Com renda declarada de R$ 8.289, o fundador da Universal comprou a Record por R$ 45 milhões |
O TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª região (São
Paulo) vai julgar no dia 12 de janeiro de 2001 a ação civil pública
proposta pelo MPF (Ministério Público Federal) para identificar a origem
do dinheiro com o qual o bispo Edir Macedo (foto) e sua mulher, Ester Eunice Bezerra, compraram a TV Record.
A ação tramita há dez anos, tem cerca de 2.500 páginas e o seu relator é
o juiz convocado José Eduardo Leonel Júnior, que substituiu a
desembargadora Salette Nascimento.
No dia 9 de novembro de 1989, sem a prévia autorização do Ministério das
Comunicações prevista em lei, Silvo Santo e Paulo Machado de Carvalho
venderam por R$ 45 milhões a emissora para Macedo e Ester, que não
tinham dinheiro nem patrimônio para a compra, pelo menos com origem
declarada.
Em 2007, o ex-deputado federal Afanásio Jazadji (PFL, hoje DEM)
denunciou o fato de o Macedo ser já em 2002 acionista majoritário da
Rede Record, embora tivesse declarado renda de R$ 8.289. Posteriormente
Macedo e sua mulher teriam retificado a declaração do Imposto de Renda.
Para o Ministério Público, quem de fato comprou a Record foi uma pessoa
jurídica (empresa) denominada Igreja Universal do Reino de Deus, com o
dinheiro do dízimo de fiéis – negócio ilegal.
Além disso, de acordo com declarações de Jazadii naquele ano, mesmo se
tivesse dinheiro ‘limpo’ para comprar a Record, Macedo não poderia
fazê-lo porque mora nos Estados Unidos. A lei exige que proprietário de
empresa de comunicação tenha residência fixa no Brasil.
Na biografia “O Bispo – A História Revelada de Edir Macedo”, publicado
em 2007, o bispo assume ser dono da Record, cujo valor ele estimava ser
de US$ 2 bilhões, equivalente hoje a R$ 3,4 bilhões.
Como a emissora tem recebido via Igreja Universal milhões em
investimento, posicionando-se em segundo lugar na audiência, estima que o
seu valor hoje seja de pelo menos US$ 3 bilhões (R$ 5 bilhões).
A Rede Record tem demonstrado possuir alta liquidez de caixa (fluxo de
dinheiro vivo). Maior até do que a líder Rede Globo, cujo grupo
empresarial teve de renegociar recentemente uma dívida milionária.
Na ação cível, além de Macedo e Ester, são réus o pastor licenciado e
senador Marcelo Crivellla (PRB-RJ), Sylvia Crivella, TV Record do Rio
Preto S/A, TV Record de Franca S/A, Rádio Record S/A (Canal 7 de São
Paulo) e outras empresas.
Embora esteja se arrastando por tantos anos, a ação está longe de ter um
desfecho. Seja qual for a decisão do TRF, caberá recurso tanto da parte
de Macedo como da do Ministério Público, o que poderá enviar a questão à
instância superior.
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