VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE SÃO PAULO
Moradores de Higienópolis, bairro de alto poder aquisitivo da região central de São Paulo, andam inconformados com a vida. Insatisfeitos com o que dizem ser mais deveres do que direitos, fundaram um grupo para lutar por uma causa comum, o bem-estar e a prosperidade de ilustres habitantes daquela vizinhança, os cães.
Assim surgiu o Sindicato dos Cachorros, um grupo de cachorreiros, como os donos gostam de ser chamados.
Carlos Cecconello/Folhapres |
A empresária Consuelo Chear, 29, com seus cães, na praça Buenos Aires, em Higienópolis |
No estatuto do sindicato, "os cachorros são como as vacas na Índia,
animais sagrados" e criar os bichos "não é uma mera vaidade, mas um
estado de espírito".
O grupo, que já reúne mil filiados, de médicos a advogados, diz ter se
juntado para "dar representatividade, proteção e apoio político e social
aos cachorros e assim conquistar seus direitos".
Na pauta de reivindicações do parque Buenos Aires, o reduto dos
cachorros no bairro, tanques para os cães se refrescarem; esterilização
do solo; novo bebedouro e melhorar o piso de barro, que fica enlameado
na chuva.
"Cachorro só tem obrigação: colher o cocô e usar focinheira. Direito não
tem nenhum. Na Europa os cães andam de metrô e de ônibus. Aqui ainda
estamos muito atrasados", diz Celso Barbosa, líder sindical dos bichos.
"Aqui em Higienópolis tem mais cães do que gente", diz a advogada Maria Donzília, uma das sindicalistas.
A história do sindicato começou há alguns anos com uma "cachorrata", uma
passeata, segundo o médico Luiz Nusbaum, "de protesto para preservar o
direito dos cães".
A primeira reclamação foi criar um cercadinho para soltá-los no parque sem coleira.
"Foi uma briga de pedra e pau. Vira e mexe surge uma disputa de poder, como num sindicato trabalhista", afirma Nusbaum, dono do labrador Billy e do yorkshire Astor. Teve confusão que já foi parar na delegacia.
"A partir do momento que os seres humanos quiseram assumir o território,
deu problema. Lutamos para conquistar o direito dos cães e não de
gente", diz Barbosa, que cria dois são bernardos num apartamento.
Além da mobilização política, o sindicato também promove eventos
sociais. No Halloween, fizeram um "pugnic", um convescote para os cães
da raça pug todos, claro, vestidos de monstro.
"Os cachorros daqui de Higienópolis são show", resume Friedmann, "pai" de um boxer de dois anos.
Fonte: FOLHA DE SP
Fonte: FOLHA DE SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário