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Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Caça às baleias, em Florianópolis

Esperândio dos Santos caçou a última baleia na Praia da Armação e agora vê as águas engolirem a terra

Por Daniel Cardoso

No século XIX e início do XX, reinavam os caçadores de baleias. Nos anos 1980 e 1990, afluíram famílias em busca de uma região mais rústica e distante da badalação de uma Florianópolis que a cada dia ficava mais famosa no Brasil e no mundo. Os casebres de pescadores passaram a dividir espaço com as casas de veraneio luxuosas e nem tanto. A pesca cedeu ao turismo. Tudo fadado à memória? Ao que tudo indica, sim. Neste ano, pela primeira vez, o mar engoliu a faixa de areia da Praia da Armação, antes perfeitamente separada da vizinha Matadeiro por um rio de águas calmas e límpidas que desemboca no oceano.

Aos 77 anos, Esperândio dos Santos temia por esse dia, a faixa de terra tragada pelas águas rebeladas, a impossibilidade de afundar os pés descalços na areia fofa. Pescador aposentado, 14 filhos no mundo, era marinheiro no barco que matou a última baleia na região, em 1957. “A gente fincava o arpão de meio metro. Em seguida, acendíamos o pavio para detonar as dinamites e matar o bicho. Mas o arpão com os explosivos tinha de estar bem na nuca do animal. A ideia era desnucar mesmo. Só assim conseguíamos.” Baleia morta, os pescadores a rebocavam com três ou quatro barcos ou simplesmente esperavam que a maré fizesse o serviço e a depositasse na areia que não mais se vê.

As baleias eram valentes. Nem sempre queriam morrer sozinhas. Certa vez, recorda o pescador, o arpão foi fincado na nuca, o pavio aceso, mas o animal não desceu para o fundo do mar. Os baleeiros encalharam nas costas do animal e sentiram na pele a explosão. “O barco ficou despedaçado, todo mundo caiu na água e tiveram que nos resgatar.”
Com o fim da caça, terminou uma era próspera para a Armação – que recebeu esse nome por funcionar como uma armadilha aos animais. A gordura da baleia foi valiosa por séculos. Do toucinho, retirava-se o óleo usado na iluminação, lubrificação mecânica e fabricação de tintas e vernizes.

Sem a pesca, Esperândio dos Santos teve de buscar trabalho em águas mais distantes. Subiu em um navio sueco e foi pescar “para os lados do Rio Grande do Sul”. Chegou à Argentina. Nos 35 anos seguintes, rumou para o Norte, por toda a costa brasileira, para alimentar a extensa família. Dois dos filhos decidiram manter a tradição e formam a terceira geração de pescadores da família. “Não ouviram o meu conselho. Falei que quem entrar na pescaria hoje não tem futuro. Veja só este barco chegando agora. Ficou 24 horas no mar e aposto que não pescou nem 20 quilos.”

O pescador estava certo, quase não há peixes.

E sobre o fim da praia, o que diz? “É nisso que dá construir em cima das dunas. As dunas são território do mar, ele pode ir buscar quando quiser. Mas tiraram as dunas, levaram para outros lugares e ficamos sem areia.”

Esperândio nasceu no costão esquerdo da Armação. Aos 12 anos, mudou-se para a outra ponta da praia, onde havia apenas seis casas, cinco engenhos de farinha, um de cana e muitos metros de areia. O espaço, o da areia, foi se reduzindo pouco a pouco. Diferença que ficava visível todos os anos para Fernando Sabino. Hoje, é pescador. No passado, empresário nos Estados Unidos.

Ainda jovem, Sabino arrumou as malas e se mudou para o estado de Minnesota, onde fez carreira como engenheiro por quase 30 anos. Quando vinha passar as férias na Armação, praia onde veraneava na infância, media os metros de areia tomados pelo mar. De volta ao Brasil e a Florianópolis, não só trocou a engenharia pela pesca artesanal como ainda teve tempo de tentar salvar a praia. Procurou a prefeitura e o Ministério da Pesca. Sem resultado.

Até que em 2010 Florianópolis enfrentou três ciclones extratropicais. Os fenômenos intensificaram o avanço do mar, gerando ressacas que atingiram várias casas. Segundo a Defesa Civil, só na Armação, 21 moradias estão ameaçadas, cinco terminaram destruídas pela ressaca e outras cinco seguem parcialmente destruídas. No total, 80 habitantes foram diretamente atingidos pelas águas.

A ressaca terminou, mas a Armação permanece e as consequências podem se agravar daqui para a frente, atingindo em cheio quem dela sobrevive. “É uma comunidade de pescadores, só que hoje todo mundo aluga um quarto no verão, ou vende artesanato, ou tem um restaurante. Sem a praia, não teremos turistas, sem turistas, a renda cairá”, afirma Sabino, presidente da Associação dos Pescadores Artesanais.
Para tentar impedir o avanço do mar e a crise da comunidade, a prefeitura iniciou a construção de um enrocamento. Um muro de pedra com 1.750 metros de extensão, 12 metros de base inferior, 4 de base superior e altura média de 4 metros e meio onde antes ficava a faixa de areia. O curioso é que no costão esquerdo, a praia tem aumentado e não se reduzido.

Após o muro pronto, começarão os estudos de opções para reverter o processo de erosão extrema de uma forma definitiva. Uma opção é retirar areia do mar e reconstruir a faixa litorânea. Até lá, sem baleia e sem praia, Esperândio apenas observa o mar.

(Foto: Daniel Cardoso)


Fonte: CARTACAPITAL

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Ilustrando a matéria, com o que catei nos maus arquivos:

ARMAÇÃO (Ver BALEIA)


- O brigadeiro Silva Pais, o primeiro capitão, foi encarregado pela coroa portuguesa de fortificar a ilha de Santa Catarina. Foram construídas em poucos anos quatro fortalezas na entrada das baias norte e sul, entre a ilha e o continente (Anhatomirim - 1739, Ponta Grossa - 1740, Ratones -1740 e Barra do Sul - 1742) e mais tarde mais três junto a Desterro (1761-71). Assim, a ilha se tornou o lugar mais fortificado da parte meridional da América portuguesa. Ao mesmo tempo, a poucos quilômetros da maior fortaleza (Anhatomirim), foi edificada, a partir de 1742, a armação da Piedade, para obtenção de óleo de baleia, com enormes instalações marítimas e manufatureiras, propriedade do comerciante português Gomes Moreira, membro do Conselho Ultramarino, e sócios (1742-53) e depois concedida a outros grandes comerciantes portugueses, com Perez de Souza, Quintella, sucessivamente. Da ilha para o norte foram construídas outras armações: Lagoinha (1772), Itapocoroia (1778) e ilha da Graça (1807) e também para o sul: Garopaba (1795) e Imbituba (1796), como assinalou M. Ellis 14. –http://www.fundaj.gov.br

- PAULO JOSÉ MIGUEL DE BRITO - Memória Política sobre a Capitania de Santa Catharina, datada de 1829: (...) A pesca de baleias, e a extração do azeite destes cetáceos é outro ramo de indústria dos habitantes desta Capitania, e sem dúvida aquele que maiores interesses tem dado ao Estado; porém, acha-se em grande decadência, e cedo o veremos totalmente extinto, se quanto antes não se tomarem as convenientes medidas; Ao diante falarei neste importante assunpto. (...) Mais à frente, precisamente no item de nº 131, do seu importante trabalho, aduziu: (...) não se faz menção do rendimento do azeite das Baleias, cuja pesca está há anos administrada pela Fazenda Real, porque todo o azeite se remete para esta Corte, onde se vende tanto para consumo interior, como para exportação, e todo produto da venda entra para o Real Erário, quando, aliás, deveria entrar nos cofres da Capitania, como adiante direi. (...) Propondo, ainda o mesmo escritor, medidas para aumento da população e das rendas da nossa Capitania, escreveu: (...) 157. 1.a – Que a arrematação da pesca das Baleias, a dos Dízimos, e a de todos os mais rendimentos da Capitania se façam ali perante a sua Junta da Fazenda e não nesta Corte; 2.a – Que se arremate quanto antes a sobredita pesca que se faz nas seis armações, ora existentes em lugares diferentes da Costa da Capitania, antes que se extinga totalmente este importante ramos de indústria, o qual infalivelmente acabará dentro em pouco tempo, se continuar a ser administrado pela Fasenda Real. (...) 172. A última arrematação do contrato da pesca das Baleias foi feita por Joaquim Pedro Quintela pelo diminuto preço de quarenta e oito contos de réis por ano, em os doze que decorreram desde 1789 até 1801: fazia-se então a referida pesca nas Armações da Baía, Rio de Janeiro. Ilha de S. Sebastião, Bertioga, e Santa Catarina, onde se contavam cinco armações (...) (notar o contraste entre cinco e seis, antes noticiadas)



BALEIA (Ver ÂMBAR-GRIS, BALEEIRA, BALEEIRO, CACHALOTE, ESPADARTE, ESPERMACETE, JONAS, ÓLEO DE BALEIA e TURISMO DE OBSERVAÇÃO)

1931 24 de Setembro: Assinatura da Convenção sobre a Regulação da Pesca à Baleia, em Genebra. Entrou em vigor a 16 de Janeiro de 1935. A convenção prevê a punição das infracções à sua aplicação. O texto aplica-se às águas de todo o planeta, incluindo o alto mar e as águas nacionais dos países signatários.
http://www.oceanlaw.net/texts/whales31.htm
Neste ano são capturadas 40.199 baleias na Antárctica.

1946 2 de Dezembro: Convenção Internacional para a Regulação da Pesca à Baleia, em Washington. O objectivo é estabelecer regulamentos para a conservação da espécie e servir como uma agência de análise e publicação de informação científica relacionada com a pesca à baleia. 40 países contratantes. A 19 de Novembro de 1956 é assinado um Protocolo para a Convenção Internacional para a Regulação da Pesca à Baleia, estendendo a sua aplicação a novos métodos e aparelhos de captura e introdução da fiscalização.
Criação da International Whaling Commission que começa a regulamentar a caça à baleia. Este organismo atribui quotas a cada país membro sobre a quantidade de baleias a capturar, com base em negociações. Passado algum tempo, as populações das espécies começaram a declinar, uma vez que as quotas atribuídas eram muito elevadas

http://ecosfera.publico.pt/cronologia/1931_1940.asp

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- Na Ilha de SC – O historiador MANOEL JOAQUIM D’ALMEIDA COELHO – Memória Histórica D’Infantaria de Linha da Província de Santa Catharina – Typografia Catharinense/Fpolis-SC/1853, p. 16, informa que a pesca de baleas (balêas) em Santa Catharina rendia duzentos a trezentos cruzados por anno aos Contratadores e dez ao Estado – nota 23, de rodapé.

- Um excelente livro sobre a caça às baleias, na costa do Brasil, foi escrito por MYRIAN ELLIS - A baleia no Brasil colonial - Melhoramentos e Editora da Universidade de SP/1969. Ela noticia que a atividade de caça (pesca?) aos cetáceos em destaque, no Brasil, foi inciada em 1602, pelo Capitão Pêro de Urecha e um grupo de biscainhos (naturais de Biscaia – Espanha), no Recôncavo Baiano (p. 25)

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- LEI Nº 7.643, DE 18 DE DEZEMBRO DE 1987.

Proíbe a pesca de cetáceo nas águas jurisdicionais brasileiras, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Art. 1º Fica proibida a pesca, ou qualquer forma de molestamento intencional, de toda espécie de cetáceo nas águas jurisdicionais brasileiras.
Art. 2º A infração ao disposto nesta lei será punida com a pena de 2 (dois) a 5 (cinco) anos de reclusão e multa de 50 (cinqüenta) a 100 (cem) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN, com perda da embarcação em favor da União, em caso de reincidência.
Art. 3º O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de 60 (sessenta) dias, contados de sua publicação.
Art. 4º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 5º Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 18 de dezembro de 1987; 166º da Independência e 99º da República.

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- MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, DOS RECURSOS HÍDRICOS
E DA AMAZÔNIA LEGAL
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE
E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS

PORTARIA Nº 117, DE 26 DE DEZEMBRO DE 1996
(Alterada pela Portaria n° 24, de 8 de fevereiro de 2002)

O PRESIDENTE DO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA, no uso das atribuições previstas no artigo 24 da Estrutura Regimental anexa ao Decreto nº 78, de 5 de abril de 1991, e pelo artigo 83, inciso XIV, do Regimento Interno, aprovado pela Portaria GM/MINTER nº 445, de 16 de agosto de 1989, e o que consta do processo nº 02001.4424/90-25;

considerando a necessidade de reformulação da Portaria nº 2306, de 22 de novembro de 1990, que define normas para evitar o molestamento intencional de cetáceos em águas jurisdicionais brasileiras, de forma a possibilitar sua aplicação a toda espécie de cetáceo;
considerando a existência de diversas espécies de cetáceos que ocorrem regularmente no interior de Unidades de Conservação que permitem o acesso público e a necessidade de garantir sua adequada proteção contra o molestamento intencional;
considerando o crescente desenvolvimento do turismo voltado para a observação de cetáceos em águas jurisdicionais brasileiras e a necessidade de seu ordenamento, de forma a garantir a adequação desta observação às necessidades de conservação desses animais; resolve:

Art 1º - Fica definido o presente regulamento visando prevenir e coibir o molestamento intencional de cetáceos encontrados em águas jurisdicionais brasileiras, de acordo com a Lei nº 7643, de 18 de dezembro de 1987.

Art 2º - É vedado a embarcações que operem em águas jurisdicionais brasileiras:

a) aproximar-se de qualquer espécie de baleia (cetáceos da Ordem Mysticeti; cachalote Physeter macrocephalus, e orca Orcinus orca) com motor engrenado a menos de 100m (cem metros) de distância do animal mais próximo, devendo o motor ser obrigatoriamente mantido em neutro, quando se tratar de baleia jubarte Megaptera novaeangliae, e desligado ou mantido em neutro, para as demais espécies;
b) reengrenar ou religar o motor para afastar-se do grupo antes de avistar claramente a(s) baleia(s) na superfície a uma distância de, no mínimo, de 50m (cinqüenta metros) da embarcação;
c) perseguir, com motor ligado, qualquer baleia por mais de 30 (trinta) minutos, ainda que respeitadas as distâncias supra estipuladas;
d) interromper o curso de deslocamento de cetáceo(s) de qualquer espécie ou tentar alterar ou dirigir esse curso;
e) penetrar intencionalmente em grupos de cetáceos de qualquer espécie, dividindo-o ou dispersando-o;
f) produzir ruídos excessivos, tais como música, percussão de qualquer tipo, ou outros, além daqueles gerados pela operação normal da embarcação, a menos de 300m (trezentos metros) de qualquer cetáceo;
g) despejar qualquer tipo de detrito, substância ou material a menos de 500m (quinhentos metros) de qualquer cetáceo, observadas as demais proibições de despejos de poluentes previstas em Lei;
h) aproximar-se de indivíduo ou grupo de baleias que já esteja submetido à aproximação de, no mesmo momento, de pelo menos, duas outras embarcações.

Art 3º - É vedada a prática de mergulho ou natação, com ou sem o auxílio de equipamentos, a uma distância inferior a 50m (cinqüenta metros) de baleia de qualquer espécie.

Art 4º - Quando da operação de embarcações de turismo comercial no interior de Unidades de Conservação, nas quais ocorram regularmente a presença de cetáceos, caberá à Unidade em questão determinar:

a)o cadastramento das embarcações que operem regularmente na Unidade de Conservação, devendo constar o seu registro competente junto ao Ministério da Marinha, nome, tamanho, tipo de propulsão e lotação de passageiros da embarcação, bem como qualificação e endereço de seu responsável ou responsáveis;
b)o número máximo de embarcações cuja operação simultânea seja permitida no interior da Unidade de Conservação;
c)quando da existência de áreas de concentração ou uso regular por cetáceos, a(s) rota(s) e velocidade(s) para trânsito de tais embarcações no interior e/ou na proximidade de tais áreas.

Art 5º - Para a operação de embarcações de turismo comercial no interior de Unidades de Conservação nas quais ocorrem regularmente a presença de cetáceos, é obrigatória a provisão, em caráter permanente, de informações interpretativas sobre tais animais e suas necessidades de conservação, aos turistas transportados até aquelas Unidades.

Art 6º - Para efeito do disposto nesta Portaria, considera-se embarcação de turismo comercial aquela que transporta passageiros com finalidade turística, mediante pagamento.

Art 7º - É proibida a aproximação de quaisquer aeronaves a cetáceos em altitude inferior a 100m (cem metros) sobre o nível do mar.

Art 8º - O IBAMA, ouvido o Grupo de Trabalho Especial de Mamíferos Aquáticos, instituído pela Portaria nº 2097, de 20 de dezembro de 1994, poderá permitir, em caráter excepcional e restrito a aproximação de embarcações e aeronaves a cetáceos em condições distintas das estabelecidas nos art. 2º, 3º e 7º, exclusivamente para finalidades científicas.

Art 9º - Os infratores das normas estabelecidas nesta Portaria estarão sujeitos às penalidades determinadas pela Lei nº 7643, de 18 de dezembro de 1987, e demais normas legais vigentes.
Art 10º - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário, especialmente a Portaria nº 2306, de 22 de novembro de 1990.

EDUARDO DE SOUZA MARTINS
Presidente
(Publicada na Diário Oficial da União de 27 de dezembro de 1996, emendada pela Portaria n° 24/2002, assinada pelo então presidente do IBAMA, Sr. Hamilton Nobre Casara, e publicada no DOU 13 de fevereiro de 2002).

- MANOEL JOAQUIM D’ALMEIDA COELHO (major), in Memória Histórica da Província de Santa Catarina - Typografia Desterrense/Fpolis-SC/1856 (que pode ser encontrado na Biblioteca Pública de Florianópolis - catálogado sob o nº SC/OR 981.64 C 673), sobre a Pesca das Balêas (pág. 52 e seguintes), registrou que a atividade foi iniciada em 1746, quando implantado o estabelecimento industrial que emprestou nome à Armação da Piedade (hoje Município de Governador Celso Ramos), de propriedade do contratador THOMÉ GOMES MOREIRA, de Lisboa, que se associou a mais 7 portugueses, que atuaram aqui na região até 1777, tendo matado 523 baleias. Aduz o historiador que, nas regiões baleeiras de SC, em alguns anos, chegaram a ser mortos cerca de 1000 daqueles cetáceos. Acrescenta que a Armação da Lagoinha (Costa leste da Ilha de SC) foi estabelecida em 1772.

- Segundo Plutarco, César teria pronunciado a frase em grego: "anerríphtho ho ... Balaenas nobis conservandas sunt - As baleias devem ser preservadas por nós. ...
www.geocities.com/asterix_gaules/latim.htm - 23k

- Imagine ficar cara a cara com um gigante de até quarenta toneladas e mais de quinze metros de comprimento. O Projeto Baleia Franca, em Imbituba (SC), leva interessados e aventureiros para esse encontro inusitado. Mas ninguém precisa se apavorar diante dos gigantes dos mares. As baleias-franca (Eubalaena australis), que todo Inverno chegam ao litoral catarinense, são dóceis e brincalhonas, apesar do enorme tamanho. São tão pacíficas, que o barco de observação chega a menos de vinte metros delas.

Quando se aproxima o final do Verão, as baleias-franca nadam desde o Pólo Sul em direção ao Norte. Na Península Valdez, na Argentina, elas encontram seus companheiros para o acasalamento e, algumas semanas depois, no início do Inverno, chegam ao litoral de Santa Catarina para terem os filhotes, onde permanecem até outubro. O espetáculo no Brasil é maior ainda, com mãe e filho brincando e fazendo acrobacias para quem observa. E vê-las é bem fácil, basta "sair à praia".

É possível observar baleias por quase toda a costa catarinense, desde as praias próximas à capital Florianópolis até o Sul daquele estado. Mas o turismo de observação de baleias está organizado pelo Projeto Baleia Franca, com sede na pequena cidade de Imbituba, cerca de setenta quilômetros ao sul de Florianópolis. Nesta cidade havia um dos maiores abatedouros de baleias do Brasil. Com o turismo de observação, a cidade desenvolveu uma maneira de incentivar a preservação da espécie, que beirou a extinção. Além disso, o dinheiro desse turismo é uma das formas de manter as pesquisas em dia.

Berçário

Em Imbituba, a praia do Rosa é o berçário favorito para as baleias-franca. Uma pequena praia, de águas agitadas mas rasas, onde mamãe-baleia encontra as condições ideais para proteger o filhote, amamentar e ensiná-lo a se virar sozinho. Só depois de algumas semanas no berçário, mamãe e bebê seguem mar afora em direção às latitudes mais altas do Pólo Sul, de onde só vão sair para se reproduzirem novamente no ano seguinte.

As baleias franca sustentaram a colonização e o desenvolvimento do litoral de Santa Catarina. Os povoados começaram com a criação de abatedouros de baleias, como a Armação de Imbituba, criada por decreto real no século 18. Até o início da década de 70, as baleias eram mortas para fornecer óleo para iluminação, cosméticos e outros produtos - uma baleia adulta chega a ter uma capa de gordura de até cinqüenta centímetros. As estações baleeiras processavam a gordura em enormes caldeiras que hoje são ferro velho a céu aberto - o projeto tenta transformar a armação em museu.

A estação de Imbituba fechou as portas no início dos anos 70 - só no final desta década o Brasil assinaria o tratado internacional para o fim da caça à baleia. O motivo oficial do fechamento antecipado, ainda em 1973, foi a "falta de matéria-prima". Essa espécie de baleia também é chamada de "baleia certa", pois sua caça e abate eram fáceis e "certeiros". Por isso, chegou à beira da extinção e desapareceu do litoral catarinense, obrigando os caçadores a aposentarem os arpões e as indústrias a fecharem as portas. Mas essa época de matança ainda está presente na memória de muitos pescadores de Imbituba e Garopaba.

Arpões e dinamites

As baleias eram caçadas por barcos especialmente preparados e arpões de ferro lançados às vezes com a própria mão. Na ponta dos arpões, os caçadores amarravam bananas de dinamite e, quando enterravam a arma na grossa pele da baleia, acendiam os pavios e se afastavam esperando a explosão do animal. A baleia era amarrada a cabos de aço e arrastada até a armação, onde a gordura era processada nas caldeiras.

Hoje, a cidade vive a história de matança, mas de um outro ponto de vista. Toda essa época está registrada em fotos, livros e até em ossos de baleias nas casas de pescadores, mas agora, como forma de despertar nas novas gerações a consciência do respeito e da conservação. E muitos dos pescadores que sobreviviam da caça à baleia, hoje, são os primeiros a entrarem na água para ajudar alguma quando elas se enroscam nas redes ou encalham na praia.

Por Aray Nabuco – Fonte: http://www.terradagente.com.br

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- 07/08/2003 - 10h34
Islândia decide retomar caça científica de baleias
da Folha de S.Paulo

A Islândia anunciou ontem seus planos de retomar a caça às baleias para propósitos científicos. A decisão provocou críticas de organizações não-governamentais e de outros países que apóiam a moratória à caça.

Apesar disso, os islandeses declararam que pretendem caçar 38 baleias minke para estudos neste mês.

Islândia anuncia caça de baleias para "fins científicos"
Della Green, do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal, alertou que "não existe absolutamente nenhuma base científica para que essas baleias sejam assassinadas".
Washington - O governo islandês fez o inesperado anúncio de que tem planos de iniciar a caça de baleias com supostos fins científicos, desencadeando uma série de críticas de grupos ambientalistas e de outros países. "Somos contrários a isso. Estamos decepcionados", disse Rolland Schmitten, delegado americano da Comissão Internacional de Caça de Baleias. "Não se trata de um conhecimento relevante. É desnecessário."
Em Londres, o secretário do governo britânico para pesca, Ben Bradshaw, disse que o governo de seu país também considera desnecessária a postura da Islândia. "A alegação islandesa é totalmente injustificável", declarou.
Della Green, do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal, alertou que "não existe absolutamente nenhuma base científica para que essas baleias sejam assassinadas".
Apesar da moratória internacional para a matança comercial de baleias, os países não precisam de permissão para conduzir pesquisas científicas com baleias. Mesmo assim, os governos apresentam seus planos para a comissão. A Islândia o fez recentemente e teve seu pedido rejeitado.
Associated Pres

Rainbow Warrior fará campanha contra a retomada da caça às baleias na Islândia

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15.8.2003 - Amsterdã, Holanda

O navio símbolo do Greenpeace, Rainbow Warrior, segue desde a noite de 13 de agosto rumo à Islândia, para juntar-se às organizações locais na luta contra a caça às baleias Minke. No dia 8 de agosto, o governo islandês anunciou a retomada de seu programa baleeiro “científico”. Em seu website, entretanto, o Ministério da Pesca da Islândia declara abertamente que pretende reativar a pesca comercial de cetáceos em 2006.

“A Islândia lucra mais com a observação de baleias do que com a caça, e deveria fazer tudo o que pode para proteger essas baleias em seus mares”, disse o diretor do Greenpeace Internacional, Gerd Leipold, que esteve com o Rainbow Warrior no país há 25 anos. “A caça às baleias é parte do passado do país, e deve permanecer assim”.

O Rainbow Warrior está atualmente no Mar Mediterrâneo, e deve chegar à costa islandesa em duas semanas. A primeira viagem do navio do Greenpeace, em 1978, teve como destino justamente a Islândia, com o fim de atuar contra os baleeiros comerciais.


Saiba mais sobre a caça de baleias na área da campanha de oceanos nosso site.

Fonte: GREENPEACE.


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- LAS BALLENAS, PRESENTE Y FUTURO - En los últimos años, las grandes ballenas han pasado a convertirse en un símbolo de la lucha contra la degradación de la naturaleza y contra la desaparición de especies animales. Hoy en día es difícil que alguien no sepa que estos majestuosos animales han sido cazados sin tregua colocando algunas de sus especies y poblaciones al borde de la extinción.

La palabra "ballena" es un término ambiguo que ha sido utilizado para designar a todos los cetáceos. Aunque es difícil poder delimitar que especies deben estar bajo este nombre y cuales no, cuando se habla de caza y ballenas, tan sólo se observan como tales a la mayoría de las especies de gran tamaño. La Comisión Ballenera Internacional (CBI), único órgano internacional reconocido por Naciones Unidas para gestionar estos animales, designó a once especies de cetáceos como ballenas, que van desde la gigantesca ballena azul, de más de 30 metros, hasta la ballena enana de poco más de 6 metros.

Prácticamente, toda la problemática actual sobre la caza de ballenas se centra en la conveniencia o no de explotar las poblaciones que aún sobreviven de estas especies. Según la industria ballenera, aún se puede continuar con la caza de algunos ejemplares sin poner en peligro su supervivencia, pero la historia de los países balleneros (principalmente Japón y Noruega) de violaciones de los tratados internacionales y excesos en los cupos de capturas, hace que estas declaraciones inspiren poca confianza.

En 1986 entró en vigor la moratoria internacional a la caza comercial de ballenas, desde entonces, los países interesados en continuar con la caza han buscado todo tipo de argumentos. Nombres como "caza ballenera a pequeña escala" o "caza científica" han sido utilizados para denominar lo que no es otra cosa que la continuación de la matanza de ballenas. La "caza científica" ha sido desaconsejada por diferentes foros científicos internacionales como el Comité Científico de la CBI o la Unión Internacional para la Conservación de la Naturaleza (UICN). Desde 1992, año en que Noruega sorprendió a la comunidad internacional anunciando que reiniciaba la caza comercial de estos animales, sus balleneros no han conseguido nunca alcanzar las cuotas fijadas, a pesar de la pretendida "superabundancia" de estos animales.

Noruega no es el único país del mundo que realiza caza comercial de ballenas desafiando los acuerdos internacionales que impiden la captura de estos animales y otorgándose las cuotas ellos mismos, sin la autorización de la Comisión Ballenera Internacional (CBI). Japón, por su parte, continúa con la fuertemente criticada "caza científica" de ballenas tanto en el Océano Antártico como en el Pacífico Norte.
Los productos conseguidos por medio de esta actividad "científica", tales como grasa y carne, son vendidos en los mercados japoneses. Como ejemplo, Japón en la temporada 95/96 consiguió 1.995 toneladas de carne de ballena que alcanzó un precio de primera venta de 3.500 millones de yenes (cerca de 5.000 millones de pesetas), precio que puede verse triplicado al llegar al consumidor. Noruega, que hasta hace poco no ha podido dar salida a las toneladas de grasa de ballena que desde 1986 se encuentran acumuladas en almacenes noruegos, ha anunciado recientemente que comenzará a venderla a Japón, a pesar de la prohibición internacional que pesa sobre su comercio.

Actualmente todos los productos que son extraídos de la ballena pueden ser fácilmente sustituibles, por lo que dicha caza es hoy en día totalmente innecesaria.

Pero hay otras amenazas a las que se enfrentan las ballenas. El vertido de sustancias tóxicas termina por alcanzar a las ballenas, acumulando grandes cantidades de contaminantes en sus cuerpos. Otras son víctimas de vertidos de crudo o mareas negras. La sobrepesca de algunos stocks de peces, la destructividad y poca selectividad de algunos métodos de pesca y la comercialización del "krill", alimento base de las ballenas antárticas, suman nuevos peligros a los que habitualmente han acosado a estas especies.

Greenpeace demanda la creación de un santuario global de ballenas, que pasa necesariamente por la prohibición definitiva de su caza. Actualmente existen dos santuarios, uno en su zona de cría del Océano Indico (creado en 1979) y otro en el Océano Antártico (creado en 1994), donde acuden a alimentarse. Países como Australia, Nueva Zelanda y Brasil han propuesto la inclusión del Pacífico Sur y Atlántico Sur. Si esta propuesta fuera aprobada, sería un gran paso adelante hacia la creación de ese santuario global.


- A baleia é uma besta enorme e tem de cem a duzentos côvados. Por ser essa costa cheia de muitas baías, enseadas e estreitos, acode grande multidão delas a estes recôncavos, principalmente de maio até setembro, quando parem seus filhos. Às vezes vêm quarenta a cinqüenta juntas. Têm o toutiço furado e por ele resfolegam e botam grande soma d’água, e assim a espalham pelo ar como se fosse chuveiro. A baleia permanece tanto tempo em um mesmo lugar que sobre seu costado crescem arbustos e ervas. Os navegantes, em sua ignorância, fundeiam ao seu lado pensando estarem na orla de uma ilha. Depois acendem fogo em cima dela para preparar sua comida e, quando o monstro sente o calor, submerge ao mais profundo do mar e arrasta consigo a nave e todos os marinheiros. A baleia significa o mundo e os marinheiros são os homens, mas não passam estes de uns tolos, pois ignoram que tudo é efêmero e desconhecem que, se um dia estamos sobre as ondas, no outro podemos afundar - COSME FERNANDES - Liber monstrorum de diversis generibus - citado por JOSÉ ROBERTO TORERO e MARCUS AURELIUS PIMENTA – Terra Papagalli – Editora Objetiva/RJ/2000, pág. 116.
Há certa semelhança entre o que se fala sobre acender fogo em cima de baleia e a biografia do sábio talmúdico babilônio RABA BAR CHANA, que viveu no século XIII, segundo ALAN UNTERMAN - Dicionário Judaico de Lendas e Tradições - Jorge Zahar Editor/RJ/1997, pág. 216, senão vejamos: (...) Ele deparou um peixe gigantesco, tão grande que os marinheiros pensaram ter chegado a uma ilha e começaram a cozinhar a comida sobre as costas dele, até o calor fazê-lo virar-se. Outro peixe de dimensões enormes morreu e foi arrastado para a praia. Nesse processo ele destruiu sessenta cidades portuárias, e um dos olhos do peixe forneceu trezentos jarros de óleo. Ainda outro peixe desse tipo tinha duas barbatanas tão afastadas uma da outra que um navio levava três dias para navegar de uma barbata à outra enquanto o próprio peixe nadava na direção contrária.

- (...) avistaram uma baleia, o que é sinal de proximidade de terra, porque elas sempre andam por perto da costa. (...) - CRISTÓVÃO COLOMBO - Diário da descoberta da América - L&PM Editores/SP e RS/1998, pág. 42.

- Foi introduzida a indústria da pesca da baleia em 1603 no nordeste do Brasil. A estrutura da pequena vila da armação foi aproveitada, a fim de criar um posto de mastreação e velame (provavelmente clandestina, de corsários, pois a primeira armação legal da região foi instalada em 1729 em São Sebastião com monopólio do governo português) para embarcações pesqueiras de baleias.

- Frei SANTA RITA DURÃO - Caramuru - Livraria Martins Fontes Edit. Ltda/SP/2001, pág. 230 e seguintes, versejou sobre a espécie, em termos bastante interessantes:

(...) De junho a outubro para o mar se alarga,/Qual gigante marítimo, a baleia,/Que palmos vinte e seis conta de larga,/Setenta de comprido, horrenda e feia:/Oprime as águas com a horrível carga,/E de oleosa gordura em roda cheia,/Convida o pescador que ao mar se deite,/Por fazer, derretendo-a, útil azeite. Tem por espinhas ossos desmarcados,/O ferro as duras peles representam,/Donde pendem mil búzios apegados,/Que de quanto lhe chupam se sustentam:/Não parecem da fronte separados/Os vastos corpos na areia assentam,/Entre os olhos medonhos se ergue a tromba,/Que ondas vomita como aquátil bomba. Na boca horrível, como vasta gruta,/Doze palmos comprida a língua pende,/Sem dentes, mas da boca imensa e bruta/Com elas para o estômago transmuta/Quanto por alimento n’água prende,/O peixe ou talvez carne, e do elemento/A fez imunda, que lhe dá sustento. Duas asas nos ombros tem por braços,/Que aos lados vinte palmos se difundem,/Com asa e cauda os líquidos espaços/Batendo remam, quando o mar confundem:/e excitando no pélago fracassos,/Chorros d’água nas naus de longe infundem;/E andando o monstro sobre o mar boiante,/Crê que é ilha o inexperto navegante. Brilha o materno amor no monstro horrendo,/Que, vendo prevenida a gente armada,/Matar se deixa n’água combatendo,/Por dar fuga, morrendo, à prole amada:/Onde no filho o arpão caçam metendo,/Com que atraindo a mãe dentro à enseada,/Desde a longa canoa se alanceia,/Ao lado de seus filhos a baleia. (...).

- Frei VICENTE DO SALVADOR (História do Brasil - Edições Melhoramentos/SP/1954, pág. 67), refere-se à circunstância de as baleias lançarem à costa muito âmbar do que do fundo do mar arrancam quando comem, e conhecido na praia porque aves, caranguejos e quantas coisas vivas há acodem a comê-lo.

- JOSÉ ANTONIO (BONIFÁCIO) DE ANDRADA E SILVA (o Patriarca da Independência), homem letrado (que teve o privilégio de cursar várias faculdades em Portugal), escreveu Memória sobre a pesca de baleias e a extração do seu azeite, co algumas reflexões a respeito de nossas pescarias. Na Ilha de SC e continente fronteiriço, a atividade de pesca de baleia e produção de óleo para a construção civil chegou a ser significativa, vindo a minguar por concorrência/interferência de interesses ingleses, segundo os historiadores.

- Sobre a pesca da baleia em Portugal, notadamente no arquipélago de Açores, vale consultar a obra de RIOPARDENSE DE MACEDO, intitulada Porto Alegre/História e vida da Cidade – Editora URGS/1973, págs. 17 e seguintes. Ali aparece, inclusive, a figura que denominamos vigia, que o escritor chama de atalaia.

- Tradicionalmente é chamado assim o monstro marinho Ketos (em latim “Cetus”que o herói Perseu mata para libertar a filha do rei, Andrômeda; por analogia, na Bíblia, com esse nome se entende o “grande peixe” do livro de Jonas, que engole o profeta. “Jonas permaneceu nas entranhas do peixe três dias e três noites. Então orou ao Senhor...Então o Senhor falou ao peixe e este vomitou Jonas sobre a terra firme (Livro de Jonas 2). Em Mateus 12,40, o episódio bíblico é interpretado como “premonição” da ressurreição de Jesus: “Pois como Jonas esteve no ventre do monstro marinho três dias e três noites, assim ficará o Filho do Homem três dias e três noites, assim ficará o filho do Homem três dias e três noites no seio da terra”. Este trecho da Sagrada escritura é interpretado reiteradamente como símbolo universal da ressurreição dos mortos e deste modo representado artisticamente. – Na lenda marinha de São Brandão (“Navigatio Sancti Brandani”) encontra-se o motivo dos monges navegantes que, à maneira de Simbad, atingem a costa sobre o dorso do monstro marinho cresce até mato, e “por esse motivo os marinheiros acreditam que se trate de uma ilha, atracam nele suas embarcações e acendem fogueiras, mas assim que o animal sente o calor, imerge repentinamente na água, precipitando a embarcação no abismo”(coisa que foi poupada a São Brandão e seus confrades). ‘O mesmo ocorre também àqueles homens que não conhecem nada a respeito da astúcia do demônio...Esses serão atirados junto com ele às profundezas do abismo do fogo infernal”. Conta-se também que da boca aberta da baleia exala um perfume (cf. Pantera), com o qual atrai os peixes para devorá-los. “O mesmo acontece com aquele que não possui uma fé sólida, se abandona a todos os prazeres, seguindo todas as tentações, e que se verá engolido repentinamente pelo diabo” (F. Unterkircher, 1986, Bibl. 14). - HANS BIEDERMANN - Dicionário ilustrado dos símbolos – Cia Melhoramentos de SP/SP/1994, pág. 50 e 51.

- Ver HUGO SCHLESINGER e HUMBERTO PORTO - Dicionário Enciclopédico das Religiões – Edit. Vozes Ltda/Petrópolis-RJ/1995, vol. A-J, p. 314.

Baleia Cachalote

Physeter macrocephalus
Características principais: O maior cetáceo com dentes, é distinto, e difícil de ser confundido com outras espécies. A principal característica do cachalote é a sua cabeça grande retangular, que corresponde até 40% do seu comprimento total. Sua coloração é escura uniforme, indo do cinza ao marrom. A pele do cachalote é enrugada, principalmente na parte posterior do corpo.
Tamanho: Os filhotes nascem com 3,5 a 4 metros. Fêmeas adultas atingem 12 metros e os machos 18 m.
Peso: O peso médio do macho é de cerca de 45 toneladas, e o da fêmea 20 ton.
Gestação e cria: Aproximadamente onze meses. Nasce apenas uma cria, pesando cerca de 1 tonelada.
Alimentação: Variedade de peixes, lulas e polvos.
Distribuição: Desde os trópicos até as bordas dos packice em ambos hemisférios, porém apenas os machos aventurma-se a atingir as porções extremas do norte e sul de sua distribuição.
Ameaças: Por causa de seus caros produtos, como o espermacete e o âmbar-gris, o cachalote tem uma das mais antigas e contínuas histórias de exploração entre os cetáceos. As redes de deriva de alto mar, são outro problema para o cachalote, que acidentalmente se emalham nestas redes.

Baleia Orca
Falsa Orca
Baleia de Barbatanas
Baleia Jubarte
Bicuda de Cuvier
Cachalote Anão
Baleia Minke
Baleia de Bryde



BALEIA FRANCA

A Baleia Franca

Podendo chegar a 18 metros de comprimento e pesar umas 40 toneladas, a Baleia Franca (que tem por nome científico Eubalaena australis) difere de outras espécies de baleias por ter o corpo todo negro, à exceção de uma mancha branca na barriga, e apresentar “verrugas” branco-amareladas na cabeça. Essas “verrugas” nascem com cada baleia franca e são diferentes de um indivíduo para outro, permitindo aos pesquisadores conhecer “pessoalmente” várias delas e assim estudar sua reprodução e suas migrações.
A cauda muito larga, a nadadeira peitoral em formato de trapézio (meio "quadrada") e o "esguicho" em forma de "V", bem visível quando a baleia respira (na verdade é o ar quente que sai rápido dos pulmões, e não água), também são características que ajudam a identificar essa espécie de baleia.
É claro que, sendo animais de sangue quente e que amamentam seus filhotes, as baleias e seus "parentes", os botos e golfinhos - não são peixes, mas sim mamíferos.

BALEIA JUBARTE


- A baleia jubarte (Megaptera novaeangliae), também chamada baleia corcunda ou preta, pertence a família Balaenopteridae e é conhecida por seu temperamento dócil, pelas acrobacias que realiza (saltos, exposição de cabeça e nadadeiras, etc.) e por um desenvolvido sistema de vocalização.
Uma característica marcante da espécie são as nadadeiras peitorais extremamente longas, que atingem quase 1/3 do comprimento total do corpo. As fêmeas, um pouco maiores que os machos, podem alcançar 16 m de comprimento e pesar 40 toneladas. Quando em fuga deslocam-se a velocidades de até 27 km/h.
As jubartes realizam migrações sazonais entre áreas de alimentação em altas latitudes, e área de reprodução e cria em regiões tropicais.
No Atlântico Sul Ocidental, a principal área de reprodução desta espécie é o Banco dos Abrolhos, no litoral sul da Bahia. Nos meses de julho a novembro, estas baleias procuram as águas quentes, tranqüilas e pouco profundas de Abrolhos para acasalar e dar à luz a um único filhote, que nasce após uma gestação de aproximadamente 11 meses.
A caça indiscriminada reduziu drasticamente quase todas as populações de baleias do planeta. As baleias jubarte, cuja população mundial antes da caça era cerca de 150.000 indivíduos, hoje está estimada em quase 25.000 baleias distribuídas em todos os oceanos. Elas se encontram na Lista Oficial de Espécies Ameaçadas de Extinção do IBAMA.

BALEIA NARWAL

- Nome científico: Monodon monoceros - Família: Cetáceos - Subfamília: Monodontinae O Narwhal pertence à classe dos mamíferos e à família dos cetáceos como as baleias e golfinhos. O macho tem um longo dente em forma de chifre espiralado que normalmente não aparece nas fêmeas. Este dente modificado pode atingir de 1.5 a 3.0 m de comprimento. Estudos sugerem que machos se ocupem de comportamento agressivo ao competir pelas fêmeas. Foram achadas cicatrizes atribuídas a ação destes dentes nas cabeças de machos adulto.
O Narwhal compartilha muitas características físicas com a Beluga (Delphinapterus leucas). Eles são semelhantes em forma e tamanho. Eles têm bicos curtos, cabeças arredondadas, faltam barbatanas dorsais e tem uma camada grossa de gordura. Um Narwhal adulto atingirá um comprimento entre 4 e 5 m, pesando de 0.8 a 1.6 toneladas.
A cabeça do Narwhal é proporcionalmente pequena com uma testa bulbosa. Enquanto quase todos os machos desenvolvem um único dente no lado esquerdo da mandíbula superior, apenas 3% das fêmeas desenvolve um dente pequeno. Todos têm um bico muito leve e nadadeiras curtas.
O Narwhal mora principalmente no Ártico Alto, freqüentemente entre a banquisa e a praia. Há concentrações grandes no Davis Strait, ao redor de Baffin Bay e no Mar de Groenlândia. O Narwhal raramente é achado ao sul de 70 graus de latitude norte.
O Narwhal tem uma dieta variada entre lulas, peixes e crustáceos. Com poucos dentes funcionais este animal tem que usar a sucção e a emissão de um jato de água para desalojar as presas. Seu pescoço altamente flexível ajuda no esquadrinhando da área e na captura da presa.
Embora o Narwhal seja atacado por ursos-brancos, morsas, orcas e tubarões, seu inimigo principal é o homem. Foi caçado durante séculos pelo seu dente e carne. Sua pele grossa é delicada e a gordura é utilizada para aquecer e iluminar. No distrito de Thule são ainda arpoados de caiaque mas a maioria dos caçadores modernos usa barcos de motor rápidos e rifles.
O total mundial de baleias Narwhal gira entre 25.000 e 45.000 animais.

BALEIA RARA

Quinta, 26 de dezembro de 2002, 14h23
Japão diz ter encontrado baleia de espécie rara

Uma baleia que morreu depois de encalhar em uma praia no sudoeste do Japão há cinco meses pode ser de uma espécie bastante rara. Pesquisadores do Museu de Ciências Naturais de Tóquio afirmaram que a baleia fêmea de 6,5 metros de comprimento, encontrada em julho na costa de Kyushu, principal ilha do sudoeste do Japão, foi identificada como uma baleia-bicuda-de-Longman.
Esta foi a primeira descoberta de uma baleia desta espécie no Japão e a sétima no mundo. Os pesquisadores levaram vários meses para identificar a baleia depois de conduzir exames de DNA do esqueleto e de amostras de tecido da baleia. Eles disseram que as seqüências de DNA de tecido epidérmico combinaram com a de um exemplar preservado da espécie na Universidade de Auckland, na Nova Zelândia. Ainda se sabe muito pouco sobre este raro animal.
Reuters

- Ballena, em espanhol, como se pode inferir de BARTOLOMÉ DE LAS CASAS – Historia de Las Indias – Fondo de Cultura Eonomica/México/1995 – vol. I, p. 186 (Cap. XXXVI – último parágrafo).

BALEOTE

- Ou BALEIOTE? Filhote de baleia.


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LARS CHRISTENSEN

- (…) magnata norueguês da caça à baleia (…) –ALFRED LANSING – A incrível viagem de Shackleton – Editora Sextante (GMT Editores Ltda)/RJ/2004, p. 29. Na mesma obra e página, consta, ainda, que o mesmo cidadão organizava expedições para caça aos ursos polares no Ártico e que esse tipo de expedição era cada vez mais popular entre gente rica.

Um comentário:

Anônimo disse...
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