ESPERANÇAS DE ATEU
06/07/2009.
Políticos e religiosos
Vindos de cima ou de baixo,
Conluiam-se, impiedosos,
E fazem do povo capacho.
Abusam da boa fé,
Exploram a credulidade,
Estelionatos praticam,
Sem limite pra maldade.
Bando de inescrupulosos,
Gente má, pior que cobra,
Com seus artigos de fé,
A cerviz do povo dobra.
Dominam o rico e o pobre,
Letrados e ignorantes,
Fazem de todos fantoches,
Civis e mesmo almirantes.
Botam freio e submetem
A consciência geral
Debocham da inocência,
São a encarnação do mal.
Mas, um dia o chumbo salta
Para cima da cortiça,
E o povo, desperto, brada,
Com as próprias mãos faz JUSTIÇA.
-===-=-
HUMANAS ILUSÕES
(04/2009)
Que tanto te empolga, mulher?
Tua juventude fugaz?
Esqueceste-te de que em breve,
Beleza não mais terás?
Que tanto celebras, atleta?
A tua glória, que é vã?
Te olvidaste de que fama
Não mais terás amanhã?
Político, por que arrotas,
O teu poder temporal?
Se, o povo, de fato, te vê
Como a encarnação do mal?
Financista, que te apegas
Com tanto ardor ao dinheiro,
Não sabes que teu final
É apodrecer, por inteiro?
Juiz, por que aparentas
Que és santo e infalível?
Se, no íntimo, reconheces
Que ser perfeito é impossível?
Padre, por que, do altar,
Deus estás a propagar,
Se sabes que tal hipótese,
Jamais poderás provar?
Humano, por que cogitas,
Te atribuir importância,
Se tudo que há na terra
Padece de inconstância?
--=-=-=-=
ABANDONADA
Às mães "largadas"
Maio/2009
Te vira, mulher valente,
Cria teus filhos, sozinha.
Teu homem se acovardou
Foi p’ro corso qual tainha.
Deu no pé, puxou o carro
Aquele macho infantil,
Enganou-te, o sem vergonha,
Disse querer-te e fugiu.
Um dia te recuperas,
Desse tombo te levantas!
Amor fugaz acontece,
Mas esse golpe suplantas.
As desgraças desta vida,
Como tudo o mais, se acabam.
Não desiste, persevera,
Teus filhos de ti se gabam.
És mulher, mãe, heroína,
Ninguém te supera em amor,
É pena que a vida exija,
Junto com aquele a dor.
-=-=-=-=
SUPREMO DESEJO
1973
Quero a oportunidade,
Da verdade
Saber tudo a teu respeito,
O teu jeito
Dos teus olhares furtivos,
os motivos
Desvendar os teus temores,
teus terrores
Sondar os teus pensamentos,
e sentimentos
Marca um dia, escolhe a hora,
Mas que seja... AGORA!
-=-=-=-=
TEMPOS RUDES
05/2009.
De pais tresloucados,
sempre faltos de razão,
saem filhos desbocados,
sem nenhuma educação.
No coletivo lotado,
avulta o palavrão,
p’ra horror dos sossegados,
que reagem, em proporção.
É farta a bandalheira,
a irritar os ouvidos,
da sã gente brasileira
que ainda possui pruridos.
Moços e moças bonitos,
empatam em vulgaridades
e dos tempos de respeito,
chego até a ter saudades.
E olha que não me tenho
por pudico, nem boçal,
mas, ouvido não é pinico,
e rudezas fazem mal.
-=-=-=-
Açoriano
- 1980 -
Sou filho de pescador
de tainha e camarão.
À noite uso tarrafa,
de dia rede "arrastão".
"Conduto" tiro do mar,
sustento vem do feijão,
que misturo com farinha,
fazendo meu bom pirão.
Família tenho bem grande,
pois, mulher nunca rejeito.
Nas horas de aperto,penso:
"Deus haverá de dar jeito".
Sou homem a Ele temente,
creio em reza e oração.
Vou a missas e novenas,
via sacra e procissão.
Benzedura é que me cura,
o corpo e o coração,
cobreiro, zipra, zipela,
mau olhado e zipelão.
Adoro farra de boi,
baile de gaita e violão,
pelada de futebol e
samba regeito não.
Bebida minha é cachaça,
pinga branca, brasileira,
feita de cana de açúcar,
sem mistura estrangeira.
Eu pito fumo de corda,
em palha ou papel enrolado,
mas, também uso cachimbo,
onde o fumo vai picado.
Da pobreza eu só reclamo
porque tenho consciência
que fome é desnutrição,
foco de muita doença.
Meus filhos magros, pequenos,
precisam de tratamento
que não tenho onde buscar,
pois mal ganho pro sustento.
Preciso mudar as coisas,
fazer justiça de macho.
Humilha pedir ajuda,
E suplicar cá de baixo.
Um dia crio coragem,
Esqueço Deus e apelo.
Uso pau, faca ou punhal,
foice, machado ou cutelo.
-=-=-=-
Perguntas de cavalo ao homem – 06/2009
Se me queres pra correr, à imitação do vento,
Por que me deixas faminto e dormindo ao relento?
Se nunca atraí para ti nenhum desdouro,
Por que me cortas, com esporas, me lanhas o couro?
Se afirmas ser meu amigo, covardote,
Por que me chegas ao lombo porrete ou chicote?
Se sou eu que te alimento, com o meu trabalho,
Por que me enches de porrada, malvado bandalho?
Se trabalho pra ti qual um pobre mouro,
Por que, idiota, ainda me marcas no couro?
Se te vales de mim pra tanta exibição,
Por que me arrombas a boca a cada puxão?
Se me acusas de ser um desprezível matungo,
Por que me usas, pra te mostrar, com ares de xibungo?
Se emparelho contigo, na dura e diária labuta,
Por que me tratas a relho, seu filho-duma-bruta?
Se me declaras pra todos, teu inseparável parceiro,
Por que queres me vender, por qualquer reles dinheiro?
Se te fui sempre útil, fui o teu ganhão-pão,
Por que no fim da minha vida, me destinas ao sabão?
Estarei, com tais perguntas, sendo impertinente e chato,
Ou és tu que não consegues reconhecer que és ingrato?
Perfil
- I.A.S.
- Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR
Mensagem aos leitores
Benvindo ao universo dos leitores do Izidoro.
Você está convidado a tecer comentários sobre as matérias postadas, os quais serão publicados automaticamente e mantidos neste blog, mesmo que contenham opinião contrária à emitida pelo mantenedor, salvo opiniões extremamente ofensivas, que serão expurgadas, ao critério exclusivo do blogueiro.
Não serão aceitas mensagens destinadas a propaganda comercial ou de serviços, sem que previamente consultado o responsável pelo blog.
Nenhum comentário:
Postar um comentário