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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

MAIS UM BANDIDO BOLSONARISTA QUE VIROU "PASTÔ" - Assassino de Chico Mendes assume presidência do PL em cidade do Pará


Darci Alves Pereira se mudou para Medicilândia após cumprir parte da pena pelo assassinato e se apresenta como “Pastor Daniel” na cidade.

Darci Alves Pereira em cerimônia de posse da nova diretoria do PL em Medicilândia.Créditos: Reprodução/Instagram
Escrito en POLÍTICA el 27/2/2024 · 18:41 hs

Darci Alves Pereira, condenado em 1990 pelo assassinato do ambientalista Chico Mendes, assumiu a presidência do Partido Liberal (PL) em Medicilândia, cidade do Pará. A informação foi obtida pelo site ((o)) eco e divulgada nesta terça-feira (27).

Réu confesso pelo crime, Darci Alves entrou para a nova diretoria do PL em novembro de 2023, mas tomou posse no final de janeiro deste ano. Ele se estabeleceu em Medicilândia após cumprir a pena de 19 anos. A fama na cidade, porém, não é de assassino de Chico Mendes.

Utilizando o nome de “Daniel”, Darci é conhecido como “herói” pelos moradores de Medicilândia. De acordo com uma testemunha ouvida pela ((o)) eco, Darci/Daniel é “uma pessoa que todo mundo conhece e respeita muito […] Ele é conhecido por ser um líder na comunidade, por doar dinheiro pra igreja, doar dinheiro para os mais necessitados, é um bom pai, é um bom esposo. É isso o que a comunidade fala”.

Atualmente, ele faz parte da igreja evangélica Assembleia de Deus da Última Hora e se apresenta como “Pastor Daniel”.

A filha mais velha de Chico Mendes, Angela Mendes, afirmou ao ((o) eco que já sabia da pretensão política de Darci e não foi surpreendida. “Ter uma pessoa na presidência de um partido como o PL, de extrema direita e que tanto mal causou ao País, cuja família sempre viveu através de ilícitos, para mim é a representação da maioria do Congresso que a gente tem hoje”, declarou.
Chico Mendes

Maior ativista ambiental brasileiro, Chico Mendes foi um líder seringueiro e sindicalista que uniu o socialismo com a ecologia. Ficou reconhecido internacionalmente, tendo recebido o Prêmio Global 500 da Organização das Nações Unidas (ONU) e a Medalha da Sociedade para um Mundo Melhor, em 1987; e o título de Cidadão Honorário do Rio de Janeiro em 1988.

Em 2023, seu assassinato completou 35 anos, mas seu legado pela preservação da Floresta Amazônica continua ecoando até os dias atuais.

*Com informações de ((o)) eco

JORGINHO MELLO, o nepotista

Primeiro tentou fazer do filho Secretário. O ato de nepotismo foi combatido e gorou. Agora, na sua sanha de dar emprego a parentes, o governador de SC está empossando o sogro do filho rejeitado, JOÃO CARLOS GHIZI  como executivo na Casa Civil.  

Jorginho, que é conhecido por supostas manobras escusas quando esteve no BESC, não está enganando ninguém. Apenas mantendo-se fiel à tradição. Votaram nele os que têm o mesmo pensamento permissivo e tendente à imoralidade.

Veremos se acontecerão novos questionamentos na Justiça, sobre a legalidade do ato. Podem até não acontecer, mas no plano da moralidade, sem dúvida a atitude do governador é questionável.

Jorginho já havia dado sinais, durante seu mandato, de ser adepto de safadezas, quando, por exemplo, deu um cargo para a filha de Michele Bolsonaro. Estará a moça  fazendo algo de útil para o Estado, no afã de  merecer o cargo que lhe deu o nosso governador?

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

50.000 suicídios em 1 ano - Por que taxa de suicídios disparou nos EUA para maior nível em 83 anos


Legenda da foto,
Placas na ponte Golden Gate, em São Francisco, indicam telefone de emergência e avisam que 'as consequências de pular desta ponte são fatais e trágicas'
Article informationAuthor,Alessandra Corrêa
Role, De Washington para a BBC News Brasil

O número de suicídios nos Estados Unidos tem crescido de forma constante desde a virada do século e está agora no nível mais alto já registrado.

Segundo o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças, agência de pesquisa em Saúde Pública ligada ao Departamento de Saúde americano), foram confirmados 49.449 suicídios em 2022, ano mais recente com dados disponíveis.

É o maior número já documentado no país e quase 3% acima dos 48.183 casos de 2021. No mesmo período, a taxa de suicídio passou de 14,1 para 14,3 mortes por 100 mil habitantes, a mais alta desde 1941.

Os números ainda são preliminares e o CDC alerta que podem aumentar, já que muitas mortes em investigação levam meses até serem confirmadas como suicídio.

A taxa de suicídio no país vem subindo desde o início dos anos 2000. Em 2019 e 2020 teve leve queda, mas voltou a crescer em 2021 e 2022.

Especialistas ressaltam que as causas do aumento são complexas, com uma combinação de vários fatores, que podem ter peso maior ou menor dependendo do grupo demográfico analisado. Entre esses fatores estão problemas de saúde mental, depressão, solidão e dificuldades econômicas.

A epidemia de mortes por overdose de drogas, especialmente fentanil, que vem se agravando nos Estados Unidos, com mais de 100 mil óbitos por ano, também costuma ser citada. Muitas vezes, nos casos de overdose, é difícil distinguir mortes acidentais de intencionais.

Também é possível que o sistema de classificação de mortes como suicídio seja mais preciso do que no passado, quando muitos casos não eram computados.

“O estigma ainda é um grande problema”, diz à BBC News Brasil o psicólogo Dan Reidenberg, conselheiro da Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e diretor do Conselho Nacional para a Prevenção do Suicídio.


“Mas 20 ou 50 anos atrás, (por causa do estigma) muitas vezes não se falava em suicídio, e nem todas as mortes eram classificadas de forma correta.”

O que torna o problema americano único

Reidenberg ressalta que, globalmente, a taxa de suicídio americana não é das mais altas, e diversos países africanos e do Leste Europeu, entre outros, têm taxas bem maiores.

Mas um aspecto em particular diferencia os Estados Unidos do resto do mundo: armas de fogo, que são facilmente obtidas no país, foram usadas em mais da metade dos casos em 2022.

“É o único país onde armas de fogo são o método mais comum em suicídios”, diz uma análise da organização sem fins lucrativos National Bureau of Economic Research (NBER).

A análise destaca outros pontos da crise americana. Entre 16 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 12 registraram queda nas taxas de suicídio de 2000 a 2020.

“Dos quatro restantes, os Estados Unidos tiveram, de longe, o maior aumento.”

Os autores advertem que o maior uso de armas não explica sozinho o aumento recente nas taxas, mas ressalta que são “especialmente letais em tentativas de suicídio”.

“Somos definitivamente uma exceção quando se trata de o método de suicídio ser armas de fogo”, concorda Reidenberg. “Quanto mais acesso, maior o número de suicídios.”

Segundo o Centro de Soluções para a Violência Armada, ligado à Universidade Johns Hopkins, enquanto os homicídios por arma de fogo nos Estados Unidos caíram levemente em 2022, os suicídios com o método cresceram.

CRÉDITO,REUTERSLegenda da foto,

Rifles a venda na Pensilvânia; acesso a armas é diferencial dos EUA nas ocorrências de suicídio


Das 48.117 mortes por arma de fogo, 26.993 foram suicídios.

“A taxa de suicídios com armas de fogo aumentou quase ininterruptamente desde 2006”, diz o estudo.

“Em 2021, atingiu o nível mais alto desde que o CDC começou a registrar esses dados, em 1968. Em 2022, superou esse recorde.”

Os autores ressaltam que as armas de fogo “foram a principal causa de morte de crianças e adolescentes pelo quinto ano consecutivo”, incluindo tanto homicídios quanto suicídios, com “impacto desproporcional” em jovens negros.

A taxa de suicídio com arma de fogo entre crianças e adolescentes negros de 10 a 19 anos triplicou entre 2003 e 2022. No ano passado, ultrapassou pela primeira vez a taxa entre jovens brancos da mesma faixa etária.

Os números em detalhe

Do total de suicídios em 2022 nos Estados Unidos, 39.255 foram entre homens, número quase quatro vezes maior que as 10.194 mortes entre mulheres. No entanto, houve maior aumento percentual entre mulheres, com crescimento de 4%, enquanto os casos entre homens aumentaram 2%.

A taxa de suicídio entre homens chegou a 23,1 mortes por 100 mil habitantes, bem acima das 5,9 entre mulheres. Também nesse caso, porém, o aumento percentual foi maior entre mulheres, de 4% em relação ao ano anterior, acima do crescimento de 1% entre homens.

“Há um aumento preocupante na taxa de suicídio entre mulheres”, diz Reidenberg. “Historicamente, as mulheres tendiam a não usar métodos tão letais quanto os homens.”

Pessoas mais velhas são especialmente afetadas, com 21,3 mortes por 100 mil habitantes com mais de 75 anos. Entre homens dessa faixa etária, a taxa de suicídio chega a 43,7.

“Essa faixa etária tem historicamente a maior taxa de suicídio”, afirma Reidenberg.

“Muitos têm problemas de saúde, não têm mais condições de trabalhar, enfrentam dificuldades financeiras, sofrem com solidão.”

CRÉDITO,GETTY IMAGESLegenda da foto,

Incidência do suicídio entre homens com mais de 75 anos é particularmente alta

O CDC diz ainda que as taxas de suicídio entre homens de 45 a 64 anos e mulheres de 25 a 34 anos tiveram “aumento expressivo” em 2022.

Apesar de leve queda em relação ao ano anterior, a taxa de suicídio entre indígenas foi a mais alta entre as categorias raciais analisadas, com 26,7 mortes por 100 mil pessoas. Entre homens indígenas, chegou a 39,2 por 100 mil.

Em 2021, ainda em meio à pandemia, uma das grandes preocupações era com a saúde mental de crianças e adolescentes. O tema chegou a ser destacado pelo cirurgião-geral do país, Vivek Murthy, principal porta-voz do governo federal para assuntos de saúde pública.

No entanto, após um período de aumento, os dados preliminares de 2022 mostram queda de 18% na taxa de suicídio na faixa de 10 a 14 anos, com duas mortes por 100 mil crianças. Na faixa de 15 a 24 anos foram registradas 14 mortes por 100 mil pessoas, redução de 9% em relação ao ano anterior.

Reidenberg e outros especialistas ressaltam que, apesar de as mudanças serem uma boa notícia, dados de apenas um ano não são suficientes para saber se essa tendência de queda irá se manter.

Mas o psicólogo lembra que, nos últimos anos, houve um grande foco na prevenção de suicídio entre jovens.

“Estamos vendo impactos positivos (desse investimento)”, afirma.

NETANIAHU E JUDEOFOBIA

No afã de conquistar simpatias junto à comunidade judaica mundial, contrapondo o desgaste da própria imagem, ante acusações de corrupção, o mandatário de Israel, vulgo Bibi, está a promover a intensificação (histórica) da eliminação do povo palestino.

Contrapondo os interesses sionistas aos dos povos vizinhos, o corrupto mencionado mitiga a rejeição contra ele. Em vez dos judeus descontentes com a improbidade do seu governante pedirem a cabeça do mesmo, redirecionaram o foco da sua ira contra os palestinos (velha prática, aliás), ao argumento de que o Hamas fez 1.200 vítimas inocentes entre os judeus.

Mostrando força e impiedade monstruosa, Israel cai em desgraça perante boa parte da opinião pública mundial e, o mais nefasto de tudo isso, é o aumento inevitável da judeofobia (aversão aos judeus em geral) fenômeno bem mais amplo que o antissemitismo.  

Mas Netaniahu - visto como anti-heroi por parte dos judeus não sionistas, ou como heroi pelos sionistas (eis que combatendo o Hamas, Hesbolá, Isis,  e outros grupos "terroristas") - mesmo com o genocídio praticado contra os palestinos, acaba por incrementar a necessária coesão do povo judaico como um todo? 

Sionistas ou de outras vertentes ideológicas e religiosas poderão manter-se cada vez mais unidos e tolerantes às barbaridades, tendo em conta a ameaça do "inimigo comum" representado pelos "árabes" (*), por força do discurso eugênico dos governantes atuais da nação hebraica.

E por falar em inimigo "árabe", a criação do Estado de Israel usou como um dos pretextos o vir a constituir-se em "sentinela contra a barbárie", o que convinha à Europa Ocidental. Daí provém, salvo melhor avaliação, o apoio incondicional dos países europeus ao "Lar Nacional" judaico, ficando o lar dos palestinos apenas como enganosa promessa dos ingleses.

Cumpre ainda lembrar que os europeus ocidentais só queriam como seus cidadãos os judeus ricos e não os judeus pobres do Oriente, razão pela qual, com apoio do capitalista Rothschild e posteriormente de outro barão (Maurice de Hirch) trataram de apoiar a fundação de colônias (ano de 1900), onde os judeus indesejados foram alojados.

A conclusão inarredável é que judeus pobres são vistos também  "menos judeus" que os abastados, pelas próprias lideranças sionistas. 

Quem desejar saber mais sobre a denominada "Questão Palestina", busque a pequena obra de HELENA SALEM,  de origem judaica, nascida no RJ, no emblematico ano de 1948, a qual dá preciosas indicações para leitura, dentre elas a obra do judeu Israel Shaack, O racismo do Estado de Israel -  Paris, 1975. No livrinho de SALEM encontra-se notícias inclusive sobre a  OLP - Organização para a Libertação da Palestina, hoje no esquecimento. 

-=-==-

(*) - Neste passo, cabe lembrar o célebre judeu LEON PINSKI, médico de Odessa, que escreveu, em 1882, após violentos pogroms em seu país, a obra intitulada Auto-emancipação: um apelo ao seu povo por um judeu russo,  na qual ponderou: nossa solidariedade, o ódio e a inimizade universais. Para manter a aludida coesão e solidariedade, portanto, vêm os líderes judeus como indispensável manter sobre a cabeça dos seus compatriotas, a ameaça do "terrorismo árabe". e do antissemitismo.


Os judeus e a eliminação dos "impuros" (goiym)

Na opinião de G. de Lafont, em seu livro "Les Aryas de Gallilee" goiym quer dizer os impuros

Os judeus chamavam à Galiléia, Gelil-ha-Goyim, o Circulo dos Gentios, ou, melhor, o Círculo dos Impuros. 

O termo e empregado em primeira mão pelo próprio Talmud contra os helenos de Cesareta e até da Palestina, em eterna luta com os judeus. - GUSTAVO BARROSO  Os protocolos dos Sábios do Sião.

Como se vê, as lutas dos judeus com os outros povos não remontam apenas ao período posterior à implantação do Achadismo (sionismo). Muito antes de 1948, os judeus já discriminavam os outros povos, em práticas de eugenia que antecederam em muito ao nazismo.

As suspeitas que recaem sobre Putin, em relação à eliminação de oponentes e o Achadismo

Todos sabemos que Putin - ex-membro do serviço secreto russo e líder determinado a recompor a antiga União soviética, na medida do possível - pode sim ter mandado matar gente como Alexei Navalny, traidor a serviço dos interesses ocidentais, inequivocamente.

Aliás, essa é uma prática que a humanidade sempre adotou: "os incomodados que se mudem", ou morrerão. 

Na história dos primórdios do sionismo, parece que ocorreu o mesmo. Vejamos o que lembrou, em nota de rodapé, o virulento anti-semita GUSTAVO BARROSO, ao comentar a polêmica obra Os protocolos dos Sábios do Sião:

Teodoro Hertzl, um dos mais conhecidos sionistas contemporâneos, que se celebrizou em diversas polêmicas e que, no Congresso Sionista de Basiléia, teve forte desavença com Achad Haam ou Asher Ginzberg, um dos quatro israelitas que arrancaram, depois da grande guerra, a lord Balfour a declaração sôbre a entrega da Palestina aos judeus. O sionismo de Hertzl é o chamado sionismo político; e o de Achad é o sionismo prático ou, melhor, secreto. A luta entre ambos foi dura. Em 1904, Hertzl faleceu subitamente. Há graves suspeitas sôbre sua morte. Vide a brochura de L. Fry "Le Sionisme", edição da "Vieille France", Paris, 1921.  

Também em nota de rodapé, pág. 16, anotou o polêmico GUSTAVO BARROSO, na obra aludida:

Achad-Haam ou Asher Ginzberg foi o partidário da concentração na Palestina de algumas centenas de milhares de judeus, de maneira a formar ali um centro espiritual israelita capaz de produzir e irradiar um renascimento da cultura hebraica. Deve-se a Achad Haam a inspiração que levou o ministro Balfour a fazer a célebre Declaração, entregando a Palestina aos judeus. O movimento de caráter sionista criado por Achad Haam recebeu o nome de Achadamismo

Os elogios feitos pela imprensa judaica do mundo, mostraram à sadedade que importância teve sua ação intelectual no pensamento de Israel. 

Sobre a atuaçao de Achad Haam pode-se ler algo interessante no magnífico e mais do que documentado livro de Salluste, "Les origines secrétes du bolschevism" , cujas edições desapareceram misteriosamente da circulação, como desaparecem em geral as dos "Protocolos" em qualquer língua - Vide também L. Fry, "Le Sionisme". Rendendo homenagem a Achad Haam, quando morreu, o "Universe Israelite", de 13 de julho de 1934, chama-o textualmente: "Grande pensador judeu". 

O poeta hebreu Cain Bialik - denomina-o profeta e diz que mostrou o caminho da liberdade.

ESCRITO POR UM ISRAELENSE

 

A limpeza étnica da Palestina

Com base em arquivos centrais do projeto sionista, obra de Ilan Pappé expõe os planos de um longo massacre. Objetivo: ocupar, destruir e expulsar. Ordens claras: “matem qualquer árabe que encontrarem”. Conclusão: Israel está sobre menso cemitério

Foto: EMPICS
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Comentário sobre o livro de Ilan Pappé

Por Berenice Bento, em A Terra é Redonda

Há livros difíceis de serem lidos. Às vezes empacamos diante de conceitos ou de formulações rebuscadas. Há, também, outros tipos de dificuldades. Paramos a leitura para tomar ar, para dar ao pensamento tempo para se conectar com a narrativa de experiências históricas terríveis, devastadoras. Somos postos diante do precipício daquilo que chamamos “humanidade”.

Os crimes contra a humanidade nos arrancam do nosso lugar confortável e nos fazem pensar sobre os próprios sentidos que os criminosos dão ao “humano”. Foi a conta-gotas que li A limpeza Étnica da Palestina, do historiador israelense Ilan Pappé. A cada página o autor nos apresenta aos horrores cometidos pelos sionistas para expulsar os/as palestinos/as de suas terras para que pudessem fundar um Estado judeu.

Nas duas viagens que fiz à Palestina vi fragmentos. Conheci parte considerável dos 700 quilômetros de muro, serpentes de concreto; as barreiras militares. Escutei tiros que executaram um jovem na Cidade Velha de Jerusalém, ritual de morte que acontece quase todos os dias nas barreiras militares. Acompanhei e chorei com os moradores de Silwan (bairro palestino em Jerusalém Oriental) que tiveram suas casas demolidas. Conversei com crianças que tinham sido presas pelo Estado de Israel. Visitei alguns campos de refugiados.

Faltava, contudo, ligar os vários pontos dos múltiplos atos de terror cometidos pelo Estado de Israel contra o povo palestino. Tão logo voltei ao Brasil, em janeiro de 2017, o livro de Ilan Pappé foi lançado. Este livro me deu um quadro histórico mais coerente e completo, que seria impossível de alcançar apenas pela dimensão da experiência. O que eu tinha assistido era, de fato, a continuidade da política iniciada em 1947 pelo futuro Estado de Israel: eu vi a continuidade da limpeza étnica da Palestina.

Um dos principais mitos que tenta justificar a existência de Israel se fundamenta no lema “Uma terra sem povo para um povo sem terra”. A narrativa sionista é mais ou menos assim: “judeus miseráveis, perseguidos pelos antissemitas na Europa, finalmente, voltam para suas terras ancestrais. Encontraram terras desocupadas e, com seu trabalho, fizeram da terra seca brotar a abundância. Cercado de inimigos por todos os lados, os/as heroicos/as soldados/as judeus/judias resistiram, lutaram e fundaram o glorioso Estado de Israel!”. Após a pesquisa de Ilan Pappé, este mito foi definitivamente destruído.

A tese da limpeza étnica não é nova. Walid Khalidi, por exemplo, nos seus escritos, já seguia este caminho. Em sua obra-prima, Una Historia de los Palestinos a traves de la fotografia 1876-1948, Khalidi nos apresenta uma Palestina pulsante, com uma vida urbana conectada com grandes centros culturais e econômicos do mundo. O autor combina vários elementos narrativos em seu livro: fotografias, mapas, dados censitários e textos analíticos. A própria palavra síntese, usada pelos/as palestinos/as para se referir ao que lhes aconteceu, principalmente a partir de novembro de 1947, Nakba (catástrofe), nos revela que a tese de limpeza étnica não é nova.

Qual seria, então, a singularidade da obra de Ilan Pappé e por que sua leitura deve ser obrigatória para todos/as que estão conectados/as com a luta do povo palestino e/ou interessados/as em entender os mecanismos de dominação do neocolonialismo materializados nas políticas do Estado de Israel? Pela primeira vez, um pesquisador entra na alma do projeto sionista: vale-se dos arquivos da Haganá, das FDI (Forças de Defesa de Israel), arquivos centrais sionistas, registro das reuniões da Consultoria, diário e os arquivos pessoais de Ben-Gurion.

Com rigor científico cirúrgico, o autor nos apresenta também cartas, documentos da ONU, repercussão em jornais de alguns dos massacres cometidos contra o povo palestino, arquivos da Cruz Vermelha. Além da descrição e análise histórica dos fatos, o livro ainda mostra fotos, cronologia dos fatos principais, mapas e um apartado com centenas de notas explicativas das fontes consultadas. São estas notas que garantem o rigor científico e o compromisso com a verdade. São centenas, iguais à Nota 5 (Capítulo 6): “Isso estava nas ‘Ordens operacionais para as brigadas de acordo com o Plano Dalet’, Arquivos das FDI, 22/79/1.303” (p. 313).

No primeiro capítulo, o historiador irá apresentar o conceito de “limpeza étnica” aceita por todos os organismos internacionais como “um esforço para deixar homogêneo um país de etnias mistas, expulsando e transformando em refugiados um determinado grupo de pessoas” (p. 23). Logo depois, nos conduzirá aos antecedentes históricos do projeto sionista de construção de um Estado para os judeus (por exemplo, a Declaração Balfour, de 1917) e nos apresentará aos “intelectuais orgânicos” da limpeza étnica, destacando-se o grande arquiteto Ben-Gurion.

Em carta ao filho, em 1937, Ben-Gurion antecipará o que iria acontecer: “Os árabes terão de ir, mas para fazê-lo acontecer, é necessário um momento oportuno, como uma guerra” (p. 43). Dez anos depois, em 1947, Yigael Yadin (outro importante quadro político-militar que planejou e executou a limpeza) afirmará: “os árabes palestinos não têm ninguém para organizá-los devidamente” (p. 42). Ou seja, a suposta guerra que Ben-Gurion já desejava em 1937 não aconteceu. Guerra só existe quando há um mínimo de equilíbrio na correlação de forças bélicas entre os inimigos. O que mostra a falsidade da retórica acionada sem timidez por Ben-Gurion de que os judeus na Palestina corriam risco de serem vítimas de um segundo Holocausto. Ao descrever os palestinos como nazistas, “a estratégia era uma manobra deliberada de relações públicas para garantir que, três anos depois do Holocausto, o ímpeto dos soldados judeus não vacilasse quando eram ordenados a limpar, matar e destruir outros seres humanos” (p. 93).

Foram três planos, ao todo, para realizar a limpeza étnica (Plano A, 1937; Plano B, 1946 e que passou a integrar o Plano C, de 1948). No entanto, o mais minucioso e melhor estruturado foi o Plano Dalet (“D” em hebraico). Assim, “alguns dias depois de escrito, o Plano D foi distribuído entre os comandantes das 12 brigadas incorporadas agora à Haganá. Junto à lista recebida vinha uma descrição detalhada dos vilarejos no seu raio de ação e de seu destino imanente: ocupação, destruição e expulsão. Os documentos israelenses liberados pelo arquivo das Forças de Defesa de Israel, no fim dos anos 1990, mostram claramente que, ao contrário das alegações feitas por historiadores como Benny Morris [historiador israelense], o Plano Dalet foi entregue aos comandantes de brigadas não como diretrizes gerais, mas como categóricas ordens para a ação” (p. 103).

No Capítulo 5, Pappé descreve e analisa a execução do Plano D mês a mês.

O nome das Operações, os vilarejos capturados e destruídos, os massacres, o poder bélico da Haganá (mais de 50 mil soldados) em contraposição ao total desamparo dos/as palestinos/as. Foi durante a execução do Plano D que aconteceu o famoso massacre de Deir Yassin, “um cordial vilarejo pastoril que havia conseguido um pacto de não agressão com a Haganá de Jerusalém” (p. 110). Cerca de 170 habitantes foram brutalmente assassinados; dentre eles, 30 bebês.

As ordens eram claras: “matem qualquer árabe que encontrarem, incendeiem todos os objetos voláteis e derrubem as portas com explosivos” (p. 115). Eram as ordens daquele que se tornaria o chefe de estado-maior do exército israelense, Mordechai Maklef.

Foram necessários apenas alguns meses para destruir 531 vilarejos, 11 bairros urbanos e mandar 800 mil palestinos/as para o exílio. Dos vilarejos destruídos, 31 foram massacrados, vítimas de carnificinas, entre eles: Nasr al-Din, Khisas, Safsaf, Sa’sa, Hussayniyya, Ayn Al-Zaytun, Tantura. Em relação à Tantura, décadas depois, Eli Shimoni, oficial da Brigada Alexandroni, admitiria: “Não tenho dúvida de que ocorreu um massacre em Tantura. Não saí por aí anunciando-o aos quatro ventos. Não é exatamente algo para se orgulhar” (p. 147). Não se sabe exatamente quantas pessoas foram executadas. Alguns falam de 85; outros, de 125.

Em Tantura, “quando a carnificina acabou no vilarejo, com as execuções encerradas, dois palestinos receberam a ordem de cavar uma cova coletiva sob a supervisão de Mordechai Sokoler, de Zikhron Yaacov, dono das escavadeiras trazidas para realizar o trabalho macabro. Em 1999, ele disse que se lembrava de haver enterrado 230 corpos; tinha claro o número exato: ‘eu os depus na cova, um a um’” (p. 156).

E os massacres seguem. Em Lydd: “As fontes palestinas narram que na mesquita e nas ruas ao redor, onde as forças judaicas fizeram mais uma onda de matança e pilhagem, 426 homens, mulheres e crianças foram mortos (176 mortos foram encontrados na mesquita). No dia seguinte, 14 de julho, os soldados judeus foram de casa em casa tirando as pessoas para a rua e empurrando cerca de 50 mil delas para fora da cidade, em direção à Cisjordânia (mais da metade já era refugiada de outros vilarejos próximos)” (p. 203).

No entanto, foi no vilarejo Dawaymeh que as atrocidades superaram todas as pretéritas.  Em 28 de outubro de 1948, 20 blindados israelenses entraram no vilarejo. Em pouco tempo, a chacina foi consumada. Estima-se que 455 pessoas foram assassinadas, sendo 170 mulheres e crianças. Os relatos, produzidos pelos próprios soldados, são estarrecedores: “bebês com crânios rachados, mulheres estupradas ou queimadas vivas nas suas casas e homens esfaqueados até a morte. Esses relatórios não foram elaborações a posteriori, mas depoimentos de testemunhos oculares enviados ao Alto Comando em questão de poucos dias após o fato” (p. 232). Os métodos utilizados não eram essencialmente diferentes de uma operação militar para a outra: pilhagem e roubo dos bens materiais, estupros, assassinatos, demolições, agressões, incêndios, campos de trabalho forçado, envenenamento de fontes de água.

Em 1950, a situação dos/as palestinos/as já era tão trágica que a ONU criou a Agência das Nações Unidas para Ajuda e Emprego (UNRWA – sigla em inglês) que se dedica, exclusivamente, aos/às palestinos/as refugiados/as. Os/as filhos/ as da diáspora palestina estão espalhados pelo mundo. Em novembro de 1948, a ONU aprovou a Resolução 194, que garante aos/às refugiados/as – que atualmente são 5,2 milhões – o direito de retorno às suas casas na Palestina. Como tantas outras Resoluções, o Estado de Israel nega-se a cumpri-la.

São gerações e gerações de palestinos/as espalhados/as em campos de refugiados. Muitos dos/as palestinos/as com quem conversei, moradores de campos de refugiados, conseguem apontar o local das casas de parentes que foram roubadas pelo Estado de Israel. Muitos ainda guardam as chaves de suas casas. Algumas vezes, as expõem como objetivo-símbolo dos seus sofrimentos e esperanças. Querem voltar para casa.

Em vários momentos, Ilan Pappé abre uma brecha na narrativa para expor sua subjetividade. Os achados científicos da pesquisa parecem ter produzido um tipo de perda do autor. É como se ele estivesse nos falando: “fui feito a partir de mentiras que me contaram”. Entre outras passagens do livro, ele nos diz: “Como tantos outros pontos de belas paisagens dessa região [refere-se ao vilarejo de Qira, destruído em fevereiro de 1948], voltados à recreação e ao turismo, também esconde as ruínas de um vilarejo de 1948. Para minha própria vergonha, levei anos para descobri-lo” (p. 100).

O livro de Ilan Pappé tem sido uma poderosa arma para cumprir o objetivo que ele esboça já nas primeiras páginas. “Este livro foi escrito com a convicção profunda de que a limpeza étnica da Palestina precisa ficar enraizada na nossa memória e consciência como um crime contra a humanidade e de que deve ser excluído da lista de crimes supostos” (p. 25).

Ao fim do livro, uma certeza: Israel é um imenso cemitério. Sob o “seu” solo, estão vilas, corpos, cemitérios palestinos, objetos e muitas histórias. Tudo escondido pelo silêncio sepulcral de um projeto colonial. Mas a história e seus fantasmas renascem de múltiplas formas. Ilan Pappé conta que o Fundo Nacional Judeu (FNJ) tentou cobrir as ruínas do vilarejo palestino de Mujaydil com dezenas de pinheiros. No entanto, “mais tarde, as visitas dos familiares de alguns dos aldeões originais da região descobriram que alguns dos pinheiros estavam literalmente rachados ao meio e que, no meio dos troncos rompidos, brotaram as oliveiras, desafiando abertamente a flora forânea plantada ali há 55 anos” (p. 262). A oliveira é o símbolo do povo palestino.

Qual o preço pela coragem de praticar a verdade, a parresía? Ilan Pappé sabe. Depois de publicar seu livro, em 2006, as perseguições e censuras por parte do Estado de Israel tornaram sua vida impossível. Ilan Pappé também é oliveira. Atualmente, vive exilado e está engajado na luta mundial de solidariedade ao povo palestino que clama pelo boicote, desinvestimento e sanções (BDS) ao Estado de Israel como forma desobrigá-lo a desocupar os territórios palestinos, fazê-lo parar com suas políticas de apartheid e, finalmente, reconhecer o direito de retorno dos/as palestinos/as refugiados/as.

Berenice Bento é professora de sociologia na UnB. Autora, entre outros livros, de Brasil, ano zero: Estado, gênero, violência (Editora da UFBA).

Publicado originalmente em Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar, v. 7, no. 2, jul.- dez. 2017.

Referência

Ilan Pappé. A limpeza étnica da Palestina. São Paulo, Editora Sundermann, 2016, 360 págs.

STEDILE DENUNCIA MANOBRA DO AGRONEGÓCIO


Publicado por Augusto de Sousa
- Atualizado em 16 de fevereiro de 2024 às 7:51


João Stedile, líder do MST. Foto: reprodução

O economista João Pedro Stedile, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), publicou na última quinta-feira (15), em sua conta no X, antigo Twitter, uma denúncia a uma nova prática criminosa do agronegócio no Brasil. Segundo o ativista, donos de fazendas têm criado uma manobra, batizada por Stedile de “indústria dos recursos judiciais”, para adiar o pagamento de dívidas alegando falência, o que estaria prejudicando até empresas internacionais:

O agronegócio vive se autoelogiando, como quem carrega o Brasil nas costas, etc. Mas esconde sempre os subsídios governamentais, os agrotóxicos, o trabalho escravo. E agora inventou mais uma: a indústria dos recursos judiciais.

Fingem que estão quebrados, entram na justiça e conseguem adiar o pagamento da divida por 10 anos, com juros irrisórios. Já virou moda. No ano passado, 263 empresas do agronegócio, todas com muitos hectares plantados de commdities pediram a falência judicial.

A máfia se instalou sobretudo em SC, PR, MG e GO. A coisa é tão grave que até as entidades das empresas transnacionais que vendem os insumos, e compram as commodities deles, tomaram prejuízo e estão denunciando.

Se eles declaram falência, então deveria ter acordo com bancos, credores, e governo para entregarem as terras para reforma agraria. Afinal não cumprem sua função social e ainda dão calote em outros agentes econômicos.

A IMPUNIDADE DE ISRAEL QUE PRECISA SER FREIADA

Para GUSTAVO BARROSO, nos comentários aos Protocolos dos Sábios do Sião, "para os judeus, o único direito é a força; o liberalismo destruiu entre os cristãos a religião e a autoridade; o ouro se acha nas mãos de Israel e, pelo ouro, êle se apoderou da imprensa e da opinião, que mandam nos governos dos Estados democráticos.

(p. 7)

Desde a criação do Estado de Israel, em 1948 (com o apoio da In glaterra, principalmente), os sionistas acantonados naquela área estão a promover frequentes conflitos com países vizinhos, em abusados movimentos de espansão territorial, além de ir eliminando, sistematicamente, governantes e grande parte da população das outras nações que ousam rebelar-se minimamente contra tais disparates.  
E pouquíssimos mandatários no mundo ousam apontar-lhes tais procedimentos como abusivos, por medo de serem "crucificados" pela mídia hegemônica corporativa, dominada pelos mesmos sionistas, nos mais variados quadrantes. 
E quando os sionistas não eliminam seus oponentes diretamente, valem-se dos seus prepostos, como os ianques, pois os judeus são uma colônia sabidamente muito influente nos EUA, em cuja economia e política estão solidamente enquistados, dominando setores fundamentais, inclusive o da produção de equipamentos bélicos, que vendem em abundância com os conflitos que criam, inclusive para as nações atacadas.
E, para a opinião pública mundial - inescrupulosamente manipulada pelos grupos judeus que dominam a mídia - terroristas e bandidos são somente os "árabes" e vidas que têm valor são somente aquelas que a resistência aos desmandos israelenses conseguem eliminar ou tumultuar. Aquelas que os judeus pulverizam nada significam. 
Se os movimentos anti-sionistas matam 1.200 pessoas - fato lamentável e reprovável, obviamente, como qualquer outra ocorrência do gênero - a opinião pública mundial é motivada a odiar os "árabes", mas se os judeus, em manobras tão ou até mais criminosas, fazem sumir da face da terra, sistematicamente, todos os membros de uma etnia, pinta-se tal procedimento, eivado de crueldade indisfarçável, como "legítima defesa", sem se discutir a proporcionalidade da reação. 
Aqui, cabe mencionar ponderação do conhecido CIRO GOMES, professor de Direito, referindo-se à "agressão" do Hamas e à reação desproporcional de Israel, nos  seguintes termos:
Qualquer nação, uma vez agredida, tem o direito de se defender (...). "Mas a legítima defesa exige moderação, e, evidentemente, o governo Netanyahu não está tendo moderação nenhuma."  
O conceito de moderação, proporcionalidade, é de Direito Natural e adotado pelo Direito Positivo dos países civilizados.
Imputa-se, inclusive, falsidades, no afã de legitimar as invasões, como ocorreu no governo Bush, quando se atribuiu ao Iraque o uso de armas químicas, alegação posteriormente desmentida, sem que os EUA, todavia, tenham sido sancionados por qualquer organismo internacional, ante a mentirosa justificativa utilizada.
Enfim, não é possível ter-se, razoavelmente, a mínima simpatia pelos movimentos de Israel e seus aliados ocidentais, que - por interesses basicamente econômicos - vitimam outros povos, ao mesmo tempo em que, de modo cínico, justificam suas ações asquerosas com alegações do tipo "defesa da democracia", "combate ao comunismo", "combate ao antissemitismo" e teses estapafúrdias do gênero.
Se Lula - visando melhorar a influência do Brasil na ONU e guindar-nos ao Conselho de Segurança, ou tendo por escopo receber o Prêmio Nobel da Paz - faz uma declaração judiciosa, no sentido de que as ações mortíferas de Israel contra os palestinos configuram rematado genocídio, grande parte da opinião pública mundial é induzida a declarar a afirmação de Lula como infeliz, inconveniente para o Brasil, exigindo retratação. Mas Lula não foi o primeiro a denunciar as práticas sionistas como genocidas, sendo incontáveis os judeus (alguns descendentes de vítimas da Shoá), que também o fizeram. Apenas, ante a sistemática eliminação de toda uma população da "faixa" (note-se que não se fala em país, que a Inglaterra prometeu apoiar desdee 1948 e nunca o fez) de Gaza, incluindo, obviamente, crianças, mulheres e idosos, submetidos a privações inenarráveis, Lula (cujo sobrenome - SILVA - é tido como dos mais judaicos), ansioso por ganhar notoriedade, nada mais fez que declarar o óbvio, o que não se pode esconder, aquilo que é público e notório para os que, sem tomar partido, acompanham as notícias do massacre que se rotula como "guerra". 
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EXTERMÍNIO NO ORIENTE MÉDIO


Israel ataca área residencial na Síria; embaixador Zonshine pode ser expulso do Brasil
Ataque acontece um dia depois dos EUA vetarem pela terceira vez cessar-fogo em Gaza. Governo Lula acusa Israel de "anexação" de terra alheia na Corte Internacional de Justiça.

Prédio residencial bombardeado pelo governo sionista de Netanyahu na Síria. No detalhe, Bolsonaro e Zonshine.Créditos: Twitter / Youtube

Por Plinio Teodoro
Escrito en GLOBAL el 21/2/2024 · 06:28 hs

Enquanto busca inflar nas redes sociais a crise fabricada com a declaração de Lula sobre o genocídio na Palestina, o governo sionista de Israel abriu nova frente de batalha e bombardeou uma área residencial em Damasco, capital da Síria.

Segundo a TV Estatal Síria, citada pela agência Associated Press, vários mísseis atingiram o bairro ocidental de Kfar Sousseh e teria feito vítimas. O prédio alvo do bombardeio estaria localizado próximo a uma escola iraniana.
Desde o início do genocídio na Faixa de Gaza, o governo Benjamin Netanyahu já atacou o Sul do Líbano e tem feito incursões recorrentes na Cisjordânia, território palestino que é governado pelo Fatah, adversário do Hamas.

O ataque acontece um dia depois de os EUA vetarem pela terceira vez uma proposta de cessar-fogo em Gaza no Conselho de Segurança da ONU, mesmo com declarações públicas do presidente Joe Biden pedindo pausa no massacre perpetrado por Israel.

O governo Lula, que acusou Israel de "anexação" de terra alheia na Corte Internacional de Justiça, deve romper as relações já conturbadas com Israel e expulsar do país o embaixador Daniel Zonshine.

A medida foi discutida por Lula com o assessor especial da Presidência, Celso Amorim.

Zonshine se reuniu na segunda-feira (19) com o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) após exposição feita pelo chanceler sionista Israel Katz do embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, que chega hoje à Brasília.

Katz atua como porta-voz do governo fascista de Netanyahu pressionando Lula por um pedido de desculpas por comparar o genocídio em Gaza à matança de judeus por Adolph Hitler.

O presidente brasileiro já mandou recados que não vai se retratar e a expulsão de Zonshine seria um sinal definitivo de que Lula vai atuar no cenário internacional de forma ainda mais incisiva para frear o genocídio em Gaza.
 

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

SOBRE TUSI OU "COCAÍNA ROSA" (KETAMINA, ÊXTASE E CAFEÍNA MISTURADOS)


Nunca tinha lido, nem ouvido, nada a respeito da mistura mortífera que andam consumindo por aí. 

Veja as notícias abaixo:


El chaval de 14 años bebió de la lata y, en cuestión de minutos, cayó al suelo tras sufrir una intoxicación. Al lugar llegaron sanitarios y agentes de la Policía, que avisaron a los familiares. La intervención fue reportada en el Summa 112 como una parada cardiorrespiratoria, según informa Europa Press. Aunque se trató de reanimar al chico, este falleció. Los padres de la víctima ya han interpuesto una denuncia ante la Policía, que investiga y busca a los responsables.

El tusi o cocaína rosa no es cocaína ni 2CB, sino una mezcla de varias sustancias. La más común mezcla ketamina, MDMA (éxtasis) y cafeína, según un informe de la organización Energy Control, que trabaja para que el consumo de estupefacientes se haga de forma segura. Energy Control ha analizado 124 muestras de este estupefaciente entre junio de 2021 y abril de 2023 en España, de las cuales 40 son muestras en Madrid. Aunque se suele vender como un “producto exclusivo”, es una droga habitual que se vende a altos precios: el gramo costaba hasta 100 euros en 2022. En contraste, el mismo peso en cocaína normal se vendía a 60 euros, según un informe del Observatorio Español de las Drogas y las Adicciones (OEDA).

El riesgo del tusi depende de la proporción de sustancias que haya en la mezcla y con qué otras drogas se ingiera. Por ejemplo, si una persona esnifa una mezcla con alto contenido en ketamina y también toma alcohol, los efectos depresores de ambas sustancias se potenciarán. Esto puede llevar a pérdidas de coordinación, sedación y desmayos. Si lo que predomina es el éxtasis, su combinación con el alcohol incrementa la deshidratación del cuerpo y aumenta el riesgo de sufrir un golpe de calor. Energy Control informa de que 4 de cada 10 personas que llegaban a sus servicios a analizar sus muestras no habían consumido tusi antes.

El tusi es una droga ampliamente usada en algunos países latinoamericanos pero, de momento, su uso aún es residual en España. Hace un mes, la Policía Nacional desarticuló una organización criminal en Vallecas que explotaba un laboratorio de cocaína rosa con capacidad para producir 20 kilogramos de esta droga sintética. En la operación, 11 personas fueron detenidas y se incautaron de 72.000 euros en efectivo, un arma de fuego y ocho vehículos. Además, se hallaron tres kilogramos de cocaína, 12 kilogramos de ketamina, seis kilogramos de pastillas de éxtasis, 19.500 dosis de LSD y otras drogas sintéticas.

Fonte: EL PAIS

Forças da Ucrânia utilizaram munições químicas dos EUA durante a operação militar russa

Rússia: 
07:03 19.02.2024 (atualizado: 08:14 19.02.2024)

© Sputnik / Said Tsarnaev
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Casos de utilização de munições químicas norte-americanas foram registrados no decorrer da operação militar especial, declarou nesta segunda-feira (19) o chefe das Tropas de Defesa Radiológica, Química e Biológica das Forças Armadas da Rússia, Igor Kirillov.
De acordo com ele, duas instalações nos EUA ainda armazenam compostos reativos altamente tóxicos que ficaram após a destruição dos estoques declarados de armas químicas americanas.
Os EUA deveriam ter completado a destruição dos estoques declarados de armas químicas em 2007, mas o fizeram apenas em 2023, observou Kirillov em comunicado.


"Os Estados Unidos ainda retêm compostos altamente tóxicos após a destruição de agentes químicos nas instalações em Blue Grass (Kentucky) e Pueblo (Colorado)", disse o tenente-general russo.

De acordo com ele, as Forças Armadas da Ucrânia usaram repetidamente substâncias tóxicas contra soldados russos.
Como exemplo, Kirillov citou o uso em 19 de agosto de 2022 de um produto químico tóxico que é um análogo do agente de guerra químico B-Zet incluído no Anexo 2 da Convenção sobre as Armas Químicas e Biológicas (BWC, na sigla em inglês).
Todos os documentos que estão à disposição do Ministério da Defesa da Rússia confirmando os fatos de violações pelos EUA e pela Ucrânia das disposições da Convenção sobre Armas Químicas foram entregues ao Comitê de Investigação da Rússia para a tomada de uma decisão processual, disse ele.
Uma substância semelhante, segundo Kirillov, foi descoberta em 28 de janeiro de 2024 durante uma averiguação operacional em um esconderijo no território de Melitopol. "A substância tóxica estava em frascos com a inscrição Biosporin em língua ucraniana."


Kirillov observou que Kiev está desenvolvendo uma tática de "cinturão químico especial", que envolve a detonação de recipientes com ácido cianídrico e amônia durante o avanço das Forças Armadas da Rússia.

Bolsonaro: parte dos R$ 17 milhões em Pix de apoiadores some das contas; PF investiga

Sumiço é investigado pela PF, que quebrou sigilo do ex-presidente. Bolsonaro teria ludibriado mais uma vez a horda extremista, que fez a doação para pagar as multas, anuladas por Tarcísio Gomes de Freitas.

Michelle e Jair Bolsonaro.Créditos: Isac Nóbrega/PR
Escrito en POLÍTICA el 17/2/2024 · 11:06 hs

A quebra de sigilo bancário de Jair Bolsonaro (PL) pela Polícia Federal (PF) revela que, mais uma vez, os apoiadores foram ludibriados pelo ex-presidente, que recebeu mais de R$ 17 milhões via Pix após campanha para ajudá-lo a pagar multas por desafiar as normas sanitárias e não usar máscara de proteção facial nas motociatas durante a pandemia.

Segundo reportagem de Rodrigo Rangel, no portal Metrópoles, parte da arrecadação milionária desapareceu misteriosamente e não foi encontrada nas contas de Bolsonaro pela PF, que abriu nova investigação para apurar o sumiço do dinheiro.

Parte do dinheiro teria sido transferido para contas dos advogados do ex-presidente, que estariam sendo pagos pelo PL e não por Bolsonaro.

Os repasses via Pix já estão sendo investigados pela PF, para se descobrir o caminho até as contas de Bolsonaro.

Causa ainda mais estranheza porque as multas mais pesadas, que somavam cerca de R$ 1 milhão, foram anuladas em um projeto de Lei proposto pelo governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), aprovado pela Alesp.

A própria Procuradoria-Geral do Estado (PGE) usou a lei sancionada pelo ex-ministro, que participou de atos ao lado de Bolsonaro sem a máscara, para anistiar as multas.

Para perdoar a dívida de R$ 936 mil de Bolsonaro, o governador abriu mão de R$ 73 milhões em multas aplicadas a negacionistas que infringiram as leis durante a pandemia.

Além de Bolsonaro, a anistia concedida por Tarcísio também anulou duas multas no total de R$ 113 mil aplicada ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

A anistia é justificada pelo governo de São Paulo por conta das multas tinham caráter educativo e não arrecadatório, e que o perdão não é direcionado ao ex-presidente especificamente.

FLÁVIO DINO, UM HOMEM LÚCIDO

Dino entra com pedido de PEC para trocar aposentadoria compulsória por demissão sem salário de juiz, militar e promotor que cometerem delitos graves

O senador afirmou que vai apresentar outras quatro propostas antes de deixar o cargo para tomar posse como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

19/02/2024 06h44 


Flávio Dino no Senado Federal. — Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado


O senador Flávio Dino (PSB-MA) vai entrar com uma proposta de emenda à Constituição (PEC) nessa segunda-feira (19) que propõe o fim das aposentadorias compulsórias de militares, juízes e promotores como punição aos que forem condenados cometer delitos graves.

A proposta de Dino, que toma posse como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) na quinta-feira (22), é a exclusão do serviço público sem a aposentadoria compulsória. O senador afirmou que vai apresentar outras quatro propostas antes de deixar o cargo.

"Em algumas carreiras, quando do cometimento de infrações administrativas graves, o servidor público é transferido para a inatividade, ou seja, é retirado da ativa, mas permanece recebendo remuneração a título de “aposentadoria”. A aposentadoria, portanto, assume caráter de sanção, o que corresponde ao desvio de finalidade dessa espécie de benefício previdenciário que visa assegurar ao trabalhador condições dignas de vida quando não mais for possível o desenvolvimento de atividade laboral, em virtude de idade-limite, incapacidade permanente para o trabalho ou pela conjugação dos critérios idade-mínima e tempo de contribuição", diz no documento obtido pelo blog.

Dino retoma o mandato no Senado essa semana após deixar o comando da pasta, às vésperas de assumir uma vaga de ministro do STF.

No 'X, antigo'Twitter, Dino disse no domingo (18) que vai apresentar a proposta para conseguir assinaturas. "Não há razão para essa desigualdade de tratamento em relação aos demais servidores públicos que, por exemplo, praticam crimes como corrupção ou de gravidade similar."

Durante a posse de Ricardo Lewandowski como ministro da Justiça, Dino disse, sem aprofundar as propostas, serão apresentados alguns projetos de lei como:

- que proíbe acampamentos em quartéis
- que trata de prisão preventiva e audiência de custódia
- que prevê a destinação do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) para reconhecimento de mérito de policiais
- que trata de câmeras corporais obrigatórias em segurança privada (bancos, eventos e estabelecimento comercial de grande porte)
- que trata do reforço e valorização de bibliotecas e bibliotecários, inclusive no combate as fake news

FOI SÓ LULA CRITICAR O SIONISMO...

...por causa do genocídio que estão a praticar contra os palestinos, que a Globo começou a desancar o governo federal.

Israel, que se autoproclama a maior democracia do Oriente Médio, não admite críticas às suas políticas e, muito menos, questionamentos que envolvam o Holocausto. Fico imaginando se as críticas virulentas de Gustavo Barroso - famoso, muito singularmente corajoso escritor brasileiro (duas vezes presidente da Academia Brasileira de Letras) - fossem escritas na atualidade. Provavelmente seria crucificado pelo Mossad.

A liberdade de expressão, que costumam defender os judeus, só serve para eles dizerem o que bem entendem e manipularem a opinião pública, ao seu bel prazer, mas não em sentido contrário. 

Sob o corrupto Netanyahu, que os judeus guindaram ao poder, não se pode criticar os excessos sionistas, sob pena de incorrer na ogeriza da mídia corporativa hegemônica e ser punido até por atores do Poder Judiciário brasileiro (assim considerado o Ministério Público e a Magistratura), sabidamente cooptados pelo sionismo, há muito tempo e que carregaram a mão, sem qualquer pudor, em cima do gaúcho Elwanger, por ter escrito e publicado obras que criticavam a Shoá.

Mas os críticos do sionismo não são todos estrangeiros ou de outras etnias. Há muita gente que coloca o direito à livre expressão acima das ligações étnicas, como é o caso das escritoras abaixo mencionadas Arendt e Gessen), muito respeitadas, mesmo nos meios judaicos não hipócritas.

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Escritora que comparou ação de Israel à dos nazistas diz que "a hora é agora"
De família judaica vítima do Holocausto, ela diz que não é antissemitismo

"Punição".Escritora quase não recebeu prêmio por ter comparado Gaza a um gueto judaico na Segunda Guerra Mundial.Créditos: Wikipedia

Escrito en GLOBAL el 18/2/2024 · 17:01 hs

A escritora Masha Gessen ganhou um prêmio mas não levou.
Não levou, em termos.
Ela foi escolhida pela Fundação Heinrich Böll, da Alemanha, para ser homenageada por sua contribuição ao pensamento político na tradição da escritora Hannah Arendt.
Porém, entre a escolha e a entrega do prêmio, Gessen publicou um ensaio na revista estadunidense New Yorker com o título "À Sombra do Holocausto".

ARENDT FEZ A COMPARAÇÃO EM 1948
Nele, ironicamente, ela cita Arendt:
Em 1948, Hannah Arendt escreveu uma carta aberta que começava: “Entre os fenômenos políticos mais perturbadores dos nossos tempos está o surgimento, no recém-criado Estado de Israel, do 'Partido da Liberdade' (Tnuat Haherut), um partido político estreitamente semelhante na sua organização, métodos, filosofia política e apelo social aos partidos nazistas e fascistas”. Apenas três anos após o Holocausto, Arendt comparava um partido israelense ao Partido Nazista, um ato que hoje seria uma clara violação da definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto [IHRA]
No mesmo texto, Gessen comparou Gaza a um gueto judaico da Europa Oriental sob cerco durante a Segunda Guerra Mundial.

"O gueto está sendo liquidado", concluiu.

Foi o suficiente para que a entrega do prêmio fosse suspensa.

Eventualmente, numa cerimônia diminuta, ela recebeu o prêmio, mas sem a presença dos integrantes da Fundação ou do Senado do estado de Bremen, financiadores da comenda.
Masha Gessen, que é russo-estadunidense -- de família judaica que sofreu perdas no Holocausto -- disse em entrevistas subsequentes que a comparação que fez não deveria ser feita com leveza.
Falando à TV pública dos Estados Unidos, a PBS, ela explicou:
Eu comparei diretamente a política de Israel à dos nazistas. Não fui a primeira a fazê-lo. Acho que é essencial fazer a comparação agora. Se formos sérios sobre o NUNCA MAIS, agora é o momento, quando as pessoas ainda podem ser salvas em Gaza. É sério fazer uma comparação destas. Vai deixar gente revoltada. DEVERIA deixar as pessoas revoltadas. Deveríamos perder o sono todos os dias sobre Gaza, uma vez que a comparação é válida!



sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

CRIAÇÃO DE AGORA

Conheço-a desde menina. Era um diabinho em figura de gente. 

Também a mãe, Deus perdoe os seus pecados, não se importava com ela; fazia-lhe todas as vontades... 

Sempre digo que essa criação d'agora não presta. Filhos muito senhores de si, por qualquer descuido, se desgarram. Os meus não punham pé em ramo verde. Muito amor, mas muito respeito e cabresto curto. - DOMINGOS OLÍMPIO - Luzia Homem.

Bolsonaro atrás das grades

O presidente Lula esteve preso durante bom tempo, embora sem condenação transitada em julgado, até que o STF anulou os processos, por não haverem observado as regras legais, dentre elas a competência para o processamento dos feitos.

O ex-presidente francês Sarkozy foi condenado à prisão, recentemente. Se irá mesmo para a cadeia, ou não, é outra história.

O Brasil está na expectativa de ver o ex-presidente Bolsonaro atrás das grades, na Papuda. Se, observado o devido processo legal, for condenado em caráter irrecorrível, que se cumpra a decisão judicial, independentemente da vontade dos fanáticos que o consideram "mito".

Quanto aos membros do Judiciário,  o buraco é mais embaixo. Alguns magistrados  cometem abusos e crimes, mas o que se vê, muito raramente, é ir algum deles preso, prevendo a legislação a famigerada "aposentadoria compulsória", que corresponde a dar-se um prêmio ao delinquente.

O fato - que não se pode perder de vista - é que tanto a França, quanto o Brasil, ou qualquer outro país, está acima dos interesses pessoais e ou político-partidários de políticos e  magistrados.

Os países "são" (condição permanente) e os ocupantes de cargos públicos apenas "estão" (situação provisória, temporária).

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

EXTRATO DE LIVROS LIDOS - Sobre a fome

FOME (Ver ESTADO DE NECESSIDADE, MISÉRIA, EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE, MST, PELAGRA, REFORMA AGRÁRIA)

- Magotes de crianças nuas, de hedionda magreza de esqueleto, de grandes ventres, obesos e lustrosos como grandes cabaças, lançavam olhares, terríveis de avidez, sobre pilhas de rapaduras, grandes medidas de quarta, desbordantes de farinha e feijão, pencas de bananas, rimas de beijus, alvíssimas tapiocas, montes de laranjas pequeninas e vermelhas, colhidas na véspera, nos pomares murchos da Meruoca.

Os míseros pequenos, estatelados ao tantálico suplício da contemplação dessas gulodices, atiravam-se às cascas de frutas lançadas ao chão, e se enovelavam, na disputa desses resíduos misturados com terra, em ferozes pugilatos.

Era indispensável ativa vigilância para não serem assaltadas e devoradas as provisões à venda, pela horda de meninos, que não falavam; não sabiam mais chorar, nem sorrir, e cujos rostos, polvilhados de descamações cinzentas, sem músculos, tinham a imobilidade de coiro curtido.

Quando contrariados ou afastados pelos mercadores aos empuxões e pontapés, rugiam e mostravam os dentes roídos de escorbuto.

Eram órfãos quase todos, ou abandonados pelos pais; não sabiam os próprios nomes, nem d’onde vinham. Privados de memória, bestificados pela carência de carinhos, anestesiados pelo contínuo sofrer, eram esses pequeninos mendigos gravetos de uma floresta morta, despedaçados pelos vendavais, destroços de famílias, dispersadas pela ruptura de todos os laços de interesses e afetos. Às vezes, a morte os surpreendia durante o sono, junto de um tronco ou na soleira de uma porta. Trespassavam como pássaros, sem contorções, sem estertor, sem um gemido, silenciosos, tranqüilos, num sossego de morte, num sossego de liberdade. - DOMINGOS OLÍMPIO - Luzia Homem.

- Do cardápio extravagante do sertão faminto fazem parte as seguintes iguarias bárbaras: farinha de macambira, de xique-xique, de parreira brava, de macaúba e de mucunã; palmito de carnaúba nova, chamada de guandu; raízes de umbuzeiro, de pau-pedra, de serrote ou de mocó, maniçoba e maniçozinha; sementes de fava-brava, de manjerioba, de mucunã; beijus de catolé, de gravatá e de macambira mansa. Quando o sertanejo lança mão destes alimentos exóticos é que o martírio da seca já vai longe e que sua miséria já atingiu [pg. 220] os limites de sua resistência orgânica. É a última etapa de sua permanência na terra desolada, antes de se fazer retirante e descer aos magotes, em busca de outras terras menos castigadas pela inclemência do clima. - JOSUÉ DE CASTRO - Geografia da fome.

- Lembrou até a perspectiva alarmante de um assalto, ali, naquele fim de mundo, quando a miséria da seca enlouquecesse as criaturas… - RAQUEL DE QUEIROZ - O quinze.

- A Nova Zelândia é favorecida por uma grande vantagem natural: que os habitantes nunca passaram fome. Toda a região é rica em fetos, e as raízes dessa planta, mesmo que não sejam muito gostosas, contêm muitos nutrientes. Um nativo sempre pode viver dessas raízes, e também dos mariscos, que são abundantes em todas as partes da costa.

A visão de tantos fetos dá uma idéia de esterilidade; essa idéia, entretanto, não é correta, pois, onde quer que o feto cresça à altura do peito de um homem, a terra é muito produtiva.

Alguns dos moradores acham que toda essa extensa região era originalmente coberta com florestas e que o terreno foi limpo com fogo.

Dizem que cavando nos pontos mais desmatados freqüentemente se encontra uma resina similar a do pinheiro kauri.

Os nativos tinham um motivo evidente para limpar a região, pois o feto, antigamente um importante artigo alimentício, cresce apenas em terrenos abertos.

A quase completa ausência de grama junto aos fetos, que dá uma notável característica à vegetação dessa ilha, pode talvez ser atribuída ao fato de a terra ter sido originalmente coberta com florestas.

(...) Em algumas das ravinas mais úmidas, fetos cresciam de uma maneira extraordinária. Vi um que devia ter, pelo menos, seis metros da base até a fronde e tinha exatamente um metro e oitenta centímetros de circunferência. As folhagens formavam os mais elegantes pára-sóis, produzindo uma sombra melancólica, como aquela da primeira hora da noite.- CHARLES DARWIN - Viagem de um naturalista ao redor do mundo.