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Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Imunidade fiscal de igrejas tem de mudar, diz desembargador




Para juiz, atual modelo tem enriquecido
pastores e favorecido comércio de igreja

A imunidade tributária ampla e irrestrita dos templos religiosos e suas atividades congêneres têm de ser revistas urgentemente, defendeu Carlos Henrique Abrão, desembargador do TJS (Tribunal de Justiça de São Paulo).

Para ele, não se justifica esse modelo de privilégio fiscal que tem servido para o enriquecimento de pastores e a sustentação de negócios cujos custos são menores, levando, assim, vantagem sobre a concorrência. 

“Estamos assistindo ao crescimento desmesurado de pseudosseitas religiosas, as quais mais enriquecem seus pastores do que o próprio rebanho”, escreveu Abrão em artigo para o site Consultor Jurídico.

Afirmou que atividades econômicas ligadas às religiões, incluindo a Igreja Católica, e às seitas do neoprotestantismo têm de ser tributadas. Acrescentou que somente atividades relacionadas diretamente à missa e ao culto devem desfrutar da imunidade.

“Os monges (católicos), quando usam suas técnicas e habilidades e vendem guloseimas e qualquer tipo de prato atrativo pelo preço de mercado ou superior, ainda que estejam provisionando os cofres da entidade, não podem ser imunes a tudo e a todos”. 

Argumentou que o “conceito largo” de imunidade tributária às religiões tem possibilitado que as denominações levantem “obras absurdas”, competindo entre si na ostentação de piso de mármores e “outras riquezas exteriores”.

Por isso, para ele, “não é mais admissível que a Constituição de 1988 privilegie alguns em detrimento de muitos, já que o fausto e o luxo são por conta e risco de quem efetivamente realiza a obra”. 

Esse privilégio tem se expandido cada vez mais por causa de medidas eleiçoeiras visando a conquista dos votos dos evangélicos.

A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e o governador Tarso Genro (PT), por exemplo, aprovaram lei que concede aos templos desconto de 25% na taxa de pagamento das contas de luz e telefone.

De acordo com a Receita Federal, em 2011 as igrejas (católicas, evangélicas e demais) arrecadaram dos fiéis, vendas de produtos e aplicações financeiras R$ 20,6 bilhões. Esse valor, obviamente, não leva em conta o que as igrejas supostamente deixaram de declarar à Receita.

Íntegra do artigo do desembargador


Imunidade tributária para templos religiosos deve ser revista


Abrão disse que a atual imunidade não tem cabimento

O conceito hermético constitucional sobre a ampla e irrestrita imunidade tributária dos templos religiosos e atividades congêneres precisa urgente e rapidamente ser revisto.

Com razão, não se justifica mais essa parafernália no modelo de expansão do neoprotestantismo e do ecumenismo cotidianos.

Estamos assistindo ao crescimento desmesurado de pseudosseitas religiosas, as quais mais enriquecem seus pastores do que o próprio rebanho.

Mas não é só, a própria Igreja Católica, sem qualquer dúvida, também quando explora atividade econômica, ou de conteúdo empresarial, igualmente sofreria tributação.

Os monges, quando usam suas técnicas e habilidades e vendem guloseimas e qualquer tipo de prato atrativo pelo preço de mercado ou superior, ainda que estejam provisionando os cofres da entidade, não podem ser imunes a tudo e a todos.

Bem de ver, portanto, que o conceito largo da imunidade fez desenvolver riquezas e obras absurdas de várias entidades, as quais competem entre si para colocar piso de mármore e outras riquezas exteriores, já que aquelas interiores estão nos bolsos de seus dirigentes.

Nessa percepção, o Fisco vem se mostrando sensível na radiografia e monitoramento das entidades associativas religiosas, de tal modo que o conceito constitucional utiliza o viés do templo, mas existem centenas ou milhares deles espalhados pelo país, além de livros, jornais e revistas, tudo em nome do bom pastor, no caso, o chefe religioso da seita, que blinda seu patrimônio e tudo o faz naquele em quem confia, o imposto de renda sem incidência.

Decodificada a natureza específica e o seu traço peculiar, não é mais admissível que a Constituição de 1988 privilegie alguns em detrimento de muitos, já que o fausto e o luxo são por conta e risco de quem efetivamente realiza a obra.

A imunidade plena ou alíquota zero para essas atividades não reprime os desvios e muito menos a ganância que ostentam seus líderes, mormente com rádios e canais de televisão, tudo sob o aspecto da não concorrência, já que estão, em tese, isentos ou mais fortemente imunes.

Não é sem razão que estados e prefeituras exigem atendimentos de regras específicas que confluam com a imunidade e não permitam que patrimônio e fortunas fiquem ao largo da tributação.

De modo semelhante, nas escolas religiosas, de uma forma geral, se o ensino é particular e bem paga a mensalidade, não se justifica uma autoimunidade para aqueles que, em igualdade de condições, realizam suas tarefas de caráter empresarial.

No Brasil a situação é ainda mais grave, pois muitos ligados às entidades pentecostais se aproveitam dos seus espaços, principalmente em redes de rádio e televisão e divulgam suas imagens para as respectivas candidaturas ao parlamento, ao custo zero.

Uma revolução nesse sistema equivale à completa reviravolta, de manter somente o essencial imune, mas as demais atividades complementares e paralelas tributadas.

Ao assistir um culto, o cidadão estaciona o seu veículo em um estacionamento que é explorado pela entidade e paga o correspondente a qualquer outro particular.

Catolicismos e protestantismo entraram em disputa por causa da finalidade de cada qual, mas, o que observamos nos dias atuais, é bem diferente.

Um bom número de entidades do novo ecumenismo ganhou corpo e disparam sua vocação ao recebimento de doações e outras interferências e, por tal ângulo, começam a acumular fortunas para compras de jornais, empresas de propaganda e marketing, fazendo do templo um comércio regado à imunidade e bastante discurso de imersão nos dogmas de doações polpudas.

Renascer desse grilhão significa mudar a legislação e permitir somente o fundamental, a destacada imunidade e tudo o mais que estiver em descompasso, receber o mesmo tratamento do sistema tributário para as empresas privadas.

Essa riqueza visível aos olhos de muitos e invisível para fins de tributação acaba gerando uma distorção de natureza da capacidade contributiva, fazendo com que os assalariados recolham mais, enquanto outros vagam pelos caminhos religiosos, sob a capa da absoluta certeza de que suas obras pertencem a Deus, e não a Cesar, no conceito jurídico tributável, com o que não podemos simpatizar.




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Entidade cristã é acusada de 'alugar' crianças para pedófilos




Organização é suspeita de manter
rede de pedofilia a Austrália

Crianças aos cuidados de uma organização cristã australiana foram "alugadas" para pedófilos, segundo denunciou uma testemunha perante a comissão que investiga os abusos sexuais de menores cometidos em instituições do país. 

A comissão, que analisa a gestão do "Exército de Salvação" em quatro de seus centro entre 1966 e 1977, se centrou no lar de Bexley, no subúrbio de Sydney, onde a polícia investiga supostos abusos a menores desde 1990.

O inspetor Rick Cunningham explicou o caso de um homem, identificado como F.V., que em 1974 denunciou à polícia como o superintendente de Bexley, Lawrence Wilson, o apresentou a uma mulher vestida com o uniforme da organização acompanhada de um homem.

O casal levou para casa a então criança e a estupraram, uma agressão que F.V. denunciou a Wilson, que ignorou a queixa e castigou várias vezes o menor como represália, declarou Cunningham segundo a rede "ABC".

Quando perguntado por advogados do "Exército da Salvação" sobre a existência de uma rede de pedofilia no abrigo, Cunningham disse que "a informação é que vários ex-moradores que iam para casa nos finais de semana, recebiam visitas em Bexley".

As provas dadas por F.V. derivaram em uma acusação contra Wilson por sodomia, agressão comum e ataque indecente, acusações das quais foi desculpado em 1997, 11 anos antes de sua morte.

A comissão também acusou trabalhadores da organização cristã e internos de maior idade de abusar sexualmente de internos mais jovens.

A criação desta comissão foi anunciada em novembro de 2012 depois que a polícia de Nova Gales do Sul acusou a Igreja Católica de encobrir casos de pedofilia supostamente organizados, tentar silenciar as investigações e de destruir provas cruciais para evitar processos judiciais.

A comissão de seis membros começou as audiências em abril e deverá emitir um relatório no final de junho, antes de concluir seu trabalho em dezembro de 2014. 

Com informação das agências.


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Padre culpa pais por acidente na Boate Kiss e causa polêmica

O religioso chegou a se negar a realizar a missa em memória dos 242 jovens mortos no incêndio

por Leiliane Roberta Lopes


 

O padre Odair Rizzo, da cidade de Farroupilha (RS), causou polêmica ao declarar em uma rádio que a culpa do incêndio da Boate Kiss é dos pais dos jovens.

A declaração foi dada na terça-feira (28) para a rádio Spaço FM um dia após o acidente completar um ano. O religioso acredita que os pais não deveriam permitir que os filhos frequentassem a boate.

“Se os pais fossem um pouquinho mais responsáveis no papel de pai e mãe, sabendo dar o amor aos filhos eles (os filhos) não procurariam lugares inadequados o espaço para ter o lazer. (…) Agora não adianta chorar, a tragédia já aconteceu (…) Os pais e mães devem se sentir responsáveis e não, agora, sentir remorso porque não souberam acompanhar os filhos (…)”, disse ele.

A Boate Kiss era um dos principais espaços de festas da cidade Santa Maria. No dia 27 de janeiro de 2013 acontecia uma festa dos universitários da cidade quando um dos músicos usou um sinalizador fazendo com que o teto pegasse fogo.

O incêndio deixou 242 mortos e centenas de feridos se tornando uma das maiores tragédias da história do Brasil.

Ao saber da entrevista a Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Adherbal Ferreira, comentou dizendo que não é a primeira vez que o padre se posiciona sobre a tragédia.

Ferreira lembra que no ano passado o padre Odair Rizzo se negou a rezar uma missa em memória das vítimas e fez o mesmo esta semana quando os pais e amigos o procuraram para a missa de um ano.

A rádio deu direito de resposta à AVTSM, o padre voltou a ser ouvido e pediu desculpas, dizendo que suas frases repercutiram mal. “Se eu disse alguma frase que repercutiu mal, que não pegaram o todo, eu tenho a obrigação, como padre, de pedir desculpa e colocar a coisa bem clara. A gente não quer o mal de ninguém, pelo contrário, a gente sofre com aqueles que estão sofrendo”.

Fonte: GOSPEL PRIME

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Edgar Reitz e "a outra pátria" - História da migração alemã para o Brasil

O cinema alemão lançou um filme sobre a migração alemã para o Brasil, o que tem muito a ver com a história da operosa colônia alemã de SC. 
Assista uma exposição sobre o filme, entre outras matérias, no vídeo da Deutsche Welle veiculado no Programa Camarote.21

http://www.dw.de/assista-ao-%C3%BAltimo-programa/av-17392205

Religião não garante uma sociedade saudável, diz Harris


por Sam Harris 



Diferentemente dos religiosos, como os 
acima, ateus não incitam a violência

Se você tem razão ao acreditar que a fé religiosa oferece a única base real para a imoralidade, então os ateus deveriam ser menos morais do que as pessoas de fé. Na verdade, os ateus deveriam ser totalmente imorais. Será que são mesmo? Será que os membros das organizações de ateus nos Estados Unidos cometem crimes violentos em proporção maior que a média? Será que os membros da Academia Nacional de Ciências, dos quais 93% não aceitam a ideia de Deus, mentem, enganam e roubam deslavadamente? Podemos estar razoavelmente seguros de que esses grupos se comportam pelo meno tão bem quanto a populacho em geral. E, contudo, os ateus são a minoria mais vilipendiada dos Estados Unidos. As pesquisas de opinião indicam que ser ateu é um impedimento perfeito para se candidatar a qualquer alto posto (enquanto ser negro, muçulmano ou homossexual não é). Há pouco tempo, milhares de pessoas se reuniram em todo o mundo muçulmano — queimando embaixadas europeias, fazendo ameaças, tomando reféns, até matando pessoas — em protesto contra doze caricaturas representando o profeta Maomé, publicadas em um jornal dinamarquês. Quando será que ocorreu o último levante dos ateus? Será que existe algum jornal neste planeta que hesitaria em publicar caricaturas sobre o ateísmo, temendo que seus editores fossem sequestrados ou assassinados em represália?

Cristãos como você invariavelmente declaram que monstros como Adolf Hitler, Josef Stálin, Mao Tse-tung, Pol Pot e Kim Il Sung surgem do ventre do ateísmo. É verdade que tais homens por vezes são inimigos da religião organizada, mas nunca são muito racionais.

De fato, os pronunciamentos públicos desses homens muitas vezes são totalmente delirantes, nos assuntos mais variados: raça, economia, identidade nacional, a marcha da história,os perigos morais do intelectualismo. O problema desses tiranos não é que eles rejeitam o dogma da religião, e sim que adotam outros mitos destruidores da vida. A maioria se torna o centro de um culto da personalidade quase religioso, que exige o uso contínuo da propaganda para se manter. Há uma diferença entre a propaganda e a disseminação honesta de informações que nós (em geral) esperamos de uma democracia liberal. Tiranos que organizam genocídios, ou que reinam alegremente enquanto seu povo morre de fome, também costumam ser homens profundamente idiossincráticos, e não defensores dar razão. Kim Il Sung, por exemplo, exigia que suas camas, em suas diversas residências, fossem situadas exatamente a quinhentos metros acima do nível do mar. Seus acolchoados tinham de ser feitos com a penugem mais macia que se possa imaginar. E qual é a penugem mais macia que se possa imaginar? Segundo consta, ela vem do papo do pardal. Era necessário matar 700 mil pardais para encher um único acolchoado. Em vista da profundidade de suas preocupações esotéricas, podemos nos perguntar até que ponto Kim Il Sung era um homem movido pela razão.

Veja o Holocausto: o antissemitismo que construiu os campos de morte dos nazistas foi herança direta do cristianismo medieval. Durante séculos os europeus cristãos tinham considerado os judeus a pior espécie de heréticos, e atribuído todos os males da sociedade à sua contínua presença entre os fiéis. Embora o ódio aos judeus na Alemanha se expressasse de maneira sobretudo secular, suas raízes eram religiosas, e a demonização explicitamente religiosa dos judeus da Europa foi contínua durante esse período. O próprio Vaticano perpetuou a calúnia de sangue em seus jornais até 1914. E tanto a Igreja Católica como a Protestante têm um passado vergonhoso de cumplicidade com o genocídio nazista.

Auschwitz, os gulags soviéticos e os campos de morte do Camboja não são exemplos do que acontece quando as pessoas se tornam demasiado adeptas da razão. Ao contrário, esses horrores atestam os perigos do dogmatismo político e raial. Já é hora de os cristãos como você pararem de fingir que uma rejeição racional da sua fé acarreta a adoção cega do ateísmo como dogma. Não é necessário aceitar nada sem ter provas suficientes para concluir que o nascimento virginal de Jesus é uma ideia absurda. O problema da religião — assim como do nazismo, do stalinismo ou de qualquer outra mitologia totalitária — é o problema do dogma em si. Não conheço nenhuma sociedade na história humana que jamais tenha sofrido porque seu povo passou a ansiar por provas concretas para suas crenças fundamentais.

Embora você acredite que acabar com a religião é um objetivo impossível, é importante perceber que ele já foi alcançado por boa parte do mundo desenvolvido. Noruega, Islândia, Austrália, Canadá, Suécia, Suíça, Bélgica, Japão, Holanda, Dinamarca e o Reino Unido estão entre as sociedades menos religiosas da Terra. De acordo com o Relatório do Desenvolvimento Humano das Nações Unidas (2005), essas sociedades também são as mais saudáveis, segundo os indicadores de expectativa de vida, alfabetização, renda per capita, nível educacional, igualdade entre os sexos, taxa de homicídios e mortalidade infantil.

Até onde há um problema de crime na Europa ocidental ele é, sobretudo, produto da imigração. Na França, por exemplo, 70% dos detentos nas prisões são muçulmanos. Os muçulmanos da Europa ocidental em geral não são ateus. Inversamente, os cinquenta países que ocupam os lugares mais baixos, segundo o índice de desenvolvimento humano das Nações Unidas, são inabalavelmente religiosos. Outras análises pintam o mesmo quadro: os Estados Unidos são o único país, entre as democracias ricas, com alto nível de adesão à religião; e também o que mais sofre com altos índices de homicídio, aborto, gravidez adolescente, doenças sexualmente transmissíveis e mortalidade infantil. A mesma comparação é verdadeira dentro do próprio país: os estados do Sul e do Meio-Oeste, caracterizados pelos mais altos níveis de literatismo religioso, são especialmente atingidos pelas disfunções sociais, segundo os indicadores acima, ao passo que os estados relativamente seculares do Nordeste do país têm uma situação semelhante à europeia.

Embora nos Estados Unidos a filiação a um partido político não seja um indicador perfeito de religiosidade, não é segredo que os estados“vermelhos” [republicanos são vermelhos sobretudo devido à influência política avassaladora dos cristãos conservadores].

Se existisse uma forte correlação entre o conservadorismo cristão e a saúde da sociedade, poderíamos ver algum sinal disso nesses estados. Mas não vemos. Das 25 cidades americanas com os mais baixos índices de crimes violentos, 62% ficam em estados “azuis” [democratas] e 38% em estados “vermelhos”. Das 25 cidades mais perigosas, 76% ficam em estados vermelhos e 24%, azuis.

Aliás, três das cinco cidades mais perigosas dos Estados Unidos ficam no piedoso estado do Texas. Os doze estados com os mais altos índices de assaltos a residências são vermelhos. Dos 29 estados com os mais altos índices de roubo, 24 são vermelhos. Dos 22 estados com os mais altos índices de assassinatos, dezessete são vermelhos. 

É claro que correlações desse tipo não esclarecem questões de causalidade — a crença em Deus talvez leve à disfunção social; ou a disjunção social talvez estimule a crença em Deus; cada um desses fatores pode estimular o outro; ou talvez ambos derivem de algum fator nocivo mais profundo. Contudo, deixando de lado a questão de causa e efeito, essas estatísticas provam que o ateísmo é compatível com as aspirações básicas de uma sociedade civil; e também provam, de maneira conclusiva, que a crença generalizada em Deus não garante a saúde de uma sociedade. 

Os países com altos níveis de ateísmo também são os mais caridosos, em termos da porcentagem de sua riqueza que dedicam a programas internos de bem estar social e ajuda aos países pobres.

A duvidosa relação entre os valores cristãos e a crença literal na Bíblia cristã é desmentida por outros índices de igualdade social. Considere a proporção entre a remuneração dos executivos de mais alto escalão e o salário médio pago aos funcionários das mesmas empresas: na Grã-Bretanha, é de 24:1; na Franca,15:1; na Suécia, 13:1; e nos Estados Unidos, onde 80% da populacão espera ser chamada diante de Deus no Dia do Juízo Final, é de 475:1. Pelo visto, parece que muitos camelos esperam passar com facilidade pelo buraco de uma agulha.

Sam Harris é escritor, filósofo e neurocientista americano. O texto acima foi extraído do seu livro "Carta a uma nação cristã".



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WILSON NASCIMENTO DENUNCIADO POR CONCUSSÃO

MP-SC denuncia ex-desembargador por crime de concussão
Wilson Augusto do Nascimento, acusado de se apropriar de parte do salário de ex-funcionária, teria cometido o delito 42 vezes, segundo a denúncia


Luis Antonio Hangai



O Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) protocolou uma denúncia criminal contra o ex-desembargador Wilson Augusto do Nascimento, acusado em 2010 de se apropriar de parte do salário de Joceli Paulino, ex-funcionária comissionada do Tribunal de Justiça (TJ-SC), durante os anos em que ambos trabalharam na instituição. 

Segundo a denúncia, ajuizada na 3ª Vara Criminal do TJ-SC, Nascimento teria cometido o crime de concussão em 42 ocasiões enquanto exercia a função de desembargador. O delito consiste em exigir vantagens indevidas para si ou terceiros utilizando-se para isso o cargo profissional.

Responsável pelas investigações do MP-SC, o promotor de Moralidade Pública Geovani Tramontim afirmou que as as evidências para sustentar a denúncia partiram de comprovantes de transferências bancárias, trocas de e-mails e mensagens entre Nascimento e Joceli, dados que ela mesmo forneceu.

O intervalo de mais de três anos para o MP-SC prestar a denúncia ocorreu em função do foro privilegiado de Nascimento, que na condição de desembargador tinha o privilégio de ter seu processo tramitando nas instâncias superiores federais. 

Após o TJ-SC aposentá-lo compulsoriamente em dezembro de 2010, com supervisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foi somente em maio de 2013 que a Justiça Federal realizou a declinação de competência e transferiu a continuidade dos trabalhos à Justiça catarinense, onde a tramitação começou em julho do mesmo ano.

Joceli trabalhou no gabinete do então desembargador de fevereiro de 2007 a dezembro deste 2009, quando foi exonerada, e neste período repassava metade de seu salário a Nascimento e sua esposa, Luciana Werner do Nascimento. Os recebidos, que foram obtidos pela reportagem do DC na época das denúncias, apontavam para um valor aproximado de R$ 127,7 mil.

Os advogados de defesa de Nascimento foram procurados pela reportagem, mas afirmaram que ainda não foram notificados sobre a denúncia. O ex-desembargador não atendeu às ligações telefônicas.

DIÁRIO CATARINENSE

    segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

    Rádio ATÉIA - Trio Corrente

    Madre Teresa desviava dinheiro de hospitais para o Vaticano



    "Casas para doentes" da missionária eram
    chamadas por médicos de "necrotérios"

    Madre Teresa de Calcutá (1910-1997), na ilustração ao lado, recebeu de doadores centenas de milhões de dólares para seus hospitais — os quais ela chamava de “casas para doentes” —, mas o grosso (ou parte significativa) desse dinheiro ela mandou para o Vaticano, deixando os doentes em estado precário, sem remédios e cuidados.

    Médicos classificaram esses locais de “casas da morte” ou de “necrotérios”. No âmbito da OMS (Organização Mundial da Saúde) houve denúncias de que as “casas” eram locais de epidemias. Uma ex-voluntária escreveu que faltava até AAS para amenizar a dor dos doentes.

    Essa são algumas das revelações do estudo “O Lado Escuro de Madre Teresa” feito por Serge Larivee, Carole Senechal e Geneviève Chenard, da Universidade de Montreal, Canadá.

    Em 1979, ela foi premiada com o Nobel da Paz e em 2003 beatificada pela Igreja Católica. A missionária já tinha se tornado um símbolo da caridade cristã. 

    Mas os pesquisadores canadenses, após examinar mais de 500 documentos, constataram que os alegados altruísmo e generosidade de Madre Teresa não passavam de fantasia vendida como verdade pela imprensa internacional.

    A rigor, ela foi “inventada” pelo jornalista Malcolm Muggeridge, da BBC, que lhe dedicou em 1969 o documentário “Algo bonito para Deus”, apresentando ao mundo a figura frágil de uma missionária que se dedicava aos pobres e doentes da Índia. Em 1971, o jornalista publicou um livro com o mesmo título. 

    A missionária abriu centenas de “casas de doentes” em vários países, mas não as tornava hospitais de fato, a ponto de os doentes serem mantidos em agonia em esteiras no chão. Fotos na imprensa desses doentes ajudaram Teresa a arrecadar milhões, inclusive de ditadores sanguinários, como François Duvalier, o Papa Doc do Haiti.

    Para Larivee, Madre Teresa colocou em prática a sua convicção de que o sofrimento humano é fundamental para a salvação. Ela acreditava que os sofredores estavam mais perto do céu e de Cristo. 

    O jornalista britânico radicado nos Estados Unidos Christopher Hitchens (1949- 2011) já tinha denunciado o embuste que era Teresa ao publicar em 1995 o livro “A Intocável Madre Teresa de Calcutá”.

    Diz um trecho do livro: “Tenham em mente que a receita global da Madre Teresa é mais do que suficiente para equipar várias clínicas de primeira classe em Bengala. A decisão de não fazê-lo [...] é deliberada. A questão não é o alívio do sofrimento honesto, mas a promulgação de um culto baseado na morte e sofrimento e subjugação." 

    Na época, Hitchens foi ”crucificado” pelos católicos por ter criticado a boa e santa velhinha.

    Um fato pouco conhecido é que a missionária acobertou um padre pedófilo, o ex-jesuíta Donald McGuire.

    Em 1993, o sacerdote, que era amigo de Teresa, estava afastado de suas atividades por abusar de um garoto. A missionária usou sua influência para que McGuire voltasse à ativa.

    Nos anos seguintes, oito outras queixas de pedofilia foram apresentadas por fiéis à Igreja e às autoridades. E McGuire acabou condenado a 25 anos de prisão.


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    MAIS DINHEIRO BRASILEIRO PARA CUBA


    Dilma oferece mais R$ 701 milhões para financiar porto cubano



    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    DE HAVANA


    Ao lado do ditador cubano, Raúl Castro, a presidente Dilma Rousseff anunciou nesta segunda-feira um crédito adicional de US$ 290 milhões (R$ 701 milhões) do BNDES para a zona econômica especial do porto de Mariel.

    O Brasil já forneceu um crédito de US$ 802 milhões (R$ 1,88 bilhão) para a construção do porto que foi inaugurado hoje por Dilma, Raúl Castro, Nicolás Maduro (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e outros.

    Do montante total, US$ 682 milhões (R$ 1,6 bilhão) foram entregues à Odebrecht, que lidera as obras, e outros US$ 120 milhões (R$ 282 milhões) a outras empresas brasileiras.


    A presidente Dilma Rousseff chega ao Aeroporto Internacional José Marti, em Havana

    Em seu discurso, Dilma afirmou que Cuba sofre "um embargo econômico injusto" e que o Brasil quer ser parceiro comercial de primeira ordem da ilha. Ela também comemorou a reintegração de Cuba a organismos internacionais afirmando: "Somente com Cuba nossa região estará completa".

    O embargo econômico dos Estados Unidos a Cuba está em vigor desde a década de 1960. Dentre as medidas, proíbe a venda de produtos com mais de 10% de componentes americanos para Cuba e sanciona empresas que façam comércio com Havana.

    O escritor Fernando Morais entregou aos chefes de Estado um livro que escreveu sobre a história do porto, que trata da crise dos mísseis, dos marielitos (exilados que saíram em massa de Cuba na década de 1980), e do atual investimento brasileiro. "O porto fica a 130 km da Flórida. Quando cair o embargo, será importantíssimo", disse.

    O porto de Havana está transferindo suas atividades para Mariel e passará por uma revitalização, nos moldes de Puerto Madero, em Buenos Aires.

    MAIS MÉDICOS

    Dilma agradeceu ao governo e ao povo cubano pelo programa Mais Médicos que disse ser "amplamente aprovado" pela população brasileira. Hoje haverá uma cerimônia para marcar o embarque de mais 2.000 médicos cubanos ao Brasil nesta semana.

    Segundo Dilma, o Brasil "acredita e aposta no potencial econômico e social de Cuba".

    Mesmo submetida a um injusto embargo econômico, Cuba será um dos três maiores volumes de comércio do Caribe, desempenho que aumentará substancialmente, com a entrada em funcionamento do porto e da zona especial de desenvolvimento de Mariel", disse Dilma.

    As gruas do porto estavam enfeitadas com bandeiras do Brasil e de Cuba. O porto terá capacidade inicial de 1 milhão de contêineres por ano e quando estiver concluído serão 3 milhões, com capacidade para receber navios Super Pós Panamax.

    Fonte: FOLHA DE SP

    Tribunal Internacional concede ao Peru mais uma parte do Pacífico


    Em decisão histórica, o Tribunal Internacional de Justiça decidiu conceder parte do oceano Pacífico, que estava sob o domínio do Chile desde os anos 1950, ao Peru.

    No entanto, os peruanos não conseguiram o total de 38 mil km² de território no oceano Pacífico pedidos na apresentação da ação em Haia, em 2008.

    O país conseguiu 21 mil km², que antes pertenciam ao Chile, e outros 28,696 mil km² que agora fazem parte do seu domínio, conforme mostra o mapa.

    Como consequência da decisão, a atual fronteira foi rompida, mas não afetará os pescadores chilenos, principalmente os pequenos, cujo raio de atuação é de cerca de 40 milhas.

    editoria de arte/folhapress 


    "Embora nesta zona o Chile mantenha todas as suas liberdades de navegação marítima e de navegação aérea, sem dúvida essa cessão representa uma perda lamentável para o nosso país", indicou o presidente chileno, Sebastián Piñera, em uma mensagem do Palácio de La Moneda.

    A presidente eleita, Michelle Bachelet, também lamentou a decisão, mas pediu aos chilenos que a aceitem com serenidade porque "não cabem" outros tipos de reação.

    Já o presidente peruano, Ollanta Humala, manifestou a sua satisfação. "Ganhamos mais de 70% do total de nossa demanda", acrescentou Humala em uma mensagem ao país.

    Os dois países confirmaram que vão acatar a decisão do Tribunal.

    Diante do palácio presidencial de Lima, centenas de peruanos festejavam na Praça de Armas aos gritos de "Viva Peru!" e "Justiça foi feita!".

    "Hoje é uma data histórica, o Peru alcançou a definição de seus limites. As futuras gerações lembrarão esta data com orgulho do que os peruanos podem alcançar. O Peru pode se sentir satisfeito", disse Humala.

    Piñera lembrou que a maior parte da pesca chilena é feita ao leste da milha 60. "A decisão confirma que o Chile conserva quase a totalidade de seus direitos de pesca e, especialmente dos pescadores artesanais, e resguarda integralmente a proteção marítima de Arica", disse.

    Em Arica, cidade localizada no litoral chileno, quase na fronteira com o Peru, houve manifestação de pescadores e residentes diante da sede do governo.

    FRONTEIRA

    A fronteira entre os dois países foi fixada por dois tratados, de 1952 e 1954. Os documentos estabeleciam que a linha divisória começaria no paralelo 18º21'00'' S. No entanto, Santiago entendia que a linha paralela à coordenada era de seu domínio, enquanto Lima defendia que fosse traçada uma linha equidistante ao sul.

    Na decisão oficial, foi determinado que as primeiras 80 milhas seguirão a linha paralela determinada pelo paralelo, assim como na atual fronteira chilena. No trecho restante, até o limite de 200 milhas, foi acertada uma linha equidistante.

    O documento, no entanto, não estabeleceu as coordenadas precisas, o que era pedido pelos dois países. A corte acredita que Lima e Santiago podem determinar os limites a partir de acordo. "A corte espera que as partes determinem estas coordenadas de acordo com a decisão e no espírito de boa vizinhança".

    A leitura da decisão pelo presidente do tribunal, Peter Tomka, durou duas horas. O documento analisou ponto a ponto as alegações apresentadas pelos dois países para sustentar suas causas.


    Michael Kooren/ReutersAnteriorPróxima
    Sessão do Tribunal Internacional de Justiça que concedeu território marítimo ao Peru, em Haia, Holanda

    O representante do Chile no Tribunal, Alberto Van Klaveren, lamentou a redução do paralelo às primeiras 80 milhas, mas assegurou que o país vai cumprir a decisão. "Lamentamos profundamente esta resolução que, em nossa opinião, carece de fundamento", disse.

    Já o representante do Peru, Allan Wagner, agradeceu a toda a equipe que participou do processo.

    Fonte: FOLHA DE SP

    Vaticano desmente que papa Francisco teria negado a existência do inferno


    Circulam na internet notícias falsas dando conta que pontífice rejeitou a Bíblia

    por Jarbas Aragão




    Em um discurso poderoso que está repercutindo em todo o mundo, o Papa Francisco declarou: “Por meio da humildade, da introspecção e contemplação orante ganharam uma nova compreensão de certos dogmas. A igreja já não acredita em um inferno literal, onde as pessoas sofrem. Esta doutrina é incompatível com o amor infinito de Deus. Deus não é um juiz, mas um amigo e um amante da humanidade. Deus nos procura não para condenar, mas para abraçar. Como a história de Adão e Eva, nós vemos o inferno como um artifício literário. O inferno é só uma metáfora da alma exilada (ou isolada), que, como todas as almas em última análise, estão unidos no amor com Deus. Todas as religiões são verdadeiras, porque elas são verdadeiras nos corações de todos aqueles que acreditam neles. Que outro tipo existe realmente? No passado, a igreja a igreja considerava muitas coisas como pecado que hoje já não são julgadas dessa maneira. Como um pai amoroso, nunca condena seus filhos”.

    Esse é o trecho principal de um texto que circula na internet desde o final do ano passado, sendo traduzido para muitas línguas e, obviamente, causando muita confusão. O material afirma que o papa o publicou, mas foi retirado do site do Vaticano, e que muito desse material foi debatido em uma reunião de teólogos católicos chamada de Terceiro Concílio Vaticano.

    Obviamente, esse tipo de declaração chama atenção. Como ocorre normalmente, vários blogs e sites pequenos reproduziram a história e muita gente compartilhou nas redes sociais.

    Preocupado com isso, o Vaticano emitiu um desmentido oficial em sua conta do Facebook em língua espanhola (facebook.com/news.va.es)

    “Muitos de nossos leitores nos assinalam uma ‘notícia’ que circula na internet e nos perguntam se é verdadeira. Esta ‘notícia’, publicada em vários idiomas, diz que o Papa Francisco afirmou que a Bíblia está antiquada em muitas passagens como a ‘fábula de Adão e Eva’ ou o inferno, que todas as religiões são iguais, que Deus está mudando e evoluindo e a verdade religiosa também, e outras coisas semelhantes. Tudo isto o Papa teria afirmado no ‘Terceiro concílio vaticano II’.

    Pela internet circulam milhares de histórias falsas, e às vezes é difícil saber de onde se originou a ‘notícia’ e se esta vem de uma fonte confiável ou não. Por isso, ante uma notícia referente ao Papa Francisco que nos pareça estranha, é bom questionar-nos e ir às fontes vaticanas para ver se também ali estas notas aparecem e com que palavras são escritas.

    Por isso no que se refere ao Papa Francisco, se as palavras a ele atribuídas não aparecem nos meios oficiais vaticanos, é muito possível que sejam falsas… Uma saudação muita cordial a todos e muito obrigado por sua atenção e suas sugestões”.

    O Gospel Prime vem alertando seus leitores sobre os “hoax”, notícias falsas que circulam na internet. Publicamos desmentidos aqui e aqui. Algumas delas até podem parecer engraçadas, mas seu único propósito parece ser o de espalhar mentiras.

    Nosso portal tem um compromisso com a verdade, por isso não publicamos nenhuma matéria sem nos certificarmos antes. Mesmo assim, muitas vezes recebemos “dicas” de leitores para esse tipo de hoax. Preferimos publicar desmentidos como este e não perpetuar o engano.

    Fonte: GOSPEL PRIME

    Com 3.500 anos, astrologia é a mais antiga pseudociência





    Astrologia é um conjunto de convenções aleatórias e irracionais

    por John Thomas

    A astrologia é quase certamente a mais antiga e mais disseminada de todas as pseudociências. Suas origens podem ser traçadas até a primeira metade da dinastia de Hamurábi na Babilônia cerca de 3.500 anos atrás.

    Em sua forma moderna a astrologia assegura que as posições dos planetas solares na época do nascimento de um indivíduo são de alguma forma correlacionadas com sua personalidade, atividades, preferências e mesmo eventos maiores da vida (acidentes, casamentos, divórcios, etc.).

    Não há concordância geral entre os astrólogos de como ou por que isto pode ocorrer. Tampouco há concordância sobre quais posições planetárias precisamente levam a quais características ou experiências específicas. É quase certo que se consultarmos dois astrólogos nenhum dos dois irá fazer o horóscopo de um indivíduo com precisamente os mesmos resultados. As previsões que resultam são freqüentemente tão vagas que de qualquer forma é impossível fazer a verificação.

    A astrologia é melhor compreendida quando se estuda como ela começou. Como muitos povos urbanos e agrícolas, os babilônios tinham um panteão de muitos deuses. Eles também tinham uma ciência bem desenvolvida de astronomia observacional, que servia aos mais altos propósitos utilitários como o de proporcionar um calendário, épocas de plantio e de colheita, épocas de festivais religiosos, etc. Neste esquema observacional cada planeta era importante, e os sacerdotes cuja tarefa era fazer as observações nomeavam os planetas com o nome dos deuses de seu panteão — Marduk, Isthar, Nergal, etc. 


    Por volta de 1000 a.C. havia uma extensa literatura babilônica de “presságios planetários”. Uma vez que Nergal (Marte) era o deus da guerra, um verão no qual Nergal brilhava intensamente no céu era uma época para travar uma guerra (ou uma época em que o risco de uma guerra era grande). Uma vez que Ishtar (Vênus) era a deusa do amor, uma noite de primavera na qual Ishtar brilhava alto no oeste após o pôr-do-sol era uma época boa para fazer amor.


    Horóscopo é uma forma grosseira
    que indica direção de planetas em
    relação ao nascimento de uma pessoa
    Por volta de 600 a.C. os babilônios criaram os doze signos do zodíaco: marcas no céu ao longo do caminho do sol, lua e planetas, que grosseiramente correspondiam aos meses do ano. O horóscopo mais antigo que fora descoberto data de 29 de abril de 410 a.C. Um horóscopo é simplesmente uma carta grosseira que indica as direções nas quais os vários planetas se alinham em relação ao zodíaco na época do nascimento de uma pessoa. Durante a era clássica dominada primeiro pelos gregos, e depois por Roma, os astrólogos babilônios (chamados de caldeus) se estabeleceram na maioria das grandes áreas urbanas por todo o mundo civilizado. 


    Os astrônomos gregos zombavam da astrologia caldéia considerando-a um absurdo, mas o público grego adotou a astrologia da mesma maneira intensa que eles haviam adotado outros cultos bizarros ou bárbaros. Mais tarde, o estadista romano Marcus Túlio Cícero escreveu, em 44 a.C., uma crítica devastadora a estes astrólogos, que ainda vale a pena ser lida hoje em dia. Uma passagem característica: “Que loucura completa destes astrólogos em considerar os vastos e lentos movimentos e mudanças nos céus e presumir que o vento e a chuva não têm nenhum efeito no nascimento!”.

    Com a advento do cristianismo, os caldeus tiveram dias difíceis, uma vez que os primeiros cristãos (como os hebreus antes deles) eram hostis aos outros deuses e religiões pagãs. É claro que não havia nenhuma maneira de disfarçar as bases essencialmente religiosas da astrologia. Durante o início da Idade Média a astrologia quase se extinguiu na Europa, mas foi mantida viva em outros lugares por estudiosos islâmicos.

    As Cruzadas trouxeram a astrologia de volta para a Europa onde ela co-existiu inconfortavelmente com o cristianismo até o surgimento da idade da ciência. O crescimento explosivo da astronomia científica a partir de 1600 A.D. fez paralelo com um declínio explosivo do sucesso da astrologia. Por volta de 1900 uma enciclopédia francesa descreveu a astrologia de maneira correta como um culto desaparecido sem adeptos jovens.

    A astrologia realizou o retorno mais estrondoso de toda a sua história após a Primeira Guerra Mundial, quando o astrólogo britânico R. H. Naylor inventou a coluna de astrologia diária em jornal.

    O resultado paradoxal é que o auge da astrologia não foi durante a época das trevas da Idade Média, quando o cidadão médio estava atolado profundamente na ignorância e superstição, mas ao invés disso no século XX, quando a maioria dos cidadãos presumivelmente conhecem os fatos básicos da astronomia e estão a par que os planetas são mundos similares à Terra ao invés de deuses-incandescentes no céu.

    Desse modo, pelo menos 90% de todos os americanos abaixo dos 30 anos conhecem seu signo solar. Existem mais de 10.000 astrólogos praticantes nos EUA, e os americanos gastam mais de 200 milhões de dólares anualmente consultando astrólogos. (Nos EUA há somente cerca de 3.000 astrônomos profissionais, e apenas cerca de 100 milhões de dólares são gastos com pesquisa básica em astronomia — exceto as experiências espaciais).

    Os cientistas estão bastante desconcertados pelo crescimento da popularidade da astrologia, e uma série deles tem dedicado um tempo para conduzir estudos cuidadosos para ver se há alguma correlação real entre as posições planetárias ao nascimento e algum atributo do indivíduo na vida futura. Nenhum estudo válido estatisticamente jamais demonstrou qualquer conexão que pudesse dar alguma validade para qualquer conceito astrológico — não importa quão vago o conceito tenha sido pronunciado! Não há nenhuma dúvida quanto ao simples fato de que a astrologia não funciona.


    Para previsões mais específicas, o 
    astrólogo consultar uma tabela. Mas de
    onde vem essa tabela? Quem a inventou?

    Tampouco há qualquer razão pela qual deveria funcionar. A fim de ir do horóscopo de um indivíduo para uma previsão específica do que está porvir para aquele indivíduo, o astrólogo deve consultar uma tabela. Esta tabela correlaciona características do horóscopo (posições dos planetas) com atributos individuais (inteligência, afeição, força física, boa saúde, etc.) De onde vem esta tabela? [Note que é tal tabela e não o horóscopo em si que é o "âmago" da astrologia.]

    Esta tabela simplesmente é feita por quem quer que seja que escreveu o manual de astrologia em particular que está sendo usado. Por isso dois astrólogos podem chegar a previsões diferentes (até mesmo contraditórias) a partir de um simples horóscopo. Há numerosos “sistemas astrológicos” bastante diferentes; todos diferentes, todos arbitrários, e todos completamente desconectados da realidade.

    Esta arbitrariedade é uma característica de todas as pseudociências, e ocorrem porque as origens das pseudociências não recaem na observação da natureza, mas em convenções históricas acidentais da cultura humana. Por exemplo, os antigos costumavam chamar o segundo planeta a partir do Sol de Vênus e o quinto planeta a partir do Sol de Júpiter. Se eles tivessem feito de outra maneira, não teria feito a menor diferença para astronomia. Vênus seria então o maior planeta com cinturões coloridos e uma mancha vermelha, enquanto Júpiter seria um planeta incrivelmente quente com aproximadamente o tamanho da Terra. Mas para a astrologia seria então totalmente diferente, porque a astrologia depende inteiramente das características associadas com o nome, não com o planeta real! Júpiter, chefe dos deuses,
    é um líder dos homens. Vênus, deusa da amor, governa as emoções. Mudar os nomes arbitrários deixaria a realidade inalterada mas a astrologia, os horóscopos, etc, tornariam-se totalmente diferentes. É interessante notar que os Maias consideravam Vênus o senhor da morte.

    Outra maneira de ver isto é considerar o zodíaco. Os babilônios, com seu interesse no calendário, naturalmente tinham 12 signos zodiacais. Porém mais uma vez isto é arbitrário. Outras culturas usavam 28, por exemplo os chineses e hindus. As culturas toltecas da América Central usavam 20. Os próprios babilônios usaram de 6 a 18 antes de configurarem os “tradicionais” 12. Novamente a escolha arbitrária do número dos signos (sem mencionar os nomes dos signos) é óbvia. Como para os nomes, se um dado grupo de estrelas eram chamadas de “Áries, o Carneiro”, este nome escolhido arbitrariamente então predeterminou a “interpretação” nas tabelas … uma vez que os carneiros são agressivos e assertivos, assim serão as pessoas nascidas com o sol (ou algo assim) em Áries. Como alguém distingue a agressividade do carneiro daquela do bode Capricórnio ou o do Escorpião é outro problema! Se estes grupos de estrelas tivessem sido denominadas de “A Cadeira”, “A Escrivaninha” e “O Castelo”, as interpretações novamente seriam irreconhecivelmente diferentes.

    Como outro exemplo, considere o suposto “sistema de casa” da astrologia. Afim de proporcionar mais tabelas com mais características para consultar, a doutrina astrológica tinha proposto muitos sistemas de casas diferentes (talvez até uns 50). Estas são divisões arbitrárias do céu em setores, vagamente como pedaços de laranja. Os vários sistemas diferem na extensão, no número e de como estes setores estão orientados no céu em relação à eclíptica, ao horizonte e ao equador. Há dois sistemas principais de divisão de casas em uso pelos modernos astrólogos, o Koch e o Placidiano. É hilário que em nenhum destes dois sistemas alguém que tenha nascido acima dos 66,5 graus de latitude norte sequer tem um horóscopo! As estrelas não têm nada a dizer sobre 12 milhões de pessoas!


    A precessão dos equinócios, que gira
    em um grande círculo, mostra que a
    fundamentação do horóscopo é hilária

    Outro aspecto hilário da astrologia é devido ao fenômeno astronômico conhecido como a precessão dos equinócios. Isto era conhecido pelos astrônomos gregos por volta de 150 a.C. e pode ser que já fosse conhecido há muito mais tempo. Ela destrói completamente a base da astrologia. O problema é que os primeiros astrólogos, para quem o sol nascia em Áries no equinócio da primavera, definiam o signo de Áries como sendo centrado no ponto do equinócio da primavera. Mas como os antigos gregos sabiam, o equinócio gira em um grande círculo, levando cerca de 26.000 anos para completar seu ciclo. Desse modo, hoje, o signo de Áries está em algum lugar próximo da constelação de Áries! Essa separação do significado do símbolo a partir da dispersão aleatória de estrelas cujo nome arbitrário originalmente deu ao símbolo seu nome e significado é absurda mesmo para muitos astrólogos, que desse modo discordam com todos os outros astrólogos por manterem o signo fixado à constelação ao invés de deixá-lo mover-se com os equinócios!

    A moral é que quando alguém tem um sistema baseado em aleatoriedade e convenção arbitrária, um embaralhamento ou uma mistura do sistema é indetectável. A astrologia é apenas uma geração aleatória de palavras, e misturar o procedimento pelo qual a palavra aleatória é gerada é indetectável, uma vez que a entrada de palavras permanece ao acaso com qualquer mistura genuína posterior. O problema é como ninguém podia estar a par desta aleatoriedade, das convenções irracionais que crucialmente determinam a natureza das “previsões” da astrologia.

    A questão do porquê as pessoas acreditam em astrologia é mais interessante do que os detalhes do horóscopo. Os psicólogos têm mostrado que os consumidores ficam satisfeitos com as previsões astrológicas desde que os procedimentos sejam individualizados de alguma maneira um tanto vaga. Por exemplo, se o astrólogo pedir uma grande quantidade de informação pessoal antes de fazer a previsão, o indivíduo fica muito mais satisfeito com ela do que se o astrólogo fizer poucas perguntas (e fizer a mesma previsão). As próprias previsões são quase sempre muito vagas e universais em aplicabilidade; elas podem descrever quase todo mundo.

    A astrologia recai em uma ilusão de pensamento chamada validação pessoal. Isto depende da natureza seletiva da memória. Se acreditamos que algo é de certo modo, tendemos a lembrar os eventos que o apoiam, e esquecer daqueles que não. O resultado é uma sensação crescente de convicção. Lembramos da parte da narrativa em que nos encaixamos e esquecemos da parte que não. Influenciar as pessoas dessa maneira é chamado de leitura fria, e há uma literatura psicológica considerável sobre o assunto.

    A ciência moderna tem podado a base da astrologia em todas as vezes. O indivíduo é formado na concepção; não no nascimento. A força gravitacional exercida sobre um recém-nascido pela Terra é mais de um milhão de vezes maior que a de qualquer corpo celeste. A força de maré exercida pela mãe e pelo prédio do hospital é, da mesma maneira, um milhão de vezes maior que a de qualquer corpo celeste. A radiação eletromagnética que incide sobre o bebê provinda do sol ou das luzes do quarto é um milhão de vezes mais intensa que a de qualquer outro objeto celeste. Mudanças no ambiente durante o desenvolvimento inicial têm muito mais efeitos sobre o desenvolvimento de uma pessoa do que os eventos na época do nascimento. Também, a época do nascimento pode ser alterada, até um certo limite, pelas ações de um médico. Quais são as implicações astrológicas de uma cesariana ou um parto forçado? 


    Outro ponto importante a considerar é o papel estabelecido dos genes na natureza de uma pessoa. Suponha duas pessoas não aparentadas que nasceram na mesma época no mesmo hospital. As “forças astrológicas” irão levar em conta as forças genéticas? A ciência da genética tem demonstrado que a resposta para essa pergunta é “não”. Não há nada o que quer que seja em toda a natureza que tenhamos explorado até agora ou em qualquer de nossas outras experiências que dê qualquer credibilidade para qualquer ideia astrológica.

    Mesmo assim, milhões de americanos continuam a regular seus compromissos diários (até um certo limite) de acordo com os conselhos arbitrários e potencialmente prejudiciais. Por quê? É essencial lembrar que uma crença não precisa ser verdadeira para ser útil. A astrologia tem florescido porque é uma estrutura dentro da qual as pessoas podem discutir e procurar por um significado em suas vidas. Vista como um sistema de suporte social, a astrologia está em algum lugar entre a religião e a psicoterapia.



    sábado, 25 de janeiro de 2014

    Igreja Católica do Brasil quer ter casal de santos escravocratas



    Jerônimo Magalhães e sua mulher poderão
    ser santos padroeiros do sistema escravistas

    por Haroldo Ceravolo Sereza

    Aviso: baseio esse artigo, essencialmente, nas informações biográficas fornecidas pela própria arquidiocese do Rio de Janeiro sobre o casal Zélia e Jerônimo, mais novos candidatos a beato do país.

    13 de maio de 1888: princesa Isabel assina a Lei Áurea. O casal Zélia Pedreira Abreu Magalhães (1857-1919) e Jerônimo de Castro Abreu Magalhães (1851-1909) acata a lei e permite que os seus escravos continuem a viver na fazenda.

    20 de janeiro de 2014: a Arquidiocese do Rio de Janeiro fez saber ao mundo que pretende a beatificação de Zélia e Jerônimo. Como sabemos, a beatificação é o primeiro passo para a canonização. Ou seja, se o processo correr e ficarem provados milagres concedidos pela dupla, caminhamos para ter, um dia, um santo casal escravocrata brasileiro. Poderemos então chamar Zélia e Jerônimo de "santos padroeiros do sistema escravista".

    Dom Orani Tempesta, recém-nomeado cardeal, arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro, lançou inclusive uma oração para que os dois cheguem lá: “Senhor, nosso Deus, que unis o homem e a mulher pelos laços do Matrimônio, Vos pedimos, por intercessão de vossos servos, Zélia e Jerônimo, que se santificaram na vida do amor matrimonial, acolhendo e educando seus filhos na verdadeira Fé, no amor a Deus e ao Próximo, a graça da proteção às nossas famílias. Rogamos que seguindo os seus exemplos possamos viver de acordo com o Vosso desejo, para o bem da Igreja e a santificação de nossa sociedade.”

    A partir dessa oração, parece evidente que o objetivo principal da beatificação é a valorização do casamento religioso tradicional, ou seja, entre heterossexuais, como parte do combate ao avanço dos novos arranjos familiares que o Ocidente, sobretudo, vem vivendo. A hora é de valorização do casal, não mais o indivíduo, supostamente santo.

    A Igreja de Dom Orani, assim, os avalia como bons pais. Entre outros motivos, por terem tido nove filhos conduzidos à vida religiosa. Mas não deixa de tocar em outro ponto, igualmente sensível: acha também que eles foram bons senhores de escravo. No perfil biográfico do casal distribuído pela arquidiocese, afirma: “Na fazenda [de propriedade do casal, Santa Fé] havia uma capela onde Zélia rezava inúmeras vezes ao dia. O casal jamais tratava os escravos, que viviam em liberdade e recebiam salário, como propriedade [grifo meu].” A contradição é evidente, e a saída é o recurso constrangido do verbo tratar: Zélia e Jerônimo podiam não tratar seus negros como escravos, mas jamais permitiram que esses homens “tratados como livres” fossem “de fato” livres.

    Outro motivo para a beatificação do casal é que seus escravos “iniciavam seu dia de trabalho com uma oração guiada por ela e acompanhada por Jerônimo, no coreto do pátio da fazenda”. O texto da Arquidiocese acrescenta que “a preocupação de Zélia e Jerônimo com a vida espiritual desses homens, mulheres e crianças era tão grande que eles sempre participavam da Missa, das confissões e da catequese promovidas pelo casal, e Zélia, pessoalmente, encarregava-se da catequese e da assistência aos escravos e necessitados”.

    Em "Casa-Grande & Senzala", Gilberto Freyre cita (bem pouco criticamente, é verdade) o viajante Henry Koster, em relação à conversão de escravos ao cristianismo: “Não se pergunta aos escravos se querem ou não ser batizados; a entrada deles no grêmio da Igreja Católica é considerada como questão de direito. Realmente eles são tidos menos por homens do que por animais ferozes até gozarem do privilégio de ir à missa e receber sacramentos”.

    A atenção religiosa de Zélia e Jerônimo, assim, se aproxima desse processo descrito: parece, pela própria descrição da arquidiocese, que eles não tinham a opção de participar ou não dos rituais católicos.

    Alforria

    Ora, não eram raros os casos, no final do século XIX, de proprietários que davam cartas de alforria aos escravos, para que eles vivessem não como se fossem livres, mas livres de fato. Alguns faziam isso apenas com os velhos, um processo extremamente cruel; outros, engajados na luta abolicionista, com todos. Como está registrado na trama do romance "O cortiço", a carta de alforria era uma aspiração de muitos escravos, muitas vezes comprada com economias juntadas por anos.

    Na literatura brasileira, mas claro que diretamente relacionado à experiência da época, vale lembrar o caso do negro Prudêncio, em Memórias póstumas de Brás Cubas. A manumissão (libertação do escravo) não era uma garantia do fim de uma complexa relação e assimétrica: Prudêncio, que servira de cavalinho a Brás Cubas na infância, já livre, compra um escravo e paga “com alto juro” a violência que sofrera. Ao castigar esse escravo seu, Prudêncio é surpreendido por um Brás, que lhe pede para parar e é prontamente obedecido. “Pois, não, nhonhô. Nhonhô manda, não pede. Entra para casa, bêbado!”

    Wikimedia Commons

    Livre legalmente, Prudêncio seguia submetido à violência da lógica da escravidão, e mesmo quando castigava o seu escravo, ainda respondia primeiro às ordens do seu antigo senhor – que se sente alegre e moralmente superior por ter impedido o novo castigo, apesar de não ter feito nada para libertar o novo escravo nem para dar liberdade de fato para o ex-escravo.

    O casal é, nesse aspecto, menos santo do que Brás Cubas. Não chegou nem a alforriar seus Prudêncios. Quem leuMemórias póstumas sabe o quanto isso significa.

    O advogado do Diabo

    Ainda no campo da literatura, cabe registrar um escritor que se notabilizou pelo conhecimento que tinha da hierarquia e das contradições do catolicismo: o australiano Morris West, um autor de ótimos best-sellers, que dedicou um livro completo ao dilema moral que é o processo de canonização: O advogado do Diabo.

    Advogado do Diabo era o nome popular do Promotor da Fé (Promotor Fidei em latim), a figura da Igreja responsável por encontrar faltas e pecados que pudessem desqualificar um eventual candidato a santo. No romance, o cético profissional descobre que o padre que supostamente realizaria milagres no sul da Itália vivia com uma mulher e com ela dividia, despudoradamente, uma cama de casal. O drama do promotor da fé é que aquele candidato a santo parecia de fato ser um grande homem e talvez até seus fieis tivessem sido agraciados com milagres, embora ele, em vida, houvesse rompido uma regra de ouro para o Vaticano – o celibato dos líderes religiosos.

    O processo de beatificação e de canonização, no entanto, passou por grandes mudanças durante o papado de João Paulo 2º (antecessor de Bento 16, por sua vez antecessor de Francisco). Em tese, desde 1983, ficou mais rigoroso, com exigência maior de comprovação científica de milagres. Na realidade, tornou-se mais burocrático, com maior circulação de papeis e certificações. Ao impor certa ordem na bagunça que era a política da santificação, e eliminar a figura do promotor da fé, João Paulo 2º na verdade facilitou o processo, e o resultado foi o crescimento vertiginoso no número de beatos e santos.

    Nos últimos meses, o papa Francisco tem feito inúmeras declarações e movimentos no sentido de reaproximar a Igreja Católica de um discurso de preocupação com os pobres e humildes. Lavou pés de mendigos, foi menos duro que Bento 16 com relação à homossexualidade e fez críticas abertas e gestos concretos contra cardeais envolvidos em suspeitas transações financeiras. Mas agora, depois de um movimento celebrado inclusive por católicos ligados às posições mais progressistas, um processo constrangedor, vindo do Brasil e das mãos de um cardeal, cairá em seu colo.

    Como ele se posicionará? Talvez o melhor, dessa vez, fosse o papa assumir a postura crítica de um “promotor da fé”.



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