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Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

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segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Ano eleitoral

2024 será mais um ano em que ocorrerão escolhas para ocupação de cargos de Prefeitos e vereadores.

Como alguém já disse sobre anos eleitorais:  "É ano de eleições (...), isto quer dizer, que em todo o império é ano de lutas desabridas, de intrigas, de embus­tes, de vexações, de calúnias, de trapaças, de transações, adulações, combinações, coalizões, etc., etc.; é ano enfim de que foi dito, que — ficam suspensas as garantias da honra, e da probidade".

Já cantou  MARCELINO ANTONIO DUTRA, um  catarinense do Ribeirão da Ilha, que a "elite" catarinense apelidou "o poeta do brejo", em 1847, no poema "Assembléia das Aves":

Adeus ternas amizades,/Boa fé, leda harmonia,/Quietação doce, e mais doce/Inocência de algum dia.

Pairam nuvens de discórdia/Sobre o sítio encantador,/Ninguém mais de ser escapa/Delatado ou delator. (...)


Se uma boca só que mente,/Muito mal faz produzir,/Que de males não resultam/De cem bocas a mentir?


Traduzindo alguns versos, alguém concluiu significarem: (...) uma multidão de demandas, enredando os povos em tal labirinto de chicanas, que em breve será uma espécie de guerra civil.

Com efeito, nos processos eleitorais, entram em ação advogados inescrupulosos - bem pagos ou visando cargos para si ou apaniguados -, bem como promotores de justiça, dedicando-se a proferir acusações levianas, sem provas cabais, meras cogitações, fruto de imaginação fértil, de modo a macular a imagem do adversário perante a opinião pública,  sabendo que encontrarão eco em magistrados ativistas, cooptados por essa ou aquela ideologia. Os recursos contra decisões de todos os graus não faltarão, até que se esgote qualquer possibilidade de reverter as decisões adversas. 

Sempre foi assim e nunca mudarão os procedimentos temerários, maculados por inescondível má-fé (improbus litigator), nunca efetivamente punidas, ao argumento de que é preciso, em nome da democracia, assegurar o mais amplo contraditório e a ampla defesa. 

No tempo de MARCELINO, debatiam-se  liberais e conservadores,  judeus e cristãos. 

E hoje, é diferente? 

Liberais (assim se travestiram os conservadores e defensores do capitalismo mais rançoso) e  "comunistas" (como são os rotulados os que ousam opor-se aos primeiros) irão às últimas consequências, nessa pantomima que chamamos eleições, para escolha de "representantes", que serão mandatários de interesses escusos, nunca, efetivamente, dos interesses populares. 

Eleitos, os administradores e legisladores converter-se-ão, no fundo, em marionetes, manipulados por grupos dominantes (principalmente do sistema financeiro internacional) e o povo, mesmo que faça barulho como um bando inconsolável de quero-queros (para usar a imagem preferida do poeta do brejo), nada conseguirá de significativo. Ilusões serão vendidas, promessas sempre serão esquecidas. 

Nossos votos, bem no fundo, só servem para legitimar o sistema urdido por cabeças maldosas. Doce ilusão aquela de que, votando, podemos melhorar o sistema. O Estado continuará repressor, defensor do status quo, principalmente aqui na nossa conservadora (até no nome) Santa Catarina.


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