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domingo, 5 de julho de 2020

Deputada: PM tentou intimidar no hospital vítima de violência durante operação em SP


Jovem já havia tido a mão cortada durante ação considerada "hostil" na Favela do Moinho, no centro da cidade
Igor Carvalho
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 03 de Julho de 2020 às 20:08

Moradores denunciam violência policial em ação da PM na Favela do Moinho - Foto: Reprodução / Facebook


Na noite da última quinta-feira (2), enquanto aguardava para ser internado na Santa Casa de Misericórdia, na região central de São Paulo, Sidney Santos de Lima, de 18 anos, foi intimidado por policiais militares que não queriam que o jovem denunciasse a violência sofrida horas antes, na Favela do Moinho, durante uma operação da Polícia Militar.

A denúncia foi deita pela deputada estadual Isa Penna (PSOL), em documento encaminhado à Corregedoria Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo. “Constatei que, enquanto o jovem era atendido, os policiais militares tentavam intimidar a vítima, impedindo o meu acesso a ele, desestimulando que o jovem conversasse comigo, que também sou advogada. Na frente do Hospital observei ao menos quatro viaturas e mais de vinte policiais reunidos”, explicou a parlamentar.


Ainda no documento, Penna solicita que a Corregedoria instaure um Inquérito Polícial Militar (IPM) para apurar a operação na Favela do Moinho da última quinta-feira. Além de Santos de Lima, que teve um corte profundo na mão, uma criança cadeirante de 7 anos foi mordida por um dos cachorros que os agentes usaram.

Em outro ofício, Isa Penna solicita à Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo que acompanhe a investigação sobre “as violações de domicílio”. “O jovem foi torturado, teve a arma apontada para si, (sofreu) ameaças de morte e chegou a impedir uma facada com as próprias mãos.”

Por conta do corte na mão direita, Santos Lima segue internado na Santa Casa de Misericórdia. Segundo a família e a deputada Isa Penna, o jovem corre o risco de perder os movimentos da mão. O Hospital não quis comentar o caso.

Entenda o caso


A operação do 5º Canil da PM começou por volta das 15h. De acordo com um morador, a ação foi violenta “desde o princípio” e os policiais teriam entrado na favela jogando bombas nas moradias e fechando as possíveis rotas de fuga.

“Teve uma invasão de umas policias aqui na Favela do Moinho, eles invadiram um barraco, onde tinha um adolescente de 18 anos. Se não me engano, cortaram a mão dele, tentaram esculachar (torturar) ele lá dentro, ele pulou do segundo andar da casa dele, falando que os policiais queriam matar ele. Ele saiu correndo, com a mão sangrando, e acabei de receber a notícia da irmã dele, dizendo que ele perdeu o movimento da mão”, afirma um morador que preferiu não ser identificado.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a tropa realizava uma “operação de rotina em busca de drogas” e um cão teria farejado drogas na casa de Lima. O jovem teria tentado escapar da abordagem policial e foi ferido. Os familiares contam que o jovem estava dormindo e teria sido acordado “com tapas” pelos agentes.

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