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quinta-feira, 30 de abril de 2020

Juíza rejeita relatório médico e dá 48 horas para Bolsonaro entregar exames de coronavírus

Quando a Dilma negou o aumento de 70% que o Judiciário queria, deram jeito de defenestrá-la. Bozo e seus boisinhos amestrados apludiram, claro. 
Agora que Bozo está batendo de frente com o Judiciário, por questões menores, sentirá o ardume. 
Nada como um dia atrás de outro. 

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Juíza Ana Lúcia Petri Betto decidiu que o documento enviado pela AGU não atende à determinação judicial e deu 48 horas para que Bolsonaro entregue à Justiça “os laudos de todos os exames” realizados para verificar se foi contaminado ou não pelo novo coronavírus

30 de abril de 2020, 18:08 h Atualizado em 30 de abril de 2020, 18:56

Jair Bolsonaro cumprimenta apoiadores em frente ao Palácio do Planalto durante manifestação, já em meio à epidemia do coronavírus (Foto: REUTERS/Adriano Machado)


247 - A juíza Ana Lúcia Petri Betto rejeitou nesta quinta-feira, 30, o laudo médico enviado pela Advocacia Geral da União (AGU) no qual atesta que Jair Bolsonaro se encontra "assintomático" para o novo coronavírus. 


A juíza decidiu que o documento não atende de forma integral a determinação judicial e deu 48 horas para que Bolsonaro entregue à Justiça “os laudos de todos os exames” realizados para verificar se foi contaminado ou não pelo novo coronavírus.

“Considerando que o documento juntado pela parte ré (relatório médico, datado de 18.03.2020 – id 31571155), não atende, de forma integral, à determinação judicial, renove-se a intimação da União, nos termos do id 31436976, para que, em 48 (quarenta e oito) horas, dê efetivo cumprimento quanto ao decidido, fornecendo os laudos de todos os exames aos quais foi submetido o Exmo. Sr. Presidente da República para a detecção da COVID-19, sob pena de fixação de multa de R$5.000,00 por dia de omissão injustificada”, determinou a juíza.

Jair Bolsonaro se negou a cumprir decisão judicial que determinou que ele apresentasse resultados dos exames para o coronavírus. A confirmação foi feita nesta quinta-feira, (30) pela Advocacia-Geral da União (AGU), que apresentou à Justiça Federal de São Paulo apenas a informação de que Bolsonaro testou negativo para covid-19.

Manifestantes de extrema-direita armados invadem parlamento de Michigan contra extensão da quarentena


O grupo pede para que os parlamentares do estado votem contra as medidas anunciadas pela governadora Gretchen Whitmer

30 de abril de 2020, 17:46 h Atualizado em 30 de abril de 2020, 17:48


...(Foto: Reprodução)



247 - Grupo de manifestantes de extrema-direita armado invadiu o parlamento de Michigan para protestar contra a extensão da quarentena no estado norte-americano. Os parlamentares do estado estão discutindo a extensão da quarentena ordenada pela governadora Gretchen Whitmer (Partido Democrata).


Os manifestantes armados pedem para que os parlamentares votem contra a quarentena. O estado registrou, até o momento, mais de 40 mil casos de coronavírus e 3,6 mil óbitos em decorrência da doença.

O fascista virou dono da PF? - Bolsonaro volta a atacar governadores: “minha PF vai para cima”


29 de abril de 2020, 20:06


247 - Jair Bolsonaro conversou com apoiadores e jornalistas ao voltar de uma caminhada no entorno do Palácio do Alvorada no fim da tarde desta quarta-feira (29). Ele atacou mais um vez os governadores que adotaram medidas de isolamento, como já havia feito nesta manhã, quando os culpou pelo número de mortos por Covid-19.

Bolsonaro citou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), dizendo que a responsabilidade pelas mortes no estado é do tucano, e falou que o governador da Bahia, Rui Costa (PT), está de "palhaçada". “Quem definiu toda a política restritiva foram os governadores e prefeitos, o Supremo que decidiu, não adianta o Rui Costa ficar de palhaçada aí, 'ô, Rui Costa, tá de palhaçada', e me acusar, não adianta. O Doria tem que responder por São Paulo, é o estado que mais gente perdeu a vida, é ele que tem que responder. Nós demos recursos para quem foi possível”.

Bolsonaro ainda falou sobre a Polícia Federal, se referindo à instituição como "minha PF". “A minha PF é para cima de quem estiver fazendo besteira com essa grana, a PF vai funcionar. A PF não persegue ninguém, só persegue bandido”. A "grana" citada por Bolsonaro diz respeito aos recursos financeiros disponibilizados aos estados pela União para o combate aos efeitos da pandemia de coronavírus.

IMPÉRIO VULNERÁVEL - Em poucos meses, o coronavírus já matou mais americanos que os 20 anos da Guerra do Vietnã



Nick Turse28 de Abril de 2020, 18h20


Uma mulher visita o Memorial dos Veteranos do Vietnã vazio, em 14 de abril, em Washington. 

Foto: Drew Angerer/Getty Images



NASCIDO EM MEIO a controvérsias, o Memorial dos Veteranos do Vietnã é agora o monumento mais tocante no National Mall de Washington D.C. Projetado em 1981 por uma estudante de Yale chamada Maya Lin, o memorial consiste em painéis de granito preto polido que formam um ângulo de 125 graus e levam inscritos os nomes dos militares dos EUA mortos no conflito. Os dois murais, baixos nas extremidades e altos onde eles se encontram no meio, listam os mortos cronologicamente – uma contagem individual, dia após dia, de cada vida americana perdida.

Foram necessários 20 anos, de 1955 a 1975, para os EUA perderem 58.220 homens e mulheres – 47.434 em combate – no conflito que mais dividiu o país desde a Guerra Civil. Em menos de quatro meses, o mesmo número de americanos morreu na pandemia de coronavírus – a cifra total foi superada pela pandemia nesta terça-feira. Em pouco tempo, os EUA passaram por essa marca assustadora. Se isso é realmente uma guerra, como o presidente Donald Trump descreveu – nas palavras dele, “estamos travando uma guerra contra o inimigo invisível” – uma pergunta pode ser feita: onde e como serão recordados os mortos deste conflito?



Será que um presidente que apostou seu legado em um “grande e belo muro” ao longo da fronteira com o México vai acabar sendo lembrado por um muro muito diferente, que traz os nomes das dezenas de milhares de americanos que morreram sob seu olhar? Esse muro poderia trazer os nomes de todos aqueles que pereceram no front dessa pandemia, como Vitalina Williams, uma imigrante de 59 anos vinda da Guatemala que trabalhava em um supermercado em Massachusetts; Ferdi German, de 41 anos, um veterano do Exército que trabalhava como inspetor dos vagões do metrô da cidade de Nova York; Craig Franken, 61 anos – casado há quase 20 – que trabalhava no frigorífico da Smithfield Foods em Sioux Falls, na Dakota do Sul; e quatro membros da família Franklin de Nova Orleans, Antoinette, de 86 anos, e seus filhos Herman, 71, Timothy, 61, e Anthony, 58, que sobreviveram a um cataclismo prévio – o furacão Katrina, associado (e exacerbado por) um presidente anterior – apenas para sucumbir a outro desastre, 15 anos depois.

Também há os profissionais de saúde, os médicos, enfermeiros, paramédicos e outros trabalhadores do setor que – como tantos médicos do Exército e da Marinha cujos nomes aparecem no Memorial dos Veteranos do Vietnã – correram em direção ao perigo e sacrificaram suas vidas em um esforço para salvar outros americanos. Essas pessoas corajosas incluem Celia Yap-Banago, de 69 anos, uma imigrante das Filipinas que passou quase 40 anos trabalhando como enfermeira no Centro Médico de Pesquisas em Kansas City, no Missouri, e ficou doente depois de um paciente suspeito de estar com covid-19. Também inclui Madhvi Aya, 61 anos, uma imigrante indiana que trabalhou como assistente de um médico no Hospital Woodhull, no Brooklyn, em Nova York, e tratou pacientes com coronavírus usando apenas uma máscara cirúrgica.FAÇA PARTEFortaleça o jornalismo em que você acredita


A cerca de 100 metros do Memorial dos Veteranos do Vietnã existe uma escultura feita por Glenna Goodacre, que morreu, aos 80 anos, em 13 de abril. Inspirada na “Pietà” de Michelangelo, ela representa três mulheres de uniforme ao redor de – e uma delas embalando carinhosamente – um soldado ferido. “A ênfase dessa homenagem está centrada em suas emoções – compaixão, ansiedade, fadiga e, acima de tudo, dedicação”, disse Goodacre quando a estátua foi inaugurada. Poderia haver um modelo melhor para uma escultura honrando os esforços de profissionais de saúde como Yap-Banago e Aya para acompanhar um muro em memória dos mortos dessa pandemia?

DURANTE ANOS, os presidentes americanos elogiaram o progresso durante a desastrosa guerra no Vietnã. “Podemos julgar com razão … que o progresso dos últimos três anos teria sido muito menos provável, se não completamente impossível, se os filhos da América e outros não tivessem feito sua parte no Vietnã”, disse o presidente Lyndon Johnson em março de 1968. Em agosto de 1972, seu sucessor, Richard Nixon, disse: “eu prometi buscar um fim honroso para a guerra no Vietnã. Fizemos um grande progresso nesse sentido”. Trump reviveu repetidamente a frase manchada pela Guerra do Vietnã que se refere à “luz no fim do túnel” durante esta pandemia e, de forma semelhante, disse que avanços estavam sendo feitos apesar do número crescente de mortes. “Enquanto continuamos nossa batalha contra o vírus, os dados e os fatos sugerem que estamos obtendo um grande progresso”, ele disse recentemente durante sua versão particular das loucuras das 5 da tarde.

Na semana passada, Trump sugeriu que o número de mortos da pandemia de coronavírus poderia chegar a 50 mil vidas americanas perdidas. “Fizemos a coisa certa, porque se não tivéssemos feito, você teria um milhão, um milhão e meio, talvez 2 milhões de pessoas mortas”, disse ele. “Agora, estamos indo para 50, pelo que dizem, ou 60 mil pessoas”. Uma previsão de 50 mil mortos feita em 20 de abril era tão irreal quanto a infundada alegação de Trump, em janeiro, de que “temos [a covid-19] totalmente sob controle”, e suas ficções de fevereiro de que o vírus “desaparecerá em abril”, e que, “dentro de alguns dias [o número de americanos com covid-19] será reduzido a quase zero”.

No início deste mês, em uma das suas coletivas de imprensa, Trump também elogiou os frutos de seus esforços na fronteira com o México. “Já temos cerca de 270 quilômetros de muro”, gabou-se. Mas, ao dedicar muito mais tempo e energia a esse projeto do que à preparação para uma pandemia, o número de mortos pela covid-19 durante seu governo ultrapassou, em quatro meses, duas décadas de conflito armado no sudeste asiático (o número de civis vietnamitas mortos durante esses anos é estimado em cerca de 2 milhões, quase o mesmo número de mortes previstas nos EUA para o pior cenário da pandemia, sem medidas para retardar o avanço do coronavírus através do distanciamento social).

Foram necessários dois muros de 60 metros, feitos por 70 painéis independentes, para listar os mais de 58 mil mortos no Memorial dos Veteranos do Vietnã. Quantos nomes – funcionários de mercados, de armazéns, motoristas de telentregas, zeladores, trabalhadores de frigoríficos, médicos, enfermeiros e paramédicos – aparecerão em um memorial da covid-19 é algo que não saberemos por anos. Algumas projeções colocam o número total em mais de 67 mil mortes por coronavírus em agosto. A Casa Branca alertou anteriormente sobre a possibilidade de até 240 mil mortes. Algumas estimativas apontam o número de 300 mil americanos perdidos para a doença nos próximos anos.

Por enquanto, precisamos continuar contando os mortos e começar a pensar em como registrar a memória de toda a dor, todas as mortes enfrentadas em solidão, todos os corpos entregues às valas comuns, todas as vidas perdidas cedo demais. Já sabemos que um muro para homenagear as vítimas do coronavírus nos EUA seria grande, muito grande. E sabemos que, por mais comovente que seja o design, por mais que mexa com a alma, por mais icônico que ele venha a se tornar, nunca haverá nada de bonito nele.

Nick Turse, colaborador do Intercept, é autor de “Kill Anything That Moves: The Real American War in Vietnam” (em tradução livre “Mate tudo que se move: a verdadeira guerra americana no Vietnã”, sem edição brasileira).

PMS CONSOLIDAM DOMÍNIO SOBRE IBAMA COM EX-COMANDANTES DA ROTA CHEFIANDO FISCAIS



30 de Abril de 2020, 11h32


DOIS EX-COMANDANTES da Rota, a violenta tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo, foram alçados pelo ministro Ricardo Salles para o comando da fiscalização ambiental doIbama. As nomeações atropelam a promessa de Jair Bolsonaro de montar o governo com “critérios técnicos” – a essa altura, algo em que só os apoiadores fanáticos acreditam – e foram vistas por servidores do Ibama como uma retaliação por operações recentes contra crimes ambientais na Amazônia.

Hoje, Salles exonerou o coordenador-geral de Fiscalização, um analista ambiental que está no Ibama há 15 anos, e nomeou para seu lugar um ex-PM, Walter Mendes Magalhães Junior.

A única experiência prévia de Magalhães Junior na área ambiental é ter comandado por sete meses a superintendência do próprio Ibama no Pará. Lá, autorizou exportações de madeira sem a licença emitida pelo órgão que comandava. A nomeação de uma figura como ele para um posto até então tocado por um servidor de carreira especializado na função é emblemática do que o governo Jair Bolsonaro quer para a Amazônia.

Um currículo melhor, aos olhos do governo, que o de Renê Luiz de Oliveira, a quem o PM substitui. Médico veterinário de formação, Oliveira está no Ibama desde 2005. Ele havia completado três anos na coordenação de Fiscalização no último dia 27. Antes, chefiara a superintendência do órgão em Rondônia. Em ofício enviado à presidência do instituto contra a substituição, 16 técnicos defenderam o trabalho de Oliveira à frente do setor. O presidente, o advogado Eduardo Bim, outro homem de confiança de Salles, fez que não viu.

O coordenador de Operações de Fiscalização – cargo imediatamente abaixo ao de Oliveira – Hugo Ferreira Netto Loss também foi exonerado hoje. Igualmente servidor de carreira, ele manifestou oficialmente o desejo de permanecer desenvolvendo “trabalhos ligados à fiscalização, conduzindo processo de investigação de crimes ambientais”.

O pedido foi negado pelo novo diretor de Proteção Ambiental, um coronel da reserva da PM de São Paulo chamado Olímpio Ferreira Magalhães. Ele foi alçado ao cargo no último dia 14, dias após uma ação de combate a desmatamento e garimpo ilegal em terras indígenas no Pará. Salles demitiu o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, o ex-tenente coronel Olivaldi Azevedo, e o substituiu por Olímpio Ferreira Magalhães, um coronel da reserva. Ambos fizeram carreira na PM paulista.

A nomeação de Olímpio Magalhães é investigada pelo Ministério Público Federal por suspeita de desvio de finalidade, mas nem isso impediu o ministro de fazer nova mudança e promover Magalhães Junior, conforme publicado na edição de hoje do Diário Oficial. Tampouco constrangeu o novo diretor a manter Loss na área de fiscalização. Laconicamente, o ex-PM negou o pedido o colocou “à disposição para fins de movimentação conforme critério e necessidades na gestão de pessoal”, numa aparente retaliação ao trabalho desenvolvido no sul do Pará.

Com as novas mudanças, Salles consolida um movimento que começou em janeiro de 2019, início do governo Bolsonaro. Lentamente, o ministro tem tirado servidores de carreira de posições de comando e instalado sua tropa de choque no lugar deles. Mais de 20 ex-PMs já foram nomeados.

Além do poder crescente sobre o Ibama, eles chefiam uma secretaria do ministério e controlam toda a diretoria doICMBio, órgão que faz a proteção das unidades de conservação federais brasileiras.

Sob Salles e seus PMs, caíram operações, multas e a destruição de equipamentos usados em crimes ambientais. O resultado: a devastação da Amazônia disparou. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe, no primeiro trimestre de 2020 os alertas de desmatamento na região bateram o recorde histórico.
Em vez de técnicos, a turma do ‘circulando’

Assim como vários ex-policiais contratados pelo ministro, Olímpio Magalhães e Magalhães Junior construíram suas carreiras em batalhões de policiamento ostensivo e de repressão. O primeiro comandou uma tropa de elite que atuava na Baixada Santista e unidades como o Batalhão de Choque e o Comando de Operações Especiais. Já Walter foi comandante de pelotão na Rota e também esteve à frente do Batalhão de Choque.

O primeiro contato de ambos com a área ambiental foi em setembro passado, quando foram nomeados para as superintendências do Ibama no Amazonas e no Pará. No Amazonas, Olímpio Magalhães foi personagem de um episódio que demonstra como os policiais militares levam o corporativismo dos tempos da farda para o governo.

Em novembro passado, dois meses após assumir o cargo no Amazonas, o coronel pediu porte funcional de arma, sem esclarecer qual era a necessidade. De acordo com a legislação, inclusive um decreto do próprio governo Bolsonaro, apenas fiscais do Ibama, que atuam em campo, têm direito ao porte de arma na instituição. Isso foi apontado por técnicos do órgão em dois pareceres: do coordenador de logística e do coordenador-geral de fiscalização.

Magalhães, no entanto, recebeu uma forcinha de Olivaldi Azevedo, ex-colega na PM paulista e chefe dos servidores que deram os pareceres contrários. Em fevereiro deste ano, o então diretor emitiu um despacho opinando que Magalhães tem, sim, direito a portar arma no cargo.

O pedido do coronel pode resultar na liberação para todos os servidores em situação semelhante. O caso está sob análise da Advocacia-geral da União, mas Olivaldi adiantou-se e já concedeu o porte funcional a Magalhães enquanto se espera pela avaliação jurídica.

Ironicamente, é para o lugar de Azevedo que o ministro promoveu Olímpio Magalhães.

No Pará, Walter Magalhães foi responsável por um afrouxamento de regras que revelamos em fevereiro. Por meio de despachos não previstos em lei, ele atuou para liberar, retroativamente, cargas de madeira que haviam sido exportadas sem autorização do Ibama.

Loteamento de órgãos ambientais entre ex-PMs busca tornar a área obediente às vontades de Bolsonaro e Salles.

Ao assumir a superintendência, o policial chegou a morar por alguns dias na sede do órgão em Belém. Em pouco tempo, ganhou fama de truculento pelo hábito de gritar com os subalternos. Na PM, ele havia sido acusado por um subordinado de perseguição, tortura e homofobia. Um processo foi aberto contra o coronel na corregedoria da corporação, mas quem acabou expulso foi o denunciante.

Segundo servidores consultados pelo Intercept, que falaram sob a condição de anonimato por temerem retaliações, o loteamento de órgãos ambientais entre ex-policiais militares cumpre a função de tornar a área obediente às vontades de Bolsonaro e Salles.

Mas nem mesmo eles escapam da guilhotina quando não entregam resultados. Olivaldi Azevedo fora indicação do próprio ministro e estava na função desde o início do governo Bolsonaro. Com o tempo, porém, ele perdeu respaldo por não conseguir limitar o trabalho dos fiscais do Ibama.

A gota d’água foi uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, exibida no último domingo, 12, sobre a operação no Xingu. O governo não gostou da repercussão do assunto e das imagens de fiscais destruindo máquinas usadas por criminosos na floresta. A destruição é prevista na lei e recomendada por especialista, mas é repudiada por Bolsonaro.

No dia seguinte à reportagem, o presidente do Ibama, Eduardo Bim, enviou um despacho a Olivaldi. Afirmou que soubera da operação pela imprensa e pediu “informações detalhadas”. No dia seguinte, a exoneração do diretor foi publicada no Diário Oficial da União.
Relação íntima começou em São Paulo

Salles foi secretário de Meio Ambiente do tucano Geraldo Alckmin por um ano, entre 2016 e 2017 – tempo suficiente para que ele mandasse adulterar mapas de forma a favorecer mineradoras. Não por coincidência, é da PM de São Paulo que saiu a maioria dos militares que hoje estão no governo.

A relação íntima entre o hoje ministro e os policiais começou quando Salles emplacou um nome de sua confiança, o coronel Alberto Mafi Sardilli, para o comando da polícia militar ambiental paulista. A partir daí, segundo pessoas ouvidas pelo Intercept que acompanharam a gestão de Salles na secretaria, os laços se estreitaram. No Ibama, onde militares comandam um terço das superintendências estaduais, nomes da PM paulista estão à frente de três das principais – as do Pará, São Paulo e Santa Catarina.

Dois diretores poderosos também saíram da corporação. Um é o recém-promovido Magalhães, enviado de Manaus a Brasília com a missão de controlar a fiscalização ambiental. O outro é Luis Carlos Hiromi Nagao, coronel da reserva que também não tinha experiência prévia na área. Atual diretor de Planejamento – controla o orçamento do órgão –, Nagao é descrito por servidores de carreira como um sujeito autoritário e costuma assumir a presidência interina nas ausências do titular, o advogado Eduardo Bim. Ele chegou a ser cotado para a vaga de Magalhães.

No ICMBio, ex-PMs controlam a presidência, todas as diretorias e quatro das cinco coordenações regionais.

O domínio de militares estaduais é ainda maior no ICMBio, órgão criado para cuidar das 334 unidades de conservação federais brasileiras. Desde o final de abril, a presidência e todas as quatro diretorias são ocupadas por ex-PMs de São Paulo. Mas uma mudança recente, ainda não oficializada, também centraliza nos militares as decisões locais sobre parques nacionais, estações ecológicas, florestas e reservas extrativistas do país.

Um decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro em fevereiro, que entrará em vigor no dia 12 de maio, extinguiu as atuais 11 coordenações regionais do ICMBio e as trocou por apenas cinco “gerências”, que vão administrar as regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Quatro delas, à exceção da região Norte, serão entregues a ex-policiais militares. Os nomes estão numa tabela apresentada numa reunião da cúpula do ICMBio, feita após a assinatura do decreto, à qual tivemos acesso.

Pessoas que acompanham as nomeações nos órgãos ambientais afirmam que os PMs em posições de comando em Brasília são escolhas de Salles ou recomendadas a ele por militares de confiança. Já cargos regionais, como as superintendências do Ibama nos estados ou as chefias de unidades de conservação, são mais sujeitos a indicações políticas locais.
Transição sem diálogo

Salles não iniciou sua gestão assessorado por militares. Último dos 22 ministros a ser anunciado para o governo Bolsonaro, ele caiu de paraquedas nos trabalhos do governo de transição, em dezembro de 2018.

Nas semanas anteriores, os gestores ambientais do governo Temer vinham passando as informações da área a uma equipe de 15 pessoas nomeada pelo então coordenador do gabinete de transição, Onyx Lorenzoni, para cuidar das políticas de “desenvolvimento sustentável” do novo governo.

Esta equipe, liderada pelo pesquisador Ismael Nobre, tinha bom diálogo com o grupo de Temer. Quando Salles assumiu a transição, porém, cortou toda a comunicação com os antecessores, segundo participantes daquelas discussões. “Só recebemos um recado deles [do grupo de Salles] para não passar mais nada ao pessoal do Ismael. Mas nunca nos chamaram para uma reunião”, diz um ex-funcionário do ministério do meio ambiente no governo Temer.

Antes da posse de Bolsonaro, os braços direito e esquerdo de Salles eram o ruralista Evaristo de Miranda, hoje chefe da Embrapa Territorial, e Gilson Machado, atual presidente da Embratur.

Fontes da pasta ouvidas pelo Intercept afirmam que ambos tinham influência no início da gestão de Salles – especialmente Miranda, que chegou a ser convidado para ser ministro e chancelava as principais decisões. Com o passar do tempo, contudo, eles foram progressivamente afastados do núcleo de tomada de decisões na área.

No ICMBio, a militarização começou pelo topo – e com barulho. O ambientalista Adalberto Eberhard, que ocupava a presidência do instituto desde o início do governo Bolsonaro, pediu demissão em abril do ano passado dias após Salles ter ameaçado abrir processo contra servidores que não o acompanharam num evento em Tavares, Rio Grande do Sul.

Em 2019, oficiais de PMs de todo o país receberam mensagem com pedidos de indicações para chefiar unidades de conservação.


No mesmo dia em que anunciou o coronel Cerqueira para substituir Eberhard, Salles informou em seu Twitter a exoneração de todos os quatro diretores do instituto e a nomeação de quatro membros da PM paulista para os cargos. Todos estão em seus postos até hoje.

Cerqueira, um bolsonarista que imita o estilo do chefe e ataca ONGs ambientais em suas redes sociais, começou a militarizar os escalões mais baixos nos meses seguintes. Após um encontro nacional de policiais militares ambientais em Iperó, São Paulo, em junho de 2019, o presidente do ICMBio mandou enviar uma mensagem a comandantes de Polícia Militar de todo o país, pedindo indicações de agentes inativos interessados em assumir chefias de unidades de conservação.

Algumas nomeações feitas depois dessa convocação deixaram digitais dos grupos que influenciam o governo. O tenente Wenderson Viana Guilherme, que assumiu em outubro a chefia da Área de Proteção Ambiental da Costa dos Corais, em Tamandaré, Pernambuco, entrou no lugar do biólogo Iran Campello Normande, que foi transferido à revelia pelo presidente do ICMBio.

Em 2016, Normande havia multado Gilson Machado, atual presidente da Embratur e que auxiliou Salles na transição, pela construção de bângalos na APA da Costa dos Corais. O Estado de S. Paulo noticiou que Machado teve essa multa cancelada, há menos de um mês, por ordem do chefe do ICMBio em Pernambuco, Ronei Alcântara, um major do Corpo de Bombeiros que está no órgão ambiental desde outubro. Quando Machado assumiu a Embratur, em maio, Cerqueira desejou sucesso ao “amigo” e publicou uma foto dos dois.

Questionamos ao ministério do meio ambiente o que qualifica Magalhães para ocupar a diretoria e qual foi o motivo da demissão de Olivaldi. O contato foi feito por e-mail, já que todos os telefones da assessoria de imprensa, fixos ou celulares, não deram retorno apesar de várias tentativas. A secretaria do gabinete de Salles, no entanto, confirmou que o pedido foi recebido, mas não houve resposta até a publicação deste texto.

Também procuramos os dois ex-policiais para comentarem o assunto, mas nenhum quis se pronunciar.

CORONAVÍRUS: INQUILINOS DE NOVA YORK PREPARAM A MAIOR GREVE DE ALUGUÉIS EM QUASE UM SÉCULO



30 de Abril de 2020, 16h02


UMA IMAGEM SINISTRA, capaz de representar o nível de divergência na sociedade dos Estados Unidos durante a pandemia do coronavírus, pode ser vista quando acompanhamos a cobertura da mídia na última semana. A imprensa focou sua atenção nas centenas de brancos reacionários, em alguns estados americanos, protestando contra medidas de distanciamento social – impulsionados, é claro, por tweets do presidente Donald Trump. Enquanto isso, alguns dos atos de resistência em massa mais radicais e justos que os EUA viram em décadas – da onda de greves trabalhistas à criação de redes de ajuda mútua – têm recebido só uma fração da atenção que a mídia oferece aos manifestantes extremistas.

Com base apenas na cobertura das principais redes de notícias, por exemplo, ninguém saberia que organizadores e inquilinos em Nova York estão coordenando a maior greve de pagamentos de aluguéis em quase um século, a partir de 1º de maio.

“A greve de aluguéis é um apelo por dignidade: todos nós merecemos uma casa, seja qual for a cor da nossa pele, o status financeiro ou a cultura.”


Pelo menos 40 mil famílias, que moram em prédios com mais de 1.500 unidades de aluguel, organizam as greves em todo o edifício, de acordo com Cea Weaver, coordenadora de campanha da Housing Justice For All – Moradia Justa para Todos –, uma coalizão de inquilinos e ativistas por moradia de Nova York. Além disso, mais de 5 mil pessoas se comprometeram, assinando uma promessa on-line, a não pagar o aluguel em maio.

Será impossível definir com precisão o nível de adesão à greve, mas o número de pessoas comprometidas em fazer parte do movimento indica um renascimento histórico dessa tática de resistência de inquilinos. Greves coordenadas contra o pagamento de aluguel desse tamanho na cidade de Nova York não são vistas desde a década de 1930, quando milhares de inquilinos no Harlem e no Bronx lutaram com sucesso contra o abuso de preços e a negligência dos proprietários ao se recusarem em massa a pagar o aluguel.

O número de pessoas comprometidas com a greve pode ser insignificante comparado aos milhões que não consideram a inadimplência como uma forma de greve, mas simplesmente não vão conseguir pagar o aluguel no próximo mês. Na primeira semana de abril, um terço dos locatários em todo o país – aproximadamente 13,4 milhões de pessoas – não havia pago o aluguel. E, desde então, mais 26 milhões de trabalhadores se juntaram ao número total de desempregados.

Enquanto isso, o envio de cheques de estímulo de US$ 1.200 pelo governo está desorganizado, em muitos casos atrasado, ou não é suficiente. O aluguel mensal médio de um apartamento de um quarto na cidade de Nova York, por exemplo, era de US$ 2.980 no ano passado. A oferta do governo federal, além de insuficiente, também está, é claro, inacessível para muitos imigrantes. Como já podemos esperar que o não pagamento do aluguel de maio atinja uma escala sem precedentes, a ideia de organizar uma greve de aluguéis pode parecer, à primeira vista, irrelevante.

Os organizadores da greve, no entanto, esclarecem a importância da ação. O slogan da campanha diz tudo: “Não pode pagar? Não pague!”. A transformação do não pagamento em greve – um ato de resistência coletiva – serve como forma de rejeição à ética capitalista que atribui falha moral à incapacidade de um indivíduo em pagar um proprietário de imóvel.

“Não precisamos organizar uma greve de aluguéis para poder dizer que milhões de nova-iorquinos não pagarão o aluguel em 1º de maio”, disse Weaver. A chamada para a greve, portanto, coloca uma questão crucial para os inquilinos que não podem pagar aluguel, Weaver explica: “Você quer fazer isso sozinho? Ou você quer fazer isso conectado a um movimento de pessoas que também estão na sua situação e pedem uma solução política mais profunda e transformadora. É melhor se pudermos fazer isso juntos”.

Para os organizadores nas linhas de frente da crise de moradia em Nova York, que é bem anterior à pandemia, a resposta é clara. “A greve de aluguéis é um apelo por dignidade: todos nós merecemos uma casa, seja qual for a cor da nossa pele, o status financeiro ou a cultura.”, salienta Donnette Letford, imigrante não-registrada da Jamaica e membro do grupo “Comunidades pela Mudança” de Nova York.

Até um mês atrás, Letford trabalhava como cuidadora na casa de uma idosa. Sua empregadora, de quem cuidava há mais de dez anos, faleceu vítima da covid-19. Ela agora está desempregada, em luto, e em quarentena por ter cuidado da sua empregadora até a morte. “Em qualquer circunstância, uma perda como essa é difícil de suportar, mas durante uma pandemia é devastadora”, observou Letford, que é mãe de um filho, em um e-mail pedindo a todos que participem da greve. “A crise da covid-19 está deixando claro o que muitos inquilinos já sabiam há muito tempo: estamos todos a apenas a um passo – seja ele ficar desempregado, ou sofrer uma emergência médica – de perder nossa moradia”.

OS ORGANIZADORES do movimento estão pedindo a quem pode pagar o aluguel de maio que se recuse a fazê-lo, em solidariedade a todos que não podem. A medida visa pressionar os governos municipal e estadual para que respondam ao agravamento da crise de moradia da única maneira apropriada: cancelando a cobrança dos aluguéis.

“Diante do crescimento do desemprego e de uma crise nunca vista no número de despejos, estão oferecendo quase nada.”


Antes de iniciar a campanha pela interrupção em massa dos pagamentos de aluguéis, os defensores dos direitos à moradia em Nova York pediram, junto com um pequeno número de legisladores, a suspensão temporária da cobrança de aluguel. O governador de Nova York, Andrew Cuomo, chegou a implantar uma importante moratória nas ações de despejo, mas sem o cancelamento do aluguel durante o período. Desta forma, os pagamentos atrasados serão acumulados, e a ameaça de despejos no futuro atinge milhões de inquilinos que perderam todas as fontes de renda. A greve dos aluguéis é uma ação direta para exigir uma tomada de atitude pelo governo do estado.

“Ainda estamos defendendo o cancelamento do aluguel – #CancelRent – e a manutenção de nossas casas. Essa é a demanda da greve do aluguel. Até agora, nossos pedidos de ajuda foram ignorados em Albany”, explica Weaver, em referência à capital e sede do governo do estado. “Na verdade, eles fizeram o oposto de nos ignorar. O governador Cuomo forçou a aprovação de um orçamento que prejudica os inquilinos de baixa renda e os nova-iorquinos sem-teto. Diante do crescimento do desemprego e de uma crise nunca vista no número de despejos, estão oferecendo quase nada.”

Como as históricas greves dos aluguéis do século XX, que levaram à criação de algumas das primeiras leis sobre o tema em Nova York, a greve que se aproxima faz exigências específicas. De acordo com uma petição do grupo Moradia Justa para Todos, os grevistas querem o cancelamento do aluguel em todo o estado por quatro meses, “ou durante a crise da saúde pública – o que durar mais”; um congelamento dos valores de aluguel, com a garantia de que todo inquilino tenha o direito de renovar seu contrato pelo mesmo preço; e que o governo “abrigue urgente e permanentemente todos os nova-iorquinos que vivem em situação de rua, e invista em moradias públicas e sociais em todo o estado”.

“De uma forma ou outra, estamos solicitando algum tipo de intervenção do governo”, explica Weaver. “Mas precisamos garantir que essa intervenção aconteça dentro de nossos termos. Estamos apelando ao não pagamento coletivo dos aluguéis para forçar uma crise.”

AS REAÇÕES PREOCUPADAS com os pedidos de cancelamentos da cobrança dos aluguéis e com a greve de pagamentos são tão previsíveis quanto infundadas. A mais comum é a afirmação de que pequenos proprietários, que sobrevivem e pagam suas hipotecas com as receitas da cobrança de aluguel, estarão arruinados. No entanto, o governo tem capacidade de fornecer ajuda e apoio aos proprietários nessas situações: os pagamentos de hipotecas também podem ser cancelados.

Alguns dos melhores legisladores do país estão tentando aprovar projetos de lei que combinam o cancelamento de aluguéis e hipotecas em nível nacional. Na quarta-feira, o deputado Ilhan Omar, Democrata de Minnesota, apresentou a “Lei de Cancelamento de Aluguel e Hipoteca”, que perdoaria a inadimplência e também ofereceria apoio aos proprietários prejudicados pelos pagamentos perdidos.

A aprovação dessa legislação em Washington talvez seja um objetivo inatingível, mas trata-se de algo mais viável em nível estadual. O problema é a vontade política: se Cuomo, por exemplo, fosse realmente o “herói da crise” aclamado por tantos, ele poderia aplicar a ideia rapidamente em Nova York. Enquanto isso, não é preciso dizer que grandes empresas imobiliárias e proprietários poderosos podem absorver sem maiores problemas a inadimplência dos pagamentos por alguns meses, o que é justo, após anos e décadas de acumulação e exploração de capital às custas dos inquilinos.

Antes da pandemia – e graças ao trabalho incansável dos sindicatos, ativistas e alguns Democratas progressistas eleitos em Nova York em 2018 – várias reformas legislativas a favor dos inquilinos foram aprovadas no ano passado. Essas leis, embora bem-vindas, foram apenas um pequeno passo na direção certa para desfazer décadas de cumplicidade entre os políticos de Nova York e o poderoso lobby imobiliário. Para os organizadores da greve dos aluguéis, o ideal não é, de forma alguma, o retorno à situação pré-crise. Como Weaver lembra: “Exigimos não voltar ao mundo em que vivíamos antes da covid – um mundo com 92 mil nova-iorquinos sem-teto e milhões de pessoas que, na falta de apenas um salário mensal, seriam despejadas”.

“Exigimos não voltar ao mundo em que vivíamos antes da covid.”

Phara Souffrant Forrest, enfermeira e ativista dos direitos de inquilinos, que atualmente está em campanha para se eleger à Assembleia do Estado de Nova York, pediu aos eleitores em seu distrito de Crown Heights, no Brooklyn, que assinassem uma petição pelo cancelamento dos aluguéis. “Recebemos uma grande quantidade de apoio, mas era como se estivéssemos falando sozinhos, sem nenhuma resposta”, explicou, reclamando da falta de ação dos parlamentares. Ela observou que, antes da pandemia, 44% das pessoas de seu distrito já estavam com mais de um terço da renda comprometida com custos de aluguel e serviços públicos. Quatro em cada dez dos 43 milhões de locatários de todo Estados Unidos estão na mesma situação.

Ao lado dos grevistas contra o pagamento dos aluguéis, Souffrant Forrest está lutando pelo reconhecimento explícito de que as estruturas de poder que organizam o acesso à moradia precisam ser derrubadas – agora e muito depois da crise do coronavírus. “Precisamos apoiar candidatos que acreditam que moradia é um direito humano”, disse ela. Sabendo que hoje existem poucos políticos deste tipo, a enfermeira e ativista telefonou para seus vizinhos e falou sobre a greve dos aluguéis.

“Morar é um direito humano” já é há muito tempo a bandeira de líderes de grupos de inquilinos e ativistas pela justiça social. O que significaria, porém, ter um sistema no qual a moradia fosse, de fato, tratada como um direito humano universal? Você não precisaria pagar para ter acesso a esses direitos, por exemplo. Uma greve de aluguéis não é apenas um pedido para que o direito humano à moradia seja reconhecido. Trata-se de uma reivindicação urgente e baseada na vida real. A greve tem demandas, sim, mas também possui um fim em si mesma.

Tradução: Antenor Savoldi

Governador da Califórnia deve fechar praias, com mais de 60.000 mortes por vírus nos EUA

O GOVERNADOR DA CALIFÓRNIA, GAVIN Newsom, deve ordenar o fechamento de praias e parques estaduais na sexta-feira.
A decisão, que Newsom vai anunciar na quinta-feira, vem após um fim de semana de superlotação nas praias do estado.
Um memorando da Associação de Chefes de Polícia da Califórnia, obtido pela Fox News, disse que, após "uma cobertura bem divulgada da mídia sobre praias superlotadas no fim de semana passado, violando a ordem Shelter in Place do Governador Newsom, o governador anunciará amanhã que TODAS as praias e todos os parques estaduais da Califórnia serão fechados a partir de 1º de maio.
"Queríamos informar todos os nossos membros sobre isso, a fim de fornecer tempo para que você planeje qualquer situação que possa esperar como resultado, sabendo que cada comunidade tem sua própria dinâmica", continuou.
O movimento potencial já recebeu uma resposta do supervisor do Condado de Orange, Donald Wagner.
"Acredito que o governador Newsom tem o poder de fechar as praias de Orange County", disse Wagner em comunicado. "No entanto, não é aconselhável fazê-lo. Profissionais médicos nos dizem a importância do ar fresco e da luz solar no combate a doenças infecciosas, incluindo benefícios para a saúde mental".
Autoridades de saúde nos EUA relatam mais de 1 milhão de casos de coronavírus e quase 61.000 mortes.Na quarta-feira, o presidente Donald Trump indicou que as diretrizes federais de distanciamento social que pedem que as pessoas evitem grupos de mais de 10 pessoas " desaparecerão " à medida que os estados reabrirem.
"Eles vão desaparecer porque agora os governadores estão fazendo isso", disse Trump na Casa Branca.
Enquanto estados como a Flórida e o Texas começam a permitir que certas empresas abram suas portas novamente, o governo Trump quer que elas sigam sua orientação "Abrindo a América de Novo" , que inclui conselhos sobre distanciamento social.
"As diretrizes atuais, acredito que você pode dizer, estão muito incorporadas nas orientações que estamos dando aos estados para abrir novamente a América", disse o vice-presidente Mike Pence.
No entanto, os estados estão começando a reabrir sem atender às sugestões federais mínimas para fazê-lo. Por exemplo, o Texas permitirá que todas as lojas, restaurantes, cinemas, shoppings, museus e bibliotecas reabram na sexta-feira a uma capacidade de 25%, apesar de terem experimentado um pico de mortes e taxas de infecção na maior parte estagnadas.
Enquanto isso, o especialista em doenças infecciosas Anthony Fauci disse ao programa "Today" da NBC na quinta-feira que espera que a Food and Drug Administration emita rapidamente uma autorização de uso emergencial para que um medicamento possa tratar o COVID-19.
A droga, remdesivir, foi manchete nesta semana depois que seu fabricante, Gilead Sciences, anunciou que teve resultados positivos em um teste.

Trabalhadores do Walmart, Amazon e Whole Foods planejam greve no 1º de maio nos EUA


Paralisação por melhores condições de trabalho durante a pandemia deve afetar, ao todo, seis grandes companhias no país
Redação
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 30 de Abril de 2020 às 15:18

Interior de uma loja Walmart no estado de Nova York: multinacional estadunidense é a maior rede varejista do planeta - Divulgação/Walmart


Trabalhadores de seis grandes companhias dos Estados Unidos que não paralisaram suas atividades durante a pandemia organizam uma grave conjunta para esta sexta-feira (1º). Os manifestantes dizem que as empresas colocam em risco a saúde e a segurança das pessoas e não aceitam diminuir suas altas taxas de lucro.

A paralisação deve afetar, ao todo, seis empresas no país durante o Dia Internacional do Trabalhador: Amazon, do setor de tecnologia e comércio on-line; Walmart, de supermercados e lojas de departamento; Whole Foods, de supermercados; FedEX, de entregas e correspondências; Target, de supermercados; e Instacart, de entrega e retirada de mercadorias.

A informação foi divulgada em primeira mão pelo portal The Intercept nos Estados Unidos. Não há confirmação de quantas pessoas vão aderir à greve. O organizador do movimento é Daniel Steinbrook, trabalhador da Whole Foods.

Entre as exigências dos grevistas durante a pandemia, estão: compensação por eventuais folgas não remuneradas no mês de março, por conta da quarentena; pagamento de adicional de periculosidade ou licença médica; fornecimento de equipamentos de proteção e materiais de limpeza adequados e em quantidade suficiente; divulgação em tempo real do número de casos de coronavírus em cada unidade.

Os Estados Unidos lideram o ranking mundial de infectados e mortos por covid-19. Até esta quinta-feira (30), um milhão de casos haviam sido confirmados e 61.547 óbitos registrados.

Antecedentes

Em março, mais de 10 mil trabalhadores da Instacart e da Amazon, em Nova York, cruzaram os braços para chamar a atenção para o risco a que estão expostos.

No dia 31, 800 funcionários de um frigorífico da Whole Foods, no estado do Colorado, se recusaram a trabalhar depois que casos de coronavírus foram confirmados na unidade. 

A Amazon é acusada de adulterar números de infectados por covid-19. Trabalhadores da companhia em Indiana rastrearam por conta própria os casos de coronavírus em unidades da Amazon nos Estados Unidos e contabilizaram mais de 500 ocorrências.

“Contestamos as ações irresponsáveis ​​de grupos trabalhistas de espalhar informações errôneas e fazer falsas alegações sobre a Amazon durante essa crise econômica e de saúde sem precedentes", disse a porta-voz da empresa, Rachael Lighty, ao The Intercept. "Adotamos medidas extremas para entender e resolver essa pandemia", completou.

Amazon e Whole Food informaram que já fornecem máscaras, verificações de temperatura, desinfetante para as mãos e aumento salariais durante a crise do coronavírus.

Trabalhadores do Walmart lançaram um portal colaborativo em que trabalhadores podem inserir o nome de colegas infectados pela covid-19. A medida, segundo os idealizadores, foi uma reação à falta de transparência da empresa.

O Walmart informou à imprensa local que prioriza a segurança dos trabalhadores, por isso realiza exames de saúde e verificações diárias da temperatura, fornecendo máscaras e luvas, aprimorando padrões de limpeza e distanciamento físico, garantindo licença remunerada de emergência e bônus em dinheiro a quem não pode parar.

A Instacart também se manifestou sobre os boicotes e paralisações. “Continuamos focados na saúde e segurança da comunidade Instacart. Nossa equipe tem trabalhado diligentemente para oferecer novas políticas, diretrizes, recursos de produtos, recursos, bônus adicionais e equipamentos de proteção individual para garantir a saúde e a segurança dos compradores durante esse período crítico”, afirmou a empresa por meio de nota.

Não houve resposta da FedEX aos questionamentos da reportagem.

A Anita nordestina

Conta o historiador ROCHA POMBO, em breves palavras, a luta de CLARA CAMARÃO, ao lado do marido, no combate aos holandeses: 
Ali foi, pela sexta vez, ferido Henrique Dias, levando-lhe agora a bala uma das mãos. Também neste combate figurou Clara Camarão, ao lado do marido, "a cavalo e armada de uma lança". 

A época em que a valete guerreira entrou em combate foi após a chegada de Maurício de Nassau, ou seja, no ano de 1637. 

Clara Camarão (batizada como Clara Filipa Camarão)[1] foi uma indígena brasileira, da etnia Potiguara, e que teria nascido na metade do século XVII, supostamente, na região onde localiza-se atualmente o bairro de IgapóRio Grande do Norte, as margens do Rio Potengi. Foi catequizada por padres jesuítas juntamente com seu marido, Filipe Camarão.[2]
Entrou para a historia brasileira por participar de batalhas junto com seu marido durante as invasões holandesas em Olinda e no Recife, embora seja difícil devido as escassas fontes saber qual a real atuação dela nestas batalhas. 
Clara também teria liderado um grupo de guerreiras indígenas na luta contra os holandeses, assim como o seu marido liderava um grupo de índios. 
Segundo relatos históricos, na cidade em 1637, ela teria participado da escolta de algumas famílias de colonos que fugiam do ataque holandês na cidade de Porto Calvo.[1]
O fato dela ter se tornado a líder de um pelotão feminino, pode parecer estranho aos olhos modernos, porem isso ao que tudo indica, fazia parte dos costumes de algumas tribos indígenas do Brasil antes da colonização, era habito entre alguns indígenas, que as mulheres acompanhassem seus pais e maridos tanto nos tempos de guerra, como nos tempos de paz.[1] 
Depois que o seu marido faleceu, pouco tempo após a batalha dos Guararapes, não há mais registros sobre a vida de Clara.[1]

Homenagens e honrarias

Clara assim como os demais lideres que lutaram para a expulsão dos holandeses, entrou para a historia brasileira como uma heroína, embora pouco se saiba sobre sua vida, e muito do que se saiba esteja envolto mitos, ou seja controverso, ela recebeu algumas homenagens.
Ela assim como outros heróis brasileiros foi elogiada em versos pelo poeta brasileiro Natividade Saldanha.[2] A Refinaria Potiguar Clara Camarão recebeu seu nome em homenagem a ela.[3] 
Em 27 de março de 2017, o nome de Clara Camarão foi inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, que se encontra no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília, em virtude da Lei Nº 13.422/2017.[4]

Referências

  1. ↑ 
    Ir para:
    a b c d de Macedo, Joaquim Manoel (1876). Anno Biographico Brasileiro. Rio de Janeiro: Typographia e Litographia do Imperial Instituto Artistico. pp. 219 a 221,
  2. ↑ 
    Ir para:
    a b de S.S., J. Norberto (1862). Brasileiras Celebres. Rio de Janeiro: Garnier Irmãos. pp. 83 a 88
  3.  «Refinaria do RN se chamará Clara Camarão». No Minuto. 10 de setembro de 2008
  4.  «L13422»www.planalto.gov.br. Consultado em 28 de março de 2017