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Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

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quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Sustentabilidade: sustentar lucros, preservar privilégios e conservar poderes


Plínio Salgado, líder da Ação Integralista Brasileira (1932)
"Para que a revolução verde decole, será fundamental a construção de ecossistemas de inovação que resultem em parcerias público-privadas simbióticas em vez de parasitárias." (Mariana Mazzucato, economista da Universidade de Sussex, no Reino Unido)

Muitos economistas neoliberais, no Brasil e no mundo, estão vestindo a beca de ambientalistas. Junto com eles, jornalistas, acadêmicos e políticos conservadores, que agem sorrateiramente em benefício do grande capital especulativo e das finanças internacionais ganham cada vez mais espaço nas decisões econômicas e sociais.

São os arautos da sustentabilidade, do marketing verde e da economia socioambiental. Balela. Querem somente lucrar com créditos de carbono e participar, com o máximo de vantagens, dos lucros decorrentes da próxima revolução tecnológica já em curso, que será direcionada ao desenvolvimento de tecnologias verdes. São representantes da direita conservadora e do capital financeiro disfarçados de ecologistas. Estão infiltrados principalmente nas universidades, nos grandes meios de comunicação, nas organizações não-governamentais e nas classes políticas. 

Conservadores que querem tudo conservar, exceto o já combalido meio ambiente, que pode entrar em colapso à vontade, desde que seus interesses econômicos sejam conservados. Todo cuidado é pouco. A próxima revolução tecnológica que está a caminho não poderá ser como a revolução digital, cujos maiores investimentos foram públicos mas a totalidade dos resultados privados. A próxima revolução tecnológica terá de ser, além de sustentável, includente. E isso só poderá ocorrer via decisões políticas responsáveis. O mercado por si só não promoverá a distribuição justa dos resultados. Ao contrário, irá apropriar-se de todos os ganhos de produtividade relativos às novas tecnologias, e devolverá à sociedade somente o mínimo exigido por lei.

Será um grande desperdício se, assim como aconteceu na revolução digital, as empresas líderes da revolução verde criarem apenas novos bilionários carismáticos, com empresas quase monopolistas, sediadas em paraísos fiscais e com suas plantas produtivas localizadas em países onde são permitidos trabalho quase escravo. Tudo isso sem nenhuma contrapartida social relevante. Apenas parasitismo. Para que a sustentabilidade não seja mais um eufemismo para sustentar lucros, preservar privilégios e conservar o poder, a sociedade precisa exigir um papel firme do Estado no desenho das políticas públicas do setor. Política ambiental sem inclusão social é uma espécie de fascismo econômico. Inclusão social sem política ambiental é uma espécie ignorância política. Não precisamos mais de fascistas de nehum tipo na história do Brasil.

fONTE: https://ulyssesferraz.blogspot.com.bR

Vídeo mostra momento do assassinato de candidato a prefeito de Itumbiara (GO)


Veja como foi o atentado que matou candidato a prefeito de Itumbiara (GO), Zé Gomes da Rocha, líder nas pesquisas. Atirador usou uma pistola automática .40, tentou fugir, mas também foi baleado e morreu. Vice-governador também estava no carro com o candidato assassinado

prefeito Itumbiara vídeo atirador tiros disparos
O servidor Gilberto Ferreira do Amaral no momento em que atirou contra a carreata (reprodução)
A caminhonete que levava o candidato a prefeito de Itumbiara Zé Gomes da Rocha (PTB) e governador em exercício de Goiás, José Eliton (PSDB), foi alvejada por disparos por volta das 18 desta quarta-feira (28).
Responsável pelos tiros, o funcionário público Gilberto Ferreira do Amaral, 53, estacionou um carro, que tem placa de Curitiba (PR), um pouco à frente, próximo ao local por onde passava a carreata.
“Ele desceu do carro, avançou em direção à caminhonete, e atirou contra Zé Gomes e o governador em exercício. Um policial militar que acompanhava a carreata a pé, ao lado da caminhonete, também foi atingido durante o tiroteio e acabou morrendo no local”, conta Daniel Gomes Pereira, comandante do 5º Batalhão de Polícia Militar de Goiás. ]
O policial militar foi identificado como cabo Vanilson Rodrigues, que estava trabalhando na segurança do evento. Ele tinha 36 anos de idade, 16 deles na PM.
Zé Gomes da Rocha (PTB) morreu no local. José Eliton ficou ferido no abdômen, passou por uma cirurgia no Hospital Municipal Modesto de Carvalho e foi levado de avião para ser tratado na capital. O advogado da prefeitura de Itumbiara, Célio Rezende, também foi atingido. Ele foi atendido no município e está sendo transferido para Goiânia.
Havia muitas pessoas na carroceria da caminhonete no momento dos disparos mas, segundo Pereira, ninguém mais foi atingido. O deputado federal Jovair Arantes (PTB-GO), relator da comissão do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, e o senador Wilder Morais (PP-GO) estavam ao lado de Zé Gomes e José Eliton.
O delegado regional de Itumbiara, Ricardo Chueire, afirma que ainda não se sabe a motivação do crime. “Fizemos a perícia no local e no carro do atirador, mas ainda não há pistas do que pode ter motivado o crime.”
A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública informou que o governador Marconi Perillo, em viagem oficial aos EUA, deve conceder uma entrevista coletiva assim que chegar a Goiânia nesta quinta-feira (29), em horário a ser definido.

Crescimento patrimonial de R$ 109 milhões

Duas vezes prefeito da cidade, José Gomes da Rocha era agropecuarista e dono ou com participação societária em várias fazendas. Neste ano, informou ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) um patrimônio de R$ 110.808.417,35.
Começou sua carreira política bem cedo, aos 18 anos, quando se tornou vereador em Itumbiara, sua cidade natal, e o mais jovem no cargo no Brasil. O candidato esteve na Câmara local por duas legislaturas, e depois ascendeu a outros cargos: foi deputado federal por quatro mandatos, entre 1989 e 2003, em seguida, elegeu-se deputado estadual. Zé Gomes ainda foi coordenador regional da campanha de Fernando Collor (então no PTC) em 1989.
A primeira passagem pela prefeitura da cidade goiana foi iniciada na eleição de 2004, quando, então no PMDB, foi eleito com pouco mais de 65% dos votos válidos. Já no PP, o político foi reeleito em 2008 para um novo mandato, com 84,4% dos votos.
Seu prestígio ainda foi suficiente para eleger seu então vice, o atual prefeito Chico Balla (PTB), com 59,32% dos votos. Nesta eleição, buscava retomar o comando da cidade e, segundo a imprensa goiana, despontava como favorito e fazia campanha de “carreata da vitória”. Pesquisas locais indicavam que tinha mais de 60% das intenções de voto.
De sua candidatura em 2008 para a deste ano, o político apresentou uma declaração de bens com um salto enorme: seu patrimônio passou de R$ 728.183,62 para R$ 110.808.417,35 no atual pleito. A atual declaração de bens levou o candidato a ser o maior doador da própria campanha, com um valor de R$ 180 mil cedidos.
Momento dos disparos (a partir de 1m15s):
Depois dos disparos:
Fonte: http://www.pragmatismopolitico.com.br/ 

E Deus se chama moro - o Deus da capa preta


20.09.2016


As religiões têm motivos de sobra para me odiarem, pois não acredito em nenhum dos deuses que tentam nos empurrar como o salvador da humanidade ou aquele outro deus que vê tudo. Desde muito cedo, sempre desconfiei deles.

Valter Xéu*

A minha "encrenca" com os Deuses que se apresentam persegue-me desde os cinco anos de idade, quando perguntei ao padre Aderbal- pároco da Igreja dos Remédios em Feira de Santana- por que em determinados lugares do céu vemos mais estrelas à noite que em outros. Ele, de imediato, respondeu que a maioria delas se concentravam ali para iluminar o caminho de Santiago. Tal resposta me levou a retrucar o famoso padre local, sem cerimônia, que aquilo era uma grande mentira. Levei da minha mãe -dona Júlia- um puxão de orelha, complementado por um pedido de desculpas que me fizeram lembrar em casa (e até hoje) que ali reinava, de fato, uma "juíza", a minha mãe Júlia. Sentenciou-me uma semana de castigos, sem direito a brincar de triângulo, bolinhas de gude, empinar periquito e, o pior dos piores, sem andar no meu carrinho de rolimã!

Uma outra encrenca que tive, sobre a minha incredulidade, com um padre aconteceu por volta dos meus oito anos, já morando no bairro dos capuchinhos e frequentando a igreja local.

Em uma festa de Santo Antônio, enquanto conversava com um padre - da ordem dos Capuchinhos l- perguntei-lhe por que a lua se apresentava com aquelas manchas. Ele me disse que era a representação da luta de São Jorge com o dragão e, caso o bicho escapasse, o mundo se acabaria.

Fiquei numa preocupação danada e torcendo loucamente para que São Jorge não deixasse nunca o dragão escapar. O que fazia com que todas as noites de lua cheia antes de dormir, eu olhava para a lua e pedia força para São Jorge!

Mas a imaginação de menino, naquela época e com aquela idade era uma coisa bem diferente da gurizada de hoje, que entende tudo a partir do filtro e interpretação insossa da internet, bem longe (ou nada) daquilo que é realmente importante para uma criança e do que dependeremos dela para a vida toda.

De novo, na Igreja dos Remédios, refeitas as pazes com o Padre Aderbal, resolvi tirar a limpo esse negócio de luta de São Jorge com o dragão e perguntei-lhe (novamente) o que representavam aquelas manchas na lua. Penso que ele temeroso da minha reação caso me falasse uma mentira qualquer, disse-me que eram crateras e montanhas na lua.

Acreditei, enfim, de imediato. A partir de então, todas as vezes que minha mãe ia à missa na Igreja dos Remédios eu me animava, pois era uma oportunidade de encher o Padre Aderbal de perguntas, típicas da cabeça de uma criança de oito anos. E a partir dai, parecia-me que teria respostas mais razoáveis.

Mas apesar de ter sido criado em uma família genuinamente católica, vi que, a cada dia, eu mais me distanciava desse compartilhamento de igreja e religião. Mas hoje, com algumas dezenas de anos nas costas, venho aqui de público afirmar que, definitivamente, passei a crer na existência de deus. E mais, sei que é brasileiro, vive no sul e atende por um nome terreno, que por vezes se desmorona em si.

E esse deus que descobri existir, apesar de comprovar a sua existência (nada metafísica), continua ocupando o mesmo lugar no meu panteão dos não venerados, pois vejo nele um deus que tem lado e conveniências, que manda para a cadeia os adversários pré-sentenciados por ele. Enquanto na outra ponta maniqueísta, ele joga, para debaixo das nuvens, as falcatruas ostensivamente comprovadas dos seus principais fiéis. Ele costuma misturar, para a nossa infelicidade, a tal da política com o seu poder de determinação legal do céu.

Toda semana, esse deus nos apresenta um versículo da sua bíblia que, a priori, é composta de 31 capítulos. Então, com uma curiosidade forjada por sua criativa divindade, esse deus nos 'presenteia' semanalmente com uma nova fábula, sob a qual - com uma fixação inexplicável- só se salvam ratos, ratazanas e peixes bem graúdos (tipo tubarões). Todos os demais são peixe-pequenos servindo de alimento para as três alegorias protegidas.

Mas esse tal deus se difere muito do deus da igreja católica que fez o mundo em seis dias e descansou no sétimo. O recém-descoberto deus não tem descanso, pois ele trabalha os sete dias da semana, sem tirar uma horinha sequer de descanso. Operário padrão da ......

É um deus pior que o apresentado pela "plêiade evangélica" de Edir Macedo, Valdomiro, Malafaia e afins, pois enquanto os descritos por eles estão aqui só por dinheiro, o deus sulista é diferente. Ele pratica toda sorte de contravenções, desrespeitando a constituição, prende sem nenhuma prova ou condenação e, lá deixa mofar -por meses ou anos- réus previamente condenados, ainda que não haja nenhum tipo de provas que comprove o crime específico daqueles pré-condenados. Esse deus -até que se rastreie algum paper, mais cedo ou mais tarde contra ele- jura cumprir a vontade (seletiva e excepcional) da lei (divinal).

Para esse deus sulista, se um fariseu disser que deu dinheiro para João-do- mercadinho-da- esquina, pronto! João será preso. Se algum Silva aparecer na sua caderneta de compras mensal paga, João será apresentado à imprensa como um empresário que é amigo do Silva, mesmo que na caderneta do João apareça algum Cardoso, Neves, Serra, Temer. O deus do sul não segue uma lógica matemática, nem racional, claro. Segue, sim, a mesma lógica que me fez responder mal a todos os párocos que subestimavam a minha inteligência, lá na infância.

E assim, o nosso perverso deus vai cooptando fiéis, geralmente, aqueles que não gostam de ver os marginalizados (adúltera, sodomita, pobre preto e etc) frequentando o mesmo espaço que os não-ímpios. Até poderia ser leviano, tratando-se de Brasil, dizendo que esse cenário assemelha-se, muito, à odiosa insatisfação demonstrada pela nossa burguesia brasileira diante da ocupação dos mesmos espaços por aqueles que ascendem por instrução. Seria a mesma coisa, se eu não estivesse me referindo a deus.

[Das putas sim, pois uma boa parte são filhos delas, mas aí é assunto para outro artigo e não esse aqui que é exclusivamente sobre a sua divindade o deus midiático da capa preta]. Todos os deuses se vendem como os maiorais, desde as deidades cristãs, passando pelo panteão grego ou a cosmologia africana. Dessa forma, um deus, genuinamente brasileiro, como é esse o caso, não fugiria à regra nunca. A única parceria terrena desse nosso deus-quase-homem é com um tal setor de "cenografia, pirotecnia e edição" sobre a qual são delineados os passos, as personagens e o desfecho das suas fábulas semanais. Eu afirmaria que a tríade, resultante do setor-parceiro, é explosiva, até diabólica, respeitando toda a ordem de potencial excepcionalidade que a derivação do homem de 'chifre, rabo e garfo na mão' exige. (diabo-diabólica).

O saldo da vaidade do deus-brasileiro em parceria com o diabo mediando ("mediando") é uma confusão dos infernos: ladrão vira santo, santo vira ladrão; inocente vira réu, réu vira inocente. Se não teve filiação (afinidade), vira churrasquinho desossado e desalmado publicamente.

Nosso deus é bem diferente, mesmo, dos demais, pois o nosso com certeza é mal-comunado com o diabo.

*Valter Xéu é diretor e editor de Pátria Latina e Irã News

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No Brasil da casa grande, a senzala não tem vez



No Brasil republicano a indicação para o cargo de Presidente da República sempre foi uma prerrogativa da Casa Grande, que cabia a Senzala apenas aprovar.

Quando surgia uma divergência entre os integrantes da Casa Grande, chamava-se o Exército para dirimir as dúvidas.

A primeira grande cisão se deu em 1930, quando os grandes senhores não se entenderam e foi preciso então apelar para as armas.

Cada grupo mostrou suas cartas e como o grupo de Getúlio Vargas tinha em mãos um Royal Straight Flush, a oligarquia do café-com-leite, entregou logo os pontos.

Essa é aliás, uma regra de ouro da Casa Grande: pode-se discutir, trapacear, trair, mas nada de derramamento de sangue entre a nobreza.

Os escolhidos pela Casa Grande não devem satisfações à Senzala, mas os mais inteligentes costumam fazer alguns agrados a ela.

Getúlio, por exemplo, sempre cultivou boas relações com essa gente, porque era mais inteligente que seus pares. Ele sabia que apertando demais, a corda pode se romper. Então tratou de fazer alguns agrados à Senzala, obviamente sem misturar o patriciado com a plebe.

Tamanho da Fonte

Mesmo assim, nem todos gostaram disso e Getúlio acabou deposto uma vez e levado ao suicídio noutra.

Outro discípulo de Getúlio, João Goulart, foi mais adiante do que a prudência recomendava e aí não teve jeito: foi preciso chamar os milicos.

A coisa tinha ido longe demais e já havia representantes da Senzala falando coisas desagradáveis para os ouvidos sensíveis dos donos do poder.

Nessas horas decisivas, como disse aquele coronel Passarinho, dado a pensamentos filosóficos, "ás favas os escrúpulos de consciência"

A gente fina da Casa Grande, que dizia cultuar os valores democráticos americanos e europeus, pelo menos na aparência, teve que conviver durante 20 anos com aquela plebe rude, pouco acostumada aos salamaleques dos finos salões em que vivia.

Mas, o que fazer?

Pior seria entregar ao poder à gentelha pobre da Senzala que não sabia nem se comportar na mesa.

Quando os novos donos da Casa Grande começaram a ficar cansados com aqueles generais e coronéis que queriam disputar os melhores butins nos seus muitos negócios, voltaram de novo a falar naquela palavrinha mágica que antes fizera tantos estragos: democracia.

Valeria a pena trocar a tranquilidade daqueles anos de ditadura por uma democracia cheia de riscos?

Aquele velho tio, sempre disposto a dar bons conselhos, o Tio Sam, garantia que sim.

Ele dizia que uma boa democracia, com a mídia sempre a favor, tranquiliza a pobreza e deixa os ricos mais livres para ganhar dinheiro.

E então, a democracia voltou.

Com o apoio de uma grande rede de televisão e da maioria dos jornais, tudo ia correndo muito bem.

Quando o candidato perfeito que a Casa Grande tinha encontrado terminou seu mandato e não havia outro melhor para seu lugar, mudou-se a regra do jogo. Comprou-se alguns votos no Congresso e o príncipe dos sociólogos, o FHC, pode ser reeleito.

Mas, como não há bem que sempre dure, aquele metalúrgico chato do ABC, que já havia perdido três eleições, conseguiu ganhar a quarta.

Não adiantou todo o esforço da mídia comprada, Lula virou presidente

E não só virou Presidente, como se reelegeu e depois reelegeu Dilma, que se reelegeu também.

Aí ficou demais.

Não é que o Lula e a Dilma tenham acabado com o poder da Casa Grande. Não, eles sempre foram compreensivos com os direitos da elite. O problema é que eles começaram a melhorar a vida do pessoal da Senzala e como todos sabem, essa gente nunca se conforma com o que tem, está sempre querendo mais.

Então, foi preciso mexer de novo na Constituição.

Mas, nada de chamar os milicos, que depois eles não querem mais ir embora. Dessa vez foi um golpe limpo em que ninguém ficou ferido.

Só a Constituição, mas afinal quem se importa com ela.

Bastou os apoios do Judiciário, do Parlamento e da Mídia.

Tudo muito fácil, porque tanto o Lula, quanto a Dilma, não quiseram fazer o que a turma da Casa Grande sempre fez, colocar gente da sua turma nos lugares da decisão.

O Lula e a Dilma acreditaram naquela história, que a Casa Grande divulgava, mas não seguia, de respeito à divisão de poderes e nomearam seus futuros algozes.

Em vez do Procurador Geral, que na época do FHC era chamado de "Engavetador Geral da República", nomearam um sujeito que indiciou os dois. A Polícia Federal, que eles modernizaram, os tratou como criminosos.

Só a mídia continuou sempre igual, na defesa intransigente dos direitos históricos da Casa Grande.

Então ficou fácil para a Casa Grande retomar o poder com o Temer e restabelecer a normalidade na República.

Marino Boeira é jornalista, formado em História pela UFRGS
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domingo, 25 de setembro de 2016

Por que nos EUA não tem batucada?


(Uncle Tom's Cabin, Robert Criswell, 1852)
(Uncle Tom’s Cabin Contrasted…, Robert Criswell, 1852)
Não é curioso que os Estados Unidos não usem tambores em sua música como todos os outros países que tiveram mão-de-obra escrava vinda da África? Eu sempre fiquei me perguntando isso. Por que a música dos negros norte-americanos é tão diferente da música brasileira, de Cuba, do Caribe? Onde foram parar os tambores? Cadê a batucada?
Pense em todos os grandes ídolos da música afro-americana: Charlie “Bird” Parker tocava sax. Louis Armstrong tocava trompete. Nina Simone tocava piano, assim como Stevie Wonder e Ray Charles. Miles Davis tocava trompete. E Wynton Marsalis, idem. Robert Johnson tocava guitarra. Chuck Berry, idem. Leadbelly tocava um violão de 12 cordas.
Os negros chegaram aos EUA vindos, em sua maioria, de regiões que hoje se conhecem como Senegal, Gâmbia, Nigéria, Camarões, Namíbia, Congo, Angola e Costa do Marfim. Os negros brasileiros vieram de Moçambique, do Benin, da Nigéria, e também de Angola, Congo e da Costa do Marfim. Com todas as diferenças existentes entre estas nações africanas, todas elas faziam uso de tambores com fins musicais e de comunicação. Por que então nós temos o samba e os gringos não? Por que não tem atabaque, agogô e cuíca na música afro-americana e sim saxofone, clarinete, trompete, instrumentos “de brancos” que os negros, aliás, aprenderam a tocar com maestria? Simplesmente porque os tambores foram proibidos na terra do tio Sam durante mais de 100 anos.
No dia 9 de setembro de 1739, um domingo, em uma localidade próxima a Charleston, na Carolina do Sul, um grupo de escravos iniciou uma marcha gritando por liberdade, liderados por um angolano chamado Jemmy (ou Cato). Ninguém sabe o que detonou a rebelião, conhecida como a “Insurreição de Stono” (por causa do rio Stono) e que é considerada a primeira revolta de escravos nos EUA. Conta-se que eles entraram numa loja de armas e munição, se armaram e mataram os dois brancos empregados do lugar. Também mataram um senhor de escravos e seus filhos e queimaram sua casa. Cerca de 25 brancos foram assassinados no total. Os rebeldes acabaram mortos em um tiroteio com os brancos ou foram recapturados e executados nos meses seguintes.
A reação dos senhores foi severa. O governo da Carolina do Sul baixou o “Ato Negro” (Negro Act) em 1740, trazendo uma série de proibições: os escravos foram proibidos de plantar seus próprios alimentos, de aprender a ler e escrever, de se reunir em grupos, de usar boas roupas, de matar qualquer pessoa “mais branca” que eles e especialmente de incitar a rebelião. Como os brancos suspeitavam que os tambores eram utilizados como uma forma de comunicação pelos negros, foram sumariamente vetados. “Fica proibido bater tambores, soprar cornetas ou qualquer instrumento que cause barulho”, diz o texto.
A proibição se espalhou pelo país e só foi abolida após a guerra civil, mais de um século depois, em 1866. Antes disso, o único lugar onde os negros podiam se reunir com certa liberdade eram as igrejas; daí o surgimento dos spirituals, a música gospel, com letras inspiradas pela Bíblia, que eles cantavam muitas vezes à capela (sem instrumentos) ou marcando o ritmo com palmas. As mãos batendo no corpo e os pés batendo no chão foram os substitutos que os escravos encontraram para os tambores, resultando em formas de dança e música conhecidas como “pattin’ juba”, “hambone” e “tap dance” (sapateado), ainda hoje utilizados por artistas negros (e também brancos) dos EUA.
“Os tambores ‘falantes’ africanos interagiam com os dançarinos utilizando diferentes ritmos, assim como comunicando mensagens através dos tons e batidas. Os tocadores de tambor podiam fazer seus instrumentos ‘falarem’ sons específicos, de forma que a percussão constituía um texto sonoro. A musicalidade de várias palavras africanas era tão precisa que elas podiam ser escritas como notas musicais. Os escravos levaram estes ritmos e o uso destas técnicas para a América”, diz o coreógrafo norte-americano Mark Knowles, autor do livro Tap Roots: the Early History of Tap Dance.
Os brancos sabiam que as rebeliões de escravos eram organizadas durante encontros que envolviam dança e que a cadência dos tambores podia ser um convite à insurreição, com o uso dos tambores falantes. “Proibidos os tambores, o corpo humano, o mais primitivo de todos os instrumentos, se tornou a principal forma de ritmo e de comunicação entre os escravos. “Usando o corpo como percussão, em uma tentativa de imitar os sofisticados ritmos e cadências dos tambores, com o elaborado uso de batidas dos saltos e do bico do sapato, surgiu o que chamamos de ‘tap dance’. Mesmo hoje em dia, quando dois sapateadores mantêm uma conversação com seus pés, é como se estivessem telegrafando mensagens, como faziam originalmente os tambores africanos”, afirma Knowles.
Alguns estudiosos atribuem ao banimento dos tambores o fato de a música dos EUA em geral não ser tão rica em compassos como a sul-americana ou a caribenha. “Há uma coisa peculiar que quase toda a música norte-americana tem em comum: uma extensa ênfase em um mesmo ritmo, muito diferente da encontrada em qualquer outro lugar no mundo. É assim: Boom – Bap – Boom – Bap, com um bumbo na primeira e terceira batidas, ou em todas as quatro, uma caixa precisamente na segunda e quarta, e quase nada entre elas. Este ritmo é chamado de ‘duple’ (compasso binário) em teoria musical, e você pode encontrar variações dele em todos os estilos da música americana popular moderna: Blues, Motown, Soul, Funk, Rock, Disco, Hip Hop, House, Pop, e muito mais”, diz o DJ Zhao neste interessante artigo.
“O predomínio generalizado deste monorritmo simplificado, rígido e mecânico, minimizando elementos polirrítmicos na música para o papel de embelezamento, às vezes ao ponto de não-existência, é muito diferente do foco em polirritmos complexos que existe em várias formas da moderna música sul-americana e caribenha: o Son Cubano e a Rumba, a Bossa Nova brasileira, o Gwo Ka e Compas haitiano, o Calipso de Trindade e Tobago… Nenhum deles depende tão extensivamente do duple.”
Em sua autobiografia, To be or Not… to Bop, o trompetista Dizzy Gillespie atribui esta menor complexidade rítmica da música afro-americana em relação à música afro latino-americana à proibição dos tambores. “Os ingleses, ao contrário dos espanhóis, tiraram nossos tambores”, lamenta Gillespie (leia mais aqui). Em meados da década de 1940, muitos congueros (tocadores de conga, espécie de atabaque) migraram para os Estados Unidos e exerceram influência na música local, criando o jazz afro-cubanoGillespie colocou a conga do cubano Chano Pozo em sua música e a parceria resultou em Manteca (1947), canção pioneira por introduzir percussão cubana no jazz.
Nos rincões do Mississippi, driblou-se a proibição dos tambores com bandas de flautas e tarol (caixa), instrumentos que eram aceitos e inclusive tocados no Exército durante a guerra civil. Em 1942, o folclorista Alan Lomax gravou pela primeira vez gente como Othar Turner e Ed e Lonnie Young, cuja sonoridade esbanja ancestralidade, soa a África e foi comparada à música haitiana. É o mais próximo de uma batucada que encontrei na música negra dos EUA. Não parece meio maracatu?
Enquanto nos Estados protestantes os tambores eram banidos, na católica Louisiana eles foram permitidos até o século 19 e eram utilizados sobretudo nas cerimônias de vodu, religião afro-americana levada para os EUA pelos escravos do Benin, antigo Daomé – de onde vieram também a maioria dos negros da Bahia. Assim como em Salvador, havia muito sincretismo em New Orleans até começar a perseguição ao vodu e por conseguinte aos tambores.
A partir de 1850 o uso de tambores passou a ser restringido até mesmo na Congo Square, uma praça da cidade onde tradicionalmente os negros se reuniam para tocar tambores, dançar e entrar em transe espiritual ao som de música. Nos anos 1970 a praça foi reabilitada e até hoje rola um batuque de primeira por lá.
Apesar desta “percussofobia”, como alguns chamam, a música negra dos EUA é maravilhosa, sem sombra de dúvidas. Mas como seria ela se os tambores não tivessem sido proibidos? Mais parecida com a brasileira? Nunca saberemos.
 Fonte: http://www.socialistamorena.com.br/

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

TRF4 mantém turismo embarcado de observação de baleias no litoral catarinense




















O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) negou hoje (16/9) o recurso do Instituto Sea Shepherd Brasil que pedia a suspensão do turismo de observação de baleias em embarcação na região da APA Baleia Franca (APABF), situada no litoral catarinense, nos municípios de Garopaba, Imbituba e Laguna.

O desembargador federal Fernando Quadros da Silva, relator do caso, concluiu que o plano de fiscalização proposto pela APABF e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), já homologado em primeira instância, atende de forma adequada às determinações da 1ª Vara Federal de Laguna.

“O plano em princípio cumpre com as determinações da sentença proferida nos autos da ação civil pública nº 50022364820124047216, podendo ser revisto conforme as normas e procedimentos, inclusive os expedidos pela Marinha do Brasil, partir dos processos continuados de monitoramento, bem como do diálogo com o Conselho Gestor da APABF, pesquisadores, gestores públicos, centros de pesquisa, universidades e operadores de turismo embarcado”, concluiu Quadros da Silva.

Turismo questionado

A ação civil pública contra o turismo embarcado para observação das baleias francas foi movida pelo Instituto Sea Shepherd Brasil (Instituto Guardiões do Mar) em novembro de 2012. A entidade alega que as empresas que exploram a atividade estariam desconsiderando a distância mínima de 100 metros dos animais. Além de requerer providências por parte do ICMBio, pediam a suspensão imediata da atividade.

A 1ª Vara Federal de Laguna (SC) julgou procedente o pedido e suspendeu o turismo embarcado liminarmente até a apresentação pelo ICMBio de um plano de fiscalização da área. O plano foi apresentado, aprovado e homologado, e a atividade liberada.

O Instituto Sea Shepperd recorreu ao tribunal alegando que o plano apresentado não atenderia à Portaria 117/96 do IBAMA. Segundo o instituto, não teria havido alteração na prática e as medidas propostas seriam inócuas para o fim de impedir o molestamento das baleias e, ao mesmo tempo, garantir a segurança dos turistas.



Fonte: http://www2.trf4.jus.br/

domingo, 18 de setembro de 2016

Morreu o exorcista mais célebre do mundo

Morreu o exorcista mais célebre do mundo


Gabriele Amorth faleceu aos 91 anos depois de uma vida a lutar contra o Diabo. 17.09.16PARTILHE 683 0 O padre Gabriele Amorth Foto Getty Images O sacerdote Gabriele Amorth, provavelmente o exorcista mais célebre do mundo com uma carreira de 30 anos a lutar contra o diabo, morreu com 91 anos em Roma na clínica onde se encontrava internado por problemas pulmonares. Amorth, que morreu na noite de sexta-feira, segundo informaram este sábado os meios de comunicação, explicava que durante a sua vida tinha realizado 70 mil sessões de exorcismos. Nasceu em 1925 en Modena, uniu-se à Sociedade de São Paulo em 1947, ordenou-se sacerdote em 1951 e em 1985 foi nomeado exorcista oficial da diocese de Roma. Foi fundador em 1990 da Associação Internacional de Exorcistas (AIE), organização que presidiu até se retirar em 2000 e que só recentemente foi reconhecida juridicamente pelo Vaticano ao ser aprovada pela congregação para o Clero. Atualmente, a AIE conta com cerca de 250 exorcistas presentes em cerca de 30 países. O exorcismo é uma oração oficial da Igreja católica na qual se invoca Deus e se exige ao diabo que liberte determinada pessoa. A morte de Amorth foi confirmada pelo grupo editorial São Paulo, com o qual o sacerdote tinha publicado numerosos livros, incluindo o "Deus é mais belo do que o diabo", em 2015, considerado o seu testamento humano e espiritual. A nomeação como exorcista oficial fez de Amorth uma celebridade no mundo e nas entrevistas que concedia assegurava que recebia 600 pedidos por dia para celebrar exorcismo.

REFLEXÕES TRABALHISTAS - Reforma trabalhista é necessária, mas não pode levar só aspecto econômico em conta




A classe trabalhadora viveu, a partir da Revolução Industrial, um século de lutas, um de conquistas — do chamado Estado do bem-estar social — e o terceiro século, do Estado do mal-estar.

A mais importante moda hoje é imputar ao Estado do bem-estar social as causas reais das crises provocadas pelo capitalismo irresponsável.

Nesse sentido, como escreveu o grande juslaboralista Nestor de Buen, foram escolhidas duas vítimas propícias: a seguridade social e o Direito do Trabalho. Na Grã-Bretanha, Margareth Thatcher e, em seguida, seu sócio americano, Ronald Reagan, lideraram a feroz campanha contra o Estado do Bem-Estar, apoiados na agressões acadêmicas da escola de Chicago de Nilton Friedman, que dizia que “o conjunto de medidas conhecidas sob a capciosa denominação de seguridade social tem efeitos tão nefastos sobre a economia de um país como a política de salários mínimos, assistência médica para determinados grupos, habitações populares, preços agrícolas subvencionados etc.” (...) “na concepção neoliberal, o bem-estar social pertence ao âmbito privado, ou seja, deve ser gerado pelo esforço individual e resolvido em família ou no mercado” (BUEN, Nestor de. O Estado do mal-estar. Revista LTr. São Paulo, ano 62, n. 5, 1998).

Não esqueçamos de que o Brasil sequer alcançou o bem-estar social. Suas elites empresariais agressivas instituíram ao longo da história um modelo desenvolvimentista voltado para as classes altas, com concentração de rendas x baixos salários.

Hoje a moda aqui pelo Brasil é fazer prevalecer o negociado sobre o legislado como forma de resolver os problemas da economia. Mas, fazer isso num país que ainda não implementou a verdadeira liberdade sindical, com poucos sindicatos fortes e independentes e, pior ainda, em momento de crise, parece um pouco precipitado.

Vivemos num país em que o desrespeito constante a direitos humanos mínimos e elementares do cidadão trabalhador é realidade vivida todo dia, como o trabalho infanto-juvenil, discriminações as mais diversas nas relações de trabalho, trabalho escravo encontrado em vários Estados brasileiros, demissões em massa sem sequer pagar o empregador as verbas rescisórias e, ainda, colocando os trabalhadores contra os sindicatos, para obrigá-los a fazerem a homologação negativa, sem o pagamento de qualquer verba, somente para o trabalhador sacar o FGTS, se existente alguma coisa na sua conta.

Os mais fortes, organizados e atuantes sindicatos não estão resistindo a essa grave situação e, agora, apresenta-se como salvação da crise o negociado sobre o legislado.

Negociado sobre legislado, parece-me, teria sentido num sistema e num país em que se respeitasse, pelo menos, o direito de greve, que é o mais importante instrumento de que podem se valer os trabalhadores nas negociações coletivas. Mas, o que se vê todo dia são os interditos com pesadas multas e proibição de manifestação e o afastamento dos trabalhadores a 500/1000 metros da porta da empresa. Semana passada vi o seguinte caso: os trabalhadores decidiram fazer greve simplesmente para obterem a correção salarial na data-base, pela inflação oficial, porque desde maio não foram atendidos. A empresa, com essa informação, pediu e o Tribunal deu uma liminar de 70% em atividade e R$ 5 mil de multa por cada trabalhador (eram uns 400), pelo seu descumprimento. Quem vai fazer greve em tais condições? Qual é o equilíbrio de uma negociação dessas, para prevalecer sobre o legislado?

Mais uma vez, com razão Nestor de Buen, quando diz que “sejam quais forem as razões, a política social entrou em decadência e sobre ela recaem as imputações das mil culpas dos infortúnios das economias mundiais. Quando, em rigor, não se trata senão da cadeia de fracassos do imperialismo financeiro".

O panorama não é animador! Por isso, ao invés de enfraquecê-lo, como é o discurso da moda hoje, é preciso, ao contrário, tornar o direito laboral mais forte, para fazer frente aos avanços ilimitados dos interesses do capital, que sabe muito bem manejá-los nos piores momentos para a classe trabalhadora, sufocando-a até as últimas consequências.

Por isso, cumpre a nós, juristas, não perdermos de vista o papel que nos cabe, para não colocarmos o nosso peso do lado errado e não se deixar levar por discursos equivocados e oportunistas.

Reforma trabalhista, sim, é necessária e, não esqueçamos que a CLT já sofreu reforma em mais de 85% dos seus artigos. É só dar uma olhada no seu texto do Planalto. Adaptação e modernização das normas trabalhistas aos tempos atuais é necessária, mas sem perder de vista os irreparáveis prejuízos de reformas irresponsáveis, que só levam em conta aspectos econômicos em detrimento dos sociais e humanos. É preciso, pois, que se faça valer os princípios constitucionais fundamentais que asseguram o valor social do trabalho e a dignidade da pessoa humana, não importando do lado que se esteja.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

TSE julga prefeito acusado de usar doação de terreno a igreja para se eleger



ABUSO DE PODER


O Tribunal Superior Eleitoral suspendeu o julgamento do recurso de dois políticos acusados de usar terrenos doados a uma igreja em benefício próprio, durante a campanha eleitoral. A suspensão se deu por causa de um pedido de vista do ministro Herman Benjamin.

O prefeito de Nova Lima (MG), Cássio Magnani Júnior, e sua vice, Maria de Fátima de Aguiar, recorrem contra a cassação de seus mandatos, determinada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais.

Eles são acusados de se beneficiar de dois terrenos doados pela prefeitura à Igreja do Evangelho Quadrangular durante a gestão do ex-prefeito Carlos Roberto.O TRE-MG entendeu que eles receberam vantagens eleitorais com o uso dos imóveis nas eleições de 2012.Herman Benjamin pediu vista para analisar se inelegibilidade também dev valer para o ex-prefeito de Nova Lima.
Reprodução

O julgamento está cinco votos a dois pela cassação. Até o pedido de vista de Herman Benjamin, os ministros votaram por manter a cassação de Cássio Magnani e Maria de Fátima, além da inelegibilidade de Carlos Roberto.

Relator do processo, o ministro Herman pediu vista dos autos para avaliar se a inelegibilidade de oito anos deve alcançar também Cássio Magnani, pois é preciso avaliar se ele se beneficiou eleitoralmente das doações dos terrenos. Na decisão do TRE de Minas Gerais, Cássio, Maria de Fátima e Carlos Roberto foram declarados inelegíveis por oito anos.

Em sessão há duas semanas, o ministro Herman Benjamin considerou que houve abuso de poder econômico e político na assinatura de dois decretos de outorga de terrenos públicos à Igreja do Evangelho Quadrangular, pelo então prefeito Carlos Roberto.

Segundo o ministro, o objetivo dos decretos foi beneficiar as candidaturas de Cássio Magnani, e sua vice, Maria de Fátima, nas eleições de 2012. Herman Benjamin afirmou que, segundo os autos do processo, dias antes da eleição um pastor da igreja declarou a um jornal regional apoio político à candidatura de Magnani.

Após pedido de vista apresentado naquela sessão pelo ministro Teori Zavascki, votaram com relator os ministros Henrique Neves, Edson Fachin, Rosa Weber e o próprio ministro Teori. Os ministros Napoleão Nunes Maia e Luciana Lóssio divergiram do relator por entenderem que não há provas sobre a vantagem resultante da outorga dos terrenos à Igreja do Evangelho Quadrangular. Os dois votaram pelo retorno do processo ao TRE mineiro para que avaliasse outras questões. Com informações da Assessoria de Imprensa do TSE.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Quem mais que a Igreja Católica comandou o trucidamento de povos inteiros, na América, por exemplo?






PAPA CONDENA ATOS E ATROCIDADES TERRORISTAS EM NOME DA RELIGIÃO
Ao receber hoje no Vaticano representantes de diferentes religiões, o papa Francisco pediu que os líderes religiosos de todo o mundo condenem de forma unânime os atos terroristas e as “atrocidades” cometidas “em nome da religião”. “É necessário condenar de forma conjunta e categoricamente estas ações abomináveis e distanciar-se de todos os que procuram envenenar os espíritos”, disse Francisco aos participantes de encontro promovido pela Organização dos Estados Americanos e o Instituto para o Diálogo Inter-religioso de Buenos Aires, com a colaboração do Conselho Pontifício para este setor, da Santa Sé. Cerca de 200 líderes religiosos participaram do encontro no Vaticano, e o papa aproveitou a oportunidade para cobrar “valores positivos” inerentes às tradições religiosas para deixar uma mensagem de “esperança” à sociedade. Francisco apontou como objetivos centrais da cooperação entre religiões a defesa da vida humana e da natureza, com “respeito recíproco”. “Não podemos nos calar ou de braços cruzados diante de tantos direitos aniquilados impunemente”, destacou. No final do encontro, o papa fez um apelo aos religiosos em favor de um trabalho conjunto entre as religiões em favor da construção de “um mundo cada vez mais humano”.

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Sob o pretexto de "converter o gentio à fé cristã", foi praticado o maior genocídio que se conhece em toda a história da humanidade, pela hidra papista. Você tem idéia de quantos ameríndios morreram após a conquista da América pelas hostes que contavam com o beneplácito e a participação direta da ICAR?  Quase 100 milhões, nas três Américas. 

HIPÓCRITAS IANQUES INSISTEM QUE FOI ATO DE TERRORISMO, APESAR DAS EVIDÊNCIAS GRITANTES EM CONTRÁRIO

  
QUINZE ANOS DO ATAQUE ÀS TORRES GÊMEAS EM NOVA IORQUE
Recordando os quinze anos que passaram, o presidente Barack Obama fará um discurso numa cerimônia no Pentágono, no próximo domingo, e relembrará os ataques de 11 de setembro, que deixaram mais de três mil mortos. Segundo a Casa Branca, o secretário da Defesa, Ash Carter, e o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Joseph Dunford, também estarão presentes. Milhares de pessoas foram mortas em Nova York, Pensilvânia e no Pentágono durante os ataques terroristas realizados pela Al Qaeda, um grupo militante muçulmano fundado por Osama bin Laden. Cerca de 184 pessoas morreram no Pentágono quando um avião da American Airlines se chocou contra o edifício de cinco andares em Arlington, Virgínia. Bin Laden foi morto pelas forças norte-americanas no Paquistão durante um ataque, em maio de 2011.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Corte italiana diz que masturbação em público, longe de crianças, não é crime


EXIBICIONISMO OBSCENO

Masturbar-se em lugares públicos, na frente de outras pessoas, não é mais crime na Itália. A prática é considerada uma infração administrativa e punida apenas com multa, disse a Corte de Cassação numa decisão anunciada recentemente. Só vai para cadeia quem comete o ato obsceno na frente de menores de idade.

Os juízes da Corte de Cassação entenderam que uma lei aprovada em 2015 descriminalizou a masturbação em público, conforme explicou o jornal italiano Il Sole 24 Ore. Os julgadores se posicionaram no apelo de um homem de 69 anos, que havia sido condenado a três meses de prisão por se masturbar na frente de alunas de uma universidade. Como menores de idade não presenciaram o ato, a corte considerou que não cabe prisão, mas apenas uma multa, que ainda deve ser fixada pela primeira instância.



Revista Consultor Jurídico, 12 de setembro de 2016, 9h58

domingo, 11 de setembro de 2016

TRAÍDOS TAMBÉM, ESPERNEIAM - Nota Pública em defesa das carreiras da magistratura e do Ministério Público


A Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público (Frentas) divulgou nesta sexta-feira (9), nota pública na qual critica a conduta do Senado Federal que, na noite de ontem (08), não aprovou a urgência e o mérito dos projetos que reajustam os subsídios dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Procurador-Geral da República (PGR).
Confira:
Nota Pública em defesa das carreiras da magistratura e do Ministério Público
Diante do ocorrido durante sessão do Senado Federal, na noite do último dia 8, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) , a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), a Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), a Associação Nacional do Ministério Público Militar (ANMPM) e a Associação dos Membros do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (AMPDFT), entidades de classe de âmbito nacional que congregam mais de 40 mil juízes e membros do Ministério Público em todo o País, vêm público afirmar:
1. As entidades subscritas - que há mais de um ano acompanham a tramitação dos PLCs 27 e 28, destinados a recompor de forma parcial as perdas do poder aquisitivo dos subsídios de magistrados e membros do Ministério Público e que não estão imunes aos efeitos da crise – viram com perplexidade registrar-se de forma inaceitável o descumprimento de acordo celebrado seguidas vezes entre o presidente do Supremo Tribunal Federal, e o atual presidente Michel Temer para votação e aprovação do aludido projeto, cujos efeitos financeiros estão contemplados na LOA 2016 e no Projeto orçamentário de 2017. Não foi honrada tampouco a palavra dada pelos líderes partidários e pela presidência do Senado Federal.
2. Sob falsos e risíveis argumentos de desconhecimento desses impactos em outros segmentos, o que na verdade já fora informado no projeto até de forma superestimada, lideranças que durante meses defenderam o projeto e até poucas horas anunciavam que a matéria seria apreciada agiram com ânimo procrastinatório que não respeita a argúcia do interlocutor mais distraído. As magistraturas nacionais estão sendo simplesmente traídas e desrespeitadas, e restaram – certamente não por acaso - como única categoria profissional a ter seu reajuste parcial negado pelo Congresso Nacional.
3. É importante lembrar que a proposta de recomposição dos subsídios do Poder Judiciário e do Ministério Público da União, que deveriam ter sido aprovadas no ano de 2015, já foram encaminhadas pelo Supremo Tribunal Federal e pela Procuradoria Geral da República nos respectivos projetos de lei, em percentual muito aquém das reais perdas inflacionárias dessas carreiras, ainda assim prevendo-se pagamento em duas parcelas (junho de 2016 e janeiro de 2017), não havendo razão alguma para rejeição. É igualmente cabível ressaltar que não houve encaminhamento de projeto para recuperar as perdas inflacionárias do ano em curso, o que foi feito para contribuir com o País, em mais uma demonstração de boa fé, absolutamente desrespeitada.
4. Registram também as subscritoras – e nisso têm destacado uma real tentativa de enfraquecer juízes e Ministério Público, como real motivo da rejeição do projeto – que várias outras carreiras da União tiverem reajustes com impacto econômico muito maiores, como é o caso da AGU, com percepção de honorários advocatícios, fora índices de recomposição que chegaram a 40%, contra meros 16%, parcelados, do Judiciário e Ministério Público. Com os aumentos reais que lhe foram aprovados – enquanto se negocia simples reajustes das carreiras que ainda são relatadas como sendo referências -  a advocacia da União e a Defensoria Pública da União superarão as magistraturas nacionais. As lideranças partidárias, ou a Presidência do Senado, tampouco incomodaram-se com a aprovação do reajuste da remuneração dos servidores do próprio Poder Legislativo, muito superiores a dos magistrados. Há franca e total hipocrisia nesta ação política, que em verdade revela as intenções claras e insofismáveis de retaliação ao trabalho independente da Justiça e do Ministério Público.                 
5. Em sendo assim, as entidades subscritas, repudiando o ato discriminatório, levarão à consideração de seus associados nos dias próximos a adoção de um conjunto de medidas que preserve independência a dignidade dessas carreiras, que não podem nem devem ser desvalorizadas. A sociedade deve conhecer o fato de que a retaliação ao trabalho feito com equilíbrio e integridade na defesa do patrimônio público e da Constituição já começou.

João Ricardo Costa
Presidente da AMB e Coordenador da Frentas

Germano Silveira de Siqueira
Presidente da Anamatra

Roberto Veloso
Presidente da Ajufe

José Robalinho Cavalcanti
Presidente da ANPR

Ângelo Fabiano Farias Da Costa
Presidente da ANPT

Norma Angélica Cavalcanti
Presidente da CONAMP

Elísio Teixeira Lima Neto
Presidente da AMPDFT

Giovanni Rattacaso
Presidente da ANMPM
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terça-feira, 6 de setembro de 2016

O black bloc e a violência

Embora tenham sido transformados pela imprensa numa espécie de Al Qaeda, os manifestantes que fazem uso da tática black bloc estão inseridos numa longa tradição de reflexão sobre a forma mais adequada e eficaz de se produzir mudança social por meio do protesto de rua.
Os primeiros black blocs eram grupos informais de autodefesa dos movimentos autônomos da Alemanha ocidental nos anos 1980, os Autonomen. As táticas do grupo consistiam na constituição de linhas de frente para enfrentar a repressão policial e na organização de cordões de isolamento para impedir a infiltração de agitadores nas passeatas. O nome black bloc, (em alemão, “der schwazer Block”) era originalmente uma brincadeira que aludia ao fato das manifestações de rua na Alemanha se organizarem por meio de “blocos” como o verde (formado pelos ambientalistas) e o vermelho (por socialistas ligados aos sindicatos).
Nos Estados Unidos, no final dos anos 1990, os black blocs ganharam um novo contorno, isto é, foram ressignificados. Um pouco antes, na primeira metade dos anos 1990, pequenos black blocs no estilo alemão tinham ocasionalmente aparecido em protestos nos EUA devido à difusão da tática em artigos e livros, como o de George Katsiaficas, antigo aluno de Marcuse.
Mas o black bloc ganhou seu contorno atual durante os protestos contra a Organização Mundial do Comércio, em Seattle, em 1999, quando um grupo optou por romper com a tática de bloquear ruas e praticar resistência passiva, na tradição da desobediência civil não violenta de Gandhi e Martin Luther King Jr.
A desobediência civil não violenta tinha se estabelecido como paradigma dos movimentos sociais dos Estados Unidos depois da vitória do movimento pelos direitos civis nos anos 1960. A tática consistia em desobedecer uma lei injusta e não reagir à violência do Estado que tentava defendê-la. Assim, os ativistas do movimento pelos direitos civis desobedeciam as leis que determinavam lugares separados para negros e brancos ocupando com sit-ins restaurantes e outros ambientes segregados. Quando a polícia reprimia com violência esse ato de desobediência pacífica, as imagens divulgas pela imprensa de manifestantes de uma causa justa sofrendo a repressão violenta do Estado geravam indignação da opinião pública que pressionava pelo fim da segregação.
Mas nos anos 1990 havia um sentimento que aquela tática tinha se esgotado porque a desobediência civil não tinha como gerar efeitos políticos sem a cobertura da violência policial pela imprensa. O professor de Antropologia da London School of Economics, David Graeber, um dos ativistas que compuseram o black bloc de Seattle relata assim o debate que se deu:
Estratégias gandhianas não tem funcionado historicamente nos Estados Unidos. Na verdade, elas nunca funcionaram em escala massiva desde o movimento pelos direitos civis. Isso, porque os meios de comunicação nos EUA são constitutivamente incapazes de noticiar os atos de repressão policial como "violência" (o movimento pelos direitos civis foi uma exceção porque muitos americanos não viam o sul como parte do mesmo país). Muitos dos jovens que formaram o famoso Black Bloc de Seattle eram na verdade ativistas ambientais que estiveram envolvidos em táticas de subir e se prender em árvores para impedir que fossem derrubadas e que operavam em princípios puramente gandhianos -- apenas para descobrirem em seguida que nos Estados Unidos dos anos 1990, manifestantes não-violentos podiam ser brutalizados, torturados e mesmo mortos sem qualquer objeção relevante da imprensa nacional. Assim, eles mudaram de tática. Nós sabíamos de tudo isso. E decidimos que valia a pena correr o risco.
A crítica que os ativistas do Black Bloc de Seattle fizeram às táticas clássicas de Gandhi não é, no entanto, nova. Ela retoma um debate que já havia ocorrido nos anos 1940 entre o socialista dissidente George Orwell e o próprio Gandhi. Num artigo célebre, Orwell argumenta que o método de resistência passiva gandhiano não podia ser generalizado para circunstâncias nas quais não havia uma imprensa livre e atuante que alimentasse uma opinião pública liberal. Ele ironizava, assim, a recomendação de Gandhi de que os judeus perseguidos pelo nazismo deveriam ter cometido suicídio coletivo para despertar a consciência alemã:
A posição do Gandhi era que os judeus alemães deveriam cometer suicídio coletivo, o que “despertaria o mundo e o povo da Alemanha para a violência de Hilter”. Após a guerra, ele se justificou: os judeus teriam sido mortos de qualquer maneira, então pelo menos eles poderiam ter morrido de maneira significativa. (…) Há motivo para pensar que Gandhi, que nasceu em 1869, não entendeu a natureza do totalitarismo e via tudo mais nos termos de sua própria luta contra o governo britânico. A questão importante não é tanto que os britânicos o tenham tratado com tolerância mas o quanto ele sempre pode atuar publicamente. Como se pode ver na sentença citada acima, ele acreditava num “despertar do mundo” que só é possível se o mundo tem a oportunidade de conhecer o que você está fazendo. É difícil imaginar como os métodos de Gandhi podiam ser aplicados em um país no qual os oponentes do regime desaparecem no meio da noite para nunca mais serem encontrados. Sem uma imprensa livre e o direito à reunião é impossível não apenas apelar para a opinião externa, mas criar um movimento de massas ou mesmo fazer suas intenções serem conhecidas pelo adversário.
Tanto Orwell como os ativistas do black bloc de Seattle entendiam que a ausência de uma imprensa livre e atuante impedia que as ações de desobediência não violenta tivessem impacto na opinião pública gerando efeitos políticos. Para enfrentar esse dilema, os ativistas americanos propuseram ressignificar as táticas do black bloc alemão concentrando sua ação numa modalidade de desobediência que era a destruição seletiva de propriedade privada. O objetivo era duplo: por um lado, resgatar a atenção dos meios de comunicação de massa; por outro, transmitir por meio dessa ação de destruição de propriedade uma mensagem de oposição à liberalização econômica e aos acordos de livre comércio.
Ao contrário do que normalmente se pensa, essa ação não apenas não é violenta como é predominantemente simbólica. Ela deve ser entendida mais na interface da política com a arte do que da política com o crime. Isso, porque a destruição de propriedade a que se dedica não busca causar dano econômico significativo mas apenas demonstrar simbolicamente a insatisfação com o sistema econômico. Há obviamente uma ilegalidade no procedimento de destruir a vitrine de uma grande empresa, mas é justamente a conjugação de uma arriscada desobediência civil e a ineficácia em causar prejuízo econômico à empresa ou ao governo que confere a essa ação seu sentido expressivo ou estético, num entendimento ampliado. A destruição de propriedade sem outro propósito que o de demonstrar descontentamento simbolizava e apenas simbolizava a ojeriza aos efeitos sociais da liberalização econômica.
Também é preciso salientar que essa tática se inscreve na longa tradição de não violência do movimento social norte-americano. A destruição seletiva de propriedade privada não é feita de maneira arbitrária, mas segue regras pactuadas pelos ativistas: não podem ser alvo pequenos comércios e as ações não podem resultar na agressão a pessoas ou a animais.
Embora não esteja claro em que medida as ações black bloc foram capazes de transmitir a mensagem política desejada, elas foram sem dúvida eficazes em capturar a atenção dos meios de comunicação de massa – afinal, tinha se mostrada acertada a intuição dos ativistas de que nada despertaria mais a atenção da grande mídia do que uma desobediência do coração do sistema jurídico que é a proteção da propriedade privada.
O impacto midiático das ações do black bloc em Seattle foi tão grande que terminou ofuscando, em parte, a grande construção coletiva que levou tanto às passeatas de massa organizadas pela central sindical AFL-CIO, como aos bloqueios de rua organizados pelos ativistas da Direct Action Network. Esse sucesso em capturar a atenção dos meios de comunicação foi logo percebido por ativistas em todo o mundo e a tática black bloc, na sua roupagem americana, logo entrou no repertório dos movimentos sociais, disseminando-se por todo o planeta nos primeiros anos do século XXI.
O rompimento do consenso no movimento social americano em torno das táticas gandhianas suscitou muitos debates e desde o princípio o black bloc foi acusado de oportunista, de diversionista, de promotor da violência e de isca da repressão policial. Os calorosos debates do início dos anos 2000 foram resolvidos por meio da ideia da "diversidade de táticas", isto é, da ideia de que as diferentes táticas tinham que conviver, respeitando umas as outras – mais ou menos como o “mundo onde caibam muitos mundos” preconizado pelos zapatistas.
Para esse consenso ser atingido foi necessário que aqueles que advogavam a tática exclusiva de bloqueios e ocupações (sit-ins) não violentos entendessem que os que aderiam à tática black bloc também participavam da tradição da não-violência, pois não atacavam pessoas, mas coisas. A partir desse consenso, os protestos de rua passaram a ser divididos em grupos que ocupavam cada um uma parte da cidade, de maneira que pudessem coexistir. Esse mesmo consenso existiu no Brasil no início dos anos 2000 durante os protestos contra a ALCA, onde aconteceram as primeiras ações black bloc no país.
No entanto, na onda de mobilizações globais que começou em 2011, parece que esse aprendizado foi esquecido e os duros ataques aos black blocs reapareceram no Occupy Wall Street, na insurreição no Egito, nos protestos na Grécia e também no Brasil. Os ativistas que compunham os Black Blocs foram tratados como arruaceiros inconsequentes, luditas irracionais e bandidos oportunistas. O fato de que os grupos no Brasil em geral tem respeitado os princípios da tática, que inclui não agredir pessoas, nem atacar pequenos comércios não é levado em conta nas acusações de "violentos" e, assim, um ato de desobediência civil (a destruição de propriedade) se torna equivalente à agressão a pessoas.
Enquanto a destruição da vidraça de bancos ganha enorme visibilidade, a repressão da polícia a manifestantes pacíficos segue invisível para a maior parte da grande imprensa. E não é só a agressão a manifestantes que é invisível. Toda a ação abusiva e violenta da polícia nas periferias das grandes cidades não recebe cobertura ou recebe uma cobertura discreta, sem destaque editorial.
A imprensa gasta páginas e mais páginas de jornal e dezenas de minutos de jornalismo televiso para discutir a “violência” contra vidraças enquanto a verdadeira violência contra a vida ganha apenas menções pontuais. Ao chamar a atenção para os bancos, para as grandes marcas e para o estado brasileiro, os manifestantes que fazem uso da tática black bloc no Brasil resgatam a atenção dos meios de comunicação e tentam redirecioná-la para o sistema econômico e político que está na gênese da verdadeira violência da nossa sociedade.
São pertinentes as dúvidas se sua mensagem está sendo adequadamente recebida pelo público e se a tática facilita a infiltração de provocadores e afasta simpatizantes da causa. Mas, seja como for, não resta dúvidas de que sua ação não é violenta, nem arbitrária, nem irracional.
Os jovens que estão nas ruas merecem o respeito de serem tratados como atores políticos consequentes – e nossa indignação precisa estar orientada para a verdadeira violência, aquela que agride manifestantes pacíficos e faz desaparecer Amarildos. Afinal, vidas devem valer muito mais do que vidraças.
Referências:
Dupuis-Déri, F. Les Black Blocs: la liberté et l'égalité se manifest. Québec: Lux, 2007 [em português: Black Blocs. São Paulo: Veneta, 2014]
Graeber, D. Concerning the Violent Peace-Police: An Open Letter to Chris Hedges. Disponível em: <http://nplusonemag.com/concerning-t...>
Katsiaficas, G. The subversion of politics: european autonomous social movements and the decolonization of everyday life. Nova Jersey: Humanities Press, 1997.
Orwell, G. Reflections on Gandhi. In: A collection of essays. Wiimington: Mariner books, 1970. [em português: Reflexões sobre Gandhi. In: Dentro da baleia e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2005].