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domingo, 12 de dezembro de 2010

ANA FLÁVIA ILKIU (enduro equestre)


Fotos: Valterci Santos/ Gazeta do Povo

Fotos: Valterci Santos/ Gazeta do Povo /

Hipismo

Pioneira, adolescente desafia solidão

Campeã brasileira de enduro equestre, curitibana chega a disputar etapas sem adversárias. E já planeja competir com adultos

Publicado em 12/12/2010 | Gustavo Ribeiro, especial para a Gazeta do Povo

“É o meu bebê”. É dessa forma que a jovem de 14 anos Ana Flávia Ilkiu se refere ao seu animal de estimação. Ao contrário do que se pode imaginar, trata-se de um cavalo puro sangue ára­­be. Batizado de Bell Khalil, o animal é o grande companheiro da curitibana de fala mansa. “Não dá nem para explicar. É mais do que um amigo.”
A jovem amazona anda a cavalo desde os três anos de idade, quando começou a acompanhar o pai e o irmão, mas somente há três anos começou a levar a sério o hobby, já com a companhia de Bell Khalil. Os resultados na modalidade de enduro equestre vieram rapidamente: um título brasileiro e três paranaenses – o último deles conquistado em Piraquara, no final de novembro.



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O esporte
Saiba quais são as principais características do enduro equestre:
- O enduro equestre consiste em uma corrida de longa distância na qual o cavaleiro ou amazona precisa avançar diversas etapas (chamadas de anéis) em vários tipos de terreno.
- Ao final de cada anel, o cavalo ou égua é avaliado por veterinários (vet-checks), que conferem frequência cardíaca, hidratação, movimento intestinal e dores musculares. Caso o animal apresente algum problema ou o veterinário ache que não aguentará até o final da prova, o conjunto é desclassificado. O vencedor é o conjunto que cruzar primeiro a linha de chegada.
- Há uma distinção entre duas categorias: velocidade livre e velocidade limitada. A primeira é a mais comum e utilizada em competições oficiais. A segunda é destinada principalmente para treinamentos. As provas de velocidade livre são separadas por distância e idade dos cavaleiros/amazonas, sendo que não há separação entre homens e mulheres.
- A maioria das trilhas são de 80 e 160 km e as idades definem as categorias mirim (até 14 anos), young riders (14 a 21) e sênior (acima de 21).
Paraná
Grupo tenta fomentar a modalidade
O crescimento do enduro equestre também é bastante visível no Pa­­raná. Apesar de não ser referência na modalidade, o estado começa a avançar. Há um movimento cha­­­­mado Amigos do Enduro, que reúne pessoas com o objetivo de difundir e fomentar a prática do esporte. Não é à toa que o Paraná já conquistou resultados importantes, com a própria Ana Flávia Ilkiu, e também com Isabelli Nicolau, que venceu uma prova realizada na França.
O ex-presidente da Sociedade Hípica Paranaense, Aristides de Athayde Neto, é um dos que to­­mam frente nessa evolução do es­­porte no estado, e se mostra otimista com o futuro. “O enduro no Paraná em 2010 terminou em uma posição excepcional e esperamos muito mais para o ano que vem”, disse. Para incentivar a prática, desde a infância foram criados os chamados “endurinhos”. Com isso, os pequenos podem iniciar o contato com o esporte. “As crianças vão lá e querem montar. Em torno de 30 crianças têm participado dos endurinhos.”
Até a última prova do ano no estado, no final de novembro, o Paraná reuniu 126 conjuntos. Deste total, grande parte está localizada em Piraquara e São Luiz do Purunã. Em termos de resultados, as mulheres saíram na frente. “As amazonas estão dando um banho nos homens. Elas são muito competentes”, comenta Athayde Neto.
A conquista do mês passado serve como retrato da pouca difusão da modalidade. Foi praticamente um W.O. campestre, com a promissora atleta trotando sem rivais. A falta de adversárias faz a criança almejar algo ousado para breve: disputar com adultos.
O objetivo dela é participar do torneio Pan-Americano e do Mundial no ano que vem. Para isso, tem o apoio da família, principalmente do pai, Clayton C. Ilkiu, que é quem está sempre por perto nos treinamentos e onde quer que ela esteja competindo. E apoio – tratando-se de um esporte elitista – é crucial.
A prática de treinamentos é extremamente desgastante – especialmente para uma adolescente. Mas Ana – garante ela – tem uma rotina como a de qualquer outra menina de oitava série, exceto pelo fato de que suas atividades extracurriculares são andar a cavalo, ir para a academia e fazer aulas de adestramento clássico para corrigir a postura.
“É bem tranquilo. Daqui para a frente sei que vai dificultar um pouco, mas até o vestibular dá para levar.”
No enduro equestre, mais fundamental do que o tempo é a saúde do cavalo ou da égua. Não basta chegar antes (leia mais sobre a modalidade nesta página).
“O esporte visa principalmente ao bem-estar do animal. Por isso não é qualquer um que vai subir no animal e vencer”, conta o pai de Ana. O segredo para que o cavalo ou égua esteja bem durante toda a prova é conhecê-lo bem, como conta a amazona. “Melhor é conhecer bem o animal. Se ele estiver andando com a cabeça baixa, um pouco cansado, tropeçando, sem vontade de andar, você sabe que tem algo errado.”
Todas as peculiaridades do enduro equestre as tornam diferente do tradicional, inclusive entre as modalidades hípicas. Não é à toa que isso chama a aten­­ção das colegas do colégio de Ana. “Minhas amigas adoram. Elas me apoiam bastante e, sempre que dá, tento trazê-las aqui.”
Justamente por ser diferente, o enduro equestre ainda é embrionário no Brasil, ainda mais no Paraná. Ilkiu, para fugir da solidão nas provas, estuda uma manobra legal. Hoje ela está na categoria young riders, de 14 a 21 anos, mas poderá correr com adultos se acrescentar peso na sela. Mesmo assim, faz um apelo: “Seria muito bom ter mais gente no enduro.”



Enduro equestre cresce, apesar de desconhecido




O enduro equestre, apesar de desconhecido no Brasil, é o esporte hípico que mais cresce no mundo. Ao longo do ano, se­gundo dados da Federação Equestre Internacional (FEI), a modalidade teve um crescimento de 100% ao longo deste ano. No Brasil, o esporte também evolui, mas ainda é restrito a alguns estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Apesar disso, a disputa começa a ser praticada em outros lugares.

Para o presidente da Confe­­dera­­ção Brasileira de Hipismo (CBH), Luiz Roberto Giugni, um dos motivos para esse crescimento é o custo mais baixo em relação às outras modalidades. “Não é preciso gastar muito dinheiro, pois o cavalo não precisa ser caro. Além disso, é prazeroso, divertido e você pode conhecer novos lugares e paisagens diferentes.”
O calendário de provas no Brasil é vasto e há eventos praticamente em todos os fins de semana. A CBH e as federações estaduais organizam diversas etapas, além das competições internacionais que são realizadas a cada dois meses.
Apesar de ter sido oficializado no Brasil somente em 1990, os conjuntos nacionais de enduro equestre conquistaram bons resultados internacionais, com oito medalhas no campeonato Pan-Ameri­­cano, além de participa­­ções nos campeonatos mundiais seniores e de young riders. (GR)




Fonte: GAZETA DO POVO (Paraná)

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Já participei de muitas competições de enduro equestre, usando também cavalos (grandes companheiros esses animais) árabes, ingleses e anglo-árabes e, realmente, é um esporte prazeroso. Mas, uma cavalgada sem compromisso de horário e resultado, é muito mais prazerosa, além de poupar os animais, que não são submetidos a regimes de trabalho extenuantes.
Aqui em Florianópolis, apesar do "desenvolvimento" que veio com o turismo ter eliminado diversas trilhas antigas (os esganados que compraram os terrenos cortados por elas cuidaram de cercá-las, sob o olhar complacente da administração pública), ainda dispomos de algumas alternativas de passeio não bloqueadas.
Eu saio,de vez em quando, a cavalo, por trilhas centenárias que ligam Ratones ao Rio Vermelho, ao Santinho e à Costa da Lagoa, por exemplo, cavalgando sob floresta tropical, sobre dunas, andando por praias, etc...e, não raro, levo um alicate de corte afiado, porque se encontrar alguma passagem antiga fechada indevidamente por cerca, corto os arames, quebro moirões, etc...
Não tolero abusos da espécie, pois considero ilegal e atentatório à mobilidade pública o fechamento de passagens que sempre foram de uso irrestrito.
Há alguns anos, a família de um deputado cercou parte das dunas da Lagoa da Conceição. Como eu costumava transitar por lá e dispunha de uma boa corda e de um cavalo bom de cincha, arranquei boa parte da cerca e a arrastei por quase um quilômetro, para mostrar o meu inconformismo com a apropriação daquele espaço público. Depois, voltei ao local e a cerca não foi refeita. Denunciei a cerca ao Ministério Público. Se não tivesse conseguido destruir a cerca com auxílio do meu cavalo, teria arrumado um Jeep (com um bom cabo de aço) para fazê-lo.

Para finalizar: se a Ana Flávia e outros enduristas paranaenses quiserem fazer um passeio diferente, aqui na minha região, estarei à disposição como guia. Conheço alguns enduriostas de SC que ainda estão na atividade (Tiaguinho Santiago, filho do meu amigo e obstinado endurista Júlio Polidoro Santiago, por exemplo). 

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