Representantes do país não participarão do evento literário devido à presença do escritor Salman Rushdie como convidado. Autor é crítico do papel da religião na sociedade e foi sentenciado à morte por Teerã há 26 anos.
Escritor indo-britânico Salman Rushdie
O Ministério da Cultura do Irã anunciou nesta quinta-feira (08/10) que representantes iranianos não participarão da Feira do Livro de Frankfurt deste ano. O motivo é a presença do escritor indo-britânico Salman Rushdie como orador convidado. Teerã pediu que outros países islâmicos seguissem o exemplo.
Em comunicado, o ministério iraniano afirmou que a Feira de Frankfurt, "sob o pretexto da liberdade de expressão, convidou uma pessoa que é odiada no mundo islâmico". O Irã "protesta com veemência" contra a participação de Rushdie como orador convidado numa das maiores feiras do livro do mundo, diz o texto.
A liberdade de expressão é um dos temas-chave da Feira de Frankfurt deste ano. O diretor da feira, Jürgen Boos, justifica o convite ao escritor afirmando que "a biografia de Rushdie e suas obras literárias fazem dele uma voz influente no debate mundial sobre a liberdade de expressão".
Rushdie, que vem de uma família muçulmana, se identifica como ateu e sempre exerceu forte crítica sobre o papel da religião na sociedade – tema central em muitos de seus livros.
Em 1989, o então líder supremo do Irã, o aiatolá Ruhollah Khomeini, emitiu uma sentença de morte – ou fatwa – contra Rushdie, após a publicação de seu quarto livro, Os versos satânicos. Teerã se sentiu ofendido com o que chamou de representação "irreverente" e que continha blasfêmias contra o profeta Maomé.
A sentença de morte obrigou Rushdie a se esconder por muitos anos. A fatwa tem validade até hoje, mas o rígido aparato de segurança antes exigido por Rushdie é em grande parte coisa do passado.
O escritor, que agora vive nos Estados Unidos, fará um discurso na conferência de imprensa de abertura da Feira do Livro de Frankfurt, no próximo dia 14 de outubro.
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