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Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

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sábado, 8 de agosto de 2009

Coisas e gente de Florianópolis (VII) - Daniel Goulart

(Em construção)



Depois de haver publicado matérias sobre Ivo Silva e Borges, também pintores, que marcam presença no calçadão do centro de Florianópolis, conversei com mais um artista que, quase diariamente, posiciona-se na esquina da Felipe com a Deodoro (em frente à Igreja de São Francisco), a dar, ao vivo, demonstrações do seu induvidoso talento e técnica.




Natural de Cachoeira do Sul/RS, onde nasceu em 23/09/1971, mas morando em nossa Capital (Sul da Ilha) há mais de 25 anos, Daniel, que é casado com uma Professora de Artes, diz trocar com sua segunda esposa os segredos da pintura com recursos de "óleo sobre tela" e "acríclico sobre tela".

Indagado se frequentou os bancos acadêmicos de alguma escola de arte, Daniel disse-me que não, mas que teve um professor reconhecidamente talentoso: seu pai, que também era natural do RS e marcou época no centro da nossa Cidade. Tratava-se do cidadão Ariovaldo Correa de Moura, mais conhecido como "Samura", já falecido (acometido pelo mal de Alzheimer) e que inspirou o filho Daniel, segundo este último.
Perguntei ao simpático moço se seus filhos (do primeiro casamento) manifestavam interesse pela sua arte, seguindo-lhe os passos e ele respondeu-me que não, o que é lamentável, sem dúvida.
Daniel, como se verá adiante (olhando-se as fotos) diz ter muito apreço pelas paisagens bucólicas que incluem elementos da cultura herdada dos açorianos. Com efeito, as fotos revelam que gosta de pintar o casario de inspiração açorita, assim como as canoas e batelões que eram usados pelos oriundos do arquipélago português, embora os nossos íncolas, que viviam da atividade extrativa (incluindo a pesca) já dominassem a técnica de trabalhar o garapuvu, a canela amarela, o cedro e outras espécies vegetais para fazer embarcações, ocando os troncos com auxílio do fogo e de rudimentares ferramentas de pedra, antes de conhecerem as de ferro.





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É conhecida a técnica de pesca chamada "prebembó" (onde os íncolas utilizavam-se de canoas), que depois ficou conhecida como "furgulho", pelos "Manezinos da Ilha". Consistia em "espremer" os peixes contra as margens dos rios e, assustando-os com batidas de remos ou varas de bambu na água, fazer com que saltassem e caissem dentro da embarcação.
E por falar em manezinho, a maioria dos adventícios não deve saber do que se trata, imaginando que é apenas uma referência aos nativos, aos "amarelos da goiaba", aos "papa-farinha" ou "papa-manjuva". Em verdade, todavia, manezinho é um peixe, de pequeno porte (cerca de 20 cms) outrora abundante em nossa região, antes da profusão de "voadeiras" (lanchas impulsionadas por motores de popa, no linguajar dos pescadores) e da fartura de cloaca lançada às águas de nossas baías pelos incontáveis moradores e turistas, que invadiram as praias de modo desordenado e até irresponsável, em alguns casos.
Hoje, os nativos já são reconhecidamente uma minoria e tendem a desaparecer, pressionados pelo suposto "desenvolvimento" e pela miscigenação com pessoas de outras procedências. Eu, que sou nativo de Canasvieiras, embora não repudie os adventicios, tenho muita saudade das pitangeiras, dos araçazeiros, das camarinhas, dos ranchos e dos varais de rede dos pescadores artesanais, do marisco e da ostra que se colhia nas pedras, da água limpa, dos batelões e canoas de voga, dos cai-cais, dos vigias de tainha, da camaradagem dos donos de redes com seus colaboradores, dos pombeiros que utilizavam-se de cavalos - com serões (cestos feitos com lascas de bambu e cipó de São João trançado, pendentes de uma cangalha nas ilhargas dos pacientes equinos) ou atrelados a carroças - para comprar e transportar o peixe e de outros elementos que compunham as paisagens dos nossos cômoros ("combros"). Em última instância, do meu pai e seus contemporâneos , pequenos pescadores, com quem convivi e aprendi muita coisa sobre a arte da pesca e os segredos do mar.
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Mas, deixemos de lado a malvada da nostalgia e voltemos ao Daniel.


4 comentários:

Anônimo disse...

O Pai do artista Daniel não é o "Samura", mas sim "Semura", que está doente sim, mas não é falecido.
O meu amigo Semura retratou com perfeição e talento as mais belas imagens de Floripa. Também é um grande retratista. Pena que suas mãos jamais irão voltar a trabalhar, pois seu mal é irreversível.

Edson Dorneles disse...

Ops!
O anonimo foi engano.

fabi moura disse...

Uma correção sou filha do seu semura e nao "samura" como esta escrito e posso afirmar que ele esta sim com alzheimer mais nao falecido nos dias atuais. Isso que a materia foi postada em 2009. Ah o daniel só tem um unico filho.

Eduardo disse...

Como faço para ter o contato do Daniel para adquirir quadros?