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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Advogado e santo? ERA SÓ O QUE FALTAVA


Rio mais perto de ter um santo nascido no interior

Equipe do Vaticano virá a Barra do Piraí amanhã fazer o traslado dos restos mortais de Franz, que pode ser santificado por martírio

POR FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - O italiano Paolo Lombardo, frei do Vaticano que tem a missão de reunir documentos e provas de candidatos a santos, chega hoje ao Brasil. Amanhã, no Cemitério Santa Rosa, em Barra do Piraí, no Sul Fluminense, ele virá fazer o translado dos restos mortais do advogado Franz de Castro Holzwarth, que pode se transformar no segundo santo nascido no Brasil — Frei Galvão foi o primeiro — e o único do estado do Rio.
Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Irmão de Franz, Peter Holzwarth, visita seu túmulo | Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia

Aos 38 anos, em 14 de fevereiro de 1981, Franz, atualmente reconhecido pelo Vaticano como ‘Servo de Deus’, foi morto em rebelião na cadeia de Jacareí (SP). Ele mediava o motim e se ofereceu como refém no lugar de um PM. A Belina que seria usada na fuga, com Franz, um policial e três presos, ficou no meio de um tiroteio. Mais de 30 tiros mataram o advogado.

Os ossos de Franz serão recebidos por parentes, levados para uma cerimônia na Igreja de Santa Terezinha e depois transferidos definitivamente para túmulo na entrada da Igreja Matriz de São José, em São José dos Campos (SP), onde ele se destacou por defender presos.

Foto: Reprodução
Reprodução do livro 'Mártir do Cárcere' mostra o candidato a santo (óculos) em negociação com presos da Casa de Detenção de Jacareí | Foto: Reprodução

“Estamos na fase final do processo de canonização aberto pelo bispo da Diocese de São José, dom Moacir Silva. Em dezembro, a documentação (que inclui matéria de O DIA de 25 de abril) e depoimentos de mais de 30 pessoas irão para Roma. Franz será o primeiro santo mártir dos presos da História da Igreja”, diz a nota da diocese Regina Célia Araújo, que acompanhará a equipe do Vaticano; o juiz do Tribunal Católico, padre Rogério Augusto; e o promotor da Igreja, padre Antônio Silva França.

O Papa Bento XVI deve dar o veredicto em 2011. Na canonização por martírio — quando o candidato passa por sofrimento extremo e perde a vida no testemunho da Palavra de Cristo — não é necessário comprovar milagres, o que é exigido só na fase final.

Conforto e ajuda a presos

Franz era o mais velho de cinco irmãos. O pai, também chamado Franz, era mecânico e veio para o Brasil na miséria, em 1920, logo após a Primeira Guerra, para trabalhar em fábrica de fitas em Barra do Piraí. Anos depois, casou-se com Dinorah.

Católica fervorosa, a família ajudou a construir a Igreja de Santa Terezinha, no bairro de mesmo nome, ao lado de onde morava. “Ele (o advogado Franz) trazia presos em liberdade condicional para rezar aqui e passava feriados e fins de semana dentro de cadeias pregando a Palavra de Deus”, conta Nilson Nunes, 69, cunhado de Franz.

Sônia Maria, 66, irmã do candidato a santo, relembra que certa vez, ele foi chamado para dar um curso de crisma na cadeia pública de São José, quando fez questão de falar aos presos de dentro das celas. “Aí ele passou a se dedicar para ajudar na reparação do sofrimento dos detentos e defendê-os nos tribunais”, lembra. 

Ansiedade na espera pela canonização

O caminho percorrido por Franz traz orgulho aos que acompanharam seus passos de perto. Irmão do candidato a santo, o servidor Peter Paulo de Castro Holzwarth, de 62 anos, não esconde a ansiedade pela conclusão dos trâmites exigidos pela Santa Sé: “A cada dia que passa, sinto que meu irmão está prestes a se tornar oficialmente um santo, o que ele já é para nós”, descreve Peter.

“Reconhecer os dons de santidade desse homem é algo justo e que nos emociona de forma indescritível. Ele ajudou milhares de presos pobres a se reintegrar à sociedade”, ressalta Mário Ottoboni, um dos advogados do processo e autor do livro ‘O Mártir do Cárcere’, que relata a vida do seu melhor amigo. O processo de beatificação foi solicitado ao Vaticano em 1991 e agora entrou na fase final.

Os dois fundaram a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac), que hoje tem 150 unidades em quase todos os estados.

Fonte: O DIA

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