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Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Criação de Igreja/Facilidades e vantagens

Jornalistas criam nova igreja. É rápido e barato.

Abrir uma empresa, no Brasil, leva muito tempo e custa caro. Em compensação, você pode criar uma nova igreja em dois dias, a um custo mínimo. E tem a vantagem que nenhuma empresa tem: isenção do IR e outros impostos. O articulista Hélio Schwartsman e dois repórteres da Folha criaram a Igreja Heliocêntrica do Sagrado EvangÉlio e relatam sua experiência, que surrupio na íntegra:
Bastaram dois dias úteis e R$ 218,42 em despesas de cartório para a reportagem da Folha criar uma igreja. Com mais três dias e R$ 200, a Igreja Heliocêntrica do Sagrado EvangÉlio já tinha CNPJ, o que permitiu aos seus três fundadores abrir uma conta bancária e realizar aplicações financeiras livres de IR (Imposto de Renda) e de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Seria um crime perfeito, se a prática não estivesse totalmente dentro da lei. Não existem requisitos teológicos ou doutrinários para a constituição de uma igreja. Tampouco se exige um número mínimo de fiéis.
Basta o registro de sua assembleia de fundação e estatuto social num cartório. Melhor ainda, o Estado está legalmente impedido de negar-lhes fé. Como reza o parágrafo 1º do artigo 44 do Código Civil: "São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento". A autonomia de cada instituição religiosa é quase total. Desde que seus estatutos não afrontem nenhuma lei do país e sigam uma estrutura jurídica assemelhada à das associações civis, os templos podem tudo.
A Igreja Heliocêntrica do Sagrado EvangÉlio, por exemplo, pode sem muito exagero ser descrita como uma monarquia absolutista e hereditária. Nesse quesito, ela segue os passos da Igreja da Inglaterra (anglicana), que tem como "supremo governador" o monarca britânico.
Livrar-se de tributos é a principal vantagem material da abertura de uma igreja. Nos termos do artigo 150, VI, b da Constituição, templos de qualquer culto são imunes a impostos que incidam sobre o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com suas finalidades essenciais.
Isso significa que, além de IR e IOF, igrejas estão dispensadas de IPTU (imóveis urbanos), ITR (imóveis rurais), IPVA (veículos), ISS (serviços), para citar só alguns dos vários "Is" que assombram a vida dos contribuintes brasileiros. A única condição é que todos os bens estejam em nome do templo e que se relacionem a suas finalidades essenciais -as quais são definidas pela própria igreja.
O caso do ICMS é um pouco mais polêmico. A doutrina e a jurisprudência não são uniformes. Em alguns Estados, como São Paulo, o imposto é cobrado, mas em outros, como o Rio de Janeiro e Paraná, por força de legislação estadual, igrejas não recolhem o ICMS nem sobre as contas de água, luz, gás e telefone que pagam.
Certos autores entendem que associações religiosas, por analogia com o disposto para outras associações civis, estão legalmente proibidas de distribuir patrimônio ou renda a seus controladores. Mas nada impede -aliás é quase uma praxe- que seus diretores sejam também sacerdotes, hipótese em que podem perfeitamente receber proventos.
A questão fiscal não é o único benefício da empreitada. Cada culto determina livremente quem são seus ministros religiosos e, uma vez escolhidos, eles gozam de privilégios como a isenção do serviço militar obrigatório (CF, art. 143) e o direito a prisão especial (Código de Processo Penal, art. 295).
Na dúvida, os filhos varões dos sócios-fundadores da Igreja Heliocêntrica foram sagrados minissacerdotes. Neste caso, o modelo inspirador foi o budismo tibetano, cujos Dalai Lamas (a reencarnação do lama anterior) são escolhidos ainda na infância.
Voltando ao Brasil, há até o caso de cultos religiosos que obtiveram licença especial do poder público para consumir ritualisticamente drogas alucinógenas.
Desde os anos 80, integrantes de igrejas como Santo Daime, União do Vegetal, A Barquinha estão autorizados pelo Ministério da Justiça a cultivar, transportar e ingerir os vegetais utilizados na preparação do chá ayahuasca -proibido para quem não é membro de uma dessas igrejas.
Se a Lei Geral das Religiões, já aprovada pela Câmara e aguardando votação no Senado, se materializar, mais vantagens serão incorporadas. Templos de qualquer culto poderão, por exemplo, reivindicar apoio do Estado na preservação de seus bens, que gozarão de proteção especial contra desapropriação e penhora.
O diploma também reforça disposições relativas ao ensino religioso. Em princípio, a Igreja Heliocêntrica poderá exigir igualdade de representação, ou seja, que o Estado contrate professores de heliocentrismo.
Colaboraram os bispos CLAUDIO ANGELO, editor de Ciência, e RAFAEL GARCIA, da Reportagem Local

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Copiado do blog do Orlando Tambosi às 20:54

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O que talvez os jornalistas da Folha e o Tambosi desconheçam é que, além das facilidades para criar Igrejas, lavar dinheiro imundo, formar patrimônios fabulosos, em nome de "Deus", os clérigos (de todos os cultos) ainda usufruem de outras benesses como: terrenos doados, verbas para manter templos, contas de energia pagos pelo Poder Público, tudo com dinheiro dos contribuintes.

Provavelmente esses corruptos não se envergonham, porque acreditam (ou apenas apregoam?) que tudo é decidido pelo Supremo Arquiteto do Universo.

Também, contando com o apoio de gente dos tres poderes, que entende que religião é "cultura", tudo fica fácil.
Eu até concordo. Religião é mesmo cultura: do genocídio praticado contra diversos povos autóctones (memória que precisa ser preservada, não é mesmo?, do delírio chamado Deus, do fanatismo que leva à clitorectomia e à circuncisão, da impiedade com os animais, do embuste, do estelionato, da intolerância, da corrupção, da censura à liberdade de expressão (quem não se lembra do famigerado INDEX LIBROUM PROHIBITORUM?) etc..., etc...

É a treva!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Clerocracia no "Brazil"

Nunca se viu tanta religião e tanta influência "espiritual" em nosso País como agora.

Os clérigos, de todos os credos (padres, pastores e quejandos) nunca tiveram tamanha capacidade de manipular esses "cagões" que dominam a política, mas se "borram" de medo das ilusões chamadas Deus, Diabo, Inferno, etc...

O que estamos vivenciando, num país que se diz republicano, não passa de uma descarada e malévola CLEROCRACIA, mistura de teocracia com corrupção, em níveis extremamente perniciosos para os interesses difusos (metaindividuais), ou coletivos.

Já é hora de se por limites à chamada "liberdade religiosa".

Nenhuma liberdade, aliás, é absoluta e o que ultrapassa o razoável, o judicioso, segundo o senso-comum, vira abuso de direito, no caso, de religião.

Fundamentalistas de todos os cultos (católicos, evangélicos, umbandistas, judeus - e os muçulmanos, que estão chegando com força preocupante para os que não toleram conviver com eles!) estão enquistados na administração pública, agindo folgadamente, sem respeitar os princípios insculpidos nos artigos 19 e 37, da Constituição Federal e o País virou um autêntica farra de boçais, que se dizem religiosos e tementes a Deus, Alá, Javé, o escambau, com isto conseguindo manipular a descerebrada "opinião pública", que dá crédito aos seus fantasiosos engodos e se submete, por "temor a Deus".

Nosso Brasil é mesmo uma "República de Bananas", como já nos rotularam, com fartura de razão, os argentinos. Não conseguimos, mesmo com o advento da República, sair da condição humilhante de "Ilha de Vera Cruz" e de "Terra de Santa Cruz".

A cruz, esse símbolo abjeto de uma dominação cultural exclusivista e intolerante, continua dominando espaços públicos, como se a religião oficial ainda fosse a católica.

Como lamento ter que admitir tal realidade!

Tudo é decorrência da falta de consciência política e do medo de nossa pobre e desinformada gente de contrariar os delírios da religião.

Abomino esses mal intencionados que se prevalecem dos temores dos ingênuos para mantê-los sob irritante cabresto psicológico.

Mas abomino, mais ainda, os que tiveram oportunidade, estudaram, ocupam funções de relevo e têm respaldo legal para mudar tal situação, mas quedam-se inertes, submissos, beijando mãos de bispos, polindo castiçais, comportando-se como "ratos de sacristia". Covardes que, remunerados com dinheiro público, acomodam-se sob o pálio, não honrando as becas e togas que envergam com tanto orgulho e vaidade, os membros do Ministério Público e da magistratura nacionais. "Podres poderes"!

Não passam de letrados borrabotas, imbecilizados por uma criação e escolaridade viciadas pelo domínio dos embusteiros de todos os cultos. E o pior é que, até na mais alta Corte de Justiça eles estão metidos, como é o caso do Tofolli (sabidamente homem da ICAR), há pouco alçado a ministro do STF.

Pobre Brasil: um país sem esperanças de mudanças efetivas, para tornar-se uma verdadeira república e democracia. Até uma Concordata com o Vaticano nosso nanico "estadista" assinou.

A clerocracia, pelo visto, está fadada a dominar as nossas massas burras e até algumas que se julgam "letradas", ainda por muito tempo.

Tinha razão José Marti quando escreveu:

Povos mestiços de uma América Mestiça, uma massa escura humilhada e supersticiosa, sem nome, que nascera para abaixar-se, com enorme sentimento de inferioridade, deprimida pela pobreza e pela ausência de perspectiva, com um dia-a-dia medíocre, sem quereres de melhoras, conformada, ignorante e súplice (...)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Ahmadinejad no Brasil e os judeus

O visitante que veio da Pérsia

24/11/2009 - 23:43
Por Mauro Santayana (Jornal do Brasil)


A movimentação diplomática do Brasil, tendo à frente a personalidade peculiar de seu atual chefe de Estado, vem sendo criticada pela oposição e meios de comunicação, e de forma ainda mais contundente, quando se dispôs a receber o presidente do Irã. Houve passeatas, muito bem organizadas, com dísticos e faixas caras, contra o visitante. Não houve os mesmos protestos quando o presidente recebeu, há poucos dias, o presidente de Israel.

O presidente do Irã é alvo da ira geral do Ocidente porque, em seu confronto com Israel – única potência nuclear do Oriente Médio – nega o Holocausto. Ele se inclui entre os revisionistas, alguns alemães, outros ingleses, outros ainda da hierarquia da Igreja, que também negam a existência dos campos de extermínio, ou tentam diminuir o número de mortos, judeus e não judeus, nos campos de concentração. Os judeus, os comunistas, os ciganos e os eslavos foram as vítimas preferenciais dos nazistas, dizimados pelo trabalho forçado, pela fome e pelo gás.

Há farta documentação do que ocorreu entre 20 de janeiro de 1942, quando os nazistas decidiram, no encontro de Wannsee, programar a “solução final” para o problema judaico, e 17 de janeiro de 1945, quando os soviéticos ocuparam o campo de Auschwitz. Nos três anos, milhões de seres humanos foram chacinados pelos nazistas. O presidente Ahmadinejad sabe disso, mas, em sua luta contra Israel, nega-se a aceitar a História. Se foram 6 milhões, 600 mil, ou 60 mil, o crime é o mesmo. Não é o número de vítimas que nos deve espantar, e sim a presunção de superioridade racial de que se arrogavam os alemães para a prática do genocídio.

O mesmo sentimento de horror que nos leva ao confrangimento da alma, diante do que fizeram os alemães, nos atinge, quando assistimos ao que se passa na Palestina. Não há, diante das tragédias de nosso tempo, bons culpados e vítimas más. Há culpados e há vítimas. A maior oposição que se faz ao Estado de Israel, e com razões históricas, é o fato de que os palestinos tenham sido privados de sua terra, privados de água, submetidos ao bloqueio de comida e de remédios, além de cercados pelo muro e bombardeados. Os palestinos nunca fizeram progroms, como os eslavos, jamais mandaram queimar judeus – como os cristãos, em Basileia, e em outros lugares. Não os submeteram aos autos de fé, como os ibéricos, durante a Inquisição. Não os eliminaram nos campos poloneses. Não lhes cabe purgar os crimes do antissemitismo, quando eles também são semitas, tanto quanto os que lhes ocupam o solo.

Estabeleceu-se, pela força do convencimento dos meios mundiais de comunicação, que os palestinos são terroristas, e os israelenses, democratas. Não nos incluímos entre os que admiram o presidente do Irã. Algumas de suas declarações espantam pela falta de senso. Mas não lhe falta bom senso quando defende o direito de o Irã desenvolver pesquisas nucleares. Se os iranianos são ameaça a Israel, com seu projeto, os senhores da guerra de Israel, que já dispõem de artefatos nucleares, como orgulhosamente proclamam, e anunciam que irão, são ameaça ainda maior. Nada os faz com mais ou com menos direitos no mundo. Nem a fé religiosa, nem os hábitos cotidianos. A língua persa não é menos importante do que a hebraica, com sua rica literatura. Nem o presidente Ahmadinejad é menos chefe de Estado pelo fato de dispensar o uso da gravata.

O segredo do presidente Lula é a sua percepção de homem comum. Ele acha, e com razão, que uma boa conversa pode resolver os problemas, desde que haja boa-fé entre todos os interlocutores. Disso se deu conta Obama que pediu, pessoalmente, a Lula, durante o encontro do G-8, em Áquila, na Itália, no dia 9 de julho deste ano, que tentasse demover Ahmadinejad de desenvolver armas nucleares – conforme disse, no mesmo dia, à imprensa, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs. Ao que parece, o New York Times não cobriu o encontro de Áquila.

Os opositores domésticos de Lula se esquecem disso. Os Estados Unidos que admiram não é o de Obama, mas o de Bush e Chenney. É difícil que o presidente consiga, no Oriente Médio, uma paz negada há mais de 60 anos. Mas, se ele conseguir negociações entre as partes envolvidas, mesmo com progressos limitados, será bom para o mundo. Não são todos os judeus de Israel que querem eliminar os palestinos e bombardear Teerã, e nem todos os muçulmanos desejam o fim de Israel. É contando com eles que Lula busca a paz.

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A lucidez, o equilíbrio e a impacialidade do Santayana é impar.

Eu acrescentaria, ainda, aos comentários dele, que nem todos os judeus são contrários a Ahmadinejad, havendo até um movimento expressivo, dentro de Israel, que é contra o sionismo, que não se confunde com o judaísmo, senão vejamos:

- A Organização socialista judaica Bund, (...) fundada em Vilna, em 1897, com forte ênfase na cultura ídiche e não menos forte antagonismo tanto à religião quanto ao sionismo. Os bundistas recusavam-se a praticar a circuncisão e até mesmo a permitir que se mencionasse o nome de Deus em seus domínios. Acreditavam que os judeus poderiam melhor sobreviver na diáspora como uma entidade cultural distinta do que como um grupo religioso.(...) - ALAN UNTERMAN - Dicionário judaico de lendas e tradições - Jorge Zahar Editor/RJ/1992, p. 51.

Judeus contra Israel e o Sionismo

Por Judeu Errante 10/04/2002 às 14:33

Não confundam judaísmo com sionismo. O Sionismo é uma aberração que desvirtua os princípios do judaísmo e que se aproxima do nazismo. Por uma palestina livre e independente.

Judeus contra Israel e o Sionismo

Aqui estão algumas fotos e links de manifestacões judaicas recentes contra o Sionismo e o Estado de Israel. Só para lembrar que nem todo judeu é sionista e que para muito judeus hassídicos (ortodoxos) a existência de um estado judaico, ainda mais construido em cima da opressão dos povos palestinos, é uma aberracão que tem que acabar.

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Nota: o blogueiro não conseguiu trasladar as fotos para esta matéria.

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Agora a discussão que surpreende:

Segunda-feira, Outubro 5
Um Ahmadinejad judeu ???

Explode pelo mundo com estrondo maior que uma bomba atômica uma informação que pode ser uma mera asneira ou pode colocar por areia abaixo algumas das pretenções de Ahmadinejad. Sua trajetória em termos de antijudaísmo é tão semelhantemente violenta a de Hitler que o expoente do islamofacismo agora é taxado de judeu. Hitler também foi. Dizia-se que teria um antepassado judeu, parentes seus teriam trabalhado para judeus e por isso vinha seu ódio.

Na visão racista antijudaica, só judeus seriam capazes de cometer tamanhas atrocidades contra judeus...

Nas matérias que circulam sobre Ahmadinejad a história é basicamente a mesma: seu ódio à Israel e sua implicância doentia em relação ao Holocausto seria para encobrir que é judeu de nascimento! Odiar os judeus sabemos ser um dos princípios mais comuns dos conversos para fora do judaísmo e temos aí Karl Marx como um ícone deste ódio. Odiar os judeus seria uma proteção contra acusações de deslealdade ao islã pelos aiatolás que controlam o Irã.

Já escreveram igualzinho do Hitler, e sobre Herman Goering, o verdadeiro braço político do paratido nazista, cuja mãe foi amante de um rico comerciante judeu quando empregada em seu castelo, com a complascência de seu pai. Goering passou parte da infância e a adolescência neste castelo e por isso teria ódio dos judeus... Mesma conversa mole.

O jornal inglês Daily Telegraph examinou o documento de identidade que Mahmoud usou na eleição de 2008 (foto - não é a de 2009) que saiu numa das fotos. Lá, encontraram o nome familiar original de seus pais - Sabourjians - considerado um nome judaico persa tradicional e a data da conversão da família ao islã, posterior a do nascimento do pequeno Mahmoundinho.

É um objetivo do islã a conversão de infiéis, portanto, ao contrário do que mais de 200 matérias repetidas afirmam por aí, a família e ele são muçulmanos e disso não há dúvida. Apesar de muitos judeus também não aceitarem, não existe algo como "judeu convertido" ou "muçulmano convertido." Ao efetivar-se a conversão torna-se judeu e muçulmano com todas as obrigações e direitos religiosos, no caso do islã, direitos sociais e políticos nos países teocráticos.

Por outro lado, há um preceito judaico que nascido judeu, não importa a conversão posterior: se é judeu para sempre, para alguns grupos religiosos ou se pode retornar ao judaísmo, sem conversão, fazendo a "teshuvá" até o momento de sua morte. Então, para estes grupos e apenas estes Ahmadinejad pode ser um judeu de fato.

Não há como apurar daqui do Brasil se o sobrenome Sabourjians é judeu, é exclusivamente judaico, ou é um sobrenome compartilhado entre judeus e muçulmanos persas. É preciso de um especialista para isso. A semelhança com Hitler via um pouco mais além pois Adolf Hitler, não nasceu com este sobrenome, que é de um tio, mas com o sobrenome Schikelgruber. Em relação ao sobrenome Hitler, tenha a certeza de que "Hittler" com dois "t" é um sobrenome judaico, tradicional alemão: eu vi! Eu conheci uma família e ela pertencia a comunidade judaica carioca. Agora vive em Israel.

O curioso é que até o momento de fechar esta matéria havia mais de 950 ocorrências do sobrenome Sabourjians neste caso de Ahmadinejad, no Google, e NENHUMA ocorrência sem ele. Simplesmente é algo que não pode ser pesquisado na Internet e se é ou foi um sobrenome judaico relevante na Pérsia e no Irã moderno, ninguém se deu ao trabalho sequer de se referir a ele até hoje.

por José Roitberg - jornalista
Postado por José Roitberg - jornalista às 15:44

http://64.233.163.132/search?q=cache:5AHWX8boLWoJ:holocaustobr.blogspot

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Para arrematar:

Os "americanos" mataram o Sadan sob argumentos falaciosos. Eu não duvido que, em breve, impulsionados pelo desejo de tomar conta do petróleo também do Irã, tentem a mesma manobra inescrupulosa em relação à antiga Pérsia, que outro Presidente "americano" tentou invadir no passado, mas o vexame dos helicópteros, caindo sozinhos no deserto, foi tão grande, que a operação malogrou.

Esses gringos pensam que todo mundo é burro.

Basta que algum País se oponha à sua incontida ganância para que comecem a rotular o dirigente de ditador, carniceiro, fanático, etc...

Vejamo o que escreveu o sempre brilhante e bem informado Mauro Santayana:

Novas provas de um crime

25/11/2009 - 23:30 | Enviado por: Mauro Santayana
Por Mauro Santayana


Começa-se a provar, agora, o que muitos sabiam, e alguns de nós denunciamos: antes dos atentados de 11 de Setembro de há oito anos, os Estados Unidos já planejavam invadir o Iraque e eliminar Saddam Hussein. Entre os mais irados defensores dessa decisão de extermínio se encontrava a senhora Condoleeza Rice. É provável que, daqui a pouco, saibamos muito mais sobre o atentado contra o World Trade Center, e é bom preparar o espírito para o horror que nos podem trazer as revelações.

Não é segredo para as pessoas bem informadas que a eleição do segundo Bush foi precedida de uma conspiração chefiada por Paul Wolfowitz, Richard Perle, Donald Rumsfeld e Dick Chenney, com o famoso Projeto para o Novo Século Americano, elaborado ainda em 1997. O documento é claro em seu objetivo de estabelecer um duradouro império dos Estados Unidos sobre o mundo, ao aproveitar-se da queda do sistema socialista. Mas previne que, para seu êxito, faltaria um fato extraordinário e dramático que empolgasse e unisse toda a sociedade americana. Esse fato ocorreu, menos de nove meses depois da posse de Bush, com os atentados de 11 de Setembro. Como as coincidências têm raízes – conforme o estudo de Koestler – é preciso cavar no solo da História para ver as que ligam os falcões de 1997 à destruição das torres de Manhattan quatro anos depois.

Agora surgem novas provas (porque as evidências já haviam sido identificadas) de que Saddam Hussein já desmantelara todas as suas armas de destruição em massa, desde 1991. O inquérito britânico sobre o envolvimento do país na guerra contra o Iraque, chefiado por John Chilcot, membro ativo do Conselho Privado da rainha, mostra que, muito antes de setembro de 2001, membros dos serviços de inteligência dos Estados Unidos e da Inglaterra discutiram como eliminar Saddam, mas seus superiores os dissuadiram, porque isso estava contra a lei. Meses antes dos ataques de setembro, o encarregado pela ONU de inspecionar o desarmamento do Iraque, Hans Blix, comunicara ao governo britânico que nada havia a temer, e que Saddam acabara com as instalações suspeitas. Ainda assim, criou-se a fantástica versão de que ele dispunha de meios para, em 45 minutos, destruir qualquer um dos países vizinhos, insinuando-se que o alvo seria Israel.

“O sistema de inteligência falhou no Iraque” – disse ontem, a John Chilcot, Tim Dowse, um dos altos
responsáveis pela estratégia política do Foreign Office durante o governo Blair. Os Estados Unidos foram à guerra contra Hussein, com o primeiro Bush; continuaram a agressão com Clinton; invadiram o Iraque com o segundo Bush por causa do petróleo, e não em razão da alegada crueldade do dirigente muçulmano. Quando se discute a natureza não democrática dos governos islamitas, como o do Iraque, do Afeganistão e do Irã, todos se calam sobre a Arábia Saudita, cujo regime sempre foi o mais obscurantista de todos. A razão é simples: os sauditas são aliados incondicionais dos anglo-saxões – desde a Primeira Guerra Mundial – contra os seus vizinhos, menos despóticos no exercício do poder autocrático. Nesse aspecto, o Iraque era o mais liberal dos regimes islamitas, na tolerância com os costumes e com as outras crenças religiosas. Todos se lembram de que seu vice-presidente e encarregado das relações internacionais era Tarik Aziz, um cristão católico, que se encontra preso em Bagdá.

Não obstante essas evidências, o governo norte-americano, sob Obama, não parece disposto a reconhecer a responsabilidade de seus predecessores pelos atos criminosos. É provável que, na próxima terça-feira, anuncie o envio de mais tropas para o Afeganistão, segundo o New York Times. Seja pela pressão dos círculos mais poderosos de seu país, seja pelo temor de cumprir o que prometera em sua campanha, desvia-se para a direita, e se submete ao complexo industrial-militar que dita a política bélica dos Estados Unidos desde a Segunda Guerra Mundial.

Esse retorno ao belicismo não se limita ao Oriente Médio e à bacia do Cáspio. Além das bases da Colômbia (que os Estados Unidos consideram vitais para “controlar a América do Sul” desde que, a partir delas, podem atingir qualquer ponto do continente) o Pentágono pretende instalar bases no Peru, o que nos diz respeito. É preciso pensar no Iraque e em Saddam, quando se intensifica a campanha contra o Irã, com a repetição dos mesmos movimentos.

A única forma de promover a paz e evitar o sacrifício de gerações inteiras é respeitar o direito de autodeterminação e desenvolvimento de todos os povos.

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Detesto ter que concordar com o Zeca Diabo, mas vá lá:

Irã e Israel: dois pesos e duas medidas

Sob o título “Visita indesejável”, o governador paulista José Serra (PSDB) publicou artigo na edição de segunda-feira (23/12) da Folha de S.Paulo para condenar a visita ao Brasil do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.

José Serra enumera fatos e acontecimentos que justificam sua posição. Mas, se acompanharmos seu raciocínio, facilmente concluiremos que também não deveríamos ter convidado o presidente de Israel, Shimon Peres.

Digo isso uma vez que é possível alinhavarmos tantos erros e crimes, políticas não democráticas, agressões e violações aos direitos humanos por parte do governo de Israel e de seus sucessivos primeiros ministros, posicionados cada vez mais à direita e defendendo políticas expansionistas.

São defensores de uma tendência gravíssima do sionismo e responsáveis por vários massacres, verdadeiro genocídio contra os palestinos. Para não falar na política de ocupação territorial por meio de colônias. Veja o nome, que nos lembra a política imperialista do fascismo.

Tanto Israel como o Irã padecem do mal da teocracia e do controle do Estado por partidos religiosos. Os dois países têm mandamentos legais religiosos no mínimo inaceitáveis para nós.

Porém, devemos respeitar sua autodeterminação e procurar entender os processos. E não transformar tais questões em impeditivos para nossas relações de amizade.

Israel tem mais: tem bomba atômica. E, ao tentar esconder esse fato da opinião pública, Serra perde a autoridade para falar em política externa nuclear, campo em que a posição do Brasil é irrepreensível.

Somos signatários do TNP (Tratado de Não-Proliferação Nuclear) e estamos cumprindo todas as suas determinações.

Todas mesmo. Do tratado e da AIEA (Agência Nacional de Energia Atômica). Só não podemos deixar de defender para toda e qualquer nação aquilo que defendemos e queremos para nós: desenvolvimento e controle sobre o ciclo completo nuclear, por razões tecnológicas e energéticas.

Receber Shimon Peres e Ahmadinejad no Brasil não significa apoiá-los ou às suas políticas nucleares. Nem concordar com elas. Simplesmente estamos mantendo relações diplomáticas e políticas com os Estados e nações que tais líderes representam, a partir dos nossos interesses nacionais.

O governador argumenta que não devemos receber o presidente do Irã porque este não cumpre as resoluções da ONU (Organizações das Nações Unidas) e de seu Conselho de Segurança.

Mas Israel é campeão em não cumprir as resoluções da ONU sobre a Palestina e nem por isso o Brasil deixou de receber seus primeiros ministros e presidentes.

É de conhecimento público, inclusive, que o Brasil, o governo do presidente Lula e o PT sempre defenderam a soberania e segurança de Israel, bem como a criação do Estado palestino.

Serra sabe de tudo isso. Então por que escreveu o artigo, visto que, pelo seu raciocínio, o Brasil não deveria manter relações com Israel nem com o Irã?

Acredito que Serra só escreveu o artigo para ter o apoio da comunidade judaica brasileira, visto que nenhum país que se respeite e que tenha alguma influência no mundo de hoje conduz sua política externa por semelhantes argumentos.

Além de parciais, significam, na prática, seguir a política norte-americana, que sustenta e apóia regimes como o da Arábia Saudita e tantos outros, aliados de Washington, mas condena o regime dos aiatolás. Ou seja, faz política externa segundo seus interesses nacionais.

Para nós, o Brasil deve fazer sua política externa segundo os próprios interesses e não, como sempre se pautou o governo de Fernando Henrique Cardoso e José Serra, segundo os interesses dos EUA.

Parece que José Serra quer voltar no tempo, quando o que era bom para os Estados Unidos era bom para o Brasil, frase de um ex-chanceler da ditadura que expressou bem um passado que não queremos esquecer para não corrermos o risco de virmos a repetir.

José Dirceu, 63, é advogado e foi ministro-chefe da Casa Civil entre 2003 e 2005, durante o primeiro governo do presidente Lula


http://oglobo.globo.com/pais/noblat/


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Liberdade religiosa (shabat judaico)

Notícias STF
Segunda-feira, 23 de Novembro de 2009

Suspensa decisão que alterava data do Enem para estudantes judeus

Estudantes judeus terão de fazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) nos próximos dias 5 e 6 de dezembro, conforme previsto na inscrição. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, suspendeu decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região que obrigava a União a marcar data alternativa para a realização das provas a fim de que não coincidisse com o Shabat, período sagrado judaico.

A análise da questão ocorreu no pedido de Suspensão de Tutela Antecipada (STA) nº 389 formulado pela União perante o STF, com base em argumentos de lesão à ordem jurídica.

Conforme a ação, o Centro de Educação Religiosa Judaica e 22 alunos secundaristas ajuizaram ação ordinária, com pedido de tutela antecipada, contra a União e o Instituto Nacional de Estudos Anísio Teixeira (INEP), para que fosse designada data alternativa para a realização das provas do Enem. A modificação tinha o objetivo de que o exame não coincidisse com o Shabat (do pôr-do-sol de sexta-feira até o pôr-do-sol de sábado) ou qualquer outro feriado religioso judaico.

Para os candidatos judeus, a participação no ENEM deveria ocorrer em dia compatível com exercício da fé por eles professada, “a ser fixado pelas autoridades responsáveis pela realização das provas, observando-se o mesmo grau de dificuldade das provas realizadas por todos os demais estudantes”.

Ao examinar a ação ordinária, a 16ª Vara Federal da Subseção Judiciária de São Paulo negou o pedido de tutela antecipada, sob o fundamento de que a designação de dias e horários alternativos para a realização de provas representaria estabelecimento de regras especiais para um determinado grupo de candidatos em detrimento dos demais. No entanto, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região reformou essa decisão ao entender que a designação da data alternativa para a realização das provas do ENEM constituiria meio de efetivação do direito fundamental à liberdade de crença, conforme estabelece a Constituição Federal.

Conforme Gilmar Mendes, o Ministério da Educação informou que na inscrição para o ENEM foi oferecida a opção de “atendimento a necessidades especiais”, com a finalidade de garantir a possibilidade de participação de pessoas com limitações por motivo de convicção religiosa ou que se encontram reclusas em hospitais e penitenciárias. De acordo com esse documento, todos que realizaram suas inscrições no ENEM e solicitaram atendimento especial por razões religiosas terão suas solicitações atendidas. No caso dos adventistas do Sétimo Dia, a prova do sábado, dia 3 de outubro próximo será realizada após o pôr-do-sol.

“Tal providência (inicio da prova após o pôr-do-sol) revela-se aplicável não apenas aos adventistas do sétimo dia, mas também àqueles que professam a fé judaica e respeitam a tradição do Shabat. Em uma análise preliminar, parece-me medida razoável, apta a propiciar uma melhor “acomodação” dos interesses em conflito”, finalizou o ministro Gilmar Mendes.

O presidente do STF, em sua decisão, ressaltou a existência de outras confissões religiosas, “as quais possuem ‘dias de guarda’ diversos do dos autores”. “A fixação da data alternativa apenas para um determinado grupo religioso configuraria, em mero juízo de delibação, violação ao princípio da isonomia e ao dever de neutralidade do Estado diante do fenômeno religioso”, afirmou o ministro.

Mendes salientou que tal fato atesta, ainda, o efeito multiplicador da decisão questionada, uma vez que, “se os demais grupos religiosos existentes em nosso país também fizessem valer as suas pretensões, tornar-se-ia inviável a realização de qualquer concurso, prova ou avaliação de âmbito nacional, ante a variedade de pretensões, que conduziriam à formulação de um sem-número de tipos de prova”.

EC/LF

Processos relacionados
STA 389


Por detrás do Código Ambiental de SC?

23/11/2009 - 03h27
Indústria poluidora banca campanhas eleitorais
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da Folha Online

Hoje na Folha Reportagem de Fernando Rodrigues e Marcelo Soares para a Folha desta segunda-feira aponta que 38 empresas emissoras de grande quantidade de gases-estufa contribuíram com um total de R$ 60,8 milhões para campanhas políticas nas eleições de 2006 no Brasil. A íntegra da reportagem está disponível para assinantes do UOL e do jornal.

Mundo está a caminho de ficar 6º C mais quente, diz pesquisa
UE elogia compromisso do Brasil em favor do clima
Países vulneráveis prometem esverdear suas economias

De acordo com a reportagem, não há como estimar se essas contribuições de campanha estão ligadas à legislação sobre a mudança climática, mas elas são capazes de influenciá-la. O inventimento das indústrias intensivas em carbono ajudou a eleger metade da comissão da Câmara dos Deputados que está considerando mudanças no Código Florestal.

Dos 719 candidatos que receberam dinheiro dessas empresas, mais da metade (51,3%) é composta por políticos dos Estados. Parlamentares federais correspondem a 48% da soma. O presidente Lula também está entre os que receberam doações.

Do total das contribuições, 37% vem da indústria do aço, encabeçada pela Gerdau, com quase R$ 11 milhões. Doações da indústria de papel e celulose, em especial da Aracruz, correspondem a 26% do total arrecadado nas campanhas.

Emissão de CO2

Cada brasileiro é responsável pela emissão de 10 toneladas de gás carbônico (CO2) por ano, em média. O número é duas vezes maior do que a média mundial, segundo a Rede-Clima, ligada ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

A meta é de que a média mundial de emissão de CO2 seja de 1,2 tonelada por ano até 2050, para que a temperatura global não aumente 2ºC. No Brasil, a meta de redução dos gases é de 36,1% a 38,9%, até 2020.

Leia a reportagem completa na Folha desta segunda-feira, que já está nas bancas.

http://www1.folha.uol.com.br

sábado, 21 de novembro de 2009

Solidariedade aos censurados do MT

Ser contra restrições à liberdade de expressão é posicionamento a ser adotado por qualquer cidadão minimamente politizado.
A mordaça propiciada pelo Poder Judiciário só favorece aos canalhas e não aos interesses metaindividuais.
Ao aplicar multas, a intenção é intimidar e não propiciar o afloramento da verdade, pela discussão que decorreria do direito à resposta, se o acausado tivesse dele se utilizado.

Abaixo a censura!

Ou, quem sabe, o Juiz manda o Ministério Público calar-se também.

Era só o que faltava: um sujeito, com todos esses processos referidos abaixo, considerar-se inocente e pretender indenização de danos morais. Só se os membros do "parquet" estiverem loucos, para residir em juízo contra ele sem a menor plausibilidade. Aí seriam eles, os promotores, que deveriam ser multados, e não os blogueiros.
Uma sugestão aos blogueiros: levantem outras eventuais falcatruas, que ainda não tenham sido objeto das ações civis públicas e entrem com ações populares contra o cidadão.

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Política

sábado, 21 de novembro de 2009, 14:27 |

Blogueiros vão recorrer contra mordaça em MT

Adriana e Cavalcanti vão ao TJ para tentar derrubar liminar que os impede de 'emitir opiniões' sobre deputado alvo de 92 ações por desvios de verba

Daniel Bramatti e Moacir Assunção

SÃO PAULO - Dois blogueiros de Mato Grosso vão recorrer na próxima semana ao Tribunal de Justiça do Estado para tentar derrubar a censura imposta no último dia 10 por decisão do juiz Pedro Sakamoto, da 13ª Vara Cível.

Adriana Vandoni e Enock Cavalcanti, responsáveis pelos blogs Prosa e Política e Página do E, respectivamente, vão apresentar agravo de instrumento ao TJ.

No dia 10, o juiz atendeu a um pedido de liminar do deputado José Geraldo Riva (PP), presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, que se disse vítima de dano moral. Os blogueiros foram proibidos de "emitir opiniões pessoais pelas quais atribuam (ao deputado) a prática de crime, sem que haja decisão judicial com trânsito em julgado que confirme a acusação". O juiz também determinou que dois textos sobre o deputado fossem retirados do blog Página do E.

José Geraldo Riva é alvo de 92 ações civis públicas propostas pelo Ministério Público, nas quais é acusado de desviar cerca de R$ 450 milhões da Assembleia, segundo a ONG Movimento Organizado pela Moralidade Pública (Moral).

Ademar Adams, diretor da Moral e autor de artigos sobre supostos atos de corrupção que envolvem o presidente da Assembleia, também foi proibido de se manifestar pelo juiz Sakamoto, assim como o jornalista Antônio Cavalcanti e o advogado Vilson Neri, integrantes do Movimento Contra a Corrupção Eleitoral (MCCE).

Adams disse que pretende divulgar, na próxima semana, carta aberta ao juiz Sakamoto, na qual afirma que o Estado não pode interferir na opinião de um jornalista. Segundo ele, o deputado Riva o processou para atingir a ONG da qual faz parte - o MCCE é um dos promotores da campanha Ficha Limpa, que pretende impedir políticos processados por corrupção de participar das eleições.

Adriana Vandoni disse que considera a censura "um atentado contra a democracia". Enock Cavalcanti se declarou surpreso com a censura prévia. O deputado Riva não foi localizado na Assembleia ontem, em virtude do feriado na capital mato-grossense.

REPÚDIO

No Amapá, jornalistas e blogueiros aprovaram, anteontem, durante a Conferência Estadual de Comunicação, uma moção de repúdio contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que acusam de cercear a liberdade de expressão ao mover mais de cem ações durante a campanha eleitoral de 2006. Uma das atingidas pelas ações, a jornalista Alcinéia Cavalcante já deve mais de R$ 2 milhões em multas contra o blog que mantinha, aplicadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). " Tive que tirar o blog do ar e fui abrindo outros. Claro, não tenho a menor condição de pagar este valor de multa", afirmou ela, que responde a 20 processos.

Também jornalista, Antônio Correa Neto, que mantinha um blog na época, responde a 17 ações. "Parei de contar quanto devia quando passou de R$ 1 milhão. O que mais me surpreende é que ninguém pediu direito de resposta, simplesmente a multa foi aplicada."

O assessor de imprensa de Sarney, Chico Mendonça, disse que as ações não foram patrocinadas pelo senador, mas pelo advogado da coligação que o elegeu, Fernando Aquino, que não respondeu aos telefonemas do Estado.

http://www.estadao.com.br


-=-=-=-=

Outra sugestão aos blogueiros amordaçados: abram um blog através da Holanda. Lá, país efetivamente democrático, com um povo politizado, a liberdade de expressão é levada a sério e, segundo o livro Infiel, da Ayaan Hirsi Ali, efetiva.


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Pântano do Sul no JB

Por conta da ventania e de uma onda (que alguns dizem ter atingido o tamanho de 10, outros diminuem para 5 metros) emplacamos o jornal do brasil, entre outros grandes veículos de grande circulação.

Lamentável a ocorrência natural, que vitimou bens de pescadores? Sem a menor dúvida. Os barcos avariados farão muita falta a esses verdadeiros batalhadores que são os nossos homens do mar.

Mas, há que se dizer que parte dos prejuízos poderia ser tida como "favas contadas", senão vejamos: em nossas praias, esganados moradores e donos de restaurantes instalam-se quase dentro do mar. Exageram na aproximação de suas construções, em relação à preamar média e tornam-se, naturalmente, por contas da sovinice, vítimas em potencial de eventos climáticos mais severos, como o que ocorreu ontem. Ressacas fortes, ondas de tamanho inusitado, ventos exagerados, são raros, mas perfeitamente previsíveis.

A natureza, todos sabemos, de vez em quando, mostra-se impiedosa, com aqueles que atentam contra seus domínios.

Que isto sirva de motivo para reflexões desapaixonadas de proprietários de casas e bares edificados à beira (ou melhor, dentro) do mar.

O pretexto das montadoras de automóveis

O escândalo das latas podres, vem atraindo a atenção deste blogueiro há um bom tempo.

A pretexto de que são compelidas, pelo insuperável desejo de salvar vidas (quanta debochada hipocrisia), a fabricar os automóveis com latas que se assemelham, em fragilidade, às de azeite, as montadoras produzem coisas evidentemente frágeis, incapazes de proteger seus ocupantes.

Presentemente - e isto já ocorre há vários anos alguns anos - às mais singelas batidas, os carros (notadamente os populares) se desmancham, literalmente, com a multiplicação de vítimas fatais.

As estradas viraram matadouros, mas a mídia (interessada em não perder a publicidade das grandes fábricas de carros) só sabe criticar as estradas e a negligência/imprudência dos motoristas.

Obviamente, a causa dos acidentes passa pela insanidade dos condutores e pelo estado lamentável das estradas, ao qual se dá destaque mais para permitir a privatização, ganhos a grandes empreitteiras e concessionárias e a cobrança de pedágios, não tenho a menor dúvida.

Mas, não se vê na mídia senão explicações simplórias sobre a fragilidade dos automóveis.

Já está mais do que na hora de os órgãos de defesa dos cidadãos/consumidores, mormente o Ministério Público, adotarem medidas judiciais para aferir se o que acontece com os veículos sinistrados é decorrência natural, ou não, da violência dos impactos e, sobrevindo resposta negativa, responsabilizar as montadoras pelo autêntico genocídio que ocorre, diariamente, em nossas vias de circulação.

Procedimentos judiciais, permeados por perícias técnicas, que apontem a eventual inadequação das latarias e estruturas dos veículos para suportar impactos, seriam muito benvindas e, certamente, propiciariam o manejo, com vislumbres de sucesso, de ações de indenização pelas famílias das vítimas. além de compelirem as montadoras a se mostrar mais zelosas da segurança do nosso povo, ou afastarem-se do mercado brasileiro.

Basta de endossarmos, qual cordeiros, a exploração sistemática e impiedosa das nossas economias, pelas grandes corporações industriais, sem atribuir-lhes as devidas responsabilidades.

As economias do povo são feitas à base de muito sacrifício e quando as pessoas acreditam na qualidade dos produtos de tais montadoras, fazem-no ingenua e confiantemente, mas a realidade está a mostar que o consumidor brasileiro vem sendo iludido de forma descarada, pelos fabricantes de automóveis.

Nem mesmo a aparente concorrência terá o condão de remover do mercado brasileiro essas inescrupulosas indústrias da morte anunciada, pois sabemos que a disputa é apenas aparente, eis que boa parte das montadoras pertencem a poucos grupos econômicos que as concentram, sob marcas diferentes, apenas. Então, só o Ministério Público, atentando para a sua responsabilidade, poderá adotar medidas protetivas dos nossos concidadãos contra esses gigantes da economia mundial, cuja ética e responsabilidade sociais são inversamente proporcionais aos seus vultosos ganhos e que, até do governo, recebem incentivos e apoio financeiro de monta.

Manifesto ateísta

Desarme seu espírito e leia, fazendo um bem a si próprio. E, depois de tirar, serenamente, suas conclusões, difunda-as aos parentes e amigos.

Alguém já disse que
pensar é o contrário de crer.


Um Manifesto Ateísta

Autor: Joseph Lewis
Tradução: André Díspore Cancian

Com uma linguagem simples, mas audaz e vigorosa, o autor enuncia os princípios básicos da filosofia do ateísmo. Este novo livro é um desafio ao pensamento universal, e lança no campo de batalha não apenas os religiosos, mas também nossos educadores e líderes políticos.

Muitos perguntam que diferença faz se um homem acredita em um Deus ou não.

Faz uma grande diferença.

Faz toda a diferença do mundo.

É a diferença entre estar certo e estar errado; é a diferença entre verdade e imaginação – fatos ou ilusão.

É a diferença entre a terra ser plana e a terra ser redonda.

É a diferença entre a Terra ser o centro do Universo ou uma minúscula partícula em um vasto e inexplorado oceano com multidões de sóis e galáxias.

É a diferença entre o conceito apropriado de vida ou conclusões baseadas em ilusões.

É a diferença entre o conhecimento comprovado e a fé da religião.

É uma questão de Progresso ou de Idade das Trevas.

A história humana comprova que a religião perverte o conceito do homem a respeito da vida e do Universo; que o transforma em um covarde submisso ante as forças cegas da natureza.

Se você acredita que há um Deus; que o homem foi “criado”; que foi proibido de comer o fruto da “árvore do conhecimento”; que foi desobediente; que é um “anjo caído”; que está pagando a punição por seus “pecados” – então você devota seu tempo rezando para satisfazer um Deus iracundo e ciumento.

Se, em contrapartida, você acredita que o Universo é um grande mistério; que o homem é produto da evolução; que nasce sem qualquer conhecimento; que a inteligência é fruto da experiência – então você devota seu tempo e energia para melhorar sua condição, na esperança de garantir uma pequena felicidade para si e para seus semelhantes.

Essa é a diferença.

Se o homem foi “criado”, então alguém cometeu um grave engano.

É inconcebível que qualquer forma de inteligência desperdiçaria tanto tempo e esforço para produzir um fragmento de vida tão inferior – com todas as “enfermidades herdadas pela carne” e com toda a miséria e sofrimento que são parte tão essencial da vida.

Se o homem é um “anjo caído” por ter cometido um “pecado”, então a enfermidade e o arrependimento são parte do imperscrutável plano de Deus como punição imposta ao homem por sua “desobediência”, e toda a vida do homem é devotada à expiação desse pecado a fim de suavizar tal acusação ante o “Trono de Deus”.

A expiação do homem consiste em fazer-se o mais miserável possível através da oração, do jejum, do masoquismo, da flagelação e de outras formas de tortura.

Esta ilusão sádica faz com que ele insista – sob medo de punição – para que os outros também sejam tão miseráveis quanto a si próprio, pois teme que, se os outros falharem em ser como ele, isso provocará a ira do seu Deus tirano, que castigará com mais severidade.

O resultado inevitável é que o homem não devota sua vida aos princípios essenciais do viver e do bem-estar, mas à construção de templos e igrejas onde pode “elevar sua voz a Deus” em um frenesi de fanatismo, eventualmente tornando-se uma vitima da histeria.

Seu tempo e sua energia são desperdiçados para purificar sua “alma” – a qual ele não possui – e para salvar a si mesmo de uma punição futura no inferno – que existe somente em sua imaginação.

As alucinações religiosas tomam variadas formas.

Alguns não lavam a si próprios; alguns lavam apenas seus dedos; alguns pensam que, quanto mais sujos, mais “sagrados” são; alguns cortam seu cabelo, enquanto outros deixam-no crescer; alguns recusam-se a ficar em pé, outros recusam-se a se sentar; alguns amputam seus genitais, outros, seus seios; alguns arrancam seus dentes, outros mortificam seus membros; alguns jejuam, outros se empanturram; alguns cobrem suas cabeças com areia, outros, com farrapos e cinzas; alguns falam continuamente, outros guardam silêncio; alguns são celibatários, outros são libidinosos; alguns ficam de ponta-cabeça; alguns fazem marcas em si mesmos, enquanto outros perfuram o nariz, os olhos e as orelhas.

Freiras cortam o cabelo para se tornarem tão feias quanto possível – para se tornarem repulsivas ao sexo oposto; há monges que fizeram voto de nunca olhar à face de uma mulher; franciscanos ainda vestem cordas ao redor de seus corpos como um símbolo da flagelação.

Dificilmente se encontra uma forma insanidade ou ilusão que não tenha sido induzida por alguma espécie de crença religiosa.

Rir no “Sabá”, por apenas uma vez, era considerado o pecado dos pecados.

Quão certo estava Robert G. Ingersoll quando disse que “O cristianismo produziu mais lunáticos do que manicômios para interná-los”.

Por outro lado, não acreditamos que o homem é um ser depravado. Não acreditamos que há um Deus tirano e nem que há um inferno em que o homem irá sofrer as dores e punições do tormento eterno. Não acreditamos que devemos tornar-nos tão miseráveis quanto possível aqui na esperança de assegurar alguma felicidade no “além”.

Não acreditamos que a enfermidade é uma punição pelo pecado.

Acreditamos que a enfermidade é uma conseqüência natural dos processos da vida, e que as “enfermidades da carne” são conseqüência inevitável do fato de as formas de vida viverem umas às custas das outras – “No banquete da vida, todos os convidados comem os pratos e são os pratos”.

Apenas através da compreensão da natureza da enfermidade o homem tem sido capaz, mesmo que em pequeno grau, de proteger-se contra sua própria destruição.

O uso da oração para curar doenças foi responsável por epidemias que, em muitas ocasiões, quase exterminaram a raça humana. A oração não tem mais efeito sobre a doença do que tem sobre a saúde. Ela simplesmente permite que a doença siga seu curso e aumente o sofrimento da vítima.

Se os padres – de todas as seitas – fossem isentos de doenças e imunes à morte, então poderia haver algum fundamento para as alegações dos religiosos. Mas esses “homens de Deus” são vítimas dos cursos naturais da vida, “assim como você e eu”. Não desfrutam de privilégios. Eles sofrem das mesmas doenças; sentem as mesmas sensações; estão sujeitos às mesmas paixões do corpo, às mesmas fragilidades mentais; são vítimas das circunstâncias e do infortúnio; e se encontram com a inevitável morte, assim como qualquer outra pessoa. Eles cometem os mesmos tipos de crime que os outros mortais, e, especialmente, devido à sua “vocação”, muitos estão notoriamente envolvidos no desvio de fundos de igrejas. Sua vocação também não os protege das “paixões da carne”. A escandalosa conduta de muitos “homens de batina”, no campo da torpeza moral, não raro termina em assassinato. Por isso há tantos “homens de Deus” em nossas prisões, e por isso tantos pagaram a penalidade suprema na cadeira elétrica.

Eles não escapam a qualquer lei da vida; tudo que os outros precisam enfrentar, eles igualmente precisam. Não podem proteger-se das forças da natureza e das leis da vida mais do que qualquer um. Tudo que eles podem fazer, todos podem, também. Suas alegações de que são “iluminados” ou “porta-vozes de Deus” na Terra são falsas e hipócritas.

Se eles não podem cumprir suas promessas enquanto você está vivo, como poderão cumpri-las quando você estiver morto?

Se aqui, onde poderiam demonstrar seus poderes, eles são impotentes, quão ridículas são suas afirmações de que suas promessas serão cumpridas no “além” – a morada mitológica que existe apenas nas imaginações desonestas ou iludidas.

As ilusões da vida são muitas e variadas.

As coisas nem sempre são o que parecem ser, e sabe-se muito bem que as “aparências enganam”.

Por isso é tão difícil, para algumas pessoas, compreender a natureza da enfermidade, e por isso levou tanto tempo para que o homem compreendesse as verdadeiras condições da vida.

Este engano predomina em questões de grande importância, e também em questões pouco relevantes.

Não há uma “voz da natureza” para dizer ao homem o que é verdadeiro e o que é falso, nem para alertá-lo sobre os perigos da vida. O homem deve encontrar a verdade ele próprio, e isso apenas após amargas experiências.

Um dos primeiros equívocos do homem, após seu assim chamado “despertar intelectual”, adveio da sua incapacidade de conceber qualquer esquema de vida senão o seu próprio conceito primitivo, de inteligência limitada.

Ele não conseguia conceber a Terra e o Universo senão como tendo sido “criados” e, com seu sentimento de vingança, não conseguia conceber o sofrimento da vida senão como punição por alguma “desobediência”. Apesar de primitivo, ele não infligia sofrimento e punição sobre inocentes. Este esquema diabólico poderia apenas vir de um Deus “misericordioso”.

Como ilustração deste conceito do homem primitivo neste sentido está a ilusão que ele acalenta quando acredita que o Sol “nasce e põe-se”, quando, na realidade, o Sol é “estacionário”, pelo menos em relação ao nosso sistema planetário, e é a Terra que se “move”, como Galileu tão corajosamente defendeu – o que custou sua liberdade.

Há uma ilusão de que o Sol brilha e a água cai das nuvens para fazer as flores desabrocharem.

Para o religioso isso é uma indicação da “beleza” da natureza.

Não é nada disso.

Plantas venenosas e ervas daninhas são igualmente nutridas pelo calor do Sol e pela umidade da água.

Isso, então, é uma indicação da “feiúra” da natureza?

Certamente não.

Ambos são conseqüências inevitáveis do meio-ambiente em que vivem. Não poderia ser de outro modo.

Será que o hipopótamo é uma das obras-primas da natureza?

Será que sua face e sua forma exprimem a perfeição da beleza e da graça?

Você consideraria esse animal uma obra de arte viva se fosse o responsável por ele?

Ainda assim, se esse animal pudesse falar, provavelmente diria que este meio-ambiente foi feito em seu benefício e que suas maravilhosas características, particularmente sua boca, foram especialmente “projetadas” para seu desfrute, e que seu corpo todo foi feito “à imagem e semelhança de Deus”.

O fato de que o hipopótamo sobreviveu todos esses milhões de anos do processo evolucionário, e continua subsistindo hoje, é uma prova de que ele é tão favorecido pela natureza quanto o homem.

Para a natureza, as flores desabrochadas e as ervas daninhas são equivalentes, e a fragrância de uma e o fedor da outra são igualmente importantes; se pudessem falar, ambas tentariam seduzir a preferência da natureza para si.

Mas, na verdade, ambas estariam erradas.

O Sol não brilha pra dar-nos a luz e o calor necessários sem, também, iluminar alguns novos problemas para que nossos tumultuados corações tenham de suportar; tudo no Universo compartilha as mesmas inevitáveis conseqüências.

Enquanto é verdade que “maus ventos nunca trazem o bem”, também é verdade que “o alimento de um homem é o veneno de outro”.

Para a natureza, questões de “grande importância” e questões de “pouca relevância” estão no mesmo nível. Uma não é “favorecida” em detrimento da outra. É a sobrevivência do mais apto, não do mais desejável.

Quando as condições são favoráveis aos animais “selvagens”, eles prosperam matando outras formas de vida, com as quais sobrevivem, e, quando as condições são favoráveis ao homem, ele mata e sobrevive graças às formas de vida que julga existirem somente para seu prazer e benefício.

Para a natureza, os germes patogênicos, enquanto formas de vida, são tão importantes quanto as outras formas de vida que “respiram e têm espírito”.

Quando as condições estão favoráveis para o vírus influenza ou da gripe, temos o que se denomina epidemia, e, quando temos condições favoráveis para o crescimento da peste negra, temos o que poderíamos chamar de “Férias Romanas”, com a destruição de um terço de nossa população.

Germes patogênicos são apenas pequenos animais invisíveis.

São formas de vida que prosperam sobre o solo do corpo humano.

Contra eles, a reza surte tanto efeito quanto rezar para um tigre faminto pronto para devorá-lo.

O projétil de uma arma de fogo seria muito mais eficiente contra o tigre, e o conhecimento da natureza dos germes patogênicos e a descoberta dos métodos para destruí-los são comparáveis à invenção da arma de fogo em sua utilidade contra bestas ferozes.

O conhecimento evita a nossa destruição protegendo-nos contra inimigos invisíveis, enquanto a invenção das armas de fogo evita a nossa destruição protegendo-nos contra as bestas ferozes.

Os germes patogênicos e o tigre faminto têm o mesmo objetivo determinado – sua destruição; um lhe comendo “aos poucos” e o outro lhe destroçando “aos bocados”.

Os resultados são idênticos.

Não é necessário tentar “moralizar” alguma diferença.

Em nosso presente esquema de vida, como Ingersoll tão eloqüentemente afirma, sabemos que: “As mãos que auxiliam são muito melhores que os lábios que rezam”.

Nossos corpos são “carne” para os germes patogênicos que nos devoram assim como, para nós, os animais são carne para saciar nosso apetite.

Ou, como diria Shakespeare:

...no broto mais doce
Mora o cancro famélico.

Num conceito mais amplo e compreensível de doença, Shakespeare diz que ela é como:

Um Deus onipotente
Reunindo em suas nuvens...
Exércitos de pestilência; e irão atacar
Seus filhos antes de nascerem...

Quem somos nós para dizer qual é o favorito neste esquema da vida, qual dos dois é o preferido pela natureza – os germes patogênicos ou o homem? Qual dos dois poderia ser o mais importante se os objetivos visados são os mesmos?

O germe patogênico veio à existência pelo mesmo processo que o homem.

Ele é parte da natureza tanto quanto um bebê recém-nascido.

Não podemos viver sem luz do Sol e água, e tampouco o podem os germes patogênicos.

E talvez não sejamos mais do que “germes patogênicos” no meio-ambiente em que vivemos. Os germes patogênicos, em sua constituição fundamental, compartilham conosco os mesmos padrões básicos que compõem a vida.

Para a natureza, a noite é tão importante quanto o dia, e a vida do germe que denominamos patogênico é tão importante quanto a vida do corpo do qual ele se alimenta.

Ambos seguem as mesmas leis da vida; nascem, reproduzem-se e morrem.

Há formas de vida que vivem à noite, e que são tão favorecidas pela natureza quanto aquelas que vivem de dia.

Na natureza existe extravagância em todos os graus – desde o completamente ridículo até o monstruosamente assustador. Esta é a prova da ausência de “design” na natureza, pelo menos no que concerne o homem.

Quando o homem perceber que não é o “favorito” de Deus, que não foi especialmente criado, que o Universo não foi feito em seu benefício e que ele está sujeito às mesmas leis naturais às quais estão todas as outras formas de vida, então, e apenas então, ele compreenderá que deve colocar em si mesmo, e apenas em si, toda a responsabilidade por quaisquer tipos de benefícios que pretende conquistar; e devotar seu tempo e sua energia para ajudar a si e aos seus semelhantes a satisfazer as exigências da vida e esforçar-se para resolver os difíceis e intrincados problemas de estar vivo.

O reconhecimento de um problema é o primeiro passo para sua solução.

Não somos anjos “caídos” e tampouco fomos “criados” perfeitos.

Pelo contrário, somos o produto de milhões de anos de evolução cega.

Somos os descendentes e os herdeiros de todos os defeitos de nossos ancestrais primitivos – a evolução da miríade de formas de vida, do infinitesimal ao mamute, do verme ao dinossauro.

O passo mais importante no desenvolvimento de um homem é o reconhecimento do fato de que nascemos sem conhecimento, e que a aquisição deste é um processo lento e doloroso.

Se tudo que o homem precisa sobre a Terra fosse “a sabedoria de Deus”, então por que seria necessário o estabelecimento de instituições educacionais?

A não ser que a criança seja ensinada a falar, ela nunca será capaz a exprimir-se no idioma de sua terra natal. Sem ensinar à criança os fundamentos da linguagem, ela seria incapaz de comunicar seus pensamentos aos outros. Sem treinamento apropriado, seus “grunhidos” de expressão não teriam qualquer significado, e o único modo através do qual poderia expressar-se seria usando seus instintos primitivos de apontar e de fazer sinais.

O cérebro necessita do mesmo tipo de treinamento que qualquer outra parte do corpo que requeira exercício para desenvolver-se. A nutrição da mente é tão necessária quanto a nutrição do corpo.

Assim como há algumas comidas que foram adulteradas e refinadas de tal modo que, quando ingeridas, não proporcionam qualquer nutrição ao corpo, também há verdades que foram adulteradas pela religião e pela superstição de tal modo que se tornaram completamente inúteis no sentido de nutrir a mente com inteligência.

A educação tornou-se o objetivo primário da civilização.

Como disse Thomas Paine: “A sabedoria não se compra num só dia”.

A Igreja sabe que um homem educado é um homem descrente.

Por isso há um esforço contínuo da parte do clero no sentido de adulterar a educação com superstição. Para preservar sua insustentável posição, devem manter o povo agrilhoado por uma forma de escravidão mental.

Medo e superstição – ambos são formas de uma doença contagiosa.

A ignorância do homem produziu medos naturais dos elementos da natureza. O que não podia compreender, atribuía a espíritos malevolentes cujo objetivo primário era puni-lo e prejudicá-lo. Nesta ótica, parece realmente incrível que ele tenha sido capaz de avançar de seu estado de ignorância primitiva.

Seus medos produziram monstros tão fantásticos que primeiro foi necessário despir sua mente atormentada destes aterrorizantes mitos de fantasmas e deuses antes de ser capaz de adquirir mesmo os mais simples rudimentos do conhecimento.

Os medos e a ignorância do homem fizeram dele uma presa fácil para os padres.

Sua credulidade era tamanha que acreditava em tudo que lhe fosse dito.

E rapidamente tornou-se um escravo desses mentirosos e hipócritas.

O que esses padres lhe disseram?

Disseram-lhe que Deus havia feito uma revelação especial em um livro chamado Bíblia, e que era necessário acreditar em cada palavra deste livro a fim de que sua alma pudesse ser salva. Disseram-lhe que, se desobedecessem a seus comandos, iriam sofrer uma punição eterna no inferno, onde “o fogo nunca apaga e o verme nunca morre”.

Disseram-lhe também que ler aquele livro era um pecado, e que o padre havia sido especialmente ordenado por Deus para interpretar o significado de cada palavra.

E qual foi a interpretação que os padres fizeram do texto desse livro?

Foi a de que o homem era um ser corrompido e pecaminoso, e que, para ser salvo da punição post-mortem, tinha de dar uma parte substancial dos frutos de seu trabalho para o padre rezar por ele e interceder em seu favor a Deus, de modo a mitigar a punição à qual ele já estava destinado.

Um diabólico esquema fraudulento para se viver às custas do suor e do trabalho dos outros.

Um esquema tão lucrativo que os padres começaram usar a força para manter seu poder.

Como resultado, vieram à existência as duas tiranias gêmeas: a igreja e o estado.

Parece inacreditável que tamanha tolice tenha realmente sido imposta sobre a sofrida humanidade – e tudo isso não passaria de tolice, se não fosse tão trágico.

O homem tornou-se tão temente que pensou que não seria capaz de viver sem a “proteção” dos padres, e, como disse Ingersoll, “enquanto as pessoas quiserem papas, sempre haverá hipócritas que alegremente estarão dispostos a tomar seu lugar...”.

Ingersoll também declarou: “Os padres fingiam estar entre a ira dos deuses e a impotência dos homens. O padre era o advogado do homem na corte do céu. Levava ao mundo invisível uma bandeira de paz, um protesto e um pedido; retornava com um comando, com autoridade e com poder. O homem caiu aos seus joelhos, e o padre, tirando vantagem da reverência inspirada pela sua suposta influência com os deuses, transformou seus semelhantes em aduladores hipócritas e escravos”.

Enquanto houver alguma pessoa sofrendo uma injustiça; enquanto houver alguma pessoa forçada a suportar uma culpa desnecessária; enquanto houver alguma pessoa sujeita a uma dor imerecida – a adoração de Deus será uma humilhação desmoralizante.

Enquanto houver um erro no Universo; enquanto for permitido que exista qualquer coisa errada; enquanto houver ódio e antagonismo entre a humanidade – a existência de um Deus será uma impossibilidade moral.

Ingersoll disse: “A injustiça sobre a Terra torna a justiça dos céus impossível”.

A inumanidade do homem para com o homem continuará enquanto o homem amar a Deus mais do que ama a seus semelhantes.

Amar a Deus significa desperdiçar amor.

“Por Deus e pela nação” significa uma sujeição dividida – 50% patriota.

“Deus” é a palavra mais abusada na linguagem do homem.

A razão para isso é que ela é capaz de perpetrar muito abuso.

Não há outra palavra na linguagem humana que seja tão vazia de significado e tão inexplicável quanto a palavra “Deus”.

É o começo e o fim do nada.

É o Alfa e o Omega da ignorância.

Para essa palavra, existem tantos significados quando existem mentes. E, como cada pessoa tem uma opinião própria sobre o que a palavra Deus supostamente significa, então vê-se que é uma palavra sem premissa, sem fundamento e sem substância.

Ela não tem validade.

Ela é todas as coisas para todas as pessoas; é tão inexpressiva quanto indefinível.

É a mais perigosa das palavras nas mãos dos inescrupulosos; é um coringa que funcionas como ás.

É a palavra peçonhenta que paralisou o cérebro do homem.

“Ser temente ao Senhor” não é o início da sabedoria; pelo contrário, fez do homem um escravo rastejante; transformou em lunáticos desvairados aqueles que tentaram interpretar o que Deus “é” e o que supostamente seria nosso “dever” para com ele.

Fez o homem prostituir as coisas mais preciosas da vida – o fez sacrificar sua esposa, seus filhos e seu lar.

“Em nome de Deus” significa em nome do nada – isso fez o homem desperdiçar o precioso elixir da vida, pois não existe Deus algum.

Ingersoll não conseguia entender a mente daqueles que, tendo sido informados a respeito da verdade, preferiam permanecer na ignorância e sob o encantamento da superstição. Não conseguia entender por que as pessoas não aceitavam as “novas verdades com alegria”.

Entretanto, ele também sabia que, uma vez a mente da pessoa tivesse sido envenenada pela superstição religiosa, tornava-se quase impossível libertá-la do paralisante medo que destruía sua capacidade de pensar.

Atualmente já foi estabelecido por evidências verificáveis que a religião embrutece o cérebro e que é um grande obstáculo no caminho do progresso intelectual.

Quanto mais religiosa é uma pessoa, mais está atolada na ignorância e na superstição, e menor é seu senso de responsabilidade moral. Quanto mais inteligente é uma pessoa, menos é religiosa. Eis um velho ditado: “Onde há três cientistas, há dois ateístas”.

Os países cujos governos são dominados pela religião e pelas instituições religiosas são os mais atrasados. Em contrapartida, os países cujo povo é mais esclarecido e cujos governos baseiam-se em princípios de secularismo – separação da Igreja e do Estado – são os mais progressivos.

E permitam-me dizer: quando um homem é intelectualmente livre, o progresso que ele fará é incalculável.

O que poderia ser mais ilustrativo que isto: houve mais progresso desde a Declaração de Independência e a Revolução Americana do que houve nos últimos cinco mil anos!

Sim, mais progresso intelectual e material foi feito pelo homem desde o estabelecimento da República Americana do que durante todos os anos dos faraós egípcios, e incluindo também todo o tempo “da grandiosidade que foi a Grécia e da glória que foi Roma”.

E há razões boas e válidas para isso.

Foi porque “em 1776 nossos patriarcas retiraram os deuses da política”. O princípio básico da República Americana é a liberdade do homem na sociedade.

A Declaração de Independência foi o produto da emancipação intelectual, e é por isso que a data de nossa existência não deveria ser contada a partir do mítico nascimento de Jesus Cristo, mas a partir do dia de nossa independência!

Este deveria ser o ano cento e setenta e oito em nosso calendário!

Apesar dos sinais de desencorajamento aqui e acolá, as sementes da liberdade plantadas pela Revolução Americana irão enraizar-se e, em todo o mundo, se o homem aprender a proteger zelosamente sua liberdade, a paz e o progresso virão para todos.

Como poderia haver uma ilustração mais significante do que esta: praticamente no período de nossas vidas – e certamente desde a Declaração de Independência – o homem alcançou as mais magníficas realizações no campo da ciência e do progresso jamais vistas em toda a história humana.

Não em sua ordem nem de acordo com sua significância, lembro-me das seguintes coisas:

A anestesia foi descoberta.

Alguém compreende o que significa aliviar a dor e o sofrimento de um homem? A anestesia é a mais humana de todas as conquistas, e quão compassiva foi esta conquista.

Por essa grande descoberta devemos agradecer ao Dr. W. T. G. Morton.

Os religiosos opuseram-se ao uso da anestesia dizendo que Deus enviava a dor como punição pelo pecado, e consideravam o maior dos sacrilégios utilizá-la – tentem imaginar isso, transformar em pecado o alivio da miséria humana! Que perversão monstruosa! Apenas este exemplo deveria ser suficiente para convencer qualquer um da diferença entre acreditar em Deus ou não.

Nenhum crente em Deus teria gastado suas energia para descobrir a anestesia. Ele estaria com um medo mortal da ira de Deus por interferir em seu “plano divino” de fazer o homem sofrer por ter comido o fruto da “árvore do conhecimento”.

O ponto crucial do assunto está contido neste exemplo.

O homem busca aliviar seus semelhantes do sofrimento da enfermidade e dos tormentos da agonia mental. Os crentes em Deus estão satisfeitos com o fato de o sofrimento do homem ser ordenado, e assim aceitam a vida e suas adversidades e tribulações como uma punição por estarem vivos.

O medo da ira de Deus tem sido uma enorme travanca ao progresso.

Quando o Dr. James Young Simpson tentou banestesiar uma parturiente, o clero de seu tempo, com a boca espumando, brigou com ele com vituperações e abusos por tentar violar o mandamento direto de Deus de que “entre dores deves trazer as crianças à luz” – baseados no imbecil texto da Bíblia. Mas Dr. Simpson persistiu apesar dos delírios dos religiosos lunáticos de seu tempo.

A importância da aplicação da anestesia para aliviar as dores do parto por Dr. Simpson e seu aberto desafio aos religiosos estão além da medida das palavras.

Os raios X foram descobertos em nosso tempo.

O professor Wilhelm Roentgen merece nosso eterno débito de gratidão por sua contribuição. Sua aplicação, somente no campo da medicina, faz dela uma das maiores contribuições ao bem-estar da humanidade.

A descoberta da composição do sangue – também feita em nosso tempo – pelo Dr. Karl Lansteiner foi responsável pelo salvamento de incontáveis milhares de vidas.

O sangue era temido pelos religiosos, e era colocado um tabu sobre todos aqueles que o tocassem, como tendo sido contaminados.

Até dissecção do corpo humano foi proibida pela religião.

O estudo da anatomia humana é algo de nosso tempo, e os frutíferos resultados desta exploração científica da estrutura física do homem são incalculáveis.

É desnecessário – eu imagino – explicar por que o estudo do corpo humano é algo tão recente. Até a emancipação da mente do homem da escravidão e das algemas da religião, ensinava-se e cria-se como “verdade religiosa” – defendida sob pena de punição eterna – que, se o corpo humano fosse dissecado, Deus não seria capaz de reconhecê-lo no dia de sua ressurreição!

Tal foi a paralisante ameaça da religião que prevaleceu sobre a mente do homem.

A descoberta da constituição química dos alimentos – e sua aplicação à nutrição – contribuiu mais à saúde da raça humana do que todos os Deuses, sacerdotes e padres desde a aurora da existência.

A medicina preventiva alcançou resultados maravilhosos na promoção da saúde e no prolongamento da vida das pessoas.

A higiene e sua aplicação salvaram milhões e milhões da enfermidade e da morte prematura. Ela conteve a “mão de Deus” em sua loucura disseminadora de mortes pelas doenças epidêmicas.

Charles Darwin publicou “A Origem das Espécies”, e o grande princípio da evolução foi promulgado.

A emancipada medicina moderna reduziu a taxa de mortalidade infantil em mais de 50 por cento e foi a responsável por aumentar em mais de duas vezes a expectativa de vida do homem dentro do século passado.

Apenas pensem nisso! Todas essas coisas aconteceram dentro do período de nossas próprias vidas!

Tudo isso e muito mais desde o dia da independência americana!

E ouçam as palavras do Dr. Paul D. White, fundador da American Heart Association [Associação Americana do Coração]. Ele disse:

“Aqueles médicos dentre nós que se graduaram na escola médica há trinta ou quarenta anos, ao olharem para trás, agora vêem a inacreditável ignorância sobre as doenças cardíacas que então existia. Surgiu mais conhecimento desde então do que em todos os séculos anteriores.” (itálico meu)

No passado, o homem aprendia que o coração, assim como a voz, era um “dom divino”, e que era demasiado sagrado para ser sondado pelo homem. E quais foram os resultados disso? Milhões, que poderiam ter sido salvos, morreram; milhões, que viveram como enfermos incapacitados, poderiam ter vivido uma vida normal se o homem, no passado, tivesse tido a coragem que tem hoje de buscar alívio dos terrores da doença.

Tal é o fascinante progresso que se manifesta quando o homem confia em seu próprio esforço para resolver seus problemas, sejam eles concernentes à saúde ou às questões sociais ou políticas.

Foi apenas nos últimos quarenta anos que o Dr. James B. Herrick diagnosticou apropriadamente a causa da trombose coronária, de onde se derivou o grandioso progresso que desde então tem sido alcançado no combate a esta grande assassina.

Desejo colocar sobre o Dr. Herrick minha coroa de agradecimentos pelas suas grandes conquistas na medicina.

Que maravilhas têm sido alcançadas desde a invenção da máquina a vapor, do automóvel, do rádio, da televisão, dos dispositivos eletrônicos e dos milhares de outras descobertas e invenções que são demasiado numerosas para serem mencionadas.

O benefício educacional da cinematografia ultrapassa de longe apenas seu valor recreativo, e sua utilização em praticamente todos departamentos educacionais faz dela uma das mais valiosas invenções do homem.

Pensemos sobre a descoberta de Benjamin Franklin da relação entre a eletricidade e o raio e sobre a condenação arremessada contra ele por desafiar o “Príncipe do Poder do Ar”.

E os irmãos Wright e a medonha penalidade que iriam sofrer por “Voar até a face de Deus”.

O relâmpago, outrora temido como a colérica manifestação de um Deus enfurecido, foi reproduzido em laboratório por Charles P. Steinmetz, o ímpio mago da eletricidade.

O telefone, a telegrafia sem fio, o motor a vapor, a refrigeração, as máquinas de lavar e de costurar, o tear mecânico e a miríade de aplicações para as forças elétrica e atômica farão do homem o dono de seu destino, uma vez tenha se livrado do mito de um Deus tirano.

Ingersoll expressou melhor as invenções do homem e suas utilidades quando disse que: “A ciência pegou o relâmpago dos deuses e, com o corisco – e liberdade e pensamento e inteligência e amor – agora vasculha sob todas as ondas do mar; a ciência, o livre-pensamento, pegou uma lágrima não-remunerada que escorria em um rosto e converteu-a em vapor, e então criou o gigante que gira, com braços incansáveis, as incontáveis engrenagens do trabalho”.

Retire-se do homem as descobertas e invenções do século passado e ele irá pensar que retornou ao barbarismo.

Vejam o que a invenção da luz elétrica por Thomas A. Edison fez pelo homem – prolongou sua vida, deu mais horas ao dia, aumentou seu conforto mais que qualquer outra coisa anteriormente conhecida ou imaginada; foi algo que contribuiu imensuravelmente para sua alegria de viver.

Mesmo a fictícia performance de Josué de parar o Sol e a lua reduz-se a nada quando comparada a esta sublime descoberta.

Também não devemos esquecer a invenção de Edison para reproduzir a voz humana – e permitam-me dedicar um momento de homenagem para dizer que tive a grande honra de conhecer Thomas A. Edison, o qual me honrou chamando-me de seu amigo.

Se a impressão foi aclamada com uma das grandes invenções da humanidade, que podemos dizer do fonógrafo? Enquanto a impressão preserva os pensamentos do homem no papel, o fonógrafo preserva não apenas seus pensamentos, mas também sua voz!

A música não é mais “desperdiçada no ar deserto”.

Thomas A. Edison – o maior dos benfeitores entre os homens – arrancou da natureza o seu segredo mais bem guardado – o mistério da voz humana.

Ele refutou a idéia de que, como antes de acreditava, a voz humana, assim como o coração, era um “dom divino”. Demonstrou que a voz humana era apenas um mecanismo sonoro natural, o qual funcionava com o ar dos pulmões quando passava pelas “cordas” da garganta e da laringe, da mesma forma que os sons são produzidos pelas cordas de um instrumento musical.

Como resultado da invenção de Edison, o próprio homem já produziu artificialmente todas as manifestações da voz humana!

Se a voz era parte do “plano divino”, como poderíamos justificar sua ausência na girafa? Este animal não tem laringe e, deste modo, não tem cordas vocais; conseqüentemente, não pode falar ou fazer sons com sua garganta!

A girafa é uma prova da ausência de design na natureza e da cegueira das forças evolucionárias da vida.

Para listar todas as grandes descobertas no campo da ciência e da medicina durante o último século – como a aspirina, a insulina, a penicilina e a estreptomicina – seria necessária a atenção integral de um historiador médico e uma verdadeira enciclopédia para registrar isso tudo.

Todavia, ainda há muitas doenças que afligem o homem a respeito das quais ele não tem nenhum conhecimento. Elas devoram e devastam seu corpo e sua mente com dor e tortura excruciantes, e ele está completamente indefenso contra elas. Ele não apenas ignora sua origem, mas também não sabe qual é a sua natureza nem como se proteger de seus ataques. Ele tem de sentar-se como um criminoso condenado e, em agonizante tortura, esperar pela sua morte abençoada.

Se o homem e todas as outras formas de vida sobre este planeta são apenas um subproduto de um “grande plano” de uma “inteligência suprema”, então eu denuncio tal esquema como tirânico e selvagem.

Por que deveríamos ser feitos para sofrer dores e punições lancinantes na vida sem qualquer benefício e, por fim, ter todos os nossos esforços negados pela morte, fazendo do objetivo de nossas vidas, de nossas esperanças, de nossos desejos, de nossas ambições e de nossas aspirações nada mais que uma sinistra piada?

Ó reza, teu nome é malogro!

Ó Deus, tua arte é um mito de crueldade!

Não se encontrará uma única menção dessas grandes conquistas humanitárias nesses assim chamados “Livros dos Livros”; nem uma única referência sobre a natureza e a cura da enfermidade; nem uma palavra acerca daquelas invenções que tiraram um grande fardo das costas do homem.

A há uma boa razão para isso.

Os escritores da Bíblia não só desconheciam tais coisas, mas também tinham um conceito pervertido da vida e do Universo. Seu conceito era o de que o homem era uma vítima da poluição do sangue e que sua única possível salvação era através expiação sangue.

Lembro-me de uma vez ter visto um pequeno panfleto intitulado “O que a Bíblia Ensina sobre a Moral”. Ao abri-lo, descobri que não tinha nada senão páginas em branco! Seria bom se outro panfleto fosse publicado e intitulado “O que a Bíblia Revela sobre as Doenças, a Medicina e a Saúde”, e devem ser usadas apenas páginas em branco para representar o que ela diz sobre estes assuntos vitais.

Pelo contrário, esses benefícios foram denunciados pelos defensores da Bíblia e pelos representantes da divindade da Bíblia como sendo contrários aos “Desígnios Divinos”.

A Bíblia não afirma claramente que o homem deve trabalhar pelo pão que come apenas com o suor do seu rosto?

Aqui está a citação bíblica exata: “Do suor do teu rosto comerás o teu pão...”, e por quê? Apenas porque buscou conhecimento.

E o Deus da Bíblia não coloca sobre o homem uma maldição pelo conhecimento que lhe foi um grande conforto e benefício?

Aqui está outra citação bíblica: “... maldita é a terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida”.

A Bíblia é uma mentira. É uma farsa e uma fraude.

Eu denuncio este livro e seu Deus.

Detesto-o profundamente.

Todo homem e mulher que contribuíram para o alívio da dor e do sofrimento da humanidade foram infiéis ao Deus Bíblico!

Toda nova invenção, toda nova descoberta em benefício do homem viola esses editos bíblicos!

Busquem o conhecimento, desafiem esse Deus tirano – essa é a única salvação.

É a condenação bíblica da busca pelo conhecimento – que paralisou a mente humana durante as épocas passadas e atravancou o progresso – que faz da Bíblia o mais pervertido, o mais detestável, o mais pernicioso e o mais nefasto livro jamais publicado.

Ele tem sido uma maldição para a humanidade.

É um dever de todos os indivíduos bravos e honestos fazer tudo que esteja a seu alcance para destruir a influência desde livro profundamente estúpido e vicioso, com seus conceitos infantis a respeito da vida e seus absurdos sobre o Universo.

É seu dever fazer tudo que esteja a seu alcance para cessar sua desmoralizante e paralisante influência sobre a vida do homem.

Nunca alçaremos a liberdade intelectual até que a perversidade desse livro tenha sido descartada juntamente com a crença na planicidade da Terra.

Se não quisermos parar as rodas do progresso; se não quisermos voltar à Idade das Trevas; se não quisermos voltar a viver sob uma tirania – então devemos proteger nossa liberdade e não permitir que a Igreja tome o controle do nosso governo.

Se o permitirmos, perderemos o maior legado jamais deixado à raça humana – a liberdade intelectual.

Deixem-me, agora, dizer outra coisa.

Se toda a energia e saúde desperdiçadas com a religião – em todas as suas variadas formas – tivessem sido gastas para compreender a vida e seus problemas, hoje estaríamos vivendo em condições que pareceriam mais uma utopia.

A maioria de nossos problemas sociais e domésticos já teria sido resolvida e, de modo tão importante, nossa compreensão e nossas relações com os outros povos do mundo teriam, atualmente, alcançado a paz universal.

O homem teria uma melhor compreensão dos seus motivos e das suas ações, e teria aprendido a refrear seus instintos primitivos de vingança e retaliação. Hoje ele já saberia que guerras de ódio, agressão e ambição apenas produzem mais ódio e mais sofrimento humano.

O homem esclarecido e completamente emancipado dos medos de um Deus e do dogma do ódio e da vingança faria de si próprio um irmão para seus semelhantes.

Ele dedicaria suas energias às descobertas e às invenções, as quais a teologia anteriormente condenava como um desafio a Deus, mas que provaram ser benéficas a ele.

Ele não seria mais um escravo de Deus, vivendo a adulá-lo por medo!

Construir uma igreja quando uma escola é necessária é perpetrar um roubo à educação.

Construir uma igreja quando um hospital é necessário é retirar dos lábios ressecados dos enfermos o copo de alívio e do sofredor a compassiva mão que ajuda.

Quando o objetivo da conduta do homem for melhorar as condições dos seus semelhantes e não o apaziguamento de um Deus mitológico, ele será mais compreensivo e indulgente com as fragilidades, os erros e as ações dos outros e, pelo mesmo motivo, nutrirá mais gratidão pelos seus esforços.

Desenvolverá uma maior consciência preventiva para erros e injúria. A vida e o viver tomarão uma grandiosa significância, e nossos esforços e energias serão devotados à criação de tanta alegria e felicidade quanto for possível para todos os seres vivos.

A não ser que se faça da morte uma lição para a vida, então a vida é desperdiçada.

Por que deveríamos vir à existência apenas para sermos destruídos? Um morre, outro nasce – para quê? Umas poucas horas miseráveis – então esquecimento!

Com o reconhecimento de que tudo acaba com a morte, ninguém deveria conscientemente impedir atos que trariam benefícios, alegria ou felicidade aos outros. Na morte, o ato hesitante já não pode mais ser realizado – a palavra de louvor é tão impossível quanto o retorno do ontem.

Que perversidade justificou a inflição de dor, sofrimento e morte contra aqueles que nada fizeram de errado?

Se a morte põe fim a tudo, por que lutar enquanto estamos vivos? Por que encurtar a vida com dor e sofrimento desnecessários?

Quão fúteis são os pequenos problemas individuais, com seus ódios e ciúmes, quando tudo cessa com a morte!

Todas as orações do mundo não podem eliminar uma injustiça.

Todo erro é irreparável.

Os mortos não podem perdoar.

Todas as lágrimas e suspiros são inúteis.

O perdão não pode ser concedido por lábios imóveis; o elogio não pode ser escutado por ouvidos que já não podem mais ouvir; a alegria não pode mais ser sentida quando o coração deixou de bater; a felicidade de um abraço carinhoso não pode mais ser sentida quando os braços estão cruzados e os olhos estão eternamente fechados.

Você deve decidir se quer Deus ou se quer o homem.

Se quer ser livre ou se quer ser escravo.

Se quer o progresso ou se quer a estagnação.

Enquanto o homem amar um fantasma no céu mais do que ama seu próximo, nunca haverá paz sobre a Terra; enquanto o homem adorar um tirano como sua “Paternidade Divina”, nunca haverá a “Irmandade dos Homens”.

Você deve fazer a escolha, deve tomar sua decisão.

Deus ou o homem? Igrejas ou lares? Preparação para a morte ou felicidade por viver?

Se o homem precisar de um exemplo para poder pesar o benefício de um e do outro, precisa apenas ler as páginas da história para ver a prova de como a religião retardou o progresso e provocou ódio entre os homens.

Quando a teologia governava o mundo, o homem era escravo.

As pessoas viviam em cabanas e casebres.

Vestiam-se com trapos e peles; devoravam cascas e roíam ossos; os padres tinham vestimentas de seda e cetim; carregavam mitras de ouro e pedras preciosas – roubadas dos pobres – e viviam da fartura da Terra!

Aqui e acolá aparecia um homem bravo para questionar sua autoridade.

Lenta e dolorosamente, esses mártires da emancipação intelectual destruíram o encantamento da superstição, prenunciando a Era da Razão e a Aurora da Ciência.

O homem tornou-se o único deus que o homem pode conhecer.

Não mais se ajoelha de medo.

Começou a gozar dos frutos de seu próprio trabalho.

Descobriu modos de aliviar a dureza do trabalho contínuo; começou a desfrutar de alguns confortos na vida – e, pela primeira vez, encontrou sobre esta Terra alguns momentos para a felicidade.

É muito mais importante aprender como viver do que aprender como rezar.

Um novo dia e uma nova era amanheceram para ele.

Seus trabalhos produziram enormes dividendos.

Olhou para o céu pela primeira vez, e viu que era azul! Vasculhou os céus e não encontrou qualquer Deus. Já não temia mais as manifestações da natureza.

As estrelas, entretanto, não são o alfabeto no qual devemos ler o destino do homem.

Não apenas rejeitamos a idéia de que o homem é punido por seus “pecados”, mas enfaticamente afirmamos que o pecado é uma coisa que não existe.

Há erros e injustiças, mas não pecados.

O pecado – assim como o purgatório e o inferno – foi inventado pelos padres, primeiramente para assustar, e depois para roubar seu sustento.

Não tememos esses mitos e maldições, e é por isso que devotamos nosso tempo e energia para ajudar nossos semelhantes.

É por isso que construímos instituições educacionais e buscamos, através de um lento e doloroso processo, ensinar ao homem a verdadeira natureza do Universo e a noção correta acerca de seu lugar como membro na sociedade. Ao mesmo tempo, tentamos fortificar sua mente com coragem para resistir às adversidades, aos desafios e às tribulações da vida. Ninguém pode negar que se trata de uma tarefa difícil e árdua, pois não podemos corrigir todos os “erros de Deus” na simples duração de uma vida.

Como Ingersoll sucintamente afirma: “A natureza não pode perdoar”.

Lembremo-nos disto: não somos seres humanos depravados.

Não temos nenhum pecado para ser pago.

Não é necessário ter medo.

Não há fantasmas – nada de sagrado ou afim.

Pare de fazer-se um miserável por “amor a Deus”.

Expulse esse monstro despótico de sua mente e usufrua a inestimável liberdade de ser um humano emancipado.

O único dever que temos é aquele para conosco e para com nossa família.

O que você deve a si mesmo é fazer o seu melhor; o que você deve à sua família é empenhar-se para fazê-la feliz.

Emancipe-se dessas crenças estupidificantes e proteja suas crianças da contaminação pela religião.

Não fique de joelhos, levante-se e olhe o mundo inteiro cara a cara.

Extraia da vida toda a alegria e toda a felicidade que puder.

Goze dos frutos de seu trabalho sem desperdiçá-los no mito do céu; não dê apoio aos parasitas de Deus.

Não faça qualquer mal a outro ser humano conscientemente; não prejudique deliberadamente o seu próximo.

Todas formas de vida têm sentimentos, não as faça sofrer.

Como disse Shakespeare:

O pobre escaravelho, sobre o qual pisamos,
Em sofrimento corporal, encontra uma dor tão grande
Quanto a de um gigante.

A bondade é um solvente mágico.

Apesar de sabermos que às vezes a “ingratidão é mais forte que os braços do traidor”, também sabemos que a “compaixão é bênção em dobro; ela abençoa aquele que dá e aquele que recebe”, e também deve-se lembrar que, enquanto a lealdade é a mais importante das virtudes, a paciência é a mais valiosa.

Torne-se um ser humano corajoso e, neste mundo imperfeito e problemático, faça o seu melhor – sob toda e qualquer circunstância.

Seja corajoso o suficiente para viver e corajoso o suficiente para morrer, sabendo que, quando a hora derradeira chegar, você fez o melhor que pôde e que o mundo é um lugar melhor porque você viveu.

Um Deus não faria melhor.

Estarei entre você e as guardiãs do céu.

Não tenho medo.

Irei defendê-lo enquanto estiver vivo.

Assumirei toda a responsabilidade.

Meus serviços são gratuitos.

Se errar, ponham a culpa em mim.

Quebre correntes da superstição, da escravidão mental – da religião.

Irrompa como um ser humano livre e independente.

Dignifique-se como um homem, e justifique sua vida sendo um irmão de toda a humanidade e um cidadão do Universo.