O ferroviário Delsaert (centro) conduz a missa |
Católicos das regiões de língua holandesa da Bélgica e
da Holanda criaram nos últimos dois anos igrejas alternativas em
resposta à falta de sacerdotes, nomeação de bispos conservadores e ao
encobrimento pela hierarquia religiosa dos estupros de crianças e
adolescentes por padres. Eles desafiam o Vaticano ao celebrar missas,
casamentos, batismos e funerais.
Essas igrejas são chamadas de ecclesias -- “convocação” em grego.
Existem pelo menos dez delas e nos próximos meses pelo menos outras
cinco vão ser criadas, o que talvez seja um indício do que pode ocorrer
em outros países, sobretudo na Europa.
Nelas, assumem as funções de sacerdotes os fiéis mais devotos, homens e
mulheres. Entre eles, há ex-padres casados. Todos continuam se dizendo
católicos, como quem tenta resgatar a religião que o Vaticano
conspurcou.
Em alguns casos, as ecclesias funcionam em igrejas que foram fechadas por falta de padre.
A escassez de sacerdotes é um problema cuja solução se torna cada vez
mais difícil. Na Bélgica, dois terços deles têm mais de 55 anos e um
terço, mais de 65. Poucos são os padres jovens porque, com a igreja
bombardeada por denúncias de pedofilia, o que antes era motivo de
orgulho para uma família católica – mandar um filho para o seminário --
agora é um constrangimento.
O jornalista Doreen Carvajal visitou algumas dessas igrejas alternativas
para saber como estão se estruturando. Quando esteve na ecclesia onde
era a paróquia do bairro Dom Bosco – e de certa forma continua sendo
--, quem estava celebrando a missa dominical era o ferroviário
aposentado Willy Delsaert (foto acima). O fiel admitiu ao
jornalista que teve alguma dificuldade em conduzir a cerimônia, não
porque desconhecesse os ritos, que de resto foram simplificados, mas por
causa de sua dislexia.
Mas tudo acabou dando certo, com o apoio de sua mulher. “Toma este pão e
come”, foi dizendo aos fiéis com desembaraço e satisfação.
As cerimônias das ecclesias são simples em comparação com os
ritos da igreja romana. Elas reúnem de 100 a 150 pessoas. Qualquer fiel
pode se oferecer para conduzir a missa, que geralmente ocorre com todos
em torno de uma longa mesa, como se fosse da ceia de Jesus e seus
apóstolos. Os jovens cantam músicas do repertório dos Beatles, na
maioria das vezes.
“Trata-se de uma prática inaceitável”, disse o arcebispo André-Joseph Léonard, chefe da Igreja Católica na Bélgica.
Ele prometeu agir contra essas novas igrejas, mas por enquanto se
encontra ocupado demais em se defender das acusações de estar sendo
condescendente com os padres pedófilos e ao fazer afirmações como a Aids
é um castigo da natureza contra os “desvios” do amor.
Enquanto isso, nas missas das igrejas alternativas, os católicos rezam
pelas vítimas dos padres pedófilos e para que a igreja se recupere de
sua decadência.
Fonte: PAULOPES WEBLOG
Fonte: PAULOPES WEBLOG
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