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quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Só um governo de união em Israel será capaz de levar à vitória sobre o Hamas

10 de outubro de 2023, 16h22



No quarto dia de guerra entre Israel e Hamas, a resposta israelense avança. O primeiro passo, fundamental, há quem use o termo vital, é a formação de um governo de união nacional em Israel. Netanyahu negociou com Benny Gantz, ex-ministro da Defesa, e com o chefe da oposição, Yair Lapid, que colocou como condição a demissão de Smotrich, ministro da Economia e ministro delegado da Defesa, e Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional, os dois maiores expoentes da extrema-direita israelense.

Após nove meses de divisão interna, que debilitou Israel, só um governo de união será capaz de levar à vitória sobre os terroristas. No modelo do governo de união de 1967, na Guerra dos Seis Dias, entre o trabalhista Levi Eshkol e seu rival de direita Menahem Begin. Veículo de israelense é abordado na estrada por homens do Hamas, no último sábado
Reprodução

Netanyahu, até sábado, só agiu pensando em seus próprios interesses, ou seja para escapar da prisão, acusado de corrupção. Agora não tem outra opção senão abrir mão de sua gangue.

Bibi é um criminoso; colocou Smotrich e Ben Gvir em postos chaves para a segurança de Israel, apesar de nenhum dos dois ter sequer feito o serviço militar. Gvir, dispensado por ser considerado um extremista perigoso.

Netanyahu, agora se sabe, não levou a sério as informações dos serviços egípcios, que advertiram Israel dos preparativos da operação do Hamas. Ele diz que não... mente.

O correspondente da televisão francesa, Charles Enderlin, contou, às lágrimas, que vários generais tentaram ir à Knesset (parlamento israelense) para avisar os deputados sobre o que se preparava em Gaza, tendo a entrada barrada por ordem do governo.

Embora se esquive, a responsabilidade de Benyamin Netanyahu é total, como se leu no Haaretz. E é dupla, eu diria. Primeiro, por não ter dado ouvidos às advertências; segundo por ter negligenciado a segurança do país, colocando pessoas totalmente ineptas à frente dos serviços secretos e das forças armadas. Uma vez terminada a guerra será preciso constituir uma comissão de inquérito e tirar todas as consequências.

Gaza está sob cerco, sem fornecimento de energia, água e mantimentos.
Os próximos dias serão de grande instabilidade, extremamente difíceis. Tanto o Hamas como o Hezbolá são movimentos fascistas, que dependem totalmente do Irã, tanto do ponto de vista do financiamento como do armamento. Tudo o que aconteceu foi preparado em Teerã, mesmo se isso é negado pelo aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã. A pergunta agora é se o outro braço do Irã, o Hezbolá, vai se unir ao Hamas e entrar plenamente na guerra.

Israel terá de tomar medidas complicadíssimas, de onde a necessidade imperiosa de formação de um governo de união.

Israel não pode atacar o Hamas como o fez no passado. Para uma parte importante da população e das Forças Armadas, até hoje administrou-se "aspirina para tratar de um câncer". Será preciso ir muito além para que episódios como os que vimos no sábado não se repitam. Será preciso atacar a raiz do problema, sabendo-se que a raiz é Teerã, Mas como? de que forma, o que isso significa? E como controlar a Faixa de Gaza e entregá-la à Autoridade Palestina?

O Hamas não é mais um simples movimento terrorista, tornou-se uma verdadeira milícia, com 40 mil homens armados.

E qual será a atitude do Hezbolá, que tem 150 mil mísseis de alta precisão e longo alcance? Entrará no conflito ou não?

Outra questão espinhosa: como tratar do problema Hamas sem provocar a generalização da guerra? Esse será o principal dilema do governo israelense que deverá ser formado ainda esta semana.

A prioridade vai ser dialogar com o mundo árabe, que neste momento se aproxima de Israel, e tentar acelerar os acordos de Abraham, sobretudo com a Arábia Saudita, para formar um eixo de países islâmicos que ajude Israel a recolocar os moderados da Autoridade Palestina no controle de Gaza, como assim foi até 2007, quando houve um golpe de estado liderado pelo Hamas. Riad tem autoridade para isso, por ser a sede da Meca.

Para tanto, é imprescindível que o Irã não entre diretamente na guerra. Aliás, este é o recado dos Estados Unidos, que estacionou em Haifa um porta-aviões.

O mundo parece estar se dando conta de que o Irã é um problema sério e não só para Israel. Teerã entrega drones à Rússia para atacar a Ucrânia, está por detrás do Hamas, do Hezbolá, da Síria, do Iraque, do Iêmen e do terrorismo islâmico no mundo inteiro. Lembrem-se da Argentina!

O militantes do Hamas não atacaram Israel porque lutam por um Estado palestino, quem acredita nisso vive no mundo dos contos de fadas. Não são resistentes como quer a extrema-esquerda stalinista, são combatentes a serviço do Irã, que os armou.

Teerã está extremamente preocupado com a aproximação da Arábia Saudita e Israel, pois esse acordo representaria a paz entre Israel e o mundo árabe, entre as civilizações judaica e islâmica.

O Irã e seus braços armados não acreditavam que o governo ultranacionalista de Israel fosse capaz de negociar acordos de paz com os árabes, mas foi o que aconteceu.

Impedir o avanço desses acordos foi o principal objetivo do ataque à Israel. E qual será a estratégia para derrotar o Hamas? O Exército israelense vai optar pela operação terrestre, que parece ser a única forma de salvar os reféns?

A ONU quer convencer o Hamas a devolver crianças, mulheres e idosos. Até agora não há notícia de negociações.

Israel desmente que tenha aberto o diálogo para troca de prisioneiros, reféns e corpos.

A sensação é de que os próximos dias serão terríveis e que perderemos muita gente mais nesta guerra, soldados como reféns. 

Mas existe outra alternativa?

O eurodeputado francês Raphael Gluksman propõe a adoção pelo ocidente de sanções pesadas contra o Irã, que está na origem de todo o mal; o isolamento total da República Islâmica. Isso evitaria, segundo ele, que os civis palestinos sofressem ainda mais. Tudo indica porém que a decisão já foi tomada e que a invasão de Gaza é iminente.

Milton Blay é formado em direito e jornalismo. Já passou por veículos como Jovem Pan, Jornal da Tarde, revista Visão, Folha de S.Paulo, Brasil 247, rádios Capital, Excelsior (futura CBN), Eldorado, Bandeirantes e TV Democracia, além da Radio France Internationale. Estudou mestrado em Ciências Econômicas na Sorbonne Université, doutorado em Ciências Politicas na mesma instituição francesa, fez jornalismo na Fiam e direito na USP.

Revista Consultor Jurídico, 10 de outubro de 2023, 16h22

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