Conselho dos Sintos e Roma da Alemanha protesta contra deportações de ciganos para o Kosovo
O Conselho Central dos
Sintos e Roma na Alemanha apelou ao Ministério do Interior para que
suspenda as planejadas deportações de ciganos roma para a província
balcânica do Kosovo. O órgão representativo pede que seja concedida a
cidadania alemã àqueles que chegaram ao país durante a guerra no Kosovo,
na década de 1990.
O documento foi publicado
na sexta-feira (05/11), concluindo uma rodada de discussões sobre o
assunto, organizada em conjunto com a Rede Antiracismo na cidade de
Heidelberg, sudoeste da Alemanha.
A rede internacional que
abarca mais de cem organizações e o Conselho dos Sintos e Roma
classificaram como "preocupante" a recente vitória eleitoral, em
diversos países europeus, de partidos de extrema direita que agitam com
palavras de ordem racistas contra ciganos e judeus.
Além disso, de acordo com
os representantes da rede, o exemplo da França demonstra como políticos
do alto escalão procuram desviar a atenção dos próprios problemas
através de ataques contra minorias. Deste modo, "o pensamento racista"
está se tornando "novamente comportamento de salão" na Europa, condenam
os organizadores do encontro.
Mal entendido franco-alemão
As expulsões de nômades da
etnia rom por Estados europeus ocupam as manchetes desde meados de
2010, quando a França começou a desbaratar acampamentos ciganos,
devolvendo cerca de 8 mil naturais da Bulgária e da Romênia a seus
países natais.
As operações deram origem a
um confronto entre Paris e a Comissão Europeia, forçando Nicolas
Sarkozy a defender publicamente sua política.
Em setembro, o presidente
francês declarou que a premiê alemã, Angela Merkel, declarara apoiar as
medidas e ter planos semelhantes. A premiê negou tal intenção e o
assunto terminou por ser classificado por ambas as partes como um mal
entendido.
"Repatriação gradual"
Na última quinta-feira
(04/11), o Prêmio Nobel da Literatura Günter Grass declarou que, com as
deportações em questão, a Alemanha está cometendo uma apavorante
violação dos direitos humanos. O autor se dirigia ao ministro alemão do
Interior, Thomas de Maizière, e às secretarias estaduais do Interior,
através do website do jornal Die Welt.
Grass acentuou que as
crianças de pais kosovares nascidas em solo alemão estariam expostas a
um futuro de pobreza, sem qualquer acesso à educação, caso fossem
repatriadas. Ao contrário da Bulgária e Romênia, o Kosovo não é membro
da União Europeia.
Ao contrário da França, na
Alemanha não há acampamentos roma, já que a maioria deles vive em
residências financiadas pelo governo do país. Agora, porém, este recusou
o visto de permanência a cerca de 8.500 nômades nascidos no Kosovo.
O ministro De Maizière
afirma não estarem previstas deportações em massa, admitindo,
entretanto, que se planeja uma repatriação gradual.
AV/dw/dpa
Revisão: Soraia Vilela
Fonte: DEUTSCHE WELLE
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