Fotos: Valterci Santos/ Gazeta do Povo
Hipismo
Pioneira, adolescente desafia solidão
Campeã brasileira de enduro equestre, curitibana chega a disputar etapas sem adversárias. E já planeja competir com adultos
Publicado em 12/12/2010 | Gustavo Ribeiro, especial para a Gazeta do Povo
A
jovem amazona anda a cavalo desde os três anos de idade, quando começou
a acompanhar o pai e o irmão, mas somente há três anos começou a levar a
sério o hobby, já com a companhia de Bell Khalil. Os resultados na
modalidade de enduro equestre vieram rapidamente: um título brasileiro e
três paranaenses – o último deles conquistado em Piraquara, no final de
novembro.
O esporte
Saiba quais são as principais características do enduro equestre:
- O enduro equestre consiste em uma corrida de longa distância na
qual o cavaleiro ou amazona precisa avançar diversas etapas (chamadas de
anéis) em vários tipos de terreno.
- Ao final de cada anel, o cavalo ou égua é avaliado por veterinários
(vet-checks), que conferem frequência cardíaca, hidratação, movimento
intestinal e dores musculares. Caso o animal apresente algum problema ou
o veterinário ache que não aguentará até o final da prova, o conjunto é
desclassificado. O vencedor é o conjunto que cruzar primeiro a linha de
chegada.
- Há uma distinção entre duas categorias: velocidade livre e
velocidade limitada. A primeira é a mais comum e utilizada em
competições oficiais. A segunda é destinada principalmente para
treinamentos. As provas de velocidade livre são separadas por distância e
idade dos cavaleiros/amazonas, sendo que não há separação entre homens e
mulheres.
- A maioria das trilhas são de 80 e 160 km e as idades definem as
categorias mirim (até 14 anos), young riders (14 a 21) e sênior (acima
de 21).
Paraná
Grupo tenta fomentar a modalidade
O crescimento do enduro equestre também é bastante visível no
Paraná. Apesar de não ser referência na modalidade, o estado começa a
avançar. Há um movimento chamado Amigos do Enduro, que reúne pessoas
com o objetivo de difundir e fomentar a prática do esporte. Não é à toa
que o Paraná já conquistou resultados importantes, com a própria Ana
Flávia Ilkiu, e também com Isabelli Nicolau, que venceu uma prova
realizada na França.
O ex-presidente da Sociedade Hípica Paranaense, Aristides de Athayde
Neto, é um dos que tomam frente nessa evolução do esporte no estado,
e se mostra otimista com o futuro. “O enduro no Paraná em 2010 terminou
em uma posição excepcional e esperamos muito mais para o ano que vem”,
disse. Para incentivar a prática, desde a infância foram criados os
chamados “endurinhos”. Com isso, os pequenos podem iniciar o contato com
o esporte. “As crianças vão lá e querem montar. Em torno de 30 crianças
têm participado dos endurinhos.”
Até a última prova do ano no estado, no final de novembro, o Paraná
reuniu 126 conjuntos. Deste total, grande parte está localizada em
Piraquara e São Luiz do Purunã. Em termos de resultados, as mulheres
saíram na frente. “As amazonas estão dando um banho nos homens. Elas são
muito competentes”, comenta Athayde Neto.
A conquista do mês passado serve como retrato da pouca difusão
da modalidade. Foi praticamente um W.O. campestre, com a promissora
atleta trotando sem rivais. A falta de adversárias faz a criança almejar
algo ousado para breve: disputar com adultos.
O objetivo dela é participar do torneio Pan-Americano e do Mundial no
ano que vem. Para isso, tem o apoio da família, principalmente do pai,
Clayton C. Ilkiu, que é quem está sempre por perto nos treinamentos e
onde quer que ela esteja competindo. E apoio – tratando-se de um esporte
elitista – é crucial.
A prática de treinamentos é extremamente desgastante – especialmente
para uma adolescente. Mas Ana – garante ela – tem uma rotina como a de
qualquer outra menina de oitava série, exceto pelo fato de que suas
atividades extracurriculares são andar a cavalo, ir para a academia e
fazer aulas de adestramento clássico para corrigir a postura.
“É bem tranquilo. Daqui para a frente sei que vai dificultar um pouco, mas até o vestibular dá para levar.”
No enduro equestre, mais fundamental do que o tempo é a saúde do
cavalo ou da égua. Não basta chegar antes (leia mais sobre a modalidade
nesta página).
“O esporte visa principalmente ao bem-estar do animal. Por isso não é
qualquer um que vai subir no animal e vencer”, conta o pai de Ana. O
segredo para que o cavalo ou égua esteja bem durante toda a prova é
conhecê-lo bem, como conta a amazona. “Melhor é conhecer bem o animal.
Se ele estiver andando com a cabeça baixa, um pouco cansado, tropeçando,
sem vontade de andar, você sabe que tem algo errado.”
Todas as peculiaridades do enduro equestre as tornam diferente do
tradicional, inclusive entre as modalidades hípicas. Não é à toa que
isso chama a atenção das colegas do colégio de Ana. “Minhas amigas
adoram. Elas me apoiam bastante e, sempre que dá, tento trazê-las aqui.”
Justamente por ser diferente, o enduro equestre ainda é embrionário
no Brasil, ainda mais no Paraná. Ilkiu, para fugir da solidão nas
provas, estuda uma manobra legal. Hoje ela está na categoria young
riders, de 14 a 21 anos, mas poderá correr com adultos se acrescentar
peso na sela. Mesmo assim, faz um apelo: “Seria muito bom ter mais gente
no enduro.”
Enduro equestre cresce, apesar de desconhecido
O enduro equestre, apesar de desconhecido no Brasil, é o esporte
hípico que mais cresce no mundo. Ao longo do ano, segundo dados da
Federação Equestre Internacional (FEI), a modalidade teve um crescimento
de 100% ao longo deste ano. No Brasil, o esporte também evolui, mas
ainda é restrito a alguns estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais. Apesar disso, a disputa começa a ser praticada em outros
lugares.
Para o presidente da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH),
Luiz Roberto Giugni, um dos motivos para esse crescimento é o custo mais
baixo em relação às outras modalidades. “Não é preciso gastar muito
dinheiro, pois o cavalo não precisa ser caro. Além disso, é prazeroso,
divertido e você pode conhecer novos lugares e paisagens diferentes.”
O calendário de provas no Brasil é vasto e há eventos praticamente em
todos os fins de semana. A CBH e as federações estaduais organizam
diversas etapas, além das competições internacionais que são realizadas a
cada dois meses.
Apesar de ter sido oficializado no Brasil somente em 1990, os
conjuntos nacionais de enduro equestre conquistaram bons resultados
internacionais, com oito medalhas no campeonato Pan-Americano, além de
participações nos campeonatos mundiais seniores e de young riders.
(GR)
Fonte: GAZETA DO POVO (Paraná)
-=-=-=-=-
Já participei de muitas competições de enduro equestre, usando também cavalos (grandes companheiros esses animais) árabes, ingleses e anglo-árabes e, realmente, é um esporte prazeroso. Mas, uma cavalgada sem compromisso de horário e resultado, é muito mais prazerosa, além de poupar os animais, que não são submetidos a regimes de trabalho extenuantes.
Aqui em Florianópolis, apesar do "desenvolvimento" que veio com o turismo ter eliminado diversas trilhas antigas (os esganados que compraram os terrenos cortados por elas cuidaram de cercá-las, sob o olhar complacente da administração pública), ainda dispomos de algumas alternativas de passeio não bloqueadas.
Eu saio,de vez em quando, a cavalo, por trilhas centenárias que ligam Ratones ao Rio Vermelho, ao Santinho e à Costa da Lagoa, por exemplo, cavalgando sob floresta tropical, sobre dunas, andando por praias, etc...e, não raro, levo um alicate de corte afiado, porque se encontrar alguma passagem antiga fechada indevidamente por cerca, corto os arames, quebro moirões, etc...
Não tolero abusos da espécie, pois considero ilegal e atentatório à mobilidade pública o fechamento de passagens que sempre foram de uso irrestrito.
Há alguns anos, a família de um deputado cercou parte das dunas da Lagoa da Conceição. Como eu costumava transitar por lá e dispunha de uma boa corda e de um cavalo bom de cincha, arranquei boa parte da cerca e a arrastei por quase um quilômetro, para mostrar o meu inconformismo com a apropriação daquele espaço público. Depois, voltei ao local e a cerca não foi refeita. Denunciei a cerca ao Ministério Público. Se não tivesse conseguido destruir a cerca com auxílio do meu cavalo, teria arrumado um Jeep (com um bom cabo de aço) para fazê-lo.
Para finalizar: se a Ana Flávia e outros enduristas paranaenses quiserem fazer um passeio diferente, aqui na minha região, estarei à disposição como guia. Conheço alguns enduriostas de SC que ainda estão na atividade (Tiaguinho Santiago, filho do meu amigo e obstinado endurista Júlio Polidoro Santiago, por exemplo).
Fonte: GAZETA DO POVO (Paraná)
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Já participei de muitas competições de enduro equestre, usando também cavalos (grandes companheiros esses animais) árabes, ingleses e anglo-árabes e, realmente, é um esporte prazeroso. Mas, uma cavalgada sem compromisso de horário e resultado, é muito mais prazerosa, além de poupar os animais, que não são submetidos a regimes de trabalho extenuantes.
Aqui em Florianópolis, apesar do "desenvolvimento" que veio com o turismo ter eliminado diversas trilhas antigas (os esganados que compraram os terrenos cortados por elas cuidaram de cercá-las, sob o olhar complacente da administração pública), ainda dispomos de algumas alternativas de passeio não bloqueadas.
Eu saio,de vez em quando, a cavalo, por trilhas centenárias que ligam Ratones ao Rio Vermelho, ao Santinho e à Costa da Lagoa, por exemplo, cavalgando sob floresta tropical, sobre dunas, andando por praias, etc...e, não raro, levo um alicate de corte afiado, porque se encontrar alguma passagem antiga fechada indevidamente por cerca, corto os arames, quebro moirões, etc...
Não tolero abusos da espécie, pois considero ilegal e atentatório à mobilidade pública o fechamento de passagens que sempre foram de uso irrestrito.
Há alguns anos, a família de um deputado cercou parte das dunas da Lagoa da Conceição. Como eu costumava transitar por lá e dispunha de uma boa corda e de um cavalo bom de cincha, arranquei boa parte da cerca e a arrastei por quase um quilômetro, para mostrar o meu inconformismo com a apropriação daquele espaço público. Depois, voltei ao local e a cerca não foi refeita. Denunciei a cerca ao Ministério Público. Se não tivesse conseguido destruir a cerca com auxílio do meu cavalo, teria arrumado um Jeep (com um bom cabo de aço) para fazê-lo.
Para finalizar: se a Ana Flávia e outros enduristas paranaenses quiserem fazer um passeio diferente, aqui na minha região, estarei à disposição como guia. Conheço alguns enduriostas de SC que ainda estão na atividade (Tiaguinho Santiago, filho do meu amigo e obstinado endurista Júlio Polidoro Santiago, por exemplo).
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