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Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

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sábado, 31 de julho de 2010

Sobre o estaleiro do Eike Batista

O REI SEMPRE ESTEVE NU

Edson Jardim

Há notas explicativas de entidades associativas que são verdadeiras plataformas e confissões de alma, de práticas e projetos de vida, de modus operandi, de interesses já não mais inconfessáveis, se não da maior parte dos seus membros, pelo menos das pessoas que formam os seus órgãos diretivos.

Agora, foi a vez da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis- Acif, por intermédio do seu presidente, Doreni Caramori Júnior, cuja nota publicada tinha o escopo de revelar a sua posição sobre a construção e operação, em Biguaçu, do estaleiro da empresa OSX, pertencente ao homem que tem cifrões no lugar dos olhos, Eike Batista.

A Acif, nessa questão do estaleiro, age da mesma forma como o Sindicato da Indústria da Construção Civil da Grande Florianópolis- Sinduscon, através do seu presidente, Hélio César Bairros, agiu por ocasião da denominada: “Operação Moeda Verde”. Lembram-se ainda dela?... Ricos e poderosos políticos, empresários e agentes públicos estavam nas duas pontas da corrupção envolvendo licenças ambientais para empreendimentos estabelecidos em Florianópolis.

A nota da Acif tem os dois fatores principais da conversa-fiada das entidades associativas dos empresários e da classe política brasileiras, quando se encontram às voltas com a defesa de empreendimentos que suscitam a aplicação da legislação que dispõe sobre a preservação do meio ambiente: o sofisma da “geração de emprego e renda e de desenvolvimento econômico da nossa região”- no caso, a Grande Florianópolis-, e as agressões gratuitas e injustas lançadas na direção dos ambientalistas e das ONG’s que não estão disponíveis no grande “mercado persa” tupiniquim, que “cria dificuldades para vender facilidades”, bem ao gosto dos médios e grandes empresários e dos políticos.

“O empreendimento de R$ 2,5 bilhões trará benefícios econômicos para toda a região, gerando milhares de empregos (5 mil postos diretos)”. Ninguém nasceu ontem para não saber que, nesse tipo de empreendimento, o pessoal técnico virá de fora, e os peões igualmente, porque, com a sua avidez por trabalho, o preço dessa mão-de-obra ficará muito mais barato do que com o aproveitamento dos nativos e residentes. Abstraindo os danos ambientais irreversíveis já suficientemente enfocados, alevantam-se as não menos importantes facetas social e infraestrutural do problema. Há menção de que a população de Biguaçu poderá vir a quase dobrar... Os prefeitos dos municípios da região da Grande Florianópolis e os governadores do Estado nunca se preocuparam com os brutais déficits em saneamento básico e de moradias populares dignas em bons locais, em suma, com o planejamento e organização das nossas cidades. E, de mais a mais, urge eu perguntar: quem deu legitimidade para a Acif conjecturar que a maior parte da população da região da Grande Florianópolis deseja o progresso ao custo do sacrifício de suas belezas naturais e da falência do poder público? Essa indagação nunca foi, clara e seriamente, objeto das discussões que costumam ser feitas somente nos períodos eleitorais.

“ONG’s que não representam coisa alguma além do interesse de seus ‘donos’, os pequenos grupos contrários ao empreendimento contam uma história cheia de som e fúria.” “Grupelhos dedicados à algazarra”. Peço vênia aos meus eventuais leitores para, daqui, prestar uma homenagem ao meu irmão, empresário e ambientalista, Geraldo Luiz da Silva Jardim. Ele mantém intacta uma área razoavelmente grande de floresta, no município de Rancho Queimado, da qual retira as ervas medicinais que vende. Foi também devido a sua luta, que as multinacionais Bunge e Yara não conseguiram instalar, recentemente, uma fábrica de fertilizantes no bucólico município de Anitápolis. Tal qual o meu irmão, inúmeros outros defensores do meio ambiente florianopolitano e catarinense, agem, sincera e desprendidamente, fora e dentro dos órgãos públicos encarregados dos licenciamentos ambientais.

Se prevalecesse somente a vontade de entidades associativas como a Acif e o Sinduscon, e dos políticos, há muito tempo não teríamos razões para enaltecer, para quem não conhece, as belezas naturais da região da Grande Florianópolis e de Santa Catarina.

-=-=-==-

Endosso tudo que foi escrito pelo colega.
Há interesse público na geração de empregos, de tributos, etc..., como sempre argumentam os empresários, mas tais circunstância
s não podem servir de pretexto para autorizar a implantação do empreendimento, sem as cautelas exigidas pela legislação de proteção ambiental, ou, dentro em breve, teremos SC cheia de empregos e sem ninguém para preenchê-los, porque a qualidade de vida por aqui estará lastimável.
Quando a Revolução Industrial deslanchou, as condições de trabalho dos operários admitidos pelas empresas britânicas e de outras nacionalidades eram um horror e imagino que, quando as categorias profissionais começaram a mobilizar-se, em defesa da saúde e da segurança dos trabalhadores, os empresários devem ter feito ameaças semelhantes às que agora são brandidas pelo Eike, no sentido de desistir do empreendimento e deixar o Estado sem os empregos desejados.
Na Europa, os obreiros não cederam e as fábricas tiveram que pensar, forçosamente, na proteção da saúde dos seus colaboradores e na qualidade de vida do ambiente circundante.
Da mesma forma, o povo de Florianópolis não deve ceder aos caprichos e interesses do Eike, pois as consequências poderão ser nefastas. Precisamos ombrear com os técnicos, naquilo que tiverem razão inquestionável, exigindo que as leis de proteção do meio-ambiente em vigor sejam caprichosamente cumpridas.
Pelas notícias trazidas pela mídia, o empreendedor já foi multado em vários lugares onde tem negócios, por desrespeito ao meio-ambiente. Se ele pensa que aqui será diferente, porque conta com o apoio de setores empresariais e de alguns políticos de peso, está enganado.
Se as autoridades, incluído o Ministério Público (de quem o povo espera vigilância severa em cima de qualquer empreendimento), eventualmente, derem sinal de fraqueza ou de omissão, ainda nos restará a via da ação popular e ela será manejada, com toda certeza, porque instrumento jurídico adequado
à tutela dos recursos naturais, dentre outros, integrantes do patrimônio coletivo.
Que venham os empresários, se quiserem aceitar as condições impostas pela legislação (vivemos sem o dinheiro deles, e bem, até agora), mas não imaginem que nossa região é terra de ninguém, porque quebrarão a cara.

Música - Ennio Morricone e vozes belíssimas

Música - Ciganos D'ouro



Homenagem a CHE GUEVARA

Hasta siempre comandante Che Guevara
Carlos Puebla
Composição: Carlos Puebla

Aprendimos a quererte
Desde la histórica altura
Donde el sol de tu bravura
Le puso un cerco a la muerte.

Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia,
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara.
Tu mano gloriosa y fuerte
Sobre la historia dispara
Cuando todo santa clara
Se despierta para verte.

Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia,
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara.

Vienes quemando la brisa
Con soles de primavera
Para plantar la bandera
Con la luz de tu sonrisa.

Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia,
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara.

Tu amor revolucionario
Te conduce a nueva empresa
Donde esperan la firmeza
De tu brazo libertario.

Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia,
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara.

Seguiremos adelante
Como junto a ti seguimos
Y con Fidel te decimos:
Hasta siempre comandante.

Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia,
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara.





""OS EUA TORTURAM""

Carlos José Marques, diretor editorial

São demolidoras as revelações contidas nos quase 92 mil documentos secretos do Pentágono, que agora vêm a público, sobre a atuação dos EUA no Afeganistão. Primeiro por desfraldar o tamanho da violência – em muitos casos, covarde – com que os americanos agiram nessa guerra. E, em seguida, pela desfaçatez com que as autoridades daquele país agiram para encobrir e até desvirtuar o resultado dessa operação. Há no calhamaço de papéis registros pavorosos sobre crianças sendo mortas no ônibus escolar a caminho da sala de aula, mães grávidas que foram sumariamente executadas e até de uma vila onde todos os moradores foram exterminados durante uma festa de casamento, pela simples desconfiança de um militar de que ali se abrigaria uma célula de extremistas do Taleban e da Al-Qaeda. As práticas de tortura e de assassinatos de civis desarmados em nome do combate ao terrorismo eram em parte conhecidas pelo mundo. Mas não na contundência e nos detalhes torpes e abomináveis que agora aparecem através desses relatos. Os ataques desumanos a inocentes e a tentativa de encobri-los encontram paralelo na Segunda Grande Guerra, quando as atrocidades dos campos de concentração só foram desvendadas após o cessar-fogo.

Os EUA que lideraram os aliados na ocasião são os mesmos que agora parecem praticar barbaridades em combate, ferindo o senso comum de civilidade. Já na guerra do Vietnã, que manchou indelevelmente a imagem dos EUA como nação justa, o governo americano ergueu um muro para evitar a circulação de informações que não lhe interessavam. As fotos e as evidências que surgiram depois viraram a opinião pública do próprio país contra os responsáveis e uma gigantesca mobilização barrou a continuidade do confronto. Diante do que vem sendo exposto, é de se perguntar se a opção pela alternativa bélica, com monumentais arsenais de ataque, de fato é eficaz para barrar a escalada dos grupos isolados de terrorismo que amedrontam o planeta nos últimos tempos. Todos querem se ver livres dessa ameaça. Mas não à custa de um cenário sombrio e deplorável de massacre em massa. Que os direitos humanos sejam preservados. Acima de tudo.

Fonte: Rev. ISTO É INDEPENDENTE

Freiras cantoras

As freiras e Lady Gaga

Bruna Cavalcanti e Monique Oliveira

Após vencer um concurso internacional que elegeu os melhores corais femininos de canto gregoriano, uma ordem de freiras beneditinas da França assinou um contrato para gravação de um CD. A gravadora é a Decca Records, selo que tem em seu time de artistas a estrela Lady Gaga. Outras celebridades das quais as freiras são agora colegas de gravadora: as bandas U2 e The Rolling Stones. O disco da beneditinas se chamará “Voices – Chant from Avignon” (“Vozes – Canto de Avignon”).

Fonte: Rev. ISTO É INDEPENDENTE

Viagem de Haroldo Castro - Na Etiópia até o sal é preto?

Viaje pelo mundo com Haroldo Castro. Ele tem mais de 30 anos de experiência como jornalista e fotógrafo e conhece 150 países.

Viagem às profundezas de uma cratera de sal preto

A expedição “Luzes da África” terminou, mas a vontade de contar histórias sobre a jornada continua viva. Talvez seja minha maneira de esticar ainda mais essa viagem inesquecível. A cada dia que passa, me dou conta que as 50 crônicas que já escrevi representam apenas a “pontinha da duna” desse périplo – convenhamos que não dá para usar a metáfora “ponta do iceberg” na África.

Uma das experiências inesperadas na Etiópia foi a visita a uma cratera de um vulcão, no último dia de estadia no país. Chegar ao vilarejo El Sod (o nome vem de “soda”) foi um desafio para nosso “amigo” Odé. Não apenas nosso GPS não conhecia o lugar como cismava em dizer que a estrada (de 15 km, que saia da rodovia principal) não existia. Tivemos de recorrer ao velho sistema de ir perguntando onde ficava o vilarejo. Mesmo sem a ajuda de 10 satélites, chegamos ao local e nossa presença atraiu imediatamente dezenas de crianças, ritual constante na Etiópia.

Esquivando-nos da molecada que oferecia de tudo – até mesmo buscar um refrigerante na vendinha – descobrimos a borda da cratera. Lá embaixo, a uns 350 metros de desnível, um lago escuro. Enquanto discutimos se vale ou não a pena descer – teríamos tempo de atravessar a fronteira ainda hoje? – chega um grupo de adultos.


El Sod é um dos quatro vulcões no sul do país que possui grande quantidade de sal na sua cratera. O lago de 800 metros de diâmetro contem sal preto.

Doba Barako explica que a visita da cratera só pode ser feita, por questões de segurança, com um dos guias da associação criada recentemente com essa finalidade. Aceitamos a proposta, mas insistimos que nosso condutor falasse algumas palavras de inglês para que pudéssemos aproveitar um pouco mais do local. Essa exigência criou certo rebuliço, pois, nessa região isolada do país, raras são as pessoas que falam um idioma ocidental. Doba, um dos chefes da associação, achou que seu inglês chamuscado seria a melhor solução e decidiu fazer conosco a caminhada de 2 km.

A trilha é estreita e dividimos o espaço com dezenas de burros que baixam sem carga, ultrapassando-nos sem piedade. Também encontramos muitos asnos que sobem a encosta, carregando no dorso dois pesados sacos pretos, de 25 quilos cada um. Dentro, uma lama negra, bem pegajosa, com um cheiro forte de minério.


Cada burro transporta duas sacolas de sal preto desde a cratera até o vilarejo, no topo.

À medida que descemos, entendemos melhor a operação. Homens, com bolas de algodão tapando as narinas e os ouvidos, entram na água negra e espessa para retirar enormes pedaços de lama salgada. Eles usam uma longa vara, chamada dongora, para soltar esses fragmentos do fundo do lago e, em seguida, mergulham a 5 ou 10 metros de profundidade para encontrar o produto. Esses “mergulhadores do sal” são chamados de lixu e geralmente fazem seu trabalho sem roupa.

A lama é transportada até a beira do lago em bacias de plástico e depois é ensacada. No fundo da cratera, cada saco de 25 quilos vale 50 birr (menos de 7 reais), mas o mesmo produto é vendido por 17 reais na cidade vizinha. Essa pasta de sal preto é considerada como um excelente alimento para camelos e outros animais domésticos.


Um lixu (ou “mergulhador do sal”) carrega nos braços uma bola de lama salgada. O produto é vendido e ensacado na hora.

Doba Barako explica que, como estamos na época das chuvas, o lago está cheio de água. “Apenas os homens com grande experiência podem descer ao fundo para encontrar o sal preto, misturado com lama e outros minerais”, afirma o chefe da associação de guias. “Mas na época da seca, encontramos cristais brancos do mesmo sal”.

Difícil acreditar que o local possa produzir produtos tão diferentes, mas todos insistem que, quando há pouca água, o local é bem mais acolhedor. “Essa cratera tem sido nossa principal fonte de renda durante muitas gerações. Nossos avós e bisavós tiravam sal daqui”, diz Doba. “Queremos agora que o sal – preto ou branco – possa também trazer visitantes que queiram conhecer o lugar”.


Retirar o sal preto do fundo do lago da cratera é uma atividade tradicional da comunidade El Sod.

O pior momento da viagem foi a picada de um mosquito

Em novembro de 2009, quando sai do Brasil para a expedição “Luzes da África”, vários colegas e amigos me chamaram de louco. “Você vai ser roubado, estuprado, assassinado”, disse um. “Ainda bem que você não vai com uma mulher, pois estaria correndo riscos ainda maiores”, afirmou outro. “A África é terra de ninguém”, avisou um terceiro. “Você vai ser parado por um monte de gente com AK-47 nos ombros.” Ainda bem que eu já conhecia 29 países do continente antes dessa jornada (hoje são 37) e não me impressionei muito com os alertas vermelhos.

Um objetivo essencial da jornada foi desmistificar a selvageria do continente e seus perigos. Nossas crônicas neste blog (em português) e no site Lights of Africa (escritas por Mikael Castro, em inglês) pretenderam mudar uma imagem desmerecida e errada do continente. Um dos trabalhos que mais gostamos de ver publicado na Época foi a reportagem “Existe um Sudão da paz”. O texto mostra o outro lado da moeda do país.

Os desafios que tivemos na África foram bem parecidos aos que encontrei quando fui de Renault 5 da França à Índia (1974-1975) ou quando dei uma longa volta na América do Sul em Kombi (1977-1979). Foram problemas de saúde, com o carro e com furtos.

Viajar 39 mil km pela África e não encontrar nenhum problema pela frente seria impossível. Se considerarmos que Nandi saiu com 220 mil km no velocímetro e retornou com quase 260 mil km, os desafios que passamos foram mínimos. Talvez um dos segredos tenha sido fazer uma manutenção contínua, com troca de óleo e filtros entre 5.000 e 8.000 km. Outro foi dirigir com cuidado e devagar (nossa velocidade de cruzeiro no asfalto era de 100 km/h). Caímos em um buraco de chuva no Quênia, ficamos atolados na Etiópia e furamos o pneu apenas uma vez, no meio do Parque Nacional Serengueti, rodeado de 200 zebras. Mas fora isso, tudo fluiu perfeitamente.


A única vez que atolamos e precisamos de ser retirados por um caminhão foi na estrada no Vale do Omo, na Etiópia. A água estava embaixo da “terra firme” e… afundamos com o peso da Nandi.

Na verdade, os dias mais duros foram mesmo os da malária. Naquela segunda-feira de maio, quando eu estava no escritório do Conselho de Desenvolvimento de Ruanda (RDB), na capital Kigali, comecei a sentir uma leve febre. Depois de algumas horas de espera burocrática, conseguimos nossa autorização para visitar os gorilas do Parque Nacional do Vulcões no dia seguinte. Durante o trajeto de duas horas até Ruhengeri (cidade perto do parque) senti que não conseguia ficar com os olhos abertos. Mikael dirigiu o tempo todo e não melhorei. Será que daria para caminhar e ver os gorilas no dia seguinte? Quando chegamos à pousada, na entrada do parque, saí do carro e comecei a tremer de frio. Nunca tremi tanto na vida, de bater os dentes (e posso aguentar temperaturas baixas vestindo apenas uma camisa). Esses calafrios me deram a certeza que eu estava infetado pelo parasita do paludismo.

A noite foi péssima e tive vários sonhos malucos. Um deles foi sobre futebol e a vitória do Brasil sobre a Coréia do Norte por 7 a 0 no Mundial. As cenas do jogo que ainda estavam por acontecer (a malária ocorreu um mês antes da Copa) reviravam na minha mente. Tive outras alucinações mais confusas que não me deixaram dormir em paz. E toma comprimido de paracetamol para diminuir a febre! Na manhã seguinte, a da visita aos gorilas em Ruanda, Mikael até propôs não irmos mais para o parque. Na verdade, já havíamos visitado um grupo de gorilas em Uganda cinco dias antes. Mas, mesmo com poucas forças, continuei topando o desafio.

Durante a hora que passamos com os gorilas, esqueci totalmente da febre. Só à tarde, quando regressamos à sede do parque, é que o mal estar voltou – e mais forte ainda. Decidimos ir direto ao Hospital de Ruhengeri. Tirei sangue e em 40 minutos veio o resultado: negativo. Eu não tinha malária. Mas mesmo assim o médico, reconhecendo os sintomas, não descartou essa possibilidade. A segunda noite foi horrível, com mais pesadelos ainda.

Passamos o dia seguinte na Nandi, atravessando Ruanda. Achamos melhor não parar na capital, mas sim ir a Butare, uma cidade menor, no sul do país de 100 mil habitantes. Meu estado estava cada vez mais letárgico e, depois de encontrar um hotelzinho confortável, fomos para o hospital. Lá, deitei estatelado em uma cama, fizeram mais um exame de sangue e veio a confirmação: “Oui, monsieur, vous avez le palu”, disse o médico Edgar Gasana, confirmando que eu estava com malária. “Tome quatro comprimidos de Coartem, duas vezes por dia, durante três dias, e você estará curado”, afirmou Dr. Gasana.

A terceira noite foi diferente e encharquei de suor a camiseta de dormir. Depois que ingeri os quatro comprimidos amarelos de Coartem, senti que meu corpo passou a ser um campo de batalha entre as forças do ingrediente artemisinina e as do parasita Plasmodium falciparum. O medicamento, amplamente distribuído na África, é considerado um dos antimaláricos mais eficientes, com 97% de sucesso. Centenas de milhões de cartelas de 24 comprimidos são distribuídas anualmente na África (250 milhões de pessoas são afetadas por ano). O tratamento tem um custo inferior a um dólar! A artemisinina vem da planta artemísia, usada na medicina tradicional chinesa.

Na quinta-feira, segundo dia do tratamento, acordei um pouco menos abatido. Durante o dia, a artemisinina continuou seu ataque frontal e passei o dia na cama. Mas, lentamente, o apetite voltou a aparecer e comi uma massa. Finalmente, no terceiro e último dia de tratamento, voltei a existir. O desafio havia sido vencido.


Ainda faltando uma dose final do tratamento, consegui sair do quarto e até mesmo fazer essa cara de tartaruga adoentada para colocar uma foto no FaceBook.

Depois do episódio da malária, durante as próximas duas semanas, qualquer conversa com locais começava invariavelmente com a frase “Você já teve malária?” Como as respostas eram sempre positivas – não encontrei ninguém entre Ruanda e Moçambique que não tivesse sido contaminado pelo paludismo, minha nova pergunta passou a ser “Quantas vezes você já teve malária?”. Essas respostas, sim, variavam de uma vez a mais de 10 vezes.

É impressionante como um mosquito infestado pode causar tanto impacto negativo no planeta. A OMS calcula que 2 milhões de pessoas morrem por ano de paludismo. Na África, um milhão de crianças não consegue sobreviver à doença – a cada 30 segundos, uma criança morre de malária no continente. Hoje, graças aos novos medicamentos e seus preços baixos, a malária pode ser curada com menos dificuldade.

E, afinal, o que é uma mordidinha de mosquito em mais de oito meses na África?
Omega Megog, protetor dos viajólogos…
Na verdade, sinto que o continente nos recebeu de braços abertos e que fomos protegidos pelas divindades de todas as religiões locais. Obrigado! E um obrigado especial a

“Luzes da África”: termina jornada de 39 mil km por 18 países

A cada dia que passa, as Luzes da África passam a ficar mais tênues. Minha cabeça já começa a se conectar de volta com o Brasil. A cobra morde seu rabo e o ciclo de nossa aventura africana chega ao final.

Mikael e eu passamos mais de oito meses no continente e conseguimos realizar uma viagem fascinante!
Desde que saímos de Hermanus (uma cidadezinha a 100 km da Cidade do Cabo), foram 201 dias de viagem; rodamos 39 mil km por 18 países. Visitas curtas em algumas nações pequenas, como Lesoto, Suazilândia e Burundi; longas semanas de descobertas no Quênia (39 dias), na Tanzânia (um mês), na Namíbia e na Etiópia (23 dias em cada). Sem contar nosso país anfitrião, a África do Sul, onde ziguezagueamos de cabo a rabo por mais de 6.000 km, o país onde percorremos a maior quilometragem foi a Etiópia (5.850 km).

Se eu transpusesse o desenho do trajeto percorrido na África para o continente americano, nosso périplo seria como ter saído de Buenos Aires (34º Sul, latitude semelhante a Cidade do Cabo) e chegado até Guadalajara, no México (21º Norte, a mesma latitude no norte do Sudão). Ida e volta! Essa comparação é a que mais me impressionou, foi muito chão mesmo!

Das 201 noites, dormimos 89 na barraca em cima do teto do carro (44%), 51 em pousadas de luxo como convidados, 38 na casa de amigos e 23 em hoteizinhos bem econômicos. Foram sete meses de granola e banana como café-da-manhã e de sanduíches de queijo com abacate e tomate como almoço. No início da viagem, cozinhamos bastante e preparamos alguns pratos vegetarianos deliciosos. No final, perdemos o pique, qualquer coisa serve.

Mikael clicou 38 mil fotos e eu 40 mil.
Deu uma média de uma imagem por quilômetro, para cada um. Os países mais fotografados foram a Tanzânia (15 mil no total entre os dois), a Etiópia (13 mil) e a Namíbia (12 mil). Nem tudo foi um mar de rosas com o equipamento: perdemos uma câmera Nikon com objetiva para ladrões na Zâmbia e três lentes deixaram de funcionar.

E quais foram os melhores momentos?
Em cada uma de nossas 15 etapas de viagem, fizemos uma lista das cinco experiências mais ricas e também das três mais desagradáveis. Temos, assim, dezenas de situações memoráveis. As que deixaram as melhores marcas e renderam as melhores imagens foram:


SUDÃO: conhecer as pirâmides e os templos da cultura faraônica do norte do país, às margens do grandioso Nilo.


ETIÓPIA: passar a Páscoa nas igrejas escavadas na pedra, em Lalibela, e compreender os rituais da igreja ortodoxa etíope.


UGANDA e RUANDA: caminhar na mata para encontrar um grupo de gorilas de montanha e passar uma hora a sete metros de distância dos animais.


TANZÂNIA: visitar os belíssimos parques Serengueti, Ngorogoro, Selous e Ruaha e assistir a cena raríssima de uma impala perdida ser devorada por sete leões famintos.

Houve também momentos mais difíceis. Além do roubo na Zâmbia, um mosquito me pegou de mal jeito em Uganda e, duas semanas depois, tive um acesso de malária em Ruanda.
Fui bem tratado por um médico local, mas estive fora do ar durante quatro dias (e meio devagar por outros quatro). Minha melhor medicação: uma semana em um paraíso no norte de Moçambique. A pousada Nuarro, ao norte de Nacala, foi meu porto seguro. A beleza do local e a comida saudável me deram as forças que eu havia perdido com a crise da malária. A pousada é fruto da criatividade da brasileira Laura Carneiro, junto com seu parceiro inglês Steve e sua irmã Heloisa. Além de ser um lugar perfeito para descansar, Nuarro é também um paraíso para mergulhadores (os recifes estão em perfeito estado) e para os que buscam uma lua-de-mel fora do planeta Terra.

MOÇAMBIQUE: O vilarejo Baixo do Pinda fica a 3 km da pousada Nuarro e a vista do alto do farol compensa o esforço de subir os degraus.

Fonte: ÉPOCA


Baleia mais que pré-histórica

Atualizado em 31 de julho, 2010 - 12:21 (Brasília) 15:21 GMT

'Impasse burocrático' retém baleia de 37 milhões de anos em aeroporto no Egito

Escavações do fóssil da baleia (Foto: Prof. Philip Gingerich)

Fóssil é o único esqueleto completo de espécie de baleia, diz cientista

Os restos fósseis de uma baleia de 37 milhões de anos estão no centro de um impasse burocrático opondo órgãos do próprio governo egípcio.

Os fósseis, encontrados no chamado Vale das Baleias, estão parados no aeroporto do Cairo porque as autoridades aduaneiras querem cobrar sobre eles cerca de US$ 40 mil correspondentes a taxas de importação.

Os restos pré-históricos passaram os últimos dois anos nos Estados Unidos, onde uma equipe liderada pelo paleontólogo Philip Gingerich, da Universidade de Michigan, trabalhou minuciosamente para restaurar e reconstruir o esqueleto.

A baleia está voltando para o Egito para ser exibida em um novo museu.

As autoridades egípcias encarregadas da importação dizem que o impedimento é uma burocracia desnecessária e alegam que não têm por que pagar o imposto.

Não está claro como foi estabelecido o valor de US$ 40 mil, já que fósseis não têm preço de mercado.

Um porta-voz do Ministério do Turismo egípcio disse que o impasse precisa ser resolvido logo, para não causar um "grande escândalo" negativo para imagem do país.

Comentando o impasse, o professor Gingerich zombou da burocracia egípcia. Disse que foram necessários dois anos e meio para liberar a exportação do fóssil para os Estados Unidos – agora, ele disse, podem ser necessários outros dois anos e meio para trazê-lo de volta.

Detalhes da 'pata' da baleia (Foto: Prof. Philip Gingerich)

Fóssil único

De acordo com o paleontólogo, os fósseis da Basilosaurus Isis em questão são os únicos desta espécie de baleia já encontrados completos.

No processo de evolução, a Basilosaurus Isis manteve uma minúscula pata relativamente ao seu tamanho. O membro tem o tamanho de pernas humanas, para um animal de cerca de 15 metros.

Sem função, a perna é uma evidência de que as baleias evoluíram da terra para o mar, o contrário da maioria dos processos evolutivos.

Os fósseis foram encontrados em uma área que, acredita-se, era submersa 40 milhões de anos atrás.

À medida que o mar se movia rumo ao norte, para os limites de onde hoje está o mar Mediterrâneo, deixou para trás formações rochosas únicas e fósseis em abundância.

Fonte: BBC Brasil

Acusar é facil!

Como é fácil acusar os outros...


29.07.2010 Fonte: Pravda.ru







Eu adoro os Estados Unidos e Israel. Adoro tudo que eles fazem pelo mundo. Coca-cola, chiclete, rock, Mac Donald, Nike e tantas outras utilidades que sem elas não poderíamos viver.


DESTAQUE








Principalmente tudo que eles proporcionam aos iraquianos, vietnamitas, afegãos, palestinos, cubanos, libaneses, negros, índios, mexicanos etc. etc. etc.

Sempre, antes de dormir e para dormir melhor, eu faço votos profundos que Deus seja justo e retorne tudo a eles. Em dobro.

O respeito que eles têm pela qualidade de vida e de morte de milhões e milhões de seres humanos, não tem preço, mas receber o dobro do mesmo tratamento já seria razoável. Não?

Agora, com o vazamento de mais de 90 mil documentos e relatórios secretos sobre a guerra no Afeganistão que foram colocados na Internet pelo site 'Wikileaks', numa das maiores fugas de informações militares, vamos ter uma idéia mais real da verdadeira face dessa história, sem qualquer tipo de censura.

Peço sinceramente que Deus não exagere. Apenas seja justo.


Saiu no New York Times um conjunto de documentos que pode acabar com a guerra do Afeganistão.Uma espécie de Pentagon Papers dos novos tempos.

Os documentos do New York Times mostram a ligação entre o serviço de inteligência do Paquistão – grande amigo dos Estados Unidos – com o Talibã, no Afeganistão – grande inimigo dos Estados Unidos.

Os Estados Unidos derramam um monte de dinheiro no Paquistão e o Paquistão detona os Estados Unidos no Afeganistão.

Assim como os Pentagon Papers ajudaram a minar a legitimidade da guerra do Vietnã, o Wikileaks pode desmoralizar a guerra do Afeganistão.


O Wikileaks é um site colaborativo, postado na internet que recebe e filtra documentos confidenciais.

E foi de lá que o New York Times extraiu os documentos. De um site cooperativo!

( http://www.conversaafiada.com.br/ ) http://www.zenosr.com/index.php

Fonte: PRAVDA


Competição bizarra - buzkashi

30/07/2010 20h00 - Atualizado em 30/07/2010 20h13
Afegãos disputam competição bizarra com carcaça de bode

Jogo foi disputado nesta sexta-feira perto de Band-i-Amir.

Do G1, em São Paulo


Afegãos disputaram nesta sexta-feira (30), perto de Band-i-Amir, um jogo de buzkashi. O esporte lembra um pouco o polo, mas, ao invés de uma bolinha, o que os cavaleiros tentam levar até o gol adversário, usando a força dos braços, é o corpo de um bode morto.

Fonte: G1

Arrependimento ineficaz

31/07/2010 08h20 - Atualizado em 31/07/2010 08h20

Após 'arrependimento', ladrão assalta loja de sapatos e vai preso nos EUA

Gerente de uma loja evitou roubo ao falar de Jesus com assaltante.
O mesmo homem assaltou outra loja menos de duas horas depois,

Do G1, em São Paulo

O homem que desistiu de fazer um assalto após ouvir "sermão" de que o que estava fazendo era errado e que deveria procurar Jesus foi preso por ter assaltado uma loja de sapatos a alguns quilômetros da primeira loja que atacou, segundo a polícia de Broward, no Sul da Flórida.

O ladrão, identificado como Israel Camacho, de 37 anos, pediu desculpas à gerente de uma loja de celular de Pompano Beach, nos Estados Unidos, desistindo de realizar um assalto no último dia 23. A gerente Nayara Gonçalves, conseguiu evitar que ele roubasse o estabelecimento ao dizer que Jesus Cristo não aprovaria aquela atitude. Segundo o jornal norte-americano Miami Herald, Nayara é brasileira e tem 20 anos.

Menos de duas horas após sair da loja, entretanto, o mesmo homem assaltou uma loja de sapatos perto dali. Camacho foi reconhecido por testemunhas e pelo registro em câmeras de segurança das lojas. Ele pôs uma arma em uma caixa de sapatos e obrigou a vendedora a entregar o dinheiro que havia na loja. Camacho foi detido dois dias depois pela polícia local.

Arrependimento
Toda a ação do "arrependimento" do assaltante na primeira loja foi gravada pela câmera de segurança da loja, que também captou o áudio da conversa.

Após pedir informações sobre os produtos à venda, o criminoso anunciou o assalto. A gerente manteve a calma e começou a conversar com o rapaz. “Você pode fazer o que quiser. Eu vou apenas falar sobre Jesus antes de você ir embora”, disse a garota.

Nayara disse ao assaltante que Jesus o ajudaria e que era para ele voltar a frequentar a igreja. Ela ainda ofereceu a ele auxílio para encontrar um emprego. Após alguns minutos de conversa, o homem assumiu que também é cristão e que odiava ter que fazer aquilo, e que precisava de US$ 300 para não ser despejado.

Convencido de que não precisava assaltar a loja, o rapaz pediu desculpas à brasileira e disse que “não queria machucá-la”. No fim da conversa, o assaltante arrependido revelou que a arma era de brinquedo.



Fonte: G1

A censura envilece o Judiciário

Sentenças judiciais determinam reitrada de material de blogs

Em um ano, diversas ações impediram publicações em várias partes do País, a mais recente no Maranhão

31 de julho de 2010 | 6h 00
Daniel Bramatti e Wilson Lima, especial para O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Desde a decisão que impediu o Estado de publicar informações sobre o empresário Fernando Sarney, há um ano, outros jornais e blogs foram afetados pela chamada censura judicial.

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O caso mais recente é o do jornalista Itevaldo Júnior, de São Luís (MA), obrigado a retirar do seu blog texto que continha acusações contra um juiz de uma das varas cíveis.

Segundo o blogueiro, o juiz teria comprado uma fazenda de 101,19 hectares no interior do Maranhão, por R$ 5.000, de uma ré cuja prisão preventiva foi revogada pelo próprio magistrado.

Na liminar, o juiz Alexandre Lopes de Abreu, responsável pela decisão, alegou que não foi respeitado o princípio da defesa para o magistrado. A Associação Maranhense de Imprensa (AMI) divulgou nota oficial afirmando que o ato "fere a democracia e é uma clara tentativa de intimidação contra jornalistas no exercício da profissão".

"Fiz uma matéria com base documental, como é corriqueiro na apuração jornalística. Em nenhum momento foi cerceado ao juiz o direito de defesa. O blog sempre garantiu o direito ao contraditório", disse o jornalista.

"Não houve censura", disse o juiz responsável pela decisão. "Houve a preservação de uma imagem. A notícia não trouxe a oportunidade de defesa. Toda informação deve ser contrabalançada. Publicar a defesa depois da publicação da matéria não vai conseguir reverter a imagem do acusado", declarou. O autor da ação não quis comentar o caso.

Jornais. Em fevereiro, o jornal Diário do Grande ABC foi proibido de publicar reportagens que relacionem o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), ao suposto descarte de carteiras escolares em bom estado de conservação. A decisão foi tomada pelo juiz Jairo Oliveira Junior, da 1ª Vara Cível de Santo André. Em nota, a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) criticou a iniciativa do prefeito e o despacho do juiz.

Outro caso de censura detectado pela ANJ envolveu o jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto (SP), em dezembro do ano passado. Movidas pelo presidente da Câmara Municipal, Jorge Menezes (DEM), seis ações impediram a publicação de reportagens sobre a contratação de motoristas e outros assuntos que envolvem o diretor jurídico, salários e nomes de servidores da Casa.

Também em dezembro, o jornalista Fábio Pannunzio foi proibido de citar em seu blog o nome da mulher de um dos detidos em operação da Polícia Federal no Paraná. A censura ao blog foi suspensa em janeiro deste ano.

Fonte: Estado de SP


Enigmas da vida e da morte - Reflexões de aniversário

Não sei, se ao nascer, fui benvindo,
Ou tido como um problema.

Vivo, não sei se sou livre,
Ou se um inocente útil

Amo, não sei para que e, sendo sincero,
nem mesmo sei se amo.

Morrerei, não sei bem porque,
Nem, sequer, se morrerei.

Se ressuscitarei, no corpo de outrem,
Ou se a morte será o fim?

Só sei que minha dúvidas,
Com certeza, não são só minhas.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Música - Dulce Pontes e Adelaide Ferreira




Papel Principal
Adelaide Ferreira

A noite acabou
O jogo acabou
Para mim aqui
Quando acordar
Já te esqueci
O filme acabou
O drama acabou acabou-se a dor
Tu sempre foste um mau actor
Fizeste de herói no papel principal
Mas representaste e mentiste tão mal

Quem perdeu foste tu só tu
E nunca eu afinal hoje o papel principal é
Meu e só meu
Quem perdeu foste tu só tu
E nunca eu
Afinal hoje o papel principal é meu

A noite acabou
O jogo acabou para mim aqui
Quando acordar já te esqueci
O filme acabou
O drama acabou acabou-se a dor
Tu sempre foste um mau actor
Fizeste de herói no papel principal
Mas representaste e mentiste tão mal

Quem perdeu foste tu só tu e nunca eu
Afinal hoje o papel principal é meu
E só meu
Quem perdeu foste tu só tu
E nunca eu
Afinal hoje o papel principal é meu

Música - Yanni e uma reunião de "monstros"



One of the rarest complete music video of Yanni's composition named "Reflections of passion" from the Live At Albert Hall, London concert.






Violin: Samvel Yervinyan [Armenia];
Violin: Sayaka Katsuki [Japan];
Harp: Victor Espinola [Paraguay];
Trumpet: Ramon Flores [Mexico]

Yanni Live! The Concert Event.







from DVD album Yanni Live! The Concert Event
performed by Dan Landrum, Pedro Eustache, Samvel Yervinyan, Sayaka Katski, Victor Espinola, Armen Movsessian, Zachary Carrettin, Walter Rodrigues.





Yanni-live (Acropolis)- and Royal Phil.Orch.London (Shardad Rohani, cond)




live at the acropolis 94




yanni in live acropolis Standing in Motion

CARNICEIRO NAZISTA COM NOME DE "SAMUEL"

Nazista é acusado de 430 mil assassinatos

30/7/2010

Berlim. Promotores alemães acusaram formalmente o suposto agente nazista Samuel Kunz, 88 anos, de ter colaborado com a morte de 430 mil judeus no Holocausto, além de balear outros dez.

Kunz teria trabalhado no campo de extermínio de Belzec, perto da cidade polonesa de Lublin, entre janeiro de 1942 e julho de 1943. Como o acusado tinha menos de 21 anos no começo do período sob investigação, o julgamento provavelmente será realizado no juizado de menores de um tribunal da vizinha Bonn, segundo os promotores. Não há data marcada para o julgamento.

O caso de Kunz veio à tona durante investigações a respeito de John Demjanjuk, julgado no ano passado em Munique por ter colaborado com a morte de 27,9 mil judeus durante o Holocausto.

Kunz nasceu na Ucrânia, que viria se tornar a União Soviética e serviu no Exército Vermelho. Tornou-se guarda do campo de extermínio depois de ser capturado pelos alemães, de acordo com os promotores. Ele era o número três na lista de criminosos nazistas mais procurados pelo Centro Simon Wiesenthal. Efraim Zuroff, diretor dessa entidade, disse que o indiciamento de Kunz mostra que autores de atrocidades ainda podem ser levados à Justiça. Belzeec foi um dos campos criados para a Operação Reinhard, uma das fases mais cruéis do Holocausto.

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com

Da ICAR sobre uniões homossexuais

* Posição OFICIAL da Igreja sobre ” Reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais.

julho 29th, 2010

Eis abaixo as razões pelas quais a Igreja Católica não aceita essa união.

Se você ler, verá que é uma posição coerente e muito bem fundamentada. A Igreja nesta questão, não tem preconceito. Tem conceito.Tem posição.

Ela não quer impor sua visão ao mundo – também não a esconde - falando em primeiro lugar a seus filhos e também a todos os homens, mesmo não católicos.

Sua posição é de iluminar as consciências e abordar a questão sob outros pontos de vista complementares e até contrários ao senso comum, afinal sabemos que a verdade não é fruto do senso comum nem é invenção dos homens, que mudam a cada geração segundo os humores e as demandas da dita “modernidade”, seja lá o que isso signifique.

O senso comum hoje é comprometido pelo relativismo e pela falsa idéia de que defender posições “conservadoras” é ser retrógrado, como se a sociedade que hoje temos não fosse fruto deste designio divino que hoje o homem quer destruir e legitimar pela lei, em discordância com a lei natural que o gerou; como se a sociedade e os valores pudessem ir de um lado a outro de acordo com as modas e a vontade dos politicos de cada tempo e lugar.

A Sociedade precisa responder a essa questão sem comprometer os valores sagrados, como a família. Não podemos fazer de conta que isso não é real, mas a saída não passa pela negação da verdade.Verdade do homem, antes de ser verdade católica ou religiosa, diga-se de passagem.

O documento abaixo, para os filhos, é uma confirmação.

Para os não católicos, uma melhor compreensão, mesmo que ao final continue a discordar, direito que respeitamos, como queremos também ,como Igreja, ser respeitada em emitir nossa posição.

Afinal, questionar e ser questionada faz parte da missão de Igreja desde suas origens, ainda no tempo em que, nem em sonho, se pensava nessa possibilidade de unir homem com homem e mulher com mulher e chamar isso de “Matrimônio”.

***

CONSIDERAÇÕES
SOBRE OS PROJECTOS
DE RECONHECIMENTO LEGAL
DAS UNIÕES ENTRE PESSOAS
HOMOSSEXUAIS

INTRODUÇÃO

1. Diversas questões relativas à homossexualidade foram recentemente tratadas várias vezes pelo Santo Padre João Paulo II e pelos competentes Dicastérios da Santa Sé.(1) Trata-se, com efeito, de um fenómeno moral e social preocupante, inclusive nos Países onde ainda não se tornou relevante sob o ponto de vista do ordenamento jurídico. A preocupação é, todavia, maior nos Países que já concederam ou se propõem conceder reconhecimento legal às uniões homossexuais, alargando-o, em certos casos, mesmo à habilitação para adoptar filhos. As presentes Considerações não contêm elementos doutrinais novos; entendem apenas recordar os pontos essenciais sobre o referido problema e fornecer algumas argumentações de carácter racional, que possam ajudar os Bispos a formular intervenções mais específicas, de acordo com as situações particulares das diferentes regiões do mundo: intervenções destinadas a proteger e promover a dignidade do matrimónio, fundamento da família, e a solidez da sociedade, de que essa instituição é parte constitutiva. Têm ainda por fim iluminar a actividade dos políticos católicos, a quem se indicam as linhas de comportamento coerentes com a consciência cristã, quando tiverem de se confrontar com projectos de lei relativos a este problema.(2) Tratando-se de uma matéria que diz respeito à lei moral natural, as seguintes argumentações são propostas não só aos crentes, mas a todos os que estão empenhados na promoção e defesa do bem comum da sociedade.

I. NATUREZA
E CARACTERÍSTICAS IRRENUNCIÁVEIS
DO MATRIMÓNIO

2. O ensinamento da Igreja sobre o matrimónio e sobre a complementaridade dos sexos propõe uma verdade, evidenciada pela recta razão e reconhecida como tal por todas as grandes culturas do mundo. O matrimónio não é uma união qualquer entre pessoas humanas. Foi fundado pelo Criador, com uma sua natureza, propriedades essenciais e finalidades.(3) Nenhuma ideologia pode cancelar do espírito humano a certeza de que só existe matrimónio entre duas pessoas de sexo diferente, que através da recíproca doação pessoal, que lhes é própria e exclusiva, tendem à comunhão das suas pessoas. Assim se aperfeiçoam mutuamente para colaborar com Deus na geração e educação de novas vidas.

3. A verdade natural sobre o matrimónio foi confirmada pela Revelação contida nas narrações bíblicas da criação e que são, ao mesmo tempo, expressão da sabedoria humana originária, em que se faz ouvir a voz da própria natureza. São três os dados fundamentais do plano criador relativamente ao matrimónio, de que fala o Livro do Génesis.

Em primeiro lugar, o homem, imagem de Deus, foi criado « homem e mulher » (Gn 1, 27). O homem e a mulher são iguais enquanto pessoas e complementares enquanto homem e mulher. A sexualidade, por um lado, faz parte da esfera biológica e, por outro, é elevada na criatura humana a um novo nível, o pessoal, onde corpo e espírito se unem.

Depois, o matrimónio é instituído pelo Criador como forma de vida em que se realiza aquela comunhão de pessoas que requer o exercício da faculdade sexual. « Por isso, o homem deixará o seu pai e a sua mãe e unir-se-á à sua mulher e os dois tornar-se-ão uma só carne » (Gn 2, 24).

Por fim, Deus quis dar à união do homem e da mulher uma participação especial na sua obra criadora. Por isso, abençoou o homem e a mulher com as palavras: « Sede fecundos e multiplicai-vos » (Gn 1, 28). No plano do Criador, a complementaridade dos sexos e a fecundidade pertencem, portanto, à própria natureza da instituição do matrimónio.

Além disso, a união matrimonial entre o homem e a mulher foi elevada por Cristo à dignidade de sacramento. A Igreja ensina que o matrimónio cristão é sinal eficaz da aliança de Cristo e da Igreja (cf. Ef 5, 32). Este significado cristão do matrimónio, longe de diminuir o valor profundamente humano da união matrimonial entre o homem e a mulher, confirma-o e fortalece-o (cf. Mt 19, 3-12; Mc 10, 6-9).

4. Não existe nenhum fundamento para equiparar ou estabelecer analogias, mesmo remotas, entre as uniões homossexuais e o plano de Deus sobre o matrimónio e a família. O matrimónio é santo, ao passo que as relações homossexuais estão em contraste com a lei moral natural. Os actos homossexuais, de facto, « fecham o acto sexual ao dom da vida. Não são fruto de uma verdadeira complementaridade afectiva e sexual. Não se podem, de maneira nenhuma, aprovar ».(4)

Na Sagrada Escritura, as relações homossexuais « são condenadas como graves depravações… (cf. Rm 1, 24-27; 1 Cor 6, 10; 1 Tm 1, 10). Desse juízo da Escritura não se pode concluir que todos os que sofrem de semelhante anomalia sejam pessoalmente responsáveis por ela, mas nele se afirma que os actos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados ».(5) Idêntico juízo moral se encontra em muitos escritores eclesiásticos dos primeiros séculos,(6) e foi unanimemente aceite pela Tradição católica.

Também segundo o ensinamento da Igreja, os homens e as mulheres com tendências homossexuais « devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Deve evitar-se, para com eles, qualquer atitude de injusta discriminação ».(7) Essas pessoas, por outro lado, são chamadas, como os demais cristãos, a viver a castidade.(8) A inclinação homossexual é, todavia, « objectivamente desordenada »,(9) e as práticas homossexuais « são pecados gravemente contrários à castidade ».(10)

II. ATITUDES PERANTE O PROBLEMA
DAS UNIÕES HOMOSSEXUAIS

5. Em relação ao fenómeno das uniões homossexuais, existentes de facto, as autoridades civis assumem diversas atitudes: por vezes, limitam-se a tolerar o fenómeno; outras vezes, promovem o reconhecimento legal dessas uniões, com o pretexto de evitar, relativamente a certos direitos, a discriminação de quem convive com uma pessoa do mesmo sexo; nalguns casos, chegam mesmo a favorecer a equivalência legal das uniões homossexuais com o matrimónio propriamente dito, sem excluir o reconhecimento da capacidade jurídica de vir a adoptar filhos.

Onde o Estado assume uma política de tolerância de facto, sem implicar a existência de uma lei que explicitamente conceda um reconhecimento legal de tais formas de vida, há que discernir bem os diversos aspectos do problema. É imperativo da consciência moral dar, em todas as ocasiões, testemunho da verdade moral integral, contra a qual se opõem tanto a aprovação das relações homossexuais como a injusta discriminação para com as pessoas homossexuais. São úteis, portanto, intervenções discretas e prudentes, cujo conteúdo poderia ser, por exemplo, o seguinte: desmascarar o uso instrumental ou ideológico que se possa fazer de dita tolerância; afirmar com clareza o carácter imoral desse tipo de união; advertir o Estado para a necessidade de conter o fenómeno dentro de limites que não ponham em perigo o tecido da moral pública e que, sobretudo, não exponham as jovens gerações a uma visão errada da sexualidade e do matrimónio, que os privaria das defesas necessárias e, ao mesmo tempo, contribuiria para difundir o próprio fenómeno. Àqueles que, em nome dessa tolerância, entendessem chegar à legitimação de específicos direitos para as pessoas homossexuais conviventes, há que lembrar que a tolerância do mal é muito diferente da aprovação ou legalização do mal.

Em presença do reconhecimento legal das uniões homossexuais ou da equiparação legal das mesmas ao matrimónio, com acesso aos direitos próprios deste último, é um dever opor-se-lhe de modo claro e incisivo. Há que abster-se de qualquer forma de cooperação formal na promulgação ou aplicação de leis tão gravemente injustas e, na medida do possível, abster-se também da cooperação material no plano da aplicação. Nesta matéria, cada qual pode reivindicar o direito à objecção de consciência.

III. ARGUMENTAÇÕES RACIONAIS
CONTRA O RECONHECIMENTO LEGAL
DAS UNIÕES HOMOSSEXUAIS

6. A compreensão das razões que inspiram o dever de se opor desta forma às instâncias que visem legalizar as uniões homossexuais exige algumas considerações éticas específicas, que são de diversa ordem.

De ordem relativa à recta razão

A função da lei civil é certamente mais limitada que a da lei moral.(11) A lei civil, todavia, não pode entrar em contradição com a recta razão sob pena de perder a força de obrigar a consciência.(12) Qualquer lei feita pelos homens tem razão de lei na medida que estiver em conformidade com a lei moral natural, reconhecida pela recta razão, e sobretudo na medida que respeitar os direitos inalienáveis de toda a pessoa.(13) As legislações que favorecem as uniões homossexuais são contrárias à recta razão, porque dão à união entre duas pessoas do mesmo sexo garantias jurídicas análogas às da instituição matrimonial. Considerando os valores em causa, o Estado não pode legalizar tais uniões sem faltar ao seu dever de promover e tutelar uma instituição essencial ao bem comum, como é o matrimónio.

Poderá perguntar-se como pode ser contrária ao bem comum uma lei que não impõe nenhum comportamento particular, mas apenas se limita a legalizar uma realidade de facto, que aparentemente parece não comportar injustiça para com ninguém. A tal propósito convém reflectir, antes de mais, na diferença que existe entre o comportamento homossexual como fenómeno privado, e o mesmo comportamento como relação social legalmente prevista e aprovada, a ponto de se tornar numa das instituições do ordenamento jurídico. O segundo fenómeno, não só é mais grave, mas assume uma relevância ainda mais vasta e profunda, e acabaria por introduzir alterações na inteira organização social, que se tornariam contrárias ao bem comum. As leis civis são princípios que estruturam a vida do homem no seio da sociedade, para o bem ou para o mal. « Desempenham uma função muito importante, e por vezes determinante, na promoção de uma mentalidade e de um costume ».(14) As formas de vida e os modelos que nela se exprimem não só configuram externamente a vida social, mas ao mesmo tempo tendem a modificar, nas novas gerações, a compreensão e avaliação dos comportamentos. A legalização das uniões homossexuais acabaria, portanto, por ofuscar a percepção de alguns valores morais fundamentais e desvalorizar a instituição matrimonial.

De ordem biológica e antropológica

7. Nas uniões homossexuais estão totalmente ausentes os elementos biológicos e antropológicos do matrimónio e da família, que poderiam dar um fundamento racional ao reconhecimento legal dessas uniões. Estas não se encontram em condição de garantir de modo adequado a procriação e a sobrevivência da espécie humana. A eventual utilização dos meios postos à sua disposição pelas recentes descobertas no campo da fecundação artificial, além de comportar graves faltas de respeito à dignidade humana,(15) não alteraria minimamente essa sua inadequação.

Nas uniões homossexuais está totalmente ausente a dimensão conjugal, que representa a forma humana e ordenada das relações sexuais. Estas, de facto, são humanas, quando e enquanto exprimem e promovem a mútua ajuda dos sexos no matrimónio e se mantêm abertas à transmissão da vida.

Como a experiência confirma, a falta da bipolaridade sexual cria obstáculos ao desenvolvimento normal das crianças eventualmente inseridas no interior dessas uniões. Falta-lhes, de facto, a experiência da maternidade ou paternidade. Inserir crianças nas uniões homossexuais através da adopção significa, na realidade, praticar a violência sobre essas crianças, no sentido que se aproveita do seu estado de fraqueza para introduzi-las em ambientes que não favorecem o seu pleno desenvolvimento humano. Não há dúvida que uma tal prática seria gravemente imoral e pôr-se-ia em aberta contradição com o princípio reconhecido também pela Convenção internacional da ONU sobre os direitos da criança, segundo o qual, o interesse superior a tutelar é sempre o da criança, que é a parte mais fraca e indefesa.

De ordem social

8. A sociedade deve a sua sobrevivência à família fundada sobre o matrimónio. É, portanto, uma contradição equiparar à célula fundamental da sociedade o que constitui a sua negação. A consequência imediata e inevitável do reconhecimento legal das uniões homossexuais seria a redefinição do matrimónio, o qual se converteria numa instituição que, na sua essência legalmente reconhecida, perderia a referência essencial aos factores ligados à heterossexualidade, como são, por exemplo, as funções procriadora e educadora. Se, do ponto de vista legal, o matrimónio entre duas pessoas de sexo diferente for considerado apenas como um dos matrimónios possíveis, o conceito de matrimónio sofrerá uma alteração radical, com grave prejuízo para o bem comum. Colocando a união homossexual num plano jurídico análogo ao do matrimónio ou da família, o Estado comporta-se de modo arbitrário e entra em contradição com os próprios deveres.

Em defesa da legalização das uniões homossexuais não se pode invocar o princípio do respeito e da não discriminação de quem quer que seja. Uma distinção entre pessoas ou a negação de um reconhecimento ou de uma prestação social só são inaceitáveis quando contrárias à justiça.(16) Não atribuir o estatuto social e jurídico de matrimónio a formas de vida que não são nem podem ser matrimoniais, não é contra a justiça; antes, é uma sua exigência.

Nem tão pouco se pode razoavelmente invocar o princípio da justa autonomia pessoal. Uma coisa é todo o cidadão poder realizar livremente actividades do seu interesse, e que essas actividades que reentrem genericamente nos comuns direitos civis de liberdade, e outra muito diferente é que actividades que não representam um significativo e positivo contributo para o desenvolvimento da pessoa e da sociedade possam receber do Estado um reconhecimento legal especifico e qualificado. As uniões homossexuais não desempenham, nem mesmo em sentido analógico remoto, as funções pelas quais o matrimónio e a família merecem um reconhecimento específico e qualificado. Há, pelo contrário, razões válidas para afirmar que tais uniões são nocivas a um recto progresso da sociedade humana, sobretudo se aumentasse a sua efectiva incidência sobre o tecido social.

De ordem jurídico

9. Porque as cópias matrimoniais têm a função de garantir a ordem das gerações e, portanto, são de relevante interesse público, o direito civil confere-lhes um reconhecimento institucional. As uniões homossexuais, invés, não exigem uma específica atenção por parte do ordenamento jurídico, porque não desempenham essa função em ordem ao bem comum.

Não é verdadeira a argumentação, segundo a qual, o reconhecimento legal das uniões homossexuais tornar-se-ia necessário para evitar que os conviventes homossexuais viessem a perder, pelo simples facto de conviverem, o efectivo reconhecimento dos direitos comuns que gozam enquanto pessoas e enquanto cidadãos. Na realidade, eles podem sempre recorrer – como todos os cidadãos e a partir da sua autonomia privada – ao direito comum para tutelar situações jurídicas de interesse recíproco. Constitui porém uma grave injustiça sacrificar o bem comum e o recto direito de família a pretexto de bens que podem e devem ser garantidos por vias não nocivas à generalidade do corpo social.(17)

IV. COMPORTAMENTOS DOS POLÍTICOS CATÓLICOS
PERANTE LEGISLAÇÕES FAVORÁVEIS
ÀS UNIÕES HOMOSSEXUAIS

10. Se todos os fiéis são obrigados a opor-se ao reconhecimento legal das uniões homossexuais, os políticos católicos são-no de modo especial, na linha da responsabilidade que lhes é própria. Na presença de projectos de lei favoráveis às uniões homossexuais, há que ter presentes as seguintes indicações éticas.

No caso que se proponha pela primeira vez à Assembleia legislativa um projecto de lei favorável ao reconhecimento legal das uniões homossexuais, o parlamentar católico tem o dever moral de manifestar clara e publicamente o seu desacordo e votar contra esse projecto de lei. Conceder o sufrágio do próprio voto a um texto legislativo tão nocivo ao bem comum da sociedade é um acto gravemente imoral.

No caso de o parlamentar católico se encontrar perante uma lei favorável às uniões homossexuais já em vigor, deve opor-se-lhe, nos modos que lhe forem possíveis, e tornar conhecida a sua oposição: trata-se de um acto devido de testemunho da verdade. Se não for possível revogar completamente uma lei desse género, o parlamentar católico, atendo-se às orientações dadas pela Encíclica Evangelium vitae, « poderia dar licitamente o seu apoio a propostas destinadas a limitar os danos de uma tal lei e diminuir os seus efeitos negativos no plano da cultura e da moralidade pública », com a condição de ser « clara e por todos conhecida » a sua « pessoal e absoluta oposição » a tais leis, e que se evite o perigo de escândalo.(18) Isso não significa que, nesta matéria, uma lei mais restritiva possa considerar-se uma lei justa ou, pelo menos, aceitável; trata-se, pelo contrário, da tentativa legítima e obrigatória de proceder à revogação, pelo menos parcial, de uma lei injusta, quando a revogação total não é por enquanto possível.

CONCLUSÃO

11. A Igreja ensina que o respeito para com as pessoas homossexuais não pode levar, de modo nenhum, à aprovação do comportamento homossexual ou ao reconhecimento legal das uniões homossexuais. O bem comum exige que as leis reconheçam, favoreçam e protejam a união matrimonial como base da família, célula primária da sociedade. Reconhecer legalmente as uniões homossexuais ou equipará-las ao matrimónio, significaria, não só aprovar um comportamento errado, com a consequência de convertê-lo num modelo para a sociedade actual, mas também ofuscar valores fundamentais que fazem parte do património comum da humanidade. A Igreja não pode abdicar de defender tais valores, para o bem dos homens e de toda a sociedade.

O Sumo Pontífice João Paulo II, na Audiência concedida a 28 de Março de 2003 ao abaixo-assinado Cardeal Prefeito, aprovou as presentes Considerações, decididas na Sessão Ordinária desta Congregação, e mandou que fossem publicadas.

Roma, sede da Congregação para a Doutrina da Fé, 3 de Junho de 2003, memória de São Carlos Lwanga e companheiros, mártires.

Joseph Card. Ratzinger
Prefeito

Angelo Amato, S.D.B.
Arcebispo titular de Sila
Secretário


(1) Cf. João Paulo II, Alocuções por ocasião da recitação do Angelus, 20 de Fevereiro de 1994 e 19 de Junho de 1994; Discurso aos participantes na Assembleia Plenária do Conselho Pontifício para a Família, 24 de Março de 1999; Catecismo da Igreja Católica, nn. 2357-2359, 2396; Congregação para a Doutrina da Fé, Declaração Persona humana, 29 de Dezembro de 1975, n. 8; Carta sobre a cura pastoral das pessoas homossexuais, 1 de Outubro de 1986; Algumas Considerações sobre a Resposta a propostas de lei em matéria de não discriminação das pessoas homossexuais, 24 de Julho de 1992; Conselho Pontifício para a Família, Carta aos Presidentes das Conferências Episcopais da Europa sobre a resolução do Parlamento Europeu em matéria de cópias homossexuais, 25 de Março de 1994; Família, matrimónio e « uniões de facto », 26 de Julho de 2000, n. 23.

(2) Cf. Congregação para a Doutrina da Fé, Nota doutrinal sobre algumas questões relativas ao empenho e comportamento dos católicos na vida política, 24 de Novembro de 2002, n. 4.

(3) Cf. Concílio Vaticano II, Constituição pastoral Gaudium et spes, n. 48.

(4) Catecismo da Igreja Católica, n. 2357.

(5) Congregação para a Doutrina da Fé, Declaração Persona humana, 29 de Dezembro de 1975, n. 8.

(6) Cf. por exemplo, S. Policarpo, Carta aos Filipenses, V, 3; S. Justino, Primeira Apologia, 27, 1-4; Atenágoras, Súplica em favor dos cristãos, 34.

(7) Catecismo da Igreja Católica, n. 2358; cf. Congregação para a Doutrina da Fé, Carta sobre a cura pastoral das pessoas homossexuais, 1 de Outubro de 1986, n. 10.

(8) Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2359; Congregação para a Doutrina da Fé, Carta sobre a cura pastoral das pessoas homossexuais, 1 de Outubro de 1986, n. 12.

(9) Catecismo da Igreja Católica, n. 2358.

(10) Ibid., n. 2396.

(11) Cf. João Paulo II, Carta encíclica Evangelium vitae, 25 de Março de 1995, n. 71.

(12) Cf. ibid., n. 72.

(13) Cf. S. Tomás de Aquino, Summa Theologiae, I-II, q. 95, a. 2.

(14) João Paulo II, Carta encíclica Evangelium vitae, 25 de Março de 1995, n. 90.

(15) Cf. Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução Donum vitae, 22 de Fevereiro de 1987, II. A. 1-3.

(16) Cf. S. Tomás de Aquino, Summa Theologiae, II-II, q. 63, a. 1, c.

(17) Deve, além disso, ter-se presente que existe sempre « o perigo de uma legislação, que faça da homossexualidade uma base para garantir direitos, poder vir de facto a encorajar uma pessoa com tendências homossexuais a declarar a sua homossexualidade ou mesmo a procurar um parceiro para tirar proveito das disposições da lei » (Congregação para a Doutrina da Fé, Algumas Considerações sobre a Resposta a propostas de lei em matéria de não discriminação das pessoas homossexuais, 24 de Julho de 1992, n. 14).

(18) João Paulo II, Carta encíclica Evangelium vitae, 25 de Março de 1995, n. 73.


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