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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O governo australiano dá apoio a ASSANGE


Austrália oferece ajuda consular a criador do WikiLeaks e culpa EUA por vazamentos
WikileaksAtualizado às 09h22.


A Chancelaria da Austrália afirmou nesta quarta-feira que os EUA deveriam ser culpados pelos vazamentos do WikiLeaks, e não Julian Assange, criador do site, e indicou que sua embaixada em Londres já ofereceu ajuda consular ao cidadão australiano.

Assange, 39, entregou-se à polícia britânica na terça-feira, depois que a Suécia emitiu um mandado de prisão contra ele. Assange, que nega as alegações, continuará atrás das grades até uma audiência no dia 14 de dezembro.
O chanceler da Austrália, Kevin Rudd, disse que as pessoas que vazaram os documentos originalmente, e não Assange, são legalmente responsáveis e que os vazamentos levantaram questões sobre a competência da segurança norte-americana.
"O sr. Assange não é responsável pela divulgação não autorizada de 250 mil documentos da rede de comunicações diplomática dos EUA", disse Rudd.
"Os americanos são responsáveis por isso", declarou o chanceler, que foi descrito em um dos documentos norte-americanos divulgados como "controlador obsessivo".
A fonte original do vazamento não é conhecida, mas um oficial do Exército norte-americano que trabalhava como analista de inteligência no Iraque, Bradley Manning, foi acusado por autoridades militares de baixar, sem autorização, mais de 150 mil documentos do Departamento de Estado dos EUA.
O fundador do site WikiLeaks, o australiano Julian Assange, foi preso após se entregar à polícia britânica na manhã desta terça-feira. Ele é procurado na Suécia sob suspeita de crimes sexuais contra duas moças, mas nega todas as acusações.
AJUDA CONSULAR
Ainda nesta quarta o chanceler australiano Kevin Rudd deixou claro que a Embaixada da Austrália em Londres já entrou em contato com Assange e está pronta para prestar auxílio consular a seu cidadão.
Rudd, que dias atrás chamara Assange de "irresponsável" pela publicação de milhares de documentos diplomáticos que comprometem a diplomacia americana, indicou que será prestada a ele a assistência consular "como a qualquer outro cidadão australiano", embora o criador do site tenha criticado o governo australiano.
Assange acusou as autoridades australianas de colaborarem com os Estados Unidos e de quererem ocultar a verdade, em artigo publicado pelo diário "The Australian" nesta quarta-feira.
O artigo havia sido enviado ao jornal um dia antes de o australiano se entregar à polícia britânica.
PRISÃO
Ainda na terça-feira a promotoria sueca negou que o mandado de prisão contra Assange tenha qualquer tipo de motivação política ou esteja ligado a seu trabalho de divulgar documentos secretos dos EUA.
Assange se apresentou à polícia britânica nesta terça-feira. Ele teve um pedido de fiança negado, e deve permanecer sob custódia até 14 de dezembro, enquanto as autoridades britânicas decidem se o extraditam ou não para a Suécia.
Andrew Gombert/Efe
Carro traz fundador do WikiLeaks, Julian Assange, para tribunal de Westminster, onde lutará contra extradição à Suécia
Carro traz fundador do WikiLeaks, Julian Assange, para tribunal de Westminster, onde lutará contra extradição
Autoridades da Austrália disseram que Consulado Geral da Austrália em Londres falou com Assange hoje após sua prisão, para garantir que ele tinha representante legal. O chanceler Kevin Rudd disse em entrevista ao canal 7 australiano que o país apoiaria Assange como faria com qualquer australiano preso no exterior.
O Wikileaks é um site conhecido por divulgar documentos sigilosos. Embora no ar há alguns anos, ele ganhou destaque internacional neste ano, ao levar a público 77 mil documentos da inteligência americana sobre o Iraque e, nas últimas semanas, mais de 250 mil documentos secretos do Departamento de Estado dos EUA.
CRIMES SEXUAIS
O fundador do site WikiLeaks esteve na Suécia no começo de agosto para dar palestras e saiu de lá sendo acusado por crimes sexuais contra duas mulheres.
As duas moças, na faixa dos 20 anos, teriam descoberto por acaso que ambas tiveram relações sexuais com Assange em questão de dias, e decidiram procurar a polícia, informa o tabloide britânico "Daily Mail". Uma delas era uma "fã" de Assange, chegou a pagar os bilhetes de trem para ele e ficou aborrecida porque ele nunca mais telefonou.
Bertil Ericson/Reuters
Julian Assange tem "um problema em ouvir não como resposta", segundo moça que o acusa de crime sexual
Julian Assange tem "um problema em ouvir não como resposta", segundo moça que o acusa de crime sexual
A promotoria sueca especificou nesta terça-feira ao tribunal britânico de Westminster as quatro acusações de agressão sexual que pesam contra ele. A advogada Gemma Lindfield, representante legal das autoridades suecas no processo, disse ao juiz britânico Howard Riddle que uma mulher identificada como senhorita A acusou Assange de "coerção ilegal" na noite de 14 de agosto. A mulher argumentou que o australiano usou o peso de seu corpo para imobilizá-la com intenção sexual.
A segunda acusação é de "agressão sexual" à mesma senhorita A por praticar sexo sem preservativo, ignorando o "desejo expresso" dela de usar camisinha.
A terceira acusação é de que, em 18 de agosto, ele "assediou deliberadamente" a mesma pessoa" "de uma maneira voltada a violar sua integridade sexual".
A quarta e última acusação se refere a uma segunda mulher, identificada como senhorita W, que o acusa de ter mantido relações sexuais sem preservativo enquanto ela dormia.
Uma das mulheres disse a um jornal sueco, segundo o "Daily Mail": "A responsabilidade pelo que aconteceu a mim e à outra garota cabe a um homem que tem uma atitude distorcida em relação às mulheres e um problema em ouvir não como resposta".
PROMOTORIA SUECA
"Quero deixar claro que não recebemos nenhum tipo de pressão, política ou de outro tipo", disse Marianne Ny, diretora da promotoria sueca, em comunicado.
"Os promotores suecos são completamente independentes em suas tomadas de decisão", disse ela.
O jornal "Aftonbladet" cita ela dizendo, em entrevista coletiva em Gothenburg, que não via nada que indicasse um complô. "A investigação criminal não tem nada a ver com o WikiLeaks. Tem a ver com ele pessoalmente", disse ela.
Ao ser questionada se os EUA também procuram Assange, ela teria dito, segundo uma rádio sueca: "Nenhuma autoridade estrangeira pediu informações. Apenas jornalistas e pessoas buscaram informações".
"Não divulguei um mandado de prisão europeu para que ele seja entregue aos EUA", disse ela, segundo a agência de notícias TT.
APELO DE FAMOSOS
O jornalista John Pilger, o cinegrafista Ken Loach e a socialite Jemima Khan ofereceram até 20 mil libras nesta terça-feira para pagar a fiança de Assange, segundo o jornal britânico "The Guardian".
Mas o juiz Howard Riddle rejeitou a proposta, alegando ter "motivos substanciais" para acreditar que Assange não compareceria às próximas audiências. O juiz alegou ainda, segundo o "Guardian", que o caso é muito sério para que Assange seja libertado.
EXTRADIÇÃO
Segundo a agência de notícias Associated Press, Assange foi questionado se consentiria com a extradição à Suécia. Limpando a garganta, Assange respondeu: "Eu entendo isso e não estou em consenso".
Kirsty Wigglesworth/AP
Mark Stephens, advogado de Assange, chega ao tribunal e é cercado por jornalistas
Mark Stephens, advogado de Assange, chega ao tribunal e é cercado por jornalistas; seu cliente "está bem"
O juiz da primeira instância deve definir a data de uma audiência sobre a extradição. Isso deve ocorrer dentro de 21 dias a partir de sua detenção, nesta terça-feira. Se um juiz aprovar, sua extradição será autorizada. Ele ainda poder recorrer contra a decisão em instâncias mais elevadas.
Os advogados de Assange temem que a extradição à Suécia leve à sua extradição aos Estados Unidos, onde o WikiLeaks enfrenta investigação do Departamento de Justiça. A batalha legal, alertam, pode durar meses.
IMBRÓGLIO JUDICIAL
A promotoria sueca emitiu um mandado de prisão contra Assange em 20 de novembro por suspeita de crimes sexuais, mas esse mandato foi revogado no dia seguinte.
Em 25 de agosto, a promotoria anunciou uma investigação preliminar sobre o caso, e Assange chegou a ser interrogado no dia 30 de agosto, segundo seu advogado.
No dia 1º de setembro, uma outra promotora sueca, Marianne Ny, decidiu reabrir o caso contra Assange. Em 18 de novembro, a Suécia emitiu um mandado de prisão contra ele, e no dia seguinte gerou um mandado de prisão internacional. No dia 1º de dezembro, a Interpol (polícia internacional) divulgou um alerta vermelho pedindo a prisão do australiano.
Nicholas Kam- 3.nov.2010/France Presse
Julian Assange, na página de procurados da Interpol
Julian Assange, na página de procurados da Interpol

As autoridades britânicas disseram que não podiam prender o fundador do WikiLeaks por um problema no mandado de prisão --incluia apenas a sentença máxima para o mais grave dos crimes, e deveria ter a pena máxima para todos os crimes alegados.
A promotoria sueca emitiu, então, um novo mandado de prisão atendendo a essas especificidades. Assange negociou um encontro com a polícia britânica, e se apresentou nesta terça-feira. 

Fonte: FOLHA DE SP


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Convenhamos que as alegações da embaixada australiana são de todo procedentes. Com efeito, não era Assange quem possuía a posse e guarda dos documentos e sim funcionários do governo norte-americano. Portanto, se algum delito foi cometido contra os interesses norte-americanos, são os cidadãos dos EUA os responsáveis.

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