Comissão quer investigar participação do dono da Havan na disseminação de informações falsas sobre remédios ineficazes. Plano de saúde, também alvo da CPI, omitiu causa da morte da mãe de Hang no atestado de óbito
Por Marcela Mattos e Sara Resende, G1 e TV Globo — Brasília
23/09/2021 10h21 Atualizado há 7 minutos
A CPI da Covid marcou nesta quinta-feira (23) o depoimento do empresário Luciano Hang, dono da Havan, para a próxima quarta (29). A convocação dele já tinha sido aprovada em junho, faltava marcar a data.
A CPI também aprovou a convocação de Bruna Morato, advogada da empresa de saúde Prevent Senior.
Na sessão desta quarta (22), o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), defendeu que fosse marcado logo o dia do depoimento de Hang.
O empresário é um dos mais ferrenhos aliados do presidente Jair Bolsonaro. A CPI quer aprofundar investigações sobre envolvimento de Hang em esquemas de disseminação de informações falsas, em especial informações falsas sobre tratamentos ineficazes contra a Covid.
Hang foi assunto na CPI na quarta em razão das investigações sobre a Prevent Senior. A mãe do empresário, Regina Hang, falecida em fevereiro após complicações da Covid, era cliente do plano de saúde. Reportagem da TV Globo mostrou que a Prevent Senior não informou a causa da morte de Regina no atestado de óbito.
O prontuário de Regina, ao qual a TV Globo teve acesso, mostra que ela foi internada no Hospital Sancta Maggiore, da Rede Prevent Senior, e foi medicada com o chamado "kit Covid". O "kit Covid", também alvo da CPI, é formado por remédios ineficazes contra a Covid, mesmo assim defendidos desde o início da pandemia por Bolsonaro e aliados.
Prevent Senior
A Prevent Senior é investigada pela CPI por ter omitido óbitos de pacientes em um estudo conduzido pela empresa na tentativa de atestar a eficácia dos medicamentos.
A CPI recebeu um dossiê com uma série de denúncias de irregularidades, elaborado por médicos e ex-médicos da Prevent.
O documento informa que a disseminação de remédios sem eficácia foi resultado de um acordo entre o governo Bolsonaro e a Prevent. Segundo o dossiê, o estudo que omitiu os óbitos foi um desdobramento do acordo.
Em depoimento à CPI, o diretor-executivo da empresa, Pedro Benedito, negou que a Prevent tenha escondido os participantes do estudo que morreram de Covid e receberam o tratamento ineficaz.
Mas ele admitiu que a Prevent orientou médicos a modificarem, após algumas semanas de internação, o código de diagnóstico (CID) dos pacientes que deram entrada com Covid.
Segundo ele, depois de 14 ou 21 dias de internação, a CID era modificada, porque esses pacientes não mais transmitiriam a Covid. Na prática, segundo a CPI, isso alterou dados sobre quantidade de pacientes com Covid e gerou subnotificação. Senadores viram crime na medida adota pela empresa.
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