Diretor de prisão obriga detentos a assistir TV evangélica 24h por dia
Só o diretor, que é evangélico, pode mudar o canal |
Desde 3 de outubro, Luís Fernando de Souza, diretor
de uma prisão em Belo Horizonte (MG), obriga os detentos a assistir a
emissora Rede Super, da Igreja Batista da Lagoinha. Ele é presbiteriano.
Os aparelhos de TVs LCD de 32 polegadas – doados pela igreja –
instalados nas dez celas ficam ligados 24 horas por dia. Os detentos só
podem abaixar o som ou alterar o brilho e o contraste das imagens. O
controle de mudança do canal fica na sala do diretor.
Souza disse que também exibe a programação das emissoras católicas Rede
Vida e Canção Nova e da TV Justiça, mas um detento afirmou que isso
ocorre só de vez em quando.
Para o juiz Márcio Fraga, do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), a
iniciativa de Souza é “imprópria e absurda”, ainda que o objetivo dele
tenha sido tranquilizar os detentos, porque ninguém em um
estabelecimento público pode ser forçado a assistir uma programação de
tv religiosa. “O Estado brasileiro é laico.”
A prisão chama-se Centro de Remanejamento do Sistema Prisional São
Cristóvão. Ali, os detentos ficam poucas semanas, até que sejam enviados
para as penitenciárias onde cumprirão pena.
A iniciativa tem o apoio das autoridades mineiras, que pretendem
adotá-la em outras prisões do Estado. A experiência do Centro de
Remanejamento está sendo considerada como um programa piloto.
Souza informou que os detentos estão agora mais contidos por causa do
“amparo espiritual”. "Você chega na cela e está todo mundo quietinho, de
olho na TV. Mudam a forma de conversar, falam "bom dia, senhor diretor,
tudo bem?" É gratificante."
Ele também usa a rede de TVs para passar filmes com “mensagem boa”,
geralmente religiosa, como “À espera de um milagre”, cuja história
ocorre em uma prisão.
Afirmou que a escolha da Rede Super foi “natural” por não apresentar
pornografia nem apologia ao crime. "Eles [os detentos] não estão
preparados para escolher o que é bom porque não têm instrução. Vão
querer ver programa com mulher nua e o do Gugu", disse. Além disso, "a
religião é um fator de refreio social".
Os presos gostam de passar o dia vendo a tv evangélica, de acordo com o
diretor. Mas não é bem assim. “Eu queria ver o que acontece no mundo”,
disse Marcelo Corrêa.
Fonte: PAULOPES WEBLOG
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