Austrália oferece ajuda consular a criador do WikiLeaks e culpa EUA por vazamentos
A Chancelaria da Austrália afirmou nesta quarta-feira que os EUA
deveriam ser culpados pelos vazamentos do WikiLeaks, e não Julian
Assange, criador do site, e indicou que sua embaixada em Londres já
ofereceu ajuda consular ao cidadão australiano.
Assange, 39, entregou-se à polícia britânica na terça-feira, depois que a
Suécia emitiu um mandado de prisão contra ele. Assange, que nega as
alegações, continuará atrás das grades até uma audiência no dia 14 de
dezembro.
O chanceler da Austrália, Kevin Rudd, disse que as pessoas que vazaram
os documentos originalmente, e não Assange, são legalmente responsáveis e
que os vazamentos levantaram questões sobre a competência da segurança
norte-americana.
"O sr. Assange não é responsável pela divulgação não autorizada de 250
mil documentos da rede de comunicações diplomática dos EUA", disse Rudd.
"Os americanos são responsáveis por isso", declarou o chanceler, que foi
descrito em um dos documentos norte-americanos divulgados como
"controlador obsessivo".
A fonte original do vazamento não é conhecida, mas um oficial do
Exército norte-americano que trabalhava como analista de inteligência no
Iraque, Bradley Manning, foi acusado por autoridades militares de
baixar, sem autorização, mais de 150 mil documentos do Departamento de
Estado dos EUA.
O fundador do site WikiLeaks, o australiano Julian Assange, foi preso
após se entregar à polícia britânica na manhã desta terça-feira. Ele é
procurado na Suécia sob suspeita de crimes sexuais contra duas moças,
mas nega todas as acusações.
AJUDA CONSULAR
Ainda nesta quarta o chanceler australiano Kevin Rudd deixou claro que a
Embaixada da Austrália em Londres já entrou em contato com Assange e
está pronta para prestar auxílio consular a seu cidadão.
Rudd, que dias atrás chamara Assange de "irresponsável" pela publicação
de milhares de documentos diplomáticos que comprometem a diplomacia
americana, indicou que será prestada a ele a assistência consular "como a
qualquer outro cidadão australiano", embora o criador do site tenha
criticado o governo australiano.
Assange acusou as autoridades australianas de colaborarem com os Estados
Unidos e de quererem ocultar a verdade, em artigo publicado pelo diário
"The Australian" nesta quarta-feira.
O artigo havia sido enviado ao jornal um dia antes de o australiano se entregar à polícia britânica.
PRISÃO
Ainda na terça-feira a promotoria sueca negou que o mandado de prisão
contra Assange tenha qualquer tipo de motivação política ou esteja
ligado a seu trabalho de divulgar documentos secretos dos EUA.
Assange se apresentou à polícia britânica nesta terça-feira. Ele teve um
pedido de fiança negado, e deve permanecer sob custódia até 14 de
dezembro, enquanto as autoridades britânicas decidem se o extraditam ou
não para a Suécia.
Andrew Gombert/Efe | ||
Carro traz fundador do WikiLeaks, Julian Assange, para tribunal de Westminster, onde lutará contra extradição |
Autoridades da Austrália disseram que Consulado Geral da Austrália em
Londres falou com Assange hoje após sua prisão, para garantir que ele
tinha representante legal. O chanceler Kevin Rudd disse em entrevista ao
canal 7 australiano que o país apoiaria Assange como faria com qualquer
australiano preso no exterior.
O Wikileaks é um site conhecido por divulgar documentos sigilosos.
Embora no ar há alguns anos, ele ganhou destaque internacional neste
ano, ao levar a público 77 mil documentos da inteligência americana
sobre o Iraque e, nas últimas semanas, mais de 250 mil documentos
secretos do Departamento de Estado dos EUA.
CRIMES SEXUAIS
O fundador do site WikiLeaks esteve na Suécia no começo de agosto para
dar palestras e saiu de lá sendo acusado por crimes sexuais contra duas
mulheres.
As duas moças, na faixa dos 20 anos, teriam descoberto por acaso que
ambas tiveram relações sexuais com Assange em questão de dias, e
decidiram procurar a polícia, informa o tabloide britânico "Daily Mail".
Uma delas era uma "fã" de Assange, chegou a pagar os bilhetes de trem
para ele e ficou aborrecida porque ele nunca mais telefonou.
Bertil Ericson/Reuters | ||
Julian Assange tem "um problema em ouvir não como resposta", segundo moça que o acusa de crime sexual |
A promotoria sueca especificou nesta terça-feira ao tribunal britânico
de Westminster as quatro acusações de agressão sexual que pesam contra
ele. A advogada Gemma Lindfield, representante legal das autoridades
suecas no processo, disse ao juiz britânico Howard Riddle que uma mulher
identificada como senhorita A acusou Assange de "coerção ilegal" na
noite de 14 de agosto. A mulher argumentou que o australiano usou o peso
de seu corpo para imobilizá-la com intenção sexual.
A segunda acusação é de "agressão sexual" à mesma senhorita A por
praticar sexo sem preservativo, ignorando o "desejo expresso" dela de
usar camisinha.
A terceira acusação é de que, em 18 de agosto, ele "assediou
deliberadamente" a mesma pessoa" "de uma maneira voltada a violar sua
integridade sexual".
A quarta e última acusação se refere a uma segunda mulher, identificada
como senhorita W, que o acusa de ter mantido relações sexuais sem
preservativo enquanto ela dormia.
Uma das mulheres disse a um jornal sueco, segundo o "Daily Mail": "A
responsabilidade pelo que aconteceu a mim e à outra garota cabe a um
homem que tem uma atitude distorcida em relação às mulheres e um
problema em ouvir não como resposta".
PROMOTORIA SUECA
"Quero deixar claro que não recebemos nenhum tipo de pressão, política
ou de outro tipo", disse Marianne Ny, diretora da promotoria sueca, em
comunicado.
"Os promotores suecos são completamente independentes em suas tomadas de decisão", disse ela.
O jornal "Aftonbladet" cita ela dizendo, em entrevista coletiva em
Gothenburg, que não via nada que indicasse um complô. "A investigação
criminal não tem nada a ver com o WikiLeaks. Tem a ver com ele
pessoalmente", disse ela.
Ao ser questionada se os EUA também procuram Assange, ela teria dito,
segundo uma rádio sueca: "Nenhuma autoridade estrangeira pediu
informações. Apenas jornalistas e pessoas buscaram informações".
"Não divulguei um mandado de prisão europeu para que ele seja entregue aos EUA", disse ela, segundo a agência de notícias TT.
APELO DE FAMOSOS
O jornalista John Pilger, o cinegrafista Ken Loach e a socialite Jemima
Khan ofereceram até 20 mil libras nesta terça-feira para pagar a fiança
de Assange, segundo o jornal britânico "The Guardian".
Mas o juiz Howard Riddle rejeitou a proposta, alegando ter "motivos
substanciais" para acreditar que Assange não compareceria às próximas
audiências. O juiz alegou ainda, segundo o "Guardian", que o caso é
muito sério para que Assange seja libertado.
EXTRADIÇÃO
Segundo a agência de notícias Associated Press, Assange foi questionado
se consentiria com a extradição à Suécia. Limpando a garganta, Assange
respondeu: "Eu entendo isso e não estou em consenso".
Kirsty Wigglesworth/AP | ||
Mark Stephens, advogado de Assange, chega ao tribunal e é cercado por jornalistas; seu cliente "está bem" |
O juiz da primeira instância deve definir a data de uma audiência sobre a
extradição. Isso deve ocorrer dentro de 21 dias a partir de sua
detenção, nesta terça-feira. Se um juiz aprovar, sua extradição será
autorizada. Ele ainda poder recorrer contra a decisão em instâncias mais
elevadas.
Os advogados de Assange temem que a extradição à Suécia leve à sua
extradição aos Estados Unidos, onde o WikiLeaks enfrenta investigação do
Departamento de Justiça. A batalha legal, alertam, pode durar meses.
IMBRÓGLIO JUDICIAL
A promotoria sueca emitiu um mandado de prisão contra Assange em 20 de
novembro por suspeita de crimes sexuais, mas esse mandato foi revogado
no dia seguinte.
Em 25 de agosto, a promotoria anunciou uma investigação preliminar sobre
o caso, e Assange chegou a ser interrogado no dia 30 de agosto, segundo
seu advogado.
No dia 1º de setembro, uma outra promotora sueca, Marianne Ny, decidiu
reabrir o caso contra Assange. Em 18 de novembro, a Suécia emitiu um
mandado de prisão contra ele, e no dia seguinte gerou um mandado de
prisão internacional. No dia 1º de dezembro, a Interpol (polícia
internacional) divulgou um alerta vermelho pedindo a prisão do
australiano.
Nicholas Kam- 3.nov.2010/France Presse | ||
Julian Assange, na página de procurados da Interpol |
As autoridades britânicas disseram que não podiam prender o fundador do
WikiLeaks por um problema no mandado de prisão --incluia apenas a
sentença máxima para o mais grave dos crimes, e deveria ter a pena
máxima para todos os crimes alegados.
A promotoria sueca emitiu, então, um novo mandado de prisão atendendo a
essas especificidades. Assange negociou um encontro com a polícia
britânica, e se apresentou nesta terça-feira.
Fonte: FOLHA DE SP
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Convenhamos que as alegações da embaixada australiana são de todo procedentes. Com efeito, não era Assange quem possuía a posse e guarda dos documentos e sim funcionários do governo norte-americano. Portanto, se algum delito foi cometido contra os interesses norte-americanos, são os cidadãos dos EUA os responsáveis.
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Convenhamos que as alegações da embaixada australiana são de todo procedentes. Com efeito, não era Assange quem possuía a posse e guarda dos documentos e sim funcionários do governo norte-americano. Portanto, se algum delito foi cometido contra os interesses norte-americanos, são os cidadãos dos EUA os responsáveis.
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