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sábado, 31 de dezembro de 2022

Oposição venezuelana acaba com "governo interino"

Maioria dos opositores vota para destituir Guaidó, encerrando assim tentativa de remover Nicolás Maduro do poder. 
Governo paralelo chegou a ser reconhecido por mais de 50 países.


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A oposição na Venezuela decidiu nesta sexta-feira (30/12) acabar com o "governo interino" de Juan Guaidó – órgão que recebeu o reconhecimento dos Estados Unidos, da União Europeia, e de vários países. Dezenas de ex-apoiadores de Guaidó votaram a favor da destituição do engenheiro de 39 anos e da instalação de comitê para supervisionar as próximas eleições presidenciais.

Numa sessão virtual que durou quatro horas, por 72 votos a favor, 32 contra e cinco abstenções, os deputados opositores votaram para acabar com o governo interino e para estender por mais um ano a existência do parlamento opositor eleito em 2015 e cujo mandato venceu em 2021.

Dos quatro grandes partidos da oposição que apoiaram em 2019 a autoproclamação de Guaidó como presidente interino da Venezuela, apenas o próprio partido de Guaidó não votou para acabar com o governo paralelo.

Os ex-parlamentares do Primeiro Justiça (PJ), Ação Democrática (AD) e Um Novo Tempo (UNIT), reunidos virtualmente, ratificaram esta decisão – que já tinha sido aprovada em discussão na semana passada.

Na mesma sessão, os opositores concordaram em manter ativa a Assembleia Nacional eleita em 2015 – que não reconhece a legitimidade da legislatura instalada em 2021, com uma retumbante maioria pró-governamental – e criar um comitê para supervisionar os ativos do país no exterior.
Guaidó: decisão enfraquece oposição

Com a destituição, terminam os esforços da oposição liderada por Guaidó, que há quase quatro anos promoveu uma tentativa frustrada de remover o presidente Nicolás Maduro do poder.

Antes da votação, Guaidó advertiu que a eliminação do autoproclamado governo interino representaria um "salto no vazio", motivo pelo qual apelou aos membros destes quatro partidos para que defendessem a "institucionalidade" da luta da oposição representada na figura do "governo interino" acima de "nomes e interesses pessoais".

Depois da votação, Guaidó afirmou que a decisão enfraquece a unidade da oposição da Venezuela. "Eliminar um instrumento constitucional não nos coloca numa posição melhor", ressaltou.

Segundo Guaidó, a tarefa que se segue é a de recompor a unidade contra governo de Maduro, antes das eleições primárias marcadas para o próximo ano, na qual um candidato da oposição será escolhido para enfrentar o partido no poder nas eleições presidenciais de 2024.
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Governo interino

Em 2018, Maduro foi reeleito presidente da Venezuela, após um pleito marcado por irregularidades, no qual os principais nomes da oposição foram impedidos de se candidatar. A Assembleia Nacional da Venezuela, eleita em 2015 e de maioria opositora, não reconheceu o resultado das eleições.

Ao lado de membros da oposição, Guiadó proclamou um governo interino no final de janeiro de 2019, com base na sua interpretação de vários artigos da Constituição, e protegeu, em sua posição de chefe do Parlamento, o único corpo que era controlado pela oposição. O "governo interino" deveria funcionar até que eleições livres fossem realizadas depois da renúncia de Maduro.

Os Estados Unidos, a União Europeia e mais de 50 países, que rejeitaram o novo governo de Maduro e contestaram o resultado das eleições, reconheceram de imediato Guaidó como o presidente interino da Venezuela. Os ativos congelados da Venezuela no exterior foram liberados para o "governo interino".

Logo após assumir o governo paralelo, Guaidó promoveu grandes protestos, que atraíram milhares de venezuelanos. Maduro, porém, não renunciou e permanece até hoje no poder.
Falta de apoio

Mesmo com os grandes protestos e a grave crise econômica, a oposição liderada por Guaidó não conseguiu obter apoio dos militares e do judiciário e Maduro reforçou ainda mais seu controle sobre as instituições.

Em janeiro de 2021, a União Europeia retirou o reconhecimento de Guaidó como "presidente interino" do país sul-americano. Apesar da retirada europeia, países como Estados Unidos, Brasil e Reino Unido ainda continuam a considerar Guaidó como presidente interino do país.

Sem instituições locais, os venezuelanos também foram deixando de apoiar o "governo interino". Uma pesquisa de opinião recente mostrou que apenas 6% dos venezuelanos votariam em Guaidó se ele se candidatasse a presidente na próxima eleição.

cn (Efe, Lusa, DW)

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