750 empregos na fábrica de turbinas a gás de Berlim e realocar a produção para países de terceiro mundo com baixos salários. Isso significaria cortar um em cada cinco postos de trabalho na fábrica.
Fonte: NOVA DEMOCRACIA
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