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Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

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segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Jair Renan e aliados de Bolsonaro receberam dinheiro de empresário que fazia lobby por garimpo em terras indígenas

Celular e computador apreendidos de Luis Felipe Belmonte pela PF revelam conversas indicando a aproximação com o Palácio do Planalto pela extração mineral em territórios indígenas

29 de agosto de 2022, 13:55 h Atualizado em 29 de agosto de 2022, 14:07
Jair Renan Bolsonaro e Luís Felipe Belmonte com Bolsonaro (Foto: 

247 - O filho de Jair Bolsonaro (PL), Jair Renan, e mais dois aliados diretos do atual chefe do Executivo - Karina Kufa (advogada) e Sergio Lima (marqueteiro) - receberam dinheiro do empresário bolsonarista Luis Felipe Belmonte enquanto ele fazia lobby no Palácio do Planalto pela autorização do garimpo em terras indígenas. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.

Belmonte é aliado de Bolsonaro e foi um dos articuladores da criação do Aliança Pelo Brasil, partido que acabou fracassando. Ele foi investigado no inquérito dos atos antidemocráticos de abril de 2020 e, por isso, teve seu celular e computadores apreendidos, onde foram encontradas as conversas revelando a aproximação com o Planalto pela extração mineral em territórios indígenas.

Em meio à articulação para a autorização do garimpo, que envolvia aproximação com lideranças indígenas e contatos com aliados do presidente da República, o empresário repassou R$ 9,5 mil para Jair Renan em 2020. O motivo é a "reforma do escritório da empresa" do filho de Bolsonaro.

Para a advogada do chefe do Executivo, Karina Kufa, foram repassados R$ 634 mil por meio de seu escritório, enquanto o marqueteiro Sergio Lima e seu sócio Walter Bifulco receberam R$ 1,5 milhão via empresas de comunicação - repasses realizados antes de agosto de 2019.
Uma das mensagens extraídas do celular de Belmonte, endereçada a sua esposa, afirma que os repasses a Sergio Lima foram feitos para se aproximar do entorno de Bolsonaro e viabilizar o 'projeto dos indígenas': "Projeto de comunicação: envolve três fatores, a) comunicação e imagem, propriamente dito; b) aproximação com o Planalto e viabilização do projeto dos indígenas. O Presidente já deu sinal verde e já fez comunicação pública. Estou trabalhando no caso com o governo e com a Karina, advogada pessoal dele; c) preparação do Portal."

"Quanto aos indígenas, levei a proposta ao presidente. Foi pedido que eu prepare o decreto. Provavelmente ainda este ano começaremos a extração", complementou.

Desde então, o governo Bolsonaro vem atuando pela liberação do garimpo em territórios indígenas, tendo enviado, inclusive, projeto de lei ao Congresso no início de 2020 - assinado pelo ex-juiz suspeito Sergio Moro (à época Ministro da Justiça) e Bento Albuquerque, Ministro de Minas e Energia.

À Folha, Kufa, Belmonte e Sergio Lima negaram que os repasses tivessem qualquer relação com a defesa da liberação da extração mineral em terras indígenas.

O AGRO É PODRE - Exército apreende R$ 700 mil em carro no PR; dinheiro seria para campanha de candidato (fazendeiro) do PODEMOS a deputado


Veículo foi abordado por militares próximo à fronteira com o Paraguai; motorista não explicou origem e destinação do montante em espécie

Exército apreende R$ 700 mil em carro no PR.Créditos: Divulgação/PF
Escrito en BRASIL el 27/8/2022 · 09:23 hs


Militares do Exército apreenderam, na noite desta sexta-feira (26), R$ 700 mil em dinheiro vivo que estavam dentro de um carro, parado durante fiscalização na BR-487, em Cruzeiro do Oeste (PR), próximo à fronteira com o Paraguai.

Segundo a Polícia Federal, que divulgou as informações sobre a apreensão, o motorista, que foi conduzido para a delegacia da corporação na cidade de Guaíra, teve dificuldades para explicar a origem e destinação do dinheiro. Tanto o montante em espécie, quanto o veículo, além de outros itens, foram confiscados diante das suspeitas.

Após prestar depoimento, o motorista e um homem que o acompanhava foram liberados e um inquérito foi aberto para investigar o caso.

Segundo o site O Bendito, de Umuarama, o dinheiro seria atribuído à campanha do fazendeiro Newton Bonin (Podemos), que é candidato a deputado federal e possui um patrimônio de R$ 76 milhões. A PF, no entanto, não confirmou tal informação e não divulgou a identidade dos suspeitos.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

OAB questiona exercício da advocacia por policiais e militares na ativa


Para a entidade de classe, exceção concedida a esses profissionais para advogarem em causa própria viola princípios constitucionais.

25/08/2022 16h59 - 

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ajuizou, no Supremo Tribunal Federal (STF), a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7227 contra alterações no Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/1994) que autorizam o exercício da advocacia em causa própria por policiais e militares na ativa. A ação foi distribuída à ministra Cármen Lúcia.

Os parágrafos 3º e 4º do artigo 28 da norma, incluídos pela Lei 14.365/2022, permitem a esses profissionais atuarem estritamente para fins de defesa e tutela de direitos pessoais, desde que mediante inscrição especial na OAB.

Tráfico de influência

A entidade alega que o Estatuto considera algumas atividades incompatíveis com a advocacia, incluindo policiais, militares na ativa e membros do Judiciário e do Ministério Público. A razão é o recebimento de proventos pelos cofres públicos por esses profissionais. Outro motivo é evitar a possibilidade de tráfico de influência e redução da independência profissional.

Para a OAB, os dispositivos criaram uma exceção esdrúxula à lista de incompatibilidades, violando os princípios da isonomia, da moralidade e da supremacia do interesse público. Um dos argumentos é que autorizar a prática da advocacia por servidores da segurança pública, especialmente os que lidam diretamente com o Judiciário, pode colocar em risco o adequado funcionamento das instituições a que pertencem, em razão da proximidade com julgadores, acusadores, serventuários e outros personagens do processo.

Policiais

De acordo com a OAB, a incompatibilidade dos policiais com a advocacia visa impedir abusos e práticas que coloquem em risco a independência e a liberdade da advocacia, uma vez que eles podem ter acesso facilitado a informações, provas e agentes responsáveis por investigações e condução de inquéritos e processos.

Militares

Em relação aos militares da ativa, a OAB argumenta que eles não têm os requisitos essenciais para o exercício da advocacia, isto é, não atuam com liberdade e independência, em razão das peculiaridades da vida militar, “em que se punem insubmissão e deserção, abandono de posto, inobservância do dever”, e de uma carreira “sem horários precisos, que admite ingerências as mais diversas em nome da conservação da ordem na caserna”.

Pedido de informações

A ministra Cármen Lúcia requisitou informações à Presidência da República e ao Congresso Nacional e, na sequência, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) terão prazo para manifestação.

RP/CR//CF

Juiz acata pedido de protetores e proíbe a realização de rodeios em Minas Gerais


Michel Curi e Silva entendeu que animais eram "submetidos a sofrimentos atrozes até a morte", proibindo Governo de Minas de autorizar este tipo de evento


Por José Vítor Camilo Publicado em 25 de agosto de 2022 | 22h12 - Atualizado em 25 de agosto de 2022 | 22h12


Gaúcho cai de um potro durante tradicional semana de rodeio em Montevidéu — Foto: Pablo Porciuncula Brune / AFP

Está proibida, a partir desta quinta-feira (25), a realização de qualquer rodeio em Minas Gerais. A decisão foi proferida pelo Juiz Michel Curi e Silva, da 1ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que revogou uma decisão anterior em que indeferiu o pedido feito pelo Instituto Protecionista SOS Animais e Plantas.

O magistrado argumentou que mudou de ideia após analisar com mais sensibilidade os documentos do pedido feito pela entidade de proteção dos animais, tendo concluído que os bichos seriam utilizados como "meras coisas" nos rodeios e, ainda, "submetidos a sofrimentos atrozes até a morte".

"O laudo revela que uma mera queda pode lesar para sempre nervos faciais. Não posso corroborar as prováveis atrocidades e macular minha consciência de julgador", continuou Silva em sua justificativa. Ele completou ainda que, sem conceder a medida de urgência que proibia estes eventos, a medida seria "ineficaz em relação ao período em que os animais foram submetidos a tratamento degradante e, na pior das hipóteses, em morte".

Por fim, o juiz determinou que o Estado de Minas Gerais se abtenha de realizar, autorizar ou promover rodeios sob a pena de cometer o crime de desobediência do servidor ou autoridade que ignorar a proibição até uma nova decisão da Justiça.

A reportagem de O TEMPO procurou o Governo de Minas na noite desta quinta, mas, até a publicação da matéria, o Estado ainda não havia se manifestado sobre a proibição.

Fonte: O TEMPO

BARRAGEM - MAUS TRATOS A EQUINOS DE SALTO

SALTO ALTO
Desembargador veta exclusão de cavaleiro de prova de hipismo por maus tratos - 25 de agosto de 2022, 21h59


O desembargador Cláudio Godoy, do Tribunal de Justiça de São Paulo, negou pedido liminar para revogar a decisão que manteve na 32ª edição do concurso CSI-S Indoor/SHP o cavaleiro Vitor Dantas Medeiros de Carvalho.
Sociedade Hípica Paulista acusa cavaleiro de usar método de treinamento proibido
123RF

Carvalho recorreu à Justiça após ser excluído da prova — uma das mais importantes do hipismo brasileiro — e acabou tendo a inscrição confirmada. Na decisão questionada, o juízo de piso considerou que era inviável exigir do cavaleiro produção de prova de que não infringiu o regulamento. E, por ser pedido urgente, com comprovado perigo de dano, decidiu revogar a exclusão do autor da competição.

No recurso apresentado pela Sociedade Hípica Paulista e negado pelo desembargador, os advogados Igor Mauler Santiago, Andréa Ferreira Bedran e Graziela M. U. Maciel Martins apontam uma série de transgressões do cavaleiro.

A mais grave delas seria o uso do método de treinamento proibido conhecido como barragem de cavalos. "Trata-se de estender um fio de arame alguns centímetros acima da vara superior do obstáculo, para aumentar a altura do salto do cavalo. Explica-se: pela reduzida espessura, o fio não é percebido pela visão do animal, que — dosando a força para superar o obstáculo — acaba por nele chocar as patas anteriores, recebendo estímulo doloroso. No próximo salto, sem entender o que se passa, mas visando a proteger-se, o animal aumenta a potência para evitar o choque, e assim por diante", diz trecho da peça, que apresenta vídeos da prática irregular.

Além disso, o cavaleiro também teria utilizado a pista fora do horário permitido. Em provas de hipismo, o acesso ao circuito de obstáculos só é liberado aos competidores meia hora antes do início da prova. A regra visa a manter a qualidade da pista e a igualdade de condições entre os concorrentes. Segundo a Sociedade Hípica Paulista, Carvalho não respeitou a regra.

Processo 2198829-24.2022.8.26.0000

Fonte: CONJUR

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Eugenia e maus tratos no tempo de SÊNECA

- (...) instigamos, com esporas e tochas sob o ventre, os cavalos que demoram a largar na corrida. (...) Matamos a pancadas os cães bravos, e abatemos o boi selvagem e feroz, e aos animais doentes deitamos o ferro para que não contaminem o rebanho, eliminamos os fetos mal formados, inclusive afogamos nossos filhos se nascerem fracos e disformes. Não é ira, mas um ato racional separar o que é inútil do que é são.  - SÊNECA - Sobre a ira.

Terá vindo de textos assim a inspiração de Hitler e seus adeptos/admiradores?

"TUDO O QUE É FRACO É, POR NATUREZA, IRRITADIÇO" (Sêneca)

 Você conhece algum político da atualidade com tal defeito? 

MINHA HOMENAGEM ÀS TRABALHADORAS, NA PESSOA DE HELENA MACEDO

depoimento

MONTADA NA SELA DO IMPOSSÍVEL

Mulher seleira no agreste pernambucano conta como sobreviveu numa profissão marcada pelo machismo

Helena Macêdo|24 ago 2022_11h09



Espora, breque, sela, rabicho, cabeçada, cilha, cabresto, luva… são palavras que fazem parte do cotidiano dos moradores do Agreste pernambucano, região entre a Zona da Mata e o Sertão. Mais ainda em Cachoeirinha, a cidade do Couro e do Aço, cuja economia é pautada na fabricação e na venda de artigos feitos desses materiais. Às quintas-feiras, Cachoeirinha acorda muito cedo. Ganha ar de urgência, mais cor, calor e história. É o dia em que acontecem as feiras de roupas e frutas, gado, queijo, couro e aço, com visitantes de todo o Brasil. Nos outros dias da semana, a efervescência acontece nas tendas, locais de produção das selas e de outros artigos. Lá trabalham os artesãos, inclusive os seleiros, fabricantes de selas, numa profissão que exige força e habilidade. Tradicionalmente, é um reduto de muitos homens e poucas mulheres. Em Cachoeirinha, esse machismo é subvertido graças a mulheres como Helena Macêdo. Ela é uma mulher seleira e se orgulha de, há 32 anos, fazer selas que montam cavalos de todo o Brasil.

Em depoimento a Maryane Martins

Comecei trabalhando desde os 15 anos. Aos 13, aprendi a costurar. A minha mãe é costureira, e eu com essa idade já ajudava a fazer roupas. Assim começou. Na maioria dos meses, não tinha tanto serviço. Eu queria ganhar dinheiro, comprar minhas coisas, ajudar em casa. Eu e meus irmãos sempre trabalhamos, desde cedo. Eles carregavam frete. Rogério, com 11 anos, trabalhava com aço, fazendo espora. Faz 21 anos que ele foi assassinado. Hoje, só tenho 6 irmãos vivos.

Um dia, conversando com Ritinha, minha vizinha, disse que queria um emprego pra ganhar dinheiro e trabalhar o tempo todo. E ela, vendo aquela menina, disse: “Vamos pra tenda que eu arrumo um emprego pra você.” Lá eram ela, outra mulher e vários homens. Não tinha nenhuma criança, só adultos. Eu trabalhava à tarde, às vezes à noite. Estudava de manhã. Nunca parei os estudos.

Primeiro, fui ajudante. Fazia mandado, comprava mercadoria, varria a tenda, essas coisas simples. Depois, ainda com 15 anos, me tornei artesã. Tive a oportunidade de aprender. Ritinha é uma pessoa que eu considero muito, a seleira pioneira de Cachoeirinha e que ensinou a tantos, e também foi minha professora. Agradeço pela oportunidade que ela me deu. Trabalhei com ela por uns 3 ou 4 meses. Depois, com o tempo, fui trabalhar com um irmão meu. E meu pai criou uma tenda.

Fazia mais de um ano que eu estava trabalhando com couro, mas ainda não fazia sela. Fazia as peças, e meu irmão montava a sela, até que um dia ele levou uma queda de cavalo. Meu pai falou que eu teria que dar um jeito pra terminar o trabalho do meu irmão. Eu disse que não sabia, e ele mandou eu me virar. Ele sempre foi um homem muito rude, bruto. Falou que eu tinha que fazer, que montar. Eu aprendi quase na marra. E assim comecei a fazer selas.

Meu pai sempre olhava todas as selas que eu montava e ficava tentando arrancar as coisas, pra ver se tava boa ou se tava ruim. Hoje eu entendo que foi uma maneira de ele me ensinar. Mas tem formas mais fáceis de fazer isso. Os homens trabalhavam para ele e faziam a sela por 100 reais. A minha só era 50, metade do preço. Era porque eu era mulher, filha dele e ainda morava em casa. Ser mulher é sofrer preconceito o tempo todo, não só na minha profissão.

O negócio ficou tão difícil que um dia eu e meu pai brigamos e vim trabalhar no quartinho no fundo da casa da minha mãe. Não queria trabalhar na tenda porque tinha muito homem e isso me incomodava. Em casa, poderia fazer sela pra quem eu quisesse. Meu pai quando me viu trabalhando em casa falou que eu tinha que fazer sela pra ele. Bati o pé e falei que não fazia nem queria o serviço mais barato. Meu pai disse: “Já que você não quer fazer sela pra mim, ou você sobe ou desce, mas na minha casa você não mora mais.” Nessa discussão, minha mãe entrou no meio e disse que eu nem subia nem descia, que eu iria ficar em casa. Nem saí de casa nem fiz mais sela pra ele. Agradeço até hoje por minha mãe ter me defendido.

Montava a sela durante a semana e às quintas levava pra feira. Às vezes vendia, outras não. Era um sofrimento que se fosse pra escrever dava um livro. Deixei de ser humilhada pelo meu pai, mas quando chegava na feira, cansada depois de trabalhar a noite toda, os homens ficavam perguntando quanto era a sela, pedindo desconto. Diziam: “Ali tem uma do mesmo jeito só que mais barata.” Aí eu dizia: “Compre, vá comprar. Eu levo de volta pra casa.” Desde pequena eu aprendi a me defender, aprendi que a vida é difícil. O mundo é difícil, e você tem que lutar pelo que você quer. Já trabalhei para selarias em que precisava trabalhar 20 horas por dia. Acordava às cinco da manhã e ia até meia-noite trabalhando. Não conseguia dividir meu tempo, trabalhava muito.


Helena, entre sua mãe e a seleira Ritinha, pioneira na região – Foto: Maryane Martins

Hoje, eu faço o que eu gosto e para quem me valoriza. Trabalho para duas lojas, uma em Cachoeirinha-PE e outra em Santa Luzia-PB. Uma sela minha custa 1000 reais. Meus clientes brigam pelas minhas selas. Digo que se você achar o encontro das costuras em uma delas, eu lhe dou uma de volta. Ninguém encontra. Sou muito perfeccionista. Porque se eu vir qualquer probleminha, desmancho e faço tudo de novo. Só consigo fazer duas selas por semana. Quando mando para as selarias, vai do Brasil e pro mundo. O céu é o limite.

Minha tenda fica no primeiro andar da minha casa, que divido com uma amiga. Prefiro chamar amiga porque é fofo, mas ela é minha companheira. Eu a conheci em 1999. Se você perguntasse para mim se eu faria tudo de novo, eu diria que sim. Encontraria ela do mesmo jeito, passaria os mesmos perrengues. Foi difícil, mas eu não desisto do que eu quero.

Se eu ganhasse na Mega-Sena e ficasse milionária, eu ainda falaria de onde eu saí. Toda cidade tem alguma coisa, Cachoeirinha tem o couro e o aço. Tudo que eu tenho, todos sonhos que eu já realizei e os que eu vou realizar, são só por conta da minha arte. Eu poderia até fazer outra coisa, mas eu amo o que faço. A vida toda trabalhei. Nunca tive férias. Tenho 47 anos. Daqui pra frente o que ganhar é lucro. Quero comprar um carro, viajar, conhecer Foz do Iguaçu, Fernando de Noronha, a Europa. O que a gente não pode é deixar de sonhar. Sonhar e trabalhar para realizar.

Meu nome é Helena Macêdo. Sou fabricante de sela de vaquejada e tenho essa profissão há 32 anos. É uma coisa que eu gosto, que eu amo de paixão. Não trabalho só pelo dinheiro. Gosto das coisas impossíveis.

Fonte: REVISTA PIAUÍ 




quarta-feira, 24 de agosto de 2022

do mundo para o umbigo - O ADVOGADO OSTENTAÇÃO


A vida, a obra e todos os luxos de Nelson Wilians

Thais Bilenky | Edição 191, Agosto 2022



– Eu não roubei, não preciso ter vergonha – começa Nelson Wilians, o advogado de 51 anos, quando responde aos que criticam sua inclinação ao exibicionismo.

– Falam que eu ostento? Eu não mostro nada que não seja meu – afirma, e sai enumerando:

– O avião? É meu. O helicóptero? É meu. Os carros são meus, a mulher é minha, os filhos são meus. A casa é minha.

E que casa. São 2 mil m² de área construída, com dezesseis quartos e uma adega subterrânea com 4,6 mil rótulos. Erguida em 1951, no estilo château francês, tem um pé-direito imenso e piso de mármore. Nas paredes, distribuem-se telas de Picasso, Portinari e Di Cavalcanti. Na decoração, há uma peça de Brecheret, cômodas que o dono garante terem pertencido a Napoleão – e esculturas de Bia Doria, a mulher do ex-governador paulista João Doria, que tentou ser o candidato tucano ao Palácio do Planalto. Na garagem, entre os 21 veículos da família, há três Bentleys e um Rolls-Royce. A mansão – cuidada por quinze empregados, uma governanta e oito seguranças, todos de terno preto – fica encravada num terreno de 4 mil m² no luxuoso bairro do Jardim Europa, em São Paulo.

Tudo ali é feito para impressionar durante as recepções frequentes – e uma ou outra festa de arromba – que Anne, sua mulher há sete anos, conduz com destreza. Uma das festas aconteceu em 2018, para celebrar a vitória de Doria na eleição para o governo de São Paulo. Custou 1 milhão de reais. Teve uísque Blue Label, champanhe Veuve Clicquot, arroz de pato e decoração com orquídeas híbridas intergenéticas, como a Odontocidium catatante. Na ocasião, Wilians celebrava também a fama que adquirira um ano antes, quando o jornal Valor Econômico revelou que o advogado emprestava seu avião – um Legacy 650, fabricado pela Embraer – para que o amigo Doria, então prefeito da capital paulista, viajasse inclusive a trabalho.

João e Nelsão, como eles se tratam, não negaram o empréstimo, e o prefeito se esquivou de acusações de improbidade administrativa e conflito de interesse, pois Wilians defendia clientes que processavam a prefeitura na Justiça. O que Wilians levava em troca do empréstimo? “Prestígio”, respondeu ele, prontamente, numa tarde de abril passado, quando recebeu a piauí em sua casa, sentado no sofá de uma das salas de visita da mansão, aromatizada e com música ambiente. Pois dois meses depois da posse de Doria no governo paulista, Wilians conseguiu renovar o contrato que tinha com a CDHU, a estatal paulista que constrói moradias populares. Entraram 43 milhões de reais.

“Você há de convir”, justificou. “Hoje não, hoje não podemos mais dizer isso, mas antigamente o João tinha um prestígio no meio empresarial que não tinha nada igual. Ele punha o PIB aqui dentro.” Não era só o PIB que interessava, tanto que Bia Doria já sentou diversas vezes numa das catorze poltronas de couro da aeronave para viagens particulares, sempre que o jatinho do casal Doria estava em manutenção. (Em 2020, os Doria venderam o jato.) “Vou falar ‘não’ para a primeira-dama? Óbvio que não”, diz Wilians, aos risos. Ele diz tanto “sim” que já perdeu a conta de quantas peças comprou de Bia, artista plástica conhecida por seu estilo muitíssimo similar ao de Frans Krajcberg, de quem foi aluna. “Adoro”, diz ele. “Recebo muita gente aqui, qual presente eu gosto de dar? Bia Doria. Gringo adora.”

Wilians também adora clientes famosos. Defende os Doria em diversas ações judiciais. Na mais ruidosa delas, o ex-governador foi acusado pelo Ministério Público de se apropriar de uma viela pública em Campos do Jordão, o badalado retiro de inverno dos paulistas. Wilians perdeu. Trabalhou como consultor para a Prevent Senior, a seguradora de saúde voltada para o público idoso, que foi flagrada receitando remédios ineficazes para pacientes com Covid. Wilians também é frequentador dos sites de fofoca porque faz a defesa de Rose Miriam di Matteo, a mãe dos três filhos de Gugu Liberato, morto em 2019. Ela pede parte da herança do apresentador.

Sua clientela célebre ajudou a transformar seu escritório numa potência, que faturou 450 milhões de reais no ano passado, segundo informa o “CEO” (como Wilians intitula a si próprio). São 450 mil ações nos tribunais brasileiros (a maioria trabalhista e de recuperação de créditos), 20 mil clientes, 1,5 mil advogados e pelo menos uma filial em cada estado brasileiro, além de sete fora do país: Chile, China, Colômbia, Índia, Paraguai, Peru e Portugal. Em seu escritório, num prédio comercial de alto padrão em São Paulo, exibe miniaturas de seus luxuosos meios de transporte: o Legacy 650, o helicóptero Agust 109 Power, duas lanchas vintage da italiana Riva e um iate Azimut 76, batizado de Anne, em homenagem à sua mulher. Também tem duas garrafas de vinho Petrus Pomerol, uma cachaça Weber Haus e um busto de Napoleão.

Entre pessoas jurídicas, Wilians defende gigantes do varejo, como a Havan e a Riachuelo, multinacionais como AB InBev, do setor de bebidas, e grandes bancos, como Bradesco e o Banco do Brasil. Ele não diz qual o processo que mais lhe rendeu dinheiro. Apesar do sucesso, seu escritório acumula 76 milhões de reais em dívidas tributárias e previdenciárias com a União, segundo informa a Fazenda Nacional. “Fizemos acordo e parcelamos. Estão sendo pagos”, respondeu. “A Nelson Wilians Advogados e demais empresas pretendem faturar 1 bilhão de reais em 2022. Nossa legislação tributária é complexa e muitas vezes geram discussões se isso ou aquilo é devido ou não.” Em seguida, arrematou: “Não existe no país empresa grande que não tenha débito tributário.” (O Mattos Filho, único entre os grandes escritórios brasileiros que divulga sua receita bruta, informou que faturou em 2021 um valor superior ao almejado por Wilians: 1,2 bilhão de reais.)

O “CEO” desse império tem 1,89 metro de altura, pesa 93 kg (depois de perder 32 kg ao abdicar do arroz, do suco de laranja e do Yakult, suas tentações) e anda sempre na estica, sob orientação do amigo Roberto Justus, o apresentador de tevê, que lhe faz as vezes de personal stylist. Os ternos do advogado são Alexander Wang, as gravatas são Stefano Ricci e os sapatos são Ferragamo. No pulso, carrega um Parmigiani Bugatti, cujo preço ele revela antes que alguém pergunte: 230 mil dólares – nada muito além do custo de uma festa de arromba.

A advocacia tradicional torce o nariz para Nelson Wilians e diz que sua ascensão se deve à adoção de práticas desleais – como a de reduzir seu preço para roubar clientes, uma abordagem repudiada pelas bancas de advogados. Ele se defende. “Nunca confundir Nelson com advogado de massa, que não é a minha praia. É uma expressão chula que o mercado usa. 
Somos full service. O que é o full service? É a famosa frase: Dá-me o contrato que te dou a execução.” Traduzindo: se não tem equipe especializada no assunto de interesse do cliente, Wilians vai ao mercado, contrata os especialistas e ganha o negócio. Quando Doria contou que concorreria à Prefeitura de São Paulo em 2016, Wilians disse que faria a assessoria jurídica da campanha. Não tinha nenhum advogado eleitoral no escritório. Contratou Anderson Pomini, que assumiu a tarefa e, com a vitória de Doria, acabou sendo indicado para ser secretário de Negócios Jurídicos da prefeitura.

Assim que concluiu a explicação sobre seu método de trabalho para a piauí, Wilians fez uma concessão aos críticos e admitiu que sua atuação não é exatamente ortodoxa. “Eu falo que a minha especialidade é contratos. As pessoas perguntam se eu os redijo. Não, eu fecho contratos”, diz, dando uma de suas gargalhadas barulhentas. “Eu uso muito essa expressão: Se há uma virtude do Nelson é o faro para o negócio. Sou um advogado empreendedor, não um empreendedor advogado”, garante, preparando o terreno para soltar a frase triunfal:

– Minha especialidade é ser o líder do maior escritório do Brasil.

O líder do maior escritório também já causou dor de cabeça para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Em agosto de 2021, a entidade foi acionada por advogados indignados com o uso despudorado de publicidade por parte do escritório de Wilians. A ira foi provocada por anúncios de página inteira na capa dos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo, nos quais aparecia a imagem de Wilians e a logomarca do escritório. Também publicou, em página inteira do Estadão, tiras desenhadas pela cartunista Laerte contando a história da advocacia – e, ao lado, um QR Code que levava ao site institucional. “O Código de Ética e Disciplina estabelece que a publicidade profissional do advogado deve, acima de tudo, primar pela discrição e sobriedade, não podendo, de forma alguma, ter caráter mercantilista ou induzir à captação de clientela”, afirmou Carlos Kauffmann, presidente do Tribunal de Ética e Disciplina da oab paulista, ao notificar Wilians. “Não é o que se vislumbra, com o devido respeito, com as imagens divulgadas.”

No ano passado, o escritório de Wilians investiu 3 milhões de reais em marketing. Ao ser informado dessa cifra, um medalhão da área criminal espantou-se e não se segurou: “Caralho”, disse, em voz baixa. Os grandes escritórios de advocacia não gostam de informar quanto gastam com propaganda – dois deles, que figuram entre os maiores do país, consultados pela piauí, não quiseram informar os valores nem mesmo diante do benefício do anonimato –, mas a publicidade que fazem geralmente é de caráter mais institucional e corporativo, adotando a sobriedade que os mandamentos éticos exigem.

Um dos garotos-propaganda de Wilians é o veterano Ives Gandra Martins, 87 anos, que aparece num vídeo institucional exibido nas redes sociais e nas salas de espera do escritório do advogado. No vídeo, Gandra Martins afirma: “Este velho advogado fica muito feliz de ver um jovem como Nelson fazer o que ele está fazendo pela advocacia no Brasil e pelo Brasil.” Feliz e recompensado. Martins já ganhou algumas centenas de milhares de reais – ele não revela o valor – fazendo pareceres jurídicos encomendados por Wilians. Em conversa com a piauí em seu escritório nos Jardins, ele reforçou sua admiração pelo advogado. Aliado de Bolsonaro, Martins acha que as grandes ameaças à democracia brasileira vêm do Supremo Tribunal Federal, e não do presidente. Martins pode ter perdido o foco da realidade, mas manteve o humor afiado. Quando a piauí pediu para gravar a entrevista, ele assentiu, sorriu e afirmou: “O máximo que você pode me causar é um pedido de prisão do Alexandre de Moraes.”

O marketing do escritório de Wilians tem uma estratégia diversificada. Ele costuma recorrer aos serviços do Estúdio Folha, uma divisão do jornal Folha de S.Paulo que produz e publica conteúdo patrocinado, devidamente identificado para que o leitor não confunda com matéria jornalística. O conteúdo patrocinado por Wilians é composto por artigos de opinião, quase sempre acompanhados de fotos do advogado. O escritório também patrocina eventos, como o Fórum Empresarial Lide de 2019, realizado em Campos do Jordão, com a presença do ministro Paulo Guedes, e gasta com engajamento em rede social, sobretudo no Instagram. Em 2018, como patrocinador da revista Forbes, da qual é advogado e colunista, ajudou a bancar a festa oferecida pela publicação em Nova York. Sua contribuição? “Um valorzinho puxado, quase 1 milhão de reais”, disse. A festa fez uma homenagem ao ex-juiz Sergio Moro, que recebera o título de “Homem do Ano”, concedido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.

Naquele tempo, acercar-se de Moro era sinônimo de prestígio – e dinheiro. Tanto que Wilians promoveu algumas homenagens para o casal Moro e associou-se em Curitiba com uma advogada, Sandra Comodaro, que era “amicíssima” de Rosângela, a mulher do ex-juiz. Numa ocasião, ele dividiu uma mesa de jantar com Moro. Ele conta: “Eu sou muito informal. Veja bem, a pessoa que está na minha frente não é o doutor Moro, é o Sergio. Então, a minha conversa começou com uma zoação do time dele, que tinha perdido para o Corinthians. Meu sócio era corintiano, arrancou o couro dele, começou o bate-boca, ele falando que ia dar voz de prisão para o cara. Eu falei ‘prende nada’, aquela brincadeira, aquele clima descontraído.”

Estar perto do poder é parte do business. No Amapá, Wilians foi levado por seu sócio local até a casa do senador Davi Alcolumbre (União-AP), quando ele ainda presidia o Senado. “Qualquer um desses advogados de São Paulo e Rio iriam a Brasília. Já eu era recebido pelo Davizinho, seu apelido de infância, de bermuda e camiseta, em Macapá”, gabou-se. Em outra ocasião, em São Luís, seu sócio no estado ofereceu-se para apresentá-lo ao ex-presidente José Sarney. “Ele mostrou para mim uma menina ali, uma advogada trabalhando na nossa filial, que era afilhada do Sarney. Ela passou a mão no telefone e lá estava eu dentro da casa do Sarney, tomando um café. Um príncipe. Cheio de obras de arte sacra, casa chique, uma simpatia! Depois o encontrei várias vezes, a coisa sempre fluía. Existe algo mais íntimo do que receber alguém em casa?”

O fundamental é que intimidade abre portas. Wilians dá um exemplo, evitando os nomes para não violar o sigilo na comunicação com seus clientes. Há alguns anos, uma empresa foi punida por um órgão de controle com multa e proibição de fazer contratos com o poder público por dois anos. O cliente aceitava pagar a multa, mas queria continuar prestando serviços para o setor público. “Ligo para um senador. Ele estava em Londres. Atendeu ofegante, perguntei: ‘O que aconteceu? Tá transando?’ Ele deu risada. Falou, ‘não, tô na esteira, bufando’. Expliquei o caso. Em meia hora, o senador me retornou. Seguinte: ‘O governador não pode te receber amanhã, pode te receber na segunda-feira.’ Peguei o avião e às nove da manhã da segunda-feira o governador me recebeu. Um típico coronel. Gosto muito porque é gente destravada, que resolve. O pessoal do Sul é muito metido, muita firula para pouca autoridade.” Resultado: o cliente pagou a multa e reverteu a proibição de assinar contratos públicos. “Não me tenha por soberbo”, diz. “A soberba é a visão equivocada de si próprio e da realidade.”

Wilians dá a receita: “Todas as vezes que visito um estado, sou recebido pelo governador, o prefeito, o presidente da Câmara, o presidente da Assembleia e o presidente do Tribunal de Justiça. Ter um bom relacionamento, se não ajuda, não atrapalha.” Mas às vezes parece que ajuda e muito. Ele se considera amigo do ex-presidente Michel Temer, a quem chama de “professor” porque foi seu aluno em um curso em Bauru, no interior paulista, décadas atrás. Temer frequenta as recepções em sua mansão no Jardim Europa. Em 2016, por pouco não conseguiu um contrato de 23 milhões de reais com a Codesp, a administradora do Porto de Santos hoje chamada Santos Port Authority, que estava sob influência do MDB de Temer desde os anos 1990. “Ele me trata com uma reverência até exagerada”, disse Temer à piauí, numa conversa em seu escritório no Itaim Bibi, em São Paulo. “Ele elogia meus livros de poemas. Ele é fã. Exatamente isso. Nos meus aniversários, manda telegrama.” Telegrama em pleno século XXI? Temer ri e se corrige: “É que eu ainda mando cartas.”

Numa coisa, de fato, o ex-presidente tem razão: Wilians é fã de seus poemas. Gosta muito de Assintonia, cujos versos dizem assim:

Falta-me tristeza.

Instrumento mobilizador

Dos meus escritos.

Não há tragédia

À vista.

Nem lembranças

De tragédias passadas.

Nem dores no presente.

Lamentavelmente

Tudo anda bem.

Por isso

Andam mal

Os meus escritos.


Wilians ama citações. Em dezembro passado, durante uma conversa de duas horas em seu escritório, com vista para a Ponte Estaiada na Marginal Pinheiros, fez duas dezenas de citações – Montesquieu, Maquiavel, José de Alencar, Tom Jobim –, e citou até a própria mãe, Benedita Antonia. Ou assim pareceu: no final da conversa, ele admitiu, às gargalhadas, que inventou a frase de sua mãe: “Não importa onde um homem nasce nem como ele vive, importa como ele termina a vida.” Ela nunca disse isso, mas atribuir à mãe, segundo Wilians, dá mais efeito. Seu bordão favorito é aquele: “Dá-me o contrato que te dou a execução.” Diz que se inspirou em Arquimedes. “Ele não falou ‘me dê uma alavanca e eu movo o mundo’? Então, eu adapto.”

Adapta-se a tudo. Wilians fez campanha com fervor pelo impeachment de Dilma Rousseff, emprestando seu jatinho para quem estivesse empenhado em algum ato contra a petista. Deu carona para Alexandre Frota, que ainda não era deputado e queria ir a Brasília para fazer um protesto contra Dilma na Esplanada dos Ministérios. Debaixo do braço, Frota carregava um pedido de impeachment elaborado pelo escritório de Wilians. Ele diz que a peça foi obra de sua sócia, Maristela Basso. Hoje, sem o “professor” Temer no horizonte, adaptou-se novamente: confessa que o impeachment foi um erro. Basta ver “o estrago” que causou ao país. Diz ele: “Quando se ataca a Presidência, desmorona o sistema num efeito dominó.”

Sua conclusão não tem nada a ver com as pesquisas, que mostram Lula na liderança da corrida presidencial, mas Wilians gosta de lembrar que já teve contato com o petista. Foi em 2002, em Bauru, onde tinha um modesto escritório, no início da carreira. Um vereador petista pediu que Wilians patrocinasse a visita de Lula à cidade, pouco antes do começo da campanha presidencial daquele ano. Wilians aceitou. “Eu tinha um cartão de visitas preto, tinha um brasão do escritório. Entrego pro Lula. Ele comentou: ‘Cartão bonito, hein, doutor? No dia em que eu for presidente da República, vou ter um igual a esse.’” Depois da vitória, Wilians mandou entregar um cartão com o mesmo acabamento no Palácio do Planalto. Mas só recebeu um agradecimento protocolar meses depois.

Wilians diz que se empenhou para aprender os códigos da política, sobretudo depois de ter sido chamado de “politicamente ingênuo” pelo ex-deputado federal Indio da Costa, candidato a vice-presidente na chapa do tucano José Serra em 2010. Na época, Wilians escolheu como seu orientador um político do Paraná, seu estado natal. Era Ricardo Barros, deputado pelo PP e líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara. “Em terra, ele não larga o telefone, mas durante um voo o sinal não pega”, diz Wilians, que então pediu conselhos para Barros durante as caronas que oferecia em seu jatinho. Barros é um político de poucas palavras, poucos amigos e muitas suspeitas. É réu em um processo por recebimento de propina e suspeito de envolvimento no escândalo da Covaxin, a vacina da Índia que o governo queria trazer para o Brasil.

Nascido em uma família pobre de Cianorte, no interior do Paraná, Nelson Wilians Fratoni Rodrigues não pode nem ouvir falar de roça. No dia em que conversou com a Piauí, ele almoçara em Brasília com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, do MDB. Contou que o papo foi bom, mas azedou quando Rocha começou a lhe contar sobre seu gosto pelo campo. Wilians mudou de humor. Detesta o assunto. “A minha origem é muito ruim. Meus pais são muito ignorantes. Eles falam um dialeto, têm o segundo ano primário. Quando xinga alguém, meu pai não fala ‘desgraçado’, ele diz ‘desgracido’”, conta. “Vivi uma vida desgraçada de restrições de todos os tipos, ganhava salário de auxiliar de escritório, trabalhava de dia, fazia bico de tudo que aparecia e ainda estudava à noite.”

Para ascender, Wilians agiu com agressividade. Primeiro, encurtou o nome para “Nelson Wilians” para não ser confundido com o escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues. Em 1990, deixou a roça e, dois anos depois, mudou-se para Bauru. Empregou-se no departamento de recursos humanos da Santa Casa de Misericórdia de Jaú, nos arredores de Bauru, e, à noite e nos fins de semana, dava duro num posto de gasolina. Conseguiu formar-se em direito pela Instituição Toledo de Ensino. Em 1999, montou um escritório com um sócio, com o qual rompeu cinco anos depois. Conta que, no fim da sociedade, não pôde nem pegar as fotos que tirara com o então futuro presidente Lula. Começou, “com a roupa do corpo”, como ele diz, uma carreira solo. Seu ex-sócio, Adirson de Oliveira, conta que não foi bem assim. “Não é verdade. Eu jamais o impediria de entrar”, rebate Oliveira. “Algumas coisas aconteceram que não eram necessárias, uma coisa pessoal, já passou. Não guardo rancor. Se ele realmente quiser a foto com o Lula, eu tenho aqui. Posso enviar,”, encerrou, aos risos.

Em menos de um ano, Wilians, com escritório instalado na capital paulista, abriu “filiais” no Paraná, no Rio de Janeiro e no Ceará – as tais filiais consistiam em um advogado local e uma salinha num espaço de trabalho compartilhado. O pulo do gato viria em 2006. Um dia, sentado em sua mesa de trabalho em São Paulo, folheava uma revista corporativa dirigida a agentes da Polícia Federal, quando viu uma notícia jurídica: numa ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), policiais federais tinham conseguido isenção no pagamento do INSS sobre os primeiros quinze dias de afastamento por doença ou acidente de trabalho. O STJ entendeu que os policiais não estavam à disposição do serviço e, portanto, não deveriam arcar com o ônus do pagamento ao INSS.

Wilians conta que teve uma ideia: “Um empregado de férias está à disposição do empregador? Não. A empresa não paga 20% de INSS sobre as férias? Paga. E a empregada afastada por licença-maternidade, a empresa paga? Paga. E auxílio-doença e auxílio-acidente? Também. Chamei um advogado nosso e falei: ‘Faça uma tese.’ Passou três dias, ele me entrega um mandado de segurança. Impecável. Agora precisamos de clientes.” Queria clientes interessados na tese de que o empregador devia estar isento de pagar o INSS de um empregado que não estivesse à sua disposição – em férias ou em licença. Acionou sócios para cutucar os departamentos jurídicos do Grupo Abril, do Pão de Açúcar e da TAM (hoje Latam), que, segundo Wilians, concordaram em entrar na Justiça. Alguns processos foram frutíferos, outros não. No fim, o STJ derrubou a tese, mas até que isso acontecesse o escritório de Wilians recebeu alguns milhões de reais em honorários advocatícios.

Em 2008, o Banco do Brasil abriu concorrência para a maior terceirização de serviço jurídico do país, da qual só poderiam participar escritórios que atuassem em todas as áreas e tivessem representação em todas as capitais do país. Sem a capilaridade e o tamanho exigidos pelo edital, o escritório de Wilians não tinha como participar da concorrência. Mas aquilo lhe valeu como “um verdadeiro manual de como deveria ser a Nelson Wilians”. Era uma bússola. “Naquela época, eu estava, confesso a você, meio desorientado, não tinha uma visão de futuro.” Com o edital em mente, concluiu que não existia “o maior escritório de advocacia do Brasil”, pelo menos não nesses termos. E resolveu que o título seria dele.

Começou abrindo filiais, contratando advogados e ampliando o leque de atuação. Seis anos depois, em 2014, quando o Banco do Brasil abriu nova concorrência, a Nelson Wilians Advogados estava habilitada para disputar. A licitação valia 1 bilhão de reais. O vencedor teria de cuidar de 230 mil ações em diversas áreas, com potencial de passar de 1 milhão. Wilians ficou em primeiro lugar – e virou alvo. Concorrentes acusaram seu escritório de contratar advogados-fantasmas só para atingir o número mínimo exigido pelo edital, enquanto os advogados de verdade ganhavam salários inferiores ao mínimo. O caso chegou à polícia e ao Tribunal de Contas da União, mas no fim, dois anos depois, Wilians venceu em quase todos os pontos e levou a licitação.

Quase que numa tacada só, seu escritório ficou gigante – mas o prestígio nunca chegou na mesma proporção. O criminalista Alberto Zacharias Toron, um dos mais renomados advogados do país, é considerado por Wilians um amigo, porque fazem parte de uma mesma confraria, que se reúne com alguma periodicidade na mansão do Jardim Europa com o cardápio conhecido – vinhos caros, charutos e mesa farta. Para Toron, a confraria, à qual ele mesmo só compareceu uma única vez, na verdade não passa de um grupo de WhatsApp. “Eu o conheci anos atrás quando era um advogado do interior e o reencontrei mais recentemente como um grande advogado, o que muito me surpreendeu”, diz Toron.

Na tarde de abril em que a Piauí estava no casarão do Jardim Europa, o filho mais velho de Wilians, Ben, de 3 anos, disputava a atenção do pai com a reportagem. Vestido de calça social e camisa, o menino se aproximava, pegava biscoitos que acompanhavam o café dos adultos e saía correndo. Dali a alguns minutos, repetia a ousadia, sempre passando pelo pai para oferecer um pedaço – que Wilians recusava sem tirar os olhos da interlocutora. Comeu todos os biscoitos até que Anne, a mãe, com a filha caçula no colo, Athina, apareceu na sala. “O danado falou que comeu tudo que era doce que tinha aqui e que não vai jantar”, disse. Wilians se constrangeu. Falando baixinho, avisou que estava sendo gravado. Anne pôs a mão na boca, pediu desculpas e saiu.

Wilians tem três filhas do primeiro casamento, com as quais praticamente não tem mais contato. No ano passado, teve que pagar à ex-mulher, segundo ele, cerca de 1,6 milhão de reais em pensões que estavam em atraso. Em 2014, ele conheceu Anne, que trabalhava na área institucional de seu escritório. Estão juntos desde então. O casal tem três filhos: além de Ben e Athina, são pais de Adam, o filho do meio. Como diz Wilians, é tudo dele – a mulher, os filhos, o café, os biscoitos –, mas o casarão, pelo menos até agora, ainda não.

Ele negociou a propriedade com o ex-senador Gilberto Miranda, do Amazonas, de “porteira fechada”, ou seja, com móveis, obras de arte, artigos de decoração, tudo. (Wilians conta que depois devolveu quase tudo, a pedido de Anne.) A transação, porém, é tão tortuosa que a escritura da casa, em vez de estar em seu nome, ainda consta como propriedade de uma empresa do ex-senador Miranda. Wilians se nega a explicar os meandros da negociação e encerra o assunto com uma afirmação: “Esta casa, em algum momento, será minha.” E completa: “Estou comprando toda a vizinhança.” Em Angra dos Reis (RJ), gostou de uma casa numa ilha, deu um sinal e testou a residência durante alguns meses. Se não gostasse, descontaria do sinal como se fosse um aluguel. Se gostasse, pagaria o restante, como diz ter feito. Mantém três barcos na casa da ilha. No caso do casarão em São Paulo, ele conta que fez diferente – mas não explica como. E o que inspirou Wilians para ter um escritório gigante, uma casa gigante?

– Quero sentar na janelinha para ver o circo. Quero estar no fervo.
Thais Bilenky

Você conhece alguém com iguais hábitos?

Não era senão um hábito de mau gosto, índice de uma educação inferior, duma falsa noção das conveniências. 

DOSTOIEVSKI - Os irmãos Karamazov

terça-feira, 23 de agosto de 2022

GUERRA ÀS DROGAS É ÁLIBI PARA MOER GENTE PRETA


























ESeC), no Rio de Janeiro

MENTIROSO COMPULSIVO E DESCARADO


Sindicato emitiu nota de esclarecimento sobre autoria do sistema e anunciou ato virtual nesta terça em protesto sobre lentidão do governo


23/08/2022 9:05,atualizado 23/08/2022 9:27

Daniel Ferreira/Metrópoles


Os servidores do Banco Central (BC) divulgaram nota de repúdio, nesta terça-feira (23/8), sobre o “uso eleitoral do Pix por certos grupos políticos”. Em comunicado, o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) reforçou que o sistema foi criado e implementado por servidores de Estado, e “não pelo atual governante ou por qualquer outro governo”.

A nota foi divulgada após o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmar, durante sabatina no Jornal Nacional de segunda-feira (22/8), que “criou o Pix tirando dinheiro de banqueiros”.

Ao contestar a informação, a entidade sindical afirmou que o atual governo criou “muitos obstáculos, tanto contra a implementação do Pix pelo BC quanto contra outros projetos da autarquia”.

“Primeiramente, é importante ressaltar que o início do projeto do Pix é bem anterior ao mandato do atual presidente da República. A portaria do Banco Central n. 97.909, que instituiu o grupo de trabalho para desenvolver uma ferramenta interbancária de pagamento instantâneo, foi publicada em 3 de maio de 2018, muito antes da eleição do atual governo”, declarou a entidade sindical.

JUSTIÇA CLIMÁTICA - Saúl contra RWE: un campesino peruano se enfrenta a una multinacional alemana por el cambio climático



La casa y los cultivos de Saúl Luciano Lliuya están en riesgo por el deshielo de los glaciares. Él quiere que una de las compañías más contaminantes se haga responsable, pese a que no opera en Perú. El caso puede convertirse en un emblema de justicia climática





Saúl Luciano Lliuya durante la Conferencia de Cambio Climático de la ONU en Alemania, en el año 2017.ANTHONY KWAN (GETTY IMAGES)

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¿Quién debe pagar el costo del cambio climático? Esa es la pregunta que Saúl Luciano Lliuya, un campesino y guía de alta montaña de Huaraz, en los Andes peruanos, ha llevado ante la justicia alemana. Tras ver cómo el veloz deshielo de los glaciares de la Cordillera Blanca amenaza su vida y la de su comunidad, que teme que acabe inundada por un alud que desborde el Lago Palcacocha, el agricultor demandó en 2015 a la compañía eléctrica alemana RWE —una de las más contaminantes del mundo— por 17.000 euros para que pague una parte de lo que le costaría al Gobierno de su localidad construir un dique para protegerse de la temida avalancha. La demanda, que fue admitida por el Tribunal Regional Superior de Hamm en 2017 y que ahora se encuentra en fase de pruebas, tiene el potencial de generar un precedente fundamental en asuntos de justicia climática, especialmente porque la empresa energética no opera en Perú.

“Los grandes causantes del cambio climático deben asumir su responsabilidad”, exige Lliuya en entrevista telefónica con EL PAÍS. “RWE es la empresa más contaminante de Europa. Y lo que decimos es que, no importa donde esté, si va emanar gases que contribuyen al calentamiento global, esto va a ir afectando a nivel global y son responsables de lo que está sucediendo acá en los Andes, que las temperaturas son más altas cada vez y los glaciares se están derritiendo”, apunta el campesino de 41 años.

Lliuya nació y ha vivido siempre en Huaraz, una ciudad de 150.000 habitantes situada a más de 3.000 metros de altura a las faldas de la Cordillera Blanca. Como varias generaciones de su familia, él se dedica a la agricultura, principalmente a la siembra de maíz, papa y trigo, y completa sus ingresos como guía acompañando a los turistas que suben a la montaña. Estas dos facetas le han servido para ver de primera mano cómo el blanco de los nevados está dando paso al gris de la roca de la cordillera por el deshielo de los glaciares, un fenómeno que está haciendo crecer los lagos en esta zona de Los Andes.

Según los datos que maneja su defensa, apoyada por la ONG alemana Germanwatch, el Lago Palcacocha, que está sobre Huaraz, ha aumentado 34 veces su volumen desde 1970. El mayor riesgo para su comunidad es que se produzca un alud como el de 1941, cuando un terremoto provocó la caída de un glaciar en esa laguna, generando una especie de tsunami de piedras, hielo y barro que devastó la ciudad y dejó 1.800 muertos.

Lo que Lliuya teme es que un evento similar acabe con su casa, sus cultivos y los de sus vecinos. Además, el deshielo de los glaciares también está afectando a la fauna y la flora de la zona y los agricultores como él advierten que pueden quedarse sin agua para el consumo y para sus cultivos. “Si no hay glaciares, ya no va a haber agua para la agricultura, para la ciudad, para tomar...”, apunta el demandante. Esta idea no es tan descabellada. Según datos del Proyecto Glaciares, un 87% de las masas de hielo de la Cordillera Blanca ya tienen una superficie menor a un kilómetro cuadrado. Y las proyecciones del Inventario Nacional de Glaciares 2018 de Perú apuntan a que en menos de cien años —para 2111— todos los nevados de la cordillera Blanca podrían haber desaparecido.
Un largo proceso en busca de justicia climática

En mayo de este año, más de seis años y medio después de que Lliuya presentara la demanda, un grupo de jueces, abogados y peritos alemanes viajó a Huaraz para conocer su casa, tomar muestras del lago y sobrevolar con un dron los glaciares. Tras la visita, que se retrasó dos años debido a la pandemia de coronavirus, los expertos deberán elaborar un informe para determinar si realmente existe un riesgo de alud que ponga en peligro la forma de vida del demandante. Si es así y el tribunal decide seguir adelante con el caso, deberán definir si esa posibilidad puede atribuirse al cambio climático y a la empresa demandada, un proceso que podría durar años.
Saúl Luciano Lliuya en el lago Palcacocha, en Perú.THE CLIMATE CASE

“Espero que los jueces y también los representantes de RWE se hayan dado cuenta con su visita del riesgo cada vez mayor al que nos exponemos aquí. La cuestión para nosotros no es si un maremoto es inminente, sino cuándo y con qué intensidad nos golpeará. Espero con ansias escuchar la evaluación de los peritos”, dijo el campesino tras la visita de los jueces a Huaraz. Cuando presentaron la demanda, sus abogados la apoyaron con datos de un estudio científico de 2013 que demostraba que la eléctrica alemana es responsable del 0,5% de las emisiones globales “desde el comienzo de la industrialización”, una contaminación por la que ahora le piden rendir cuentas.

Pero para RWE, la demanda no tiene base legal conforme a la ley alemana. Portavoces de la compañía han insistido desde el inicio del proceso en que no se puede atribuir judicialmente a una empresa concreta las consecuencias locales específicas del cambio climático. Se trata, dicen, de un fenómeno “demasiado complejo” y que “depende de muchos factores como para encontrar una causa-efecto con una sola empresa”, como apuntó un portavoz de la compañía eléctrica Guido Steffen en 2017 cuando Lliuya declaró ante el tribunal de Hamm. “Todos contribuimos a las emisiones y eso supondría que todos podríamos acusar a todos. A una aerolínea, a una empresa de transportes...”, afirmó entonces.

Según el registro de la organización ecologista Client Earth, en 2017 la compañía alemana produjo 106 millones de toneladas de emisiones de CO2 por sus operaciones de extracción de carbón, lo que la convirtió en la empresa más contaminante de Europa. Si bien la multinacional ha hecho un esfuerzo en los últimos años por diversificar sus fuentes de suministro, ampliando sus operaciones de energía solar y eólica, en 2020 casi el 80% de la electricidad generada por RWE provenía de fuentes no renovables, apunta la ONG.

Para Lliuya y su defensa, un fallo positivo en una corte en este punto del proceso ya mandaría una señal muy positiva y se convertiría en un emblema en asuntos de justicia climática. “El caso es ya un precedente de relevancia mundial: quien perjudica a otros mediante la emisión de grandes cantidades de gases de efecto invernadero es responsable de los daños, dado el impacto global del CO2 emitido aquí, también bajo el concepto de vecindad global. Si ahora se pueden presentar también las pruebas científicas de este caso, esto tendrá consecuencias considerables para la justicia, la política y el mercado financiero en todo el mundo”, ha declarado Christoph Bals, director político de Germanwatch.

Para la organización, la demanda va mucho más allá de Lliuya y da voz a quienes se ven fuertemente afectados por el cambio climático pese a estar entre los que menos contribuyen a él. En los últimos años, y amparados en el Acuerdo del Clima de París que insta a mantener el calentamiento global por debajo de los dos grados —y en la medida de lo posible por debajo de los 1,5— , algunas decisiones judiciales en Europa han dado esperanza a las organizaciones ambientalistas. En mayo del año pasado, la justicia holandesa sentó un precedente mundial al ordenar a la multinacional petrolera Shell contener la contaminación generada por sus actividades. Meses más tarde, en octubre, un tribunal administrativo de París ordenó al Estado francés “reparar los perjuicios ecológicos” por sus compromisos incumplidos en la emisión de gases de efecto invernadero y le dio de plazo hasta el 31 de diciembre de este año para corregirlo.

El equipo de Germanwatch y Saúl Luciano Lliuya esperan que este caso genere un nuevo precedente que ayude a frenar los efectos del cambio climático. “Muchos de los daños en los glaciares son irreversibles, ya ocurrieron y ya no se puede remediar por más que paguen”, reconoce el campesino. “Pero si no hay solución, si no logramos reducir las temperaturas, yo me imagino un futuro con problemas para nuestros hijos: falta de agua, problemas con la agricultura, de alimentos... Pero, si es que logramos reducir las temperaturas, me imagino una vida normal, sin problemas, con suficiente agua para abastecer, para tomar y para usar en la agricultura”.

Fonte: EL PAIS

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Líder da Bancada da Bala na Câmara triplicou patrimônio durante governo Bolsonaro


Em 2018, Capitão Augusto havia declarado ao TSE que possuía cerca de R$ 600 mil em bens (cerca de R$ 1 mi nos dias de hoje); atualmente, o patrimônio informado foi de R$2.815.000

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22 de agosto de 2022, 16:22 h Atualizado em 22 de agosto de 2022, 17:07
(Foto: Zeca Ribeiro - Câmara)

247 - O líder da Bancada da Bala na Câmara, Capitão Augusto (PL), declarou, para estas eleições, um aumento de quase três vezes em seu patrimônio em relação ao informado em 2018, segundo o jornal O Globo.

Nas últimas eleições, o candidato havia declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que possuía cerca de R$ 600 mil em bens (valor que, nos dias de hoje, representaria cerca de R$ 1 milhão). Atualmente, o deputado bolsonarista informou que possui patrimônio de R$2.815.000, o que representa um aumento de quase 200%, levando em conta a inflação do período - que coincide com o mandato de Jair Bolsonaro, seu correligionário.

Entre seus bens, Augusto passou de ter apenas um carro, avaliado em R$ 60 mil, para quatro veículos que custam, ao todo, dez vezes mais. Também passou de dois apartamentos (R$100 mil e R$150 mil) para três (R$160 mil, R$180 mil e R$250 mil), além de ter acrescido duas embarcações avaliadas em R$200.000 e R$30.000.

Em relação aos imóveis, ele possuía duas casas avaliadas em R$ 56 mil e R$200 mil, e agora tem duas avaliadas em R$200 mil e R$700 mil. Seu único terreno em 2018 era avaliado em R$ 20 mil; hoje, segue com apenas um terreno, mas este está avaliado em R$400 mil.