Não consigo deixar de ser "grosso" quando vejo um caso semelhante.
Seria mais importante que punir os bestuntos pais da garota, punir o(s) mentor(es) religioso(s) deles.
Liberdade religiosa, nestes casos, é sinônimo de estímulo (doloso) ao homicídio, de parte do(s) orientador(es) religioso(s) desses infelizes pais. Foram fanatizados por uma lavagem cerebral absurda, praticada, sem dúvida, por clérigos da religião que professam.
É imprescindível "dar um pau" pra valer nos que induziram os pais da mocinha a adotar tão pernicioso entendimento.
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Jeová não aceita", diz pai que recusou transfusão da filha
Nesta quinta-feira (18), o Tribunal de
Justiça de São Paulo (TJ-SP) decidiu que o casal irá responder por
homicídio diante de um júri popular. Também é acusado no mesmo caso o
médico José Augusto Faleiros Diniz, que é suspeito de ter interferido
contra a transfusão por ser da mesma fé dos pais da garota e amigo da
família. Hélio dos Santos nega conhecer o médico.
A menina Juliana
Bonfim da Silva foi atendida num hospital de São Vicente, no litoral de
São Paulo, onde deveria receber tratamento para anemia falciforme, uma
doença rara do sangue que deforma hemoglobinas. Hélio reclama de não ter
sido informado com detalhes sobre a situação da filha e de que não foi
avisado que corria o risco de responder por sua decisão à Justiça. Ele
responsabiliza o hospital pela morte da menina e diz que ela recebeu
"remédio errado", embora não saiba dar detalhes.
Na questão de fé,
ele não muda de opinião. Conta que a própria Juliana não tinha o desejo
de fazer a transfusão. "A Bíblia nos ensina. Jeová não aceita. Deus não
aceita. É uma coisa sagrada para nós", diz com pesar. Sobre ser réu no
caso da morte da própria filha, ele fala em dor, mas arremata: "Fazer o
quê? A gente tem que seguir a vida".
Leia a entrevista na íntegra.
O senhor está sabendo do julgamento de hoje sobre a morte da Juliana?
Hélio dos Santos - Não, não estou sabendo, não.
Decidiram por levar os pais ao júri popular. O senhor fica surpreso?
Fico porque ninguém falou nada, o advogado não falou nada com a gente.
O senhor e sua esposa eram Testemunhas de Jeová ou só ela?
Ela era, eu não era.
As
Testemunhas de Jeová tem a crença que não aceita transfusão de sangue. O
senhor e a sua esposa não aceitaram que a Juliana passasse por
transfusão?
Nós não aceitamos e não vamos aceitar nunca. A
gente tem até trauma de passar naquele hospital. A gente passa na
frente e sente mal. Mas temos que levar a vida e não podemos parar, né?
E como foi? A Juliana estava doente e os médicos disseram que ela precisava da transfusão?
Foi
mais ou menos assim, né? Porque, sabe... Ninguém soube explicar para
nós direito. O que aconteceu é que foi registrado na delegacia lá que
nós é que não quisemos fazer a transfusão de sangue. Inclusive nós
ficamos sabendo que foi remédio errado que foi dado para ela.
Foi dado remédio errado?
É, pelo menos foi o que nós ficamos sabendo. Não temos certeza então não podemos falar. Nós não somos médicos, né?
Tem um médico que está no processo, Dr. José Augusto Faleiros Diniz. Ele era amigo de vocês? Era Testemunha de Jeová?
Não, eu não tenho lembrança.
Vocês foram informados do que poderia acontecer? Que se impedissem a transfusão poderiam ter problemas na Justiça?
Não,
ninguém falou nada. A única coisa que conversaram na época... Foi que
eu falei pra eles: "se tiver a transfusão de sangue, ela vai melhorar,
ela vai ficar boa?". Eles falaram "ah, nós não podemos prometer nada pra
você". Daí eu falei que isso eu não aceito. Aí eu falei que não
aceitava.
E o que o senhor está esperando agora. Vai ter júri popular, várias pessoas julgando. O que o senhor acha que vai acontecer?
Olha, nós temos a convicção de que nós não fizemos nada de errado. Se fizeram algo de errado foram eles lá no hospital.
Dá para imaginar que tenha sido uma dor muito grande perder a sua filha, mas como é agora o senhor se tornar réu no caso?
A dor vai ficar com a gente, né? Mas fazer o quê? A gente tem que seguir a vida. Não tem o que falar.
A Juliana tinha 13 anos na época?
Isso, novinha. Mas ela mesma tinha convicção de que ela também não queria fazer a transfusão.
Eu gostaria que o senhor me explicasse um pouco melhor, por que é que não pode fazer transfusão?
A
própria Bíblia nos ensina. Jeová não aceita. Deus não aceita. É uma
coisa sagrada para nós. O sangue é da pessoa, não pode receber por meio
de outras pessoas.
Se o senhor pudesse voltar atrás, mudaria de ideia? Aceitaria a transfusão?
Não, não.
Fonte: JORNAL DO BRASIL
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