De acordo com uma pesquisa publicada na edição desta segunda-feira (27/12) do tabloide Bild,
49% dos alemães desejam o retorno do marco, a antiga moeda nacional.
Segundo a enquete, realizada pelo Instituto YouGov, de Colônia, 41% dos
entrevistados afirmaram não querer uma volta da moeda alemã e 51% se
declararam insatisfeitos com o euro.
Apenas
17% têm a sensação de que foram beneficiados com a adoção do euro,
enquanto 77% responderam à pergunta de forma negativa. Na sondagem, 67%
dos entrevistados se disseram preocupados com a estabilidade do euro,
enquanto 56% temem uma inflação.
Os
alemães continuam ligados afetivamente ao seu marco: quase 14 bilhões em
notas e moedas ainda não foram trocados pelo euro, segundo informações
do Bundesbank, o banco central alemão.
Tecnicamente retorno seria possível
Depois
que a Irlanda teve que recorrer ao fundo de resgate do euro, economistas
e os políticos discutem o que aconteceria se a zona do euro se
esfacelasse. Em princípio, um retorno do marco alemão não seria
tecnicamente um grande problema, já que no Bundesbank trabalham cerca de
10 mil profissionais bem treinados. As autoridades monetárias levaram o
marco alemão à antiga Alemanha Oriental, garantindo que o euro
estivesse disponível em toda a Alemanha da noite para o dia, tarefa hoje
considerada um grande desafio.
Se a
união monetária um dia se pulverizasse, a Alemanha estaria entre os
países possuidores de moeda forte, juntamente com Bélgica, Holanda e
Finlândia. O que significa que, em comparação com o escudo, a dracma, a
peseta e a lira, o marco subiria bastante de valor.
O
consumidor alemão, então, poderia comprar vinhos da Itália, azeitonas da
Grécia e passar férias na Espanha por um preço muito mais baixo do que
hoje. Por outro lado, os produtos alemães no exterior se tornariam mais
caros. Automóveis, máquinas e equipamentos made in Germany sairiam a preços proibitivos para quem é de Portugal, Irlanda e talvez até mesmo da França.
"Hoje, o
euro está um pouco supervalorizado. No entanto, o marco seria muito
mais forte, por isso o grau de competitividade dos preços da indústria
alemã seria muito mais baixo do que é hoje", avalia Klaus Schrüfer,
economista-chefe do banco SEB.
Países fracos poderiam falir
Os
países de moeda fraca teriam ainda um outro problema: a inflação
galgaria assustadoramente, logo alcançando os dois dígitos. Isso lhes
tornaria impossível pagar suas dívidas, que seriam, em parte, calculadas
em marco. Isso teria como consequência a falência de alguns Estados.
A
economia alemã atualmente se beneficia de taxas de juro baixas que, na
verdade, não refletem mais a força da economia local. "A Alemanha está
atualmente lucrando com o fato de estarmos na zona do euro. Sem o euro,
as condições para a economia alemã estariam muito piores", acredita
Schrüfer.
Com um
retorno do marco, provavelmente alguns preços subiriam. O cappuccino
certamente não teria seu preço de 2,50 euros reconvertido para 4,88
euros, mas sim arredondado para 5 euros. Esse seria um preço pela volta
do marco que muitos alemães pagariam com gosto, se bem que a conta total
ficaria bem mais alta.
Autor: Stefan Wolff/dpa (md)
Revisão: Augusto Valente
Fonte: DEUTSCHE WELLE
Fonte: DEUTSCHE WELLE
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